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09/12/24

Saúde - Milhões de pessoas que vivem nos EUA estão a lidar com perturbações mentais relacionadas com os tubos de escape.



«Os gases de escape dos carros criaram problemas mentais em milhões de americanos

Novo estudo mostra 151 milhões de casos de distúrbios psiquiátricos nos últimos 75 anos; sobretudo nas pessoas da “Geração X”.

Milhões de pessoas que vivem nos EUA estão a lidar com perturbações mentais relacionadas com os tubos de escape. Ou melhor, com a exposição aos gases de escape dos carros movidos a gasolina com chumbo.

Um novo estudo avisa que a Geração X – pessoas nascidas entre 1966 e 1986 – é o grupo mais exposto a este tipo de poluição em toda a história dos EUA.

Esse foi o período de auge do uso de gasolina com chumbo nos EUA. A gasolina com chumbo já começou a ser usada há 100 anos, na década 1920, mas o pico começou na década 1960 – sendo depois eliminado gradualmente a partir da década seguinte, acabando em 1996.

Quem nasceu nessa fase, entre as décadas 1960 e 1980, apresenta o maior aumento nos sintomas de doenças mentais associados à exposição infantil a níveis elevados de chumbo.

O estudo, destaca o Fortune Well, revela que mais de metade da população atual dos EUA foi exposta a níveis prejudiciais de chumbo através da gasolina com chumbo.

Os dados sobre níveis de chumbo no sangue, obtidos de inquéritos nacionais de saúde e nutrição, mostraram que a exposição infantil ao chumbo contribuiu para 151 milhões de casos de distúrbios psiquiátricos nos últimos 75 anos. Distúrbios como depressão, ansiedade e hiperatividade.

A exposição ao chumbo é especialmente prejudicial para as crianças, perturbando o desenvolvimento cerebral e afetando as capacidades cognitivas, as habilidades motoras finas e a regulação emocional. Mesmo baixos níveis de exposição podem causar atrasos no desenvolvimento, dificuldades de aprendizagem e distúrbios de humor.

Adultos expostos ao chumbo podem sofrer de problemas de memória, pressão alta e problemas reprodutivos.

O estudo enfatiza que, embora os resultados sejam significativos, abordam apenas a exposição ao chumbo proveniente da gasolina, sem considerar outras fontes como água contaminada, solo ou emissões industriais.

Os investigadores destacam que os seres humanos não estão biologicamente preparados para processar o chumbo nos níveis experimentados no último século, com exposições muito superiores às normas naturais.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/gases-escape-problemas-mentais-645619


(Escapamento e catalisador: cuidado com os gases tóxicos)


#saúde    #mental    #exposição    #chumbo    #americanos    #geraçãoX

#gases    #escape    #automóveis

10/10/23

Política de Saúde - O psicanalista e professor da Universidade de São Paulo Christian Dunker considera que há hoje uma industrialização da depressão que a desliga da forma como as pessoas vivem, focadas em resultados como se fossem uma empresa.



«A industrialização da depressão que a desliga da forma como as pessoas vivem. Dia Mundial da Saúde Mental assinala-se hoje, dia 10.

O psicanalista e professor da Universidade de São Paulo Christian Dunker considera que há hoje uma industrialização da depressão que a desliga da forma como as pessoas vivem, focadas em resultados como se fossem uma empresa.

Em conversa com a Lusa, considera que o atual sistema socioeconómico, que denomina de neoliberal, põe o próprio indivíduo a ver-se como uma empresa – a entender como naturais conceitos como produtividade, concorrência, rentabilidade, métricas, em que tudo é sujeito à “lógica mercantil”, ao “custo benefício”, o trabalhador é “capital humano” e os filhos um “investimento no futuro” – e a sofrer por não conseguir cumprir tudo o que lhe é exigido e por sentir que os seus sonhos não são adequados.

“O paciente depressivo olha para si e julga que é insuficiente, que não está à altura”, afirma o psicanalista brasileiro e professor de psicologia da Universidade de São Paulo.

“Se a gente quer melhorar alguma coisa nos índices de saúde mental, quais são os procedimentos? Racismo zero, bullying zero, assédio sexual e moral zero, cuidado com a condição de desemprego, com a violência doméstica. Esta ligação óbvia, evidente, foi desfeita”, disse o psicanalista brasileiro no lançamento do livro “Neoliberalismo como gestão do sofrimento psíquico”, que decorreu no Museu do Aljube, em Lisboa.

Para os organizadores do livro, Christian Dunker, Vladimir Safatle & Nelson da Silva Júnior, investigadores do Laboratório de Pesquisa em Teoria Social, Filosofia e Psicanálise da Universidade de São Paulo, a depressão (termo usado até para descrever a crise financeira de 1929, a Grande Depressão) foi-se tornando paulatinamente “a categoria clínica central” do sofrimento psíquico, individualizando o sofrimento.

“Sofrer passou a ser, de alguma medida, estar no espetro que vai da depressão para a ansiedade e da ansiedade para a depressão”, afirmou Dunker na apresentação do livro.

Na conversa com a Lusa, Christian Dunker diz que “não é que não exista a depressão, mas há uma industrialização do sofrimento depressivo, do hiper-diagnóstico, do excesso de medicação”, em que se pensa a depressão como défice de neurotransmissores (falta de serotonina ou dopamina, como “se fosse uma diabetes mental” em que se repõe insulina) e “não como resultado da forma como se trabalha, fala e ama”.

Para Dunker, tal é evidente no mundo do trabalho quando se fala de aumentos salariais e as empresas respondem com a produtividade.

“Essa discussão sintetiza a moralidade que define o neoliberalismo, vamos ter de pressioná-lo mais, deixá-lo com mais medo, mais insegurança alimentar, mais insegurança no emprego para que você produza mais”, afirma.

