«Dos nazis aos Panamá Papers: a história de um quadro perdido há mais de 70 anos
Finalmente, vai ser possível saber quem detém um quadro de Modigliani, que se acreditava ter sido roubado pelos nazis e que está avaliado em 22 milhões de euros. Tudo graças aos Panamá Papers.
O caso já andava no tribunal. Philippe Maestracci, empresário agrícola, 71 anos, neto de um antiquário judeu havia acusado a família Nahmad, em 2011, de possuir de forma ilegal o quadro de Amedeo Modigliani. A família Nahmad, influente no mercado da arte mundial, negou sempre possuir a obra em causa do pintor italiano, “O Homem Sentado com uma Bengala”.
De acordo com a BBC, a família Nahmad negou ter o quadro e, em tribunal, afirmou que o quadro era propriedade da empresa offshore International Art Center (IAC), registada por uma firma de advogados do Panamá. Agora, os ficheiros obtidos pelo Consórcio Internacional de Jornalistas (ICIJ) mostram que a empresa pertence à família há mais de 20 anos. E, desde janeiro de 2014, David Nahmad é o único proprietário.
Confrontado com a documentação, o advogado de David Nahmad, Richard Golub, desvalorizou a descoberta e afirmou que é “irrelevante quem quer que seja o dono do IAC”. Para o advogado, o mais importante são os pressupostos que o caso levanta. “O queixoso pode prová-los?”, questiona. No fundo, Golub quer provas. Provas de que o avó de Maestracci foi mesmo dono da pintura. Até lá, considera que tudo à volta é "irrelevante".
Durante a II Guerra Mundial, o avó de Maestracci, Oscar Stettiner, terá fugido de Paris e deixado para trás a sua colecção de arte, que incluía o quadro de Modigliani. Em 1944 há registo da notícia da venda de “um quadro de Modigliani” por 16 mil francos (3600 euros), segundo o Le Monde.
Dois anos depois, Stettiner tenta recuperar a obra. O comerciante de antiguidades indica que terá sido um galerista chamado John Van der Klip a comprar o quadro. Van der Klip, por seu lado, confirma que comprou a obra e revela que a vendeu a um norte-americano em 1947. Oscar Stettiner morre em 1948 sem reencontrar o o seu Modigliani .
Segundo o Público, a família não teve qualquer sinal da obra até 2008, altura em que aparece na Sotheby’s, uma casa de leilões, em Nova Iorque. É aí que Philippe Maestracci entrou em cena. O neto de Óscar procurou reaver o quadro começando uma batalha que pode agora estar com os dias contados.
Até à data, ninguém admitiu possuir a obra. A leiloeira disse que a obra lhe tinha sido concessiondada pela Helly Nahmad Gallery, que negava ser a dona do quadro. A família Nahmad tem uma colecção de cerca de 4500 peças num armazém situado junto ao aeroporto de Genebra, zona isenta de taxas aduaneiras e onde se encontra também o quadro de Modigliani. A colecção dos irmãos Ezra e David Nahmad inclui ainda 300 Picassos.
Os Nahmad haviam afirmado que a obra pertencia à empresa IAC. Visto que os donos da IAC se encontravam alegadamente no Panamá, a justiça norte-americana encontrava-se de mão atadas.
Agora, os Panamá Press identificaram os Nahmad como sendo efectivamente os donos. Resta saber a decisão da justiça. Até lá, o valor do quadro continuará a subir.» in http://24.sapo.pt/article/newspaper-latest/sapo24-blogs-sapo-pt_2016_04_09_188917813_dos-nazis-aos-panama-papers--a-historia-de-um-quadro-perdido-ha-mais-de-70-anos
(Amedeo Modigliani)
Amedeo Modigliani paintings (over 500 pictures of his work)
(Modigliani y su tiempo.)
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