«Dormir entre as uvas do vinho verde
Os quartos do hotel Monverde estão literalmente no meio das vinhas que dão origem ao Quinta da Lixa. O hotel de charme, que foi todo desenhado para permitir experiências ligadas ao vinho verde, acabou de receber mais um prémio internacional.
Os cachos ainda a amadurecer nas videiras trazem a promessa dos vinhos que dali vão sair. É neste jardim de vinhas com 33 hectares no concelho de Amarante que está inserido o hotel Monverde, da mesma família proprietária dos vinhos Quinta da Lixa. Em plena Região Demarcada dos Vinhos Verdes, o hotel pretende proporcionar uma série de experiências ligadas ao vinho, e para chegar aos seus 30 quartos, que funcionam em antigas casas de caseiros ou espigueiros recuperados, é literalmente preciso fazer uma caminhada entre as videiras.
Afirmando-se como o primeiro hotel de referência associado ao vinho verde, o Monverde Wine Experience Hotel abriu há dois anos, e desde então não tem parado de arrecadar prémios.
Acabou agora de ser distinguido com mais um, desta vez um prémio World Luxury Spa para a Europa, na categoria Luxury Hideaway Spa, pelo seu Wine Spa, onde não faltam tratamentos de vinoterapia. Este é o segundo prémio conquistado em 2017 pelo hotel vínico no concelho de Amarante, a somar-se ao da Best of Wine Tourism. Só em 2016, o Monverde recebeu cinco galardões, com destaque para o certificado ecológico europeu (EU Ecolabel Certificate), pelo recurso a materiais naturais na sua construção, a reutilização de águas para rega, entre outros critérios ambientais.
“Na região do vinho verde não havia nenhum produto hoteleiro de alta qualidade”, lembra Miguel Velez, CEO da Unlock Boutique Hotels, empresa gestora da unidade de turismo rural, frisando que o sucesso do hotel também segue a onda do “interesse crescente que tem tido o vinho verde, que não era muito reconhecido a nível internacional. E quando se junta uma região vinícola a crescer em notoriedade, e um hotel com este ambiente único, no meio de vinhas, é um cocktail muito interessante, e que dá uma força acrescida para captar mercados internacionais”.
“Nestas vinhas há uma grande história e até se fazem pedidos de casamento”
Segundo Miguel Velez, “se este hotel fosse no Douro, uma região já bastante reconhecida a nível internacional pelos seus vinhos, se calhar não teria o mesmo impacto”. Mas tratando-se da região demarcada dos vinhos verdes, “acaba por despertar uma curiosidade maior, até aos próprios portugueses, além de termos muitos clientes internacionais que nunca na vida viram uma vinha - e isto de ter de se fazer uma caminhada entre as videiras até chegar aos quartos é uma coisa única para alguns americanos ou brasileiros, por exemplo”.
Proporcionar uma série de experiências associadas ao vinho verde, desde passeios guiados às vinhas “com a explicação do tipo de vinho que ali é feito e provas no terreno, até ao restaurante ou tratamentos de vinoterapia no spa, tudo isto conta uma grande história e dentro de uma quinta onde se produzem vinhos verdes”, frisa Miguel Velez.
Os clientes podem participar nas vindimas na altura própria (que nesta região são tardias, estendendo-se pelo mês de outubro) ou mesmo escolher um lote entre as várias castas (Loureiro, Avesso, Arinto, Touriga Nacional ou Vinhão) para fazer um vinho personalizado. “Aqui as experiências atingem desde o principiante que nunca viu uma vinha, até à pessoa mais entendida em vinhos e que inclusivamente quer ter uma garrafa com o seu rótulo”, destaca ainda o gestor. “As atividades que se fazem aqui atravessam toda a complexidade associada ao próprio vinho. E do ponto de vista turístico a vinha também serve de mote a coisas originais, como pedidos de casamento”.
E tem sido inúmeros os pedidos de casamento feitos nas vinhas do hotel Monverde - para não falar dos casamentos propriamente ditos ou dos batizados que têm tido lugar na quinta. “São os próprios hóspedes que explicitam no momento das reservas que querem fazer pedidos de casamento, normalmente a futura noiva não tem conhecimento, e nós fazemos toda a 'mise en scène'. O Monverde presta-se muito a isso, com a sua vinha e o ambiente de romantismo”, adianta Miguel Velez. “Assim como também já tivemos a adega reservada em exclusivo para um jantar a dois, um casal que quis festejar três anos de namoro. São coisas únicas que só ali é possível fazer”.
A própria arquitetura do hotel foi pensada de forma a trabalhar com as estruturas que já existiam e desenvolver a parte turística de forma a dar todo o protagonismo à vinha. “O mote sempre foi integrar o projeto no meio da paisagem, e não o contrário”, frisa Fernando Coelho, o arquiteto que desenvolveu todo o projeto “que levou sete anos a fazer, desde o primeiro risco até ficar pronto”.
Na casa principal da quinta, que segundo o arquiteto “é uma casa senhorial mais ou menos da época de Serralves, anos 50 a anos 70”, funciona a receção, restaurante, o bar vínico e as áreas comuns e de serviços do hotel, um edifício ao qual foi acoplado uma parte nova, onde funciona o spa. Do ponto de vista arquitetónico, “a paisagem da vinha sempre foi considerada a principal mais-valia, e todos os edifícios tinham de ficar integrados”.
“E normalmente neste tipo de hotéis ligados ao vinho, como se vê nas grandes herdades do Alentejo, a vinha está longe. Aqui o objetivo foi permitir uma verdadeira experiência de se poder dormir no meio das vinhas”, salienta.
O arquiteto Fernando Coelho chama ainda a atenção para a predominância de materiais naturais na construção, como a madeira que reveste o edifício a nível interior ou exterior, ou a reutilização da pedra da própria propriedade. E adianta que para chegar aos tons verde azeitona e castanho “pegámos em folhas da videira em duas alturas diferentes, na primavera e no outono, e fizemos 25 decomposições de cores de cada folha”. O verde predominante da folha de parra na primavera foi escolhido para a casa principal, e o castanho do outono para outros edifícios.
Com diárias a partir de €110 em quarto duplo em época baixa, e que nos quartos superiores vão até €250, o hotel Monverde tem estado com a ocupação em alta. E desde que a Unlock assumiu a sua gestão, em novembro de 2016, os resultados mensais têm subido sempre a dois dígitos, num crescimento médio de 30% face ao ano anterior. “Tem sido um desafio fantástico e a operação está a correr muito bem”, garante Miguel Velez, para quem o Monverde “já se afirmou como sendo o melhor hotel na região do vinho verde”.
Artigo publicado na edição do Expresso Diário de 26/07/2017» in http://expresso.sapo.pt/economia/2017-07-30-Dormir-entre-as-uvas-do-vinho-verde
(Espaços & Casas nº 326, Hotel Monverde)
(Monverde Hotel, by Quinta da Lixa)
(Monverde - Wine Experience Hotel)