Dunker considera mesmo que se passou de um tempo em que havia a ideia de que se devia proteger os trabalhadores (com férias, descanso, ergonomia), pois assim produziam mais, para um tempo em que se “prescinde disso, o neoliberalismo pressupõe que haver oferta de trabalho já é uma benesse” e se usa o medo como estratégia, entendendo que “as pessoas com medo trabalham mais”.

Para o investigador, são paradigmáticos os sistemas de avaliação nas empresas, nas escolas, nos hospitais.

“Há uma cultura em que as pessoas precisam de saber do valor agregado que estão a produzir ou entram no espectro do desemprego. O que é a cultura da avaliação? É a cultura que incita a sofrer individualmente. Se você perdeu o seu emprego é porque você fez algo errado, é administrar a culpa e individualizar a culpa”, considera.

Para Dunker, tudo isto “modifica a nossa relação connosco, com outros e implode toda a relação de solidariedade”, pois “o outro é concorrente, que pode produzir mais valor”.

Christian Dunker considera ainda que nesta cultura tem sido instrumental o uso do conceito de austeridade, um conceito moral que virou económico e em que quem não concordar com ele não é uma pessoa moralmente correta.

“Não pode gastar muito, não pode sonhar muito, conforme-se em ser pequeno, austero. O depressivo tem o sentimento de estar aquém do que gostaria, o desejo dele é algo secundário. Afeta a capacidade de o sujeito se envolver com os seus desejos, a anedonia”, diz.

// Lusa» in https://zap.aeiou.pt/depressao-viver-empresa-561189

(Como a psicanálise enxerga a depressão?)


#políticadesaúde    #depressão    #psicanálise    #saúdemental     #dunker

26/05/23

Saúde - Corria o ano de 1927 e o psiquiatra austríaco Julius Wagner-Jauregg vencia o prémio Nobel da Medicina após curar, com sucesso, pacientes com sífilis em fase avançada, infetando-os com outra doença… a malária.


«Há 100 anos, um psiquiatra curou sífilis com malária (e venceu um prémio Nobel)

Corria o ano de 1927 e o psiquiatra austríaco Julius Wagner-Jauregg vencia o prémio Nobel da Medicina após curar, com sucesso, pacientes com sífilis em fase avançada, infetando-os com outra doença… a malária.

Foi depois de tropeçar no trabalho de 1876 do psiquiatra Alexander Samoilovich Rosenblum — que passava por infetar doenças causadoras de febre em pacientes com episódios psicóticos e (surpreendentemente) curou metade dos doentes — que o psiquiatra austríaco Julius Wagner-Jauregg começou um estudo prático sobre o assunto, depois de três décadas a avaliá-lo.

Para o fazer, o médico de sessenta anos concentrar-se-ia na doença que estava na moda em 1917 — a sífilis, na altura considerada incurável. A sífilis tinha apenas um medicamento no mercado, Salvarsan, que não era de todo eficaz.

A sífilis é uma infeção sexualmente transmissível causada pela subespécie pallidum da bactéria Treponema pallidum. Em fases tardias, a infeção pode chegar ao cérebro, provocando deterioração mental, alterações de personalidade, alucinações e demência que pode persistir por um período de três a cinco anos antes de cumprir o seu objetivo — matar.

Matar o bicho com mais bicho

Recorrendo ao sangue de indivíduos infetados com malária, Julius Wagner-Jauregg decidiu inseri-lo nos pacientes com sífilis em fase avançada, infetando-os com uma nova — mas não tão mortal — doença, muitas vezes sem o seu consentimento.

A antevisão de Jauregg estava certa: a malária provocava febres tão altas que matava as bactérias causadoras da sífilis.

Uma vez no corpo do paciente com sífilis, a malária era tratada com quinina — exceto nos casos em que os pacientes acabavam por falecer, muitos graças à sífilis, poucos graças à malária que piorou a sua condição.

No entanto, 25% dos pacientes recuperaram e a sífilis em fase tardia deixou de ser vista como uma sentença de morte.

A polémica prática enquadra-se ainda hoje, para alguns, no grupo das mais desaprovadas pesquisas a vencer o infame prémio.

O tratamento acabaria por se espalhar e uma revisão concreta da mesma acabou por ser feita, em 1926, que mostrou que o tratamento resultava em remissão total de sífilis em 27,5% dos casos e remissão parcial em 26,5%. 46% dos casos resultavam em nenhuma alteração do estado da doença ou em morte.

Como resultado dos números revolucionários, o psiquiatra acabaria por vencer o prémio Nobel da Medicina no ano de 1927.

A penicilina chegaria mais tarde, tornando obsoleto o tratamento encontrado por Rosenblum e Jauregg.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/ha-cem-anos-um-psiquiatra-curou-sifilis-com-malaria-e-venceu-um-premio-nobel-537139


#austria    #saúde    #psiquiatra    #juliuswagner-jauregg     

#prémionobeldamedicina      #sífilis    #malária

28/04/23

Política de Saúde - Nas últimas duas décadas, tem-se verificado um rápido aumento do cancro da garganta no ocidente, ao ponto de alguns lhe chamarem epidemia.


«O cancro da garganta está a tornar-se uma epidemia – e a nossa vida sexual pode ser a responsável

Nas últimas duas décadas, tem-se verificado um rápido aumento do cancro da garganta no ocidente, ao ponto de alguns lhe chamarem epidemia.

Isto deve-se a um grande aumento de um tipo específico de cancro da garganta chamado cancro orofaríngeo, que afeta a área das amígdalas e a parte de trás da garganta, relatou o Science Alert.

A principal causa deste cancro é o papilomavírus humano (HPV), que é também a principal causa do cancro do colo do útero. O cancro da orofaringe é agora mais comum do que o cancro do colo do útero nos Estados Unidos e no Reino Unido.

O HPV é transmitido sexualmente. Para o cancro da orofaringe, o principal fator de risco é o número de parceiros sexuais ao longo da vida. As pessoas com seis ou mais parceiros de sexo oral ao longo da vida têm 8,5 vezes mais probabilidades de desenvolver cancro da orofaringe do que as que não praticam sexo oral.

Os estudos de tendências comportamentais mostram que o sexo oral é muito prevalente em alguns países. Num estudo onde participaram quase 1000 britânicos, submetidos a amigdalectomia por razões não relacionadas com o cancro, 80% referiram ter praticado sexo oral em algum momento das suas vidas. No entanto, apenas um pequeno número dessas pessoas desenvolve cancro da orofaringe. A razão para isso não é clara.

A teoria predominante é que a maioria de nós contrai infeções por HPV e consegue eliminá-las completamente. No entanto, um pequeno número de pessoas não é capaz de livrar-se da infeção, talvez devido a um defeito num aspeto particular do seu sistema imunitário.

Nestes doentes, o vírus é capaz de replicar-se continuamente e, com o tempo, integrar-se em posições aleatórias no ADN do hospedeiro, algumas das quais podem fazer com que as suas células se tornem cancerígenas.

A vacinação feminina contra o HPV foi implementada em muitos países para prevenir o cancro do colo do útero. Existem agora cada vez mais provas, embora ainda indiretas, de que também pode ser eficaz na prevenção da infeção por HPV na boca.

Existem também algumas provas que sugerem que os rapazes também estão protegidos pela “imunidade de grupo” em países onde a cobertura vacinal das raparigas é elevada (mais de 85%). No seu conjunto, é de esperar que, dentro de algumas décadas, isto conduza à redução do cancro da orofaringe.

Isso é positivo do ponto de vista da saúde pública, mas apenas se a cobertura entre as raparigas for elevada – mais de 85% – e apenas se permanecermos dentro do “rebanho” coberto. No entanto, não garante proteção a nível individual se, por exemplo, alguém tiver relações sexuais com alguém de um país com baixa cobertura.

Nos EUA, apenas 54,3% das adolescentes com idades compreendidas entre os 13 e os 15 anos tinham recebido duas ou três doses de vacina contra o HPV em 2020.

Esta situação levou vários países, incluindo o Reino Unido, a Austrália e os EUA, a alargar as suas recomendações nacionais para a vacinação contra o HPV de modo a incluir os rapazes.

Mas ter uma política de vacinação universal não garante a cobertura. Há uma proporção significativa de algumas populações que se opõem à vacinação contra o HPV devido a preocupações com a segurança, a necessidade ou, menos frequentemente, devido a preocupações com o incentivo à promiscuidade.

Paradoxalmente, há algumas provas de estudos populacionais de que, possivelmente num esforço para se absterem de relações sexuais com penetração, os jovens adultos podem praticar sexo oral, pelo menos inicialmente.

A pandemia do coronavírus trouxe também os seus próprios desafios. Em primeiro lugar, durante algum tempo, não foi possível chegar aos jovens nas escolas. Em segundo lugar, tem-se verificado uma tendência crescente de hesitação geral em relação à vacinação, ou atitudes “anti-vax”, em muitos países, o que também pode contribuir para uma redução da adesão à vacina.

ZAP // The Conversation» in https://zap.aeiou.pt/cancro-garganta-epidemia-532814

(HPV: O QUE VOCÊ DEVE SABER!)

10/03/23

Política de Saúde - Fazer uma “direta” pode envelhecer o cérebro até dois anos, segundo um novo estudo. No entanto, esta consequência pode ser revertida.


«Ficar 24 horas sem dormir pode envelhecer anos o cérebro 
10 MARÇO, 20237 MARÇO, 2023 

Fazer uma “direta” pode envelhecer o cérebro até dois anos, segundo um novo estudo. No entanto, esta consequência pode ser revertida.

Para uma vida saudável, é recomendado dormir, em média, sete a oito horas por noite. No extremo oposto disso, o que pode acontecer com o cérebro de quem passa mais de 24 horas sem dormir? Segundo uma equipa internacional de cientistas, o órgão pode envelhecer temporariamente de um a dois anos, após uma única noite de privação completa do sono.

É o que relata o novo estudo sobre os efeitos da privação do sono, publicado na revista científica Journal of Neuroscience. No estudo, foram analisadas as mudanças no cérebro em 134 voluntários saudáveis, com idades que variavam de 19 a 39 anos, através de exames de ressonância magnética.

“A perda de sono afeta amplamente o cérebro humano a vários níveis”, reforçam a equipa de cientistas, composta por membros do Centro de Investigação Jülich, na Alemanha, da Universidade de Zurique, na Suíça, e da Universidade de Copenhaga, na Dinamarca.

  • Privação total de sono (sem dormir por uma noite);
  • Privação parcial de sono (três horas de sono por uma noite);
  • Privação crónica de sono (cinco horas todas as noites por cinco noites);
  • Grupo de controlo (oito horas todas as noites).

Após passar pelos períodos de privação de sono, todos os voluntários foram novamente orientados a terem uma boa noite de sono. Após cada noite da experiência, os participantes passavam obrigatoriamente por uma ressonância magnética, o que permitiu as comparações e definiu o impacto da quantidade de horas dormidas com as mudanças no cérebro.

“Observamos consistentemente que a privação total do sono aumentou a idade cerebral em 1-2 anos em relação à diferença média do grupo com a linha de base [que dormiu oito horas]”, afirmam os autores do estudo sobre o processo de envelhecimento causado pelo estado de vigília constante.

Por outro lado, “a idade do cérebro não foi significativamente alterada pela restrição aguda (três horas na cama por uma noite) ou pela restrição parcial crónica do sono (cinco horas na cama por cinco noites consecutivas)”, pontuam os investigadores. Por outras palavras, dormir mal é melhor do que não dormir para a saúde do cérebro.

A boa notícia do estudo é que as alterações encontradas no estudo europeu são temporárias. “Curiosamente, após uma noite de recuperação do sono, a idade do cérebro não diferia mais da linha de base”, afirmam os autores. É como se uma boa noite de sono pudesse rejuvenescer o cérebro de pessoas jovens após as 24 horas de privação.

No entanto, os cientistas ainda não sabem quais são os efeitos de restrições do sono mais duradouras. Isto porque, na experiência, foi medido apenas o impacto de uma noite sem dormir. É possível imaginar que as alterações sejam diferentes após uma semana de privações constantes de sono. Para estimar esse risco, novos estudos são ainda necessários.

// Canaltech» in https://zap.aeiou.pt/ficar-24-horas-sem-dormir-525475

#saúde    #sono    #privaçãodosono

04/11/22

Saúde - Poderá o consumo de uma chávena de café ser uma forma eficaz de se proteger contra a infeção por coronavírus?


«Beber café pode protegê-lo de contrair covid-19

Poderá o consumo de uma chávena de café ser uma forma eficaz de se proteger contra a infeção por coronavírus? O que ainda não foi provado na prática é pelo menos muito plausível, de acordo com uma nova investigação.

Num estudo publicado recentemente na Food & Function, uma equipa liderada pelo químico Nikolai Kuhnert, da Universidade de Jacobs, na Alemanha, concluiu que o ácido clorogénico, que se encontra no café, inibe em 50% a interação entre a proteína do coronavírus e o recetor ACE-2 – o local de acoplamento do vírus na célula humana.

Uma chávena de café, com cerca de 200 mililitros, contém 100 miligramas de ácido clorogénico. As experiências no laboratório mostraram que essa concentração de ácido clorogénico é suficientemente elevada para impedir o acoplamento da proteína ao ACE-2 e, portanto, inibir o processo de infeção.

Contudo, para comprovar que esse processo também funciona na prática, é necessária mais investigação, referiu um artigo do PhysOrg, que cita o estudo. Também serão necessários mais estudos para determinar quanto tempo duraria o efeito inibitório do ácido clorogénico.

“Como químicos, não podemos” determinar “se beber café poderia realmente servir como medida preventiva de proteção contra a infeção. Mas podemos dizer que é plausível”, referiu o investigador.

“Muitas pessoas bebem café, e já está bem estabelecido que este tem muitos outros efeitos positivos”, acrescentou, assinalando que os consumidores regulares deste produto têm uma menor probabilidade de sofrer de diabetes tipo II.

As descobertas sobre a interação entre o café e o coronavírus serão agora comunicadas a uma comunidade de investigação mais vasta. “Estudos epidemiológicos poderão determinar se os consumidores regulares de café ficam ou não” mais imunes mais “ao vírus”, disse ainda Nikolai Kuhnert.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/beber-cafe-protege-lo-covid-19-506151

(Café no combate à Covid-19)

#saúde    #covid-19    #café    #benefícios

25/06/22

Saúde - Um gene vindo dos Neandertais permite que o coronavírus se espalhe mais nos pulmões e deixa os pacientes mais vulneráveis à doença.


«Um humano e um Neandertal fizeram sexo. 60 mil anos depois, causaram um milhão de mortes por covid-19

Um gene vindo dos Neandertais permite que o coronavírus se espalhe mais nos pulmões e deixa os pacientes mais vulneráveis à doença. Este gene terá entrado no genoma humano após um único incidente em que um humano se envolveu com o Neandertal.

Há muito, muito tempo — 60 mil anos, mais precisamente — um Homo sapiens teve relações sexuais com um Neandertal.

Até aqui, nada de especial, mas de acordo com um estudo, as consequências deste encontro ainda se estão a sentir nos dias de hoje e até um milhão de pessoas poderá ter morrido com covid-19 por sua culpa. É caso para dizer que é pena os métodos contracetivos não existirem na altura.

Mas, afinal, o que é que liga a covid-19 a algo que se passou há 60 mil anos? De acordo com o estudo publicado na Nature Genetics, as diferenças genéticas nos pulmões dos doentes infetados com o vírus tiveram raiz na relação entre o humano e o Neandertal há dezenas de milhares de anos.

Os seres humanos têm entre 20 mil e 25 mil genes diferentes que foram codificados com dados ancestrais. James Davies, professor de genómica e um dos autores do estudo, explica que um destes genes, o LZTFL1, “causou uma peculiaridade genética comum que deixa os pulmões suscetíveis à infecção“.

Este gene, segundo Davies, terá entrado no nosso genoma através de “uma única relação interespécies que originou apenas um filho“. 60 mil anos depois, esta mutação que começou numa única criança terá sido responsável por centenas de milhares ou até mesmo, no pior cenário, um milhão de mortes por covid-19.

O gene LZTFL1 leva a que as células produzam uma proteína específica na superfície dos pulmões de algumas pessoas. O coronavírus agarra-se a esta proteína, o que ajuda a que se espalhe mais pelos pulmões, o que origina os casos mais graves da doença. Esta mutação é mais comum na população do sul da Ásia e pode ajudar a explicar porque é que a Índia é um dos países com mais mortes por covid-19.

A hipótese de que um gene Neandertal pode ser culpado por agravar o estado de saúde dos infetados não é nova e um estudo de 2020 já tinha proposto a hipótese de que as pessoas que herdaram este gene tinham um risco até três vezes maior de precisarem de um ventilador caso apanhassem o vírus, relata o Ancient Origins.

O detalhe novo nesta investigação é de que esta mutação se terá propagado ao longo das gerações a partir de apenas uma relação entre um humano e um Neandertal. Os investigadores fizeram os cálculos e notaram que o gene vem de “28 mudanças de uma única letra, que podem ser rastreadas até ao início”, tendo assim nascido de um “evento único”.» in https://zap.aeiou.pt/humano-neandertal-sexo-mortes-covid-485231

#saude    #historia    #neandertal

02/05/22

Saúde - Um novo estudo publicado na revista científica Nature sugere que nos próximos 50 anos, existirão 15 mil novos casos de transmissão de vírus entre mamíferos.


«As alterações climáticas vão potenciar crises virais em todo o mundo

Um novo estudo publicado na revista científica Nature sugere que nos próximos 50 anos, existirão 15 mil novos casos de transmissão de vírus entre mamíferos. A principal razão são as alterações climáticas, que vão potenciar o encontro entre espécies e a troca de vírus entre si.

Com o aquecimento global e o aumento das temperaturas, os habitats vão mudar e as espécies vão começar a deslocar-se para regiões mais frias. Tendo em conta a previsão do aumento de 2ºC no planeta, prevê-se a duplicação destes encontros até 2070. Segundo os autores, isto irá ocorrer em ecossistemas ricos em espécies de alta altitude, como em regiões de África e da Ásia, e em zonas habitadas pelo Homem, como no Sahel, na Índia e na Indonésia.

Trata-se de uma ameaça séria à saúde humana e animal, referem no estudo, sublinhando a importância de se investir na prevenção e controlo de patógenos.

“Este trabalho fornece mais evidências incontestáveis de que as próximas décadas não serão apenas mais quentes, mas também mais doentes”, alerta Gregory Albery, um dos autores do estudo.» in https://greensavers.sapo.pt/as-alteracoes-climaticas-vao-potenciar-crises-virais-em-todo-o-mundo/

#saude

#ambiente

#ecologia

09/12/21

Política de Saúde - Disparar radiação ultravioleta em cogumelos pode aumentar astronomicamente os seus níveis de vitamina D, resolvendo o problema mundial de deficiência e insuficiência desta vitamina crucial.



«Como resolver o problema de deficiência de vitamina D? Disparar luz ultravioleta em cogumelos

Disparar radiação ultravioleta em cogumelos pode aumentar astronomicamente os seus níveis de vitamina D, resolvendo o problema mundial de deficiência e insuficiência desta vitamina crucial.

Há um problema mundial de insuficiência e deficiência de vitamina D. Mais de metade da população mundial não está a receber vitamina D suficiente, o que pode aumentar o risco de dezenas de doenças, como osteoporose, cancro e até covid-19.

Estudos recentes sugerem que atingir cogumelos com radiação ultravioleta pode aumentar a produção das centenas de compostos que os cogumelos têm e que são bons para a nossa saúde.

A insuficiência e deficiência de vitamina D podem ser justificadas fundamentalmente pelo estilo de vida e dieta alimentar das pessoas. Conforme os humanos diminuem o seu tempo ao ar livre e aumentam o uso de protetor solar, são expostos a menos radiação UV, explica o Big Think.

Quanto à comida, não são muitos os alimentos ricos em vitamina D. Peixes de viveiro e galinhas de aviário têm menos de um quarto da vitamina D encontrada nos seus congéneres do mar e do campo, respetivamente.

Os cogumelos são a única fonte de vitamina D não-animal. Algumas espécies de cogumelos têm quatro vezes a dose diária recomendada desta vitamina em apenas. Ou seja, o equivalente a 12 cogumelos Paris tem tanta vitamina D como duas porções de salmão selvagem ou dez de salmão de viveiro.

O problema é que cogumelos criados comercialmente também têm pouca vitamina D. A solução pode passar por expô-los a radiação ultravioleta.

“Quando nós, humanos, somos atingidos pela luz ultravioleta, o nosso colesterol começa a produzir vitamina D na pele através de um processo fotoquímico. Isto é semelhante ao que acontece no cogumelo, mas aqui é o ergosterol que é convertido em vitamina D através da energia da luz ultravioleta”, diz Hanne L. Kristensen, cientista da Universidade de Aarhus.

Em 2015, cientistas conseguiram aumentar os níveis de vitamina D de cogumelos Shiitake de 2,3% do valor diário de referência por porção para 100%. Conseguiram esta melhoria disparando raios ultravioleta contra os cogumelos durante duas horas.

Outra equipa de investigadores descobriu um novo método para aumentar os níveis de vitamina D para 4.600% do valor diário de referência. Isto foi possível colocando os cogumelos em etanol durante a irradiação para proteger a vitamina D da degradação.

“É evidente que a irradiação ultravioleta é benéfica ao aumentar significativamente o conteúdo nutracêutico”, escrevem os autores da revisão da literatura publicada na revista International Journal of Food Science & Technology.» in https://zap.aeiou.pt/deficiencia-vitamina-d-cogumelos-448777


#saúde    #radiaçãoultravioleta    #cogumelos    #vitaminaD    #aumento   


04/11/21

Política de Saúde - O Reino Unido tornou-se o primeiro país do mundo a aprovar um antiviral que pode ser usado em casa para tratar a covid-19.


«Reino Unido autoriza comprimido da Merck para tratar covid-19

O Reino Unido tornou-se o primeiro país do mundo a aprovar um antiviral que pode ser usado em casa para tratar a covid-19. O fármaco da Merck recebeu luz verde da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos para a Saúde britânica.

Ainda não se sabe quando é que o fármaco estará acessível ao público, mas o molnupiravir demonstrou eficácia assinalável nos estudos realizados.

Segundo os resultados preliminares anunciados pela empresa no mês passado e que carecem ainda de revisão por cientistas externos, a toma do medicamento reduziu para metade hospitalizações e óbitos entre doentes numa fase precoce dos sintomas de covid-19.

O molnupiravir destina-se a ser tomado duas vezes por dia durante cinco dias por pessoas que estejam em casa com covid-19 ligeira a moderada e que tenham pelo menos um fator de risco de poder desenvolver doença grave.

Por enquanto, a Merck não avançou detalhes sobre potenciais efeitos secundários, assegurando apenas que a sua ocorrência foi similar entre as pessoas que receberam o medicamento e as que receberam placebos.

“Hoje é um dia histórico, pois o Reino Unido é o primeiro país do mundo a aprovar um antiviral que pode ser tomado em casa para a covid-19. Estamos a trabalhar em ritmo acelerado em todo o governo e com o NHS [Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido] para estabelecer planos para a distribuição de molnupiravir aos doentes através de um estudo nacional o mais rapidamente possível”, disse o secretário britânico da Saúde, Sajid Javid, em comunicado.

O fármaco aguarda ainda a avaliação dos reguladores de Estados Unidos – Food and Drug Administration (FDA) – e da União Europeia – Agência Europeia do Medicamento (EMA).

No entanto, uma decisão sobre a sua eventual autorização em solo americano pode acontecer ainda no final deste mês, quando um painel de peritos independentes se reunir para examinar a segurança e eficácia do molnupiravir.

A companhia farmacêutica, que desenvolveu o tratamento em parceria com o laboratório Ridgeback Biotherapeutic, anunciou também que os fornecimentos iniciais serão limitados, uma vez que grande parte da capacidade de produção até ao final deste ano – estimada em 10 milhões de esquemas terapêuticos – já foi adquirida por diversos governos a nível mundial.

Inicialmente concebido como uma potencial terapia da gripe e com financiamento do Governo americano, este medicamento foi reorientado em 2020 por investigadores da Universidade Emory, no estado da Geórgia, para um possível tratamento da covid-19, sendo então licenciado para desenvolvimento por Ridgeback Biotherapeutic e Merck.

A ação do molnupiravir visa uma enzima que o SARS-CoV-2 usa para se reproduzir, inserindo erros no seu código genético que retardam a capacidade de se espalhar e tomar conta de células humanas. Essa atividade genética levou peritos independentes a questionar se o fármaco poderia eventualmente causar mutações conducentes a defeitos de nascença ou tumores, mas a Merck frisou que o fármaco é seguro quando utilizado segundo as instruções.

A farmacêutica anunciou ainda na última semana a sua permissão para que outros fabricantes possam produzir o seu comprimido, numa tentativa de ajudar milhões de pessoas em países mais pobres e com pouco acesso às vacinas.

O Medicines Patent Pool, um grupo apoiado pelas Nações Unidas, revelou que a Merck não vai receber ‘royalties’ por este acordo enquanto a covid-19 for considerada uma emergência global pela Organização Mundial da Saúde.

De acordo com os especialistas, um comprimido antiviral que reduz sintomas e acelera a recuperação pode revelar-se essencial no combate à pandemia, ao aliviar a sobrecarga dos hospitais e ajudar a travar surtos em países mais pobres e com sistemas de saúde frágeis.» in https://zap.aeiou.pt/reino-unido-autoriza-comprimido-covid-19-442680

01/06/21

Política de Saúde - A Comissão Nacional de Saúde da China (NHC) anunciou, esta terça-feira, que um homem da província de Jiangsu está infetado com a estirpe H10N3 da gripe aviária.


«China deteta primeiro paciente com nova estirpe da gripe aviária

A Comissão Nacional de Saúde da China (NHC) anunciou, esta terça-feira, que um homem da província de Jiangsu está infetado com a estirpe H10N3 da gripe aviária.

O homem de 41 anos foi hospitalizado a 28 de abril após desenvolver febre e outros sintomas, informou a NHC em comunicado citado pela Reuters.

No mesmo dia o indivíduo foi diagnosticado com o vírus da gripe aviária H10N3 em 28 de maio. De momento o paciente está estável e pronto para receber alta do hospital.

Segundo a NHC, a estirpe H10N3 é “relativamente menos grave e surge em aves domésticas”. O risco de se espalhar em grande escala é muito baixo, acrescentou a Comissão Nacional de Saúde da China. Nenhum outro caso de infeção humana com H10N3 foi relatado anteriormente em todo o mundo, referiu a NHC.

A estirpe “não é um vírus muito comum”, explica Filip Claes, coordenador de laboratório regional do Centro de Emergência para Doenças Transfronteiriças de Animais da Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) no Escritório Regional para a Ásia e o Pacífico, citado pela Reuters.

O especialista nota que apenas foram reportados cerca de 160 casos isolados do vírus nos 40 anos até 2018, na sua maioria em aves selvagens ou aves aquáticas na Ásia e em algumas partes limitadas da América do Norte, e nenhum tinha sido detetado em galinhas até agora, acrescentou.

Muitas estirpes diferentes de gripe aviária estão presentes na China e algumas infetam pessoas esporadicamente, geralmente aquelas que trabalham com aves.

Não houve um número significativo de infeções humanas com a gripe aviária desde que a que a estirpe H7N9 matou cerca de 300 pessoas durante 2016-2017.

A 19 de maio, o Ministério da Agricultura da China disse confirmou um surto de gripe aviária H5N8 em pássaros selvagens num parque pantanoso na cidade de Nagqu, no Tibete.» in https://zap.aeiou.pt/china-nova-estirpe-gripe-aviaria-406459

14/05/21

Política de Saúde - nvestigadores concluíram que a população portuguesa tem uma prevalência superior à média europeia de algumas alterações genéticas que levam a uma predisposição para o défice de vitamina D.


«Genética da população portuguesa pode explicar deficiência de vitamina D

Investigadores concluíram que a população portuguesa tem uma prevalência superior à média europeia de algumas alterações genéticas que levam a uma predisposição para o défice de vitamina D.

Este estudo, coordenado pelo Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa e que envolveu investigadores da Nova Medical School, da Faculdade de Medicina do Porto e do Instituto Gulbenkian da Ciência, mostrou que as pessoas com níveis muito baixos de vitamina D apresentam uma resposta demasiado agressiva à covid-19, o que leva a formas mais graves da doença.

“Muitos outros estudos internacionais vieram reforçar que, de facto, a população quando tem deficiência de vitamina D e apanha o coronavírus – como outros vírus respiratórios e outras infeções respiratórias – a capacidade de resposta [do sistema imunitário] é diferente e o risco de severidade é maior”, explicou à agência Lusa Conceição Calhau, da Nova Medical School.

O projeto VITACOV, cujos dados vão ser divulgados esta sexta-feira, avaliou, entre agosto de 2020 e janeiro deste ano, 517 doentes admitidos nas urgências dos Hospitais de Santa Maria, em Lisboa, e São João, no Porto.

Os resultados podem ajudar a compreender outros dados científicos obtidos no ano passado noutras investigações que demonstraram que cerca de 60% da população portuguesa apresenta níveis de vitamina D muito baixos, quando comparado com cerca de 20% da população finlandesa, por exemplo, para a mesma época do ano.

“Já existia um histórico de caracterização genética da população portuguesa em que já havia a ideia de que a prevalência destes polimorfismos que afetam as vias da vitamina D é superior na população portuguesa, quando comparada com outros países da Europa, e nós confirmámos que isto estaria associado depois à severidade [da covid-19]”, explicou.

Estes novos dados, segundo os investigadores, provam que não é correto supor que os países com mais exposição solar, como Portugal, não apresentam problemas com a deficiência de vitamina D.

Defenderam ainda, face a estes resultados, a importância da caracterização genética, da monitorização da vitamina D e a adoção de outras recomendações ao nível populacional.

“Não é verdade a ideia de que somos um país de sol, que basta apanhar sol e que não vale a pena suplementar”, insistiu Conceição Calhau, que é coordenadora da licenciatura em Ciências da Nutrição na NOVA Medical School – Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa.

A especialista explicou ainda que aquilo a que se chama ‘doses diárias recomendadas’ para as vitaminas em geral já têm muitas décadas, vêm da altura das grandes guerras, em que se racionava alimentos, e que estes valores eram o mínimo para não ter doença.

“Estávamos em tempo de racionar os alimentos, em concreto a vitamina D, associada ao raquitismo nas crianças e às doenças ósseas do adulto”, afirmou, acrescentando: “Mas quando sabemos que a vitamina D está relacionada com a regulação da pressão arterial, por exemplo, com o sistema imunitário, com a divisão celular (….) percebemos que aquilo que é o macro nós não estamos a ver porque estamos a falar de alguma patologias com alguma cronicidade”.

Adiantou ainda que a vitamina D é ativada pelo organismo e transformada numa hormona, como o cortisol ou a insulina ou as hormonas da tiroide, e que “tem funções tão importantes que vão muito para além do metabolismo do osso”.

“Se doseamos a vitamina D e ela está baixa, pelo menos temos aqui um dado que nos leva a ter a atitude da prescrição de um suplemento de vitamina D”, considera a especialista, insistindo: “Em Portugal nós não temos uma incidência solar capaz [de outubro a maio]. Não temos a incidência da radiação para poder catalisar no fundo aquilo que temos na pele para se produzir a vitamina D”.

Por outro lado, recordou, “temos uma população que cada vez foge mais da gordura” e a vitamina D encontra-se nos alimentos “na fase lipídica”. “Como principalmente nos laticínios as pessoas ou já não comem ou comem só light, também não temos na alimentação grandes fontes de vitamina D”, acrescentou.

A investigadora indicou igualmente que em Portugal ainda há muito preconceito relativamente à suplementação da vitamina D e que a questão da covid-19 acabou por voltar a levantar a questão.

“Se calhar não devemos tanto trabalhar com recomendações populacionais, mas individualizar, o que significa que as pessoas deveriam não só dosear os seus níveis de vitamina D, como fazem com a glicose e o colesterol, mas também fazer uma avaliação do seu padrão genético para saber se de facto têm este erro genético”, concluiu.

O projeto VITACOV, financiado Fundação para a Ciência e Tecnologia, foi coordenado pelo Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa, em parceria com a empresa HeartGenetics, uma ‘start-up’ que nasceu no Instituto Superior Técnico.» in https://zap.aeiou.pt/genetica-populacao-deficiencia-vitamina-d-402348

18/05/20

Política de Saúde - O novo coronavírus já circulava silenciosamente em Wuhan, no centro da China, em outubro passado, e alastrou-se "aleatoriamente e sem mostrar sinais epidémicos", de acordo com os resultados de um estudo publicado pela revista Frontiers in Medicine.




«Covid-19: Novo coronavírus já circulava na China em outubro

O novo coronavírus já circulava silenciosamente em Wuhan, no centro da China, em outubro passado, e alastrou-se "aleatoriamente e sem mostrar sinais epidémicos", de acordo com os resultados de um estudo publicado pela revista Frontiers in Medicine.

O estudo conclui que, embora o surto tenha sido oficialmente anunciado em dezembro de 2019, depois de dezenas de casos de infeção ligados a um mercado terem sido diagnosticados em Wuhan, análises da filogenética indicam que o coronavírus estava em dormência desde outubro naquela cidade na província chinesa de Hubei.

“Nesta fase de latência, a infeção seguiu o seu curso silencioso”, afirmou a equipa de investigadores, formada por Jordi Serra-Cobo e Marc López, da Faculdade de Biologia e do Instituto de Pesquisa em Biodiversidade da Universidade de Barcelona, Roger Frutos, do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronómica para o Desenvolvimento, de França, e Christian A. Devaux, do Centro Nacional de Pesquisa Científica.

O estudo analisa a conjunção única de eventos que permitiram a expansão global do novo coronavírus, que tem um longo período de incubação, um alto número de casos assintomáticos e beneficiou da alta mobilidade internacional.

Segundo Serra-Cobo, para que uma doença infecciosa se espalhe, três condições devem ser atendidas: o patógeno deve ser capaz de infetar e reproduzir-se em seres humanos, entrar em contacto com pessoas através de um reservatório natural e espalhar-se através de um amplo circuito social.

No caso da covid-19, todas essas condições foram reunidas em Wuhan, no final de 2019.

Segundo os autores, a pandemia é o resultado de um “alinhamento” excecional a nível global, ou seja, uma coincidência específica de fatores biológicos e sociais que lhe permitiram emergir e expandir-se por todo o mundo.

“O que desencadeou a epidemia foi o aparecimento, em simultâneo, de duas importantes celebrações no mesmo local – as férias em família e o Ano Novo Chinês – que colocaram muitas pessoas em contacto com outras pessoas, inicialmente infetadas, o que proporcionou a fase de amplificação necessária”.

Os autores consideram que “outro passo importante foi a mobilidade”.

O estudo lembra que “as mudanças ambientais e a ação do ser humano sobre os sistemas naturais afetam a perda de habitats e biodiversidade, afetam a dinâmica das espécies em reservatórios de patógenos e aumentam a probabilidade de contágio da espécie humana”.

“Este fenómeno é especialmente importante no sudeste da Ásia, onde se originaram as epidemias da SARS [síndrome respiratória aguda grave] e da covid-19″, aponta.

A SARS teve origem na província de Guangdong, sul da China, em 2002.

O estudo defende que é essencial proibir a posse e o uso de espécies protegidas e oferecer alternativas para evitar o impacto do mercado negro na vida selvagem.

“Mesmo que o surto se tenha originado inesperadamente em Wuhan, poderia ter sido evitado”, defendem os autores, que lembram que o início desta pandemia é comparável ao de surtos anteriores de coronavírus, como a SARS e Síndrome respiratória do Oriente Médio, ou MERS.» in https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/covid-19-novo-coronavirus-ja-circulava-na-china-em-outubro´


(Um hospital alemão lida com a covid-19)

16/05/20

Política de Saúde - O rastreio efetuado pela Câmara de Vila Real a 163 professores e funcionários das escolas públicas do concelho detetou um caso positivo antes do regresso às aulas presenciais na segunda-feira, disse hoje o município.



«Rastreio a professores e funcionários detetou caso positivo em Vila Real

O rastreio efetuado pela Câmara de Vila Real a 163 professores e funcionários das escolas públicas do concelho detetou um caso positivo antes do regresso às aulas presenciais na segunda-feira, disse hoje o município.

A autarquia transmontana decidiu testar todo o pessoal docente e não docente antes de serem retomadas as aulas presenciais para os alunos do 11.º e 12.º anos, das escolas secundárias Camilo Castelo Branco e São Pedro e no Agrupamento de Escolas Morgado Mateus.

O rastreio abrangeu 163 professores e funcionários e, segundo o município, "um deles teve resultado positivo".

"A pessoa em questão já está informada deste resultado. Revela-se assim acertada a iniciativa de testar o pessoal docente e não docente, antes do reinício das aulas presenciais, pois evitou-se um eventual foco de propagação da doença", afirmou a autarquia.

Apesar de "não ter sido considerada prioritária" a testagem destes profissionais ao nível nacional, o município de Vila Real decidiu avançar nas escolas do concelho, tendo sido "uma das poucas autarquias do país em que isso aconteceu".

O objetivo da medida foi "garantir alguma confiança neste regresso parcial às aulas presenciais".

A iniciativa foi implementada em articulação com o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Douro I - Marão e Douro Norte.

Segundo o ACES, o concelho de Vila Real esteve 10 dias sem casos positivos. Com o caso positivo revelado hoje aumentou para 151 o número de pessoas infetadas com o novo coronavírus neste município.

Portugal contabiliza 1.203 mortos associados à covid-19 em 28.810 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.

O país entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.

O Governo aprovou na sexta-feira novas medidas que entram em vigor na segunda-feira, entre as quais a retoma das visitas aos utentes dos lares de idosos, a reabertura das creches, aulas presenciais para os 11.º e 12.º anos e a reabertura de algumas lojas de rua, cafés, restaurantes, museus, monumentos e palácios.» in https://www.sapo.pt/noticias/atualidade/rastreio-a-professores-e-funcionarios-detetou_5ec01a2ae5ed81495a35587b

15/05/20

Política de Saúde - Investigadores da Universidade de Agricultura do Sul da China identificaram o pangolim como o “possível hospedeiro intermediário” que facilitou a transmissão do vírus.



«Animal acusado de ser responsável pela covid-19 pode ser a solução para tratá-la

Alguns investigadores indicaram o pangolim como possível culpado pelo novo coronavírus. Agora, um novo estudo sugere que o animal pode servir de exemplo para encontrar um tratamento para a doença.

O pangolim, um pequeno mamífero em risco de extinção e um dos animais mais contrabandeados do mundo, foi acusado de ser o transmissor do novo coronavírus. Investigadores da Universidade de Agricultura do Sul da China identificaram o pangolim como o “possível hospedeiro intermediário” que facilitou a transmissão do vírus.

Agora, um novo estudo publicado na semana passada na revista científica Frontiers in Immunology, aponta este animal como parte da solução para um tratamento eficaz contra a doença. O pangolim tem uma estranha resposta imune ao coronavírus que tem intrigado vários cientistas.

Uma equipa de investigadores analisou dados do genoma de pangolins e compararam as suas sequências genómicas às de outros animais. Os cientistas descobriram que os pangolins conseguem tolerar o coronavírus, apesar de não terem nenhum tipo de defesa antiviral usada pela maioria dos outros mamíferos.

Os pangolins não têm dois genes que normalmente desencadeiam uma resposta imune. “Descobrimos que, como os morcegos, os pangolins têm um defeito genético na resposta a vários vírus, provavelmente incluindo os coronavírus”, disse à Inverse o autor correspondente Leopold Eckhart, investigador da Universidade Médica de Viena.

No caso do novo coronavírus, a maioria dos analistas aponta o morcego com fonte primária: segundo um estudo recente, os genomas do novo coronavírus são 96% iguais aos que circulam no organismo daquele animal.

A resposta dos pangolins é relevante uma vez que a forma como o sistema imunológico de algumas pessoas reage à covid-19 pode explicar a razão pela qual elas ficam especialmente doentes. A resposta “causa mais danos do que o próprio vírus”, explica Eckhart. Embora não seja regra geral, pode ocorrer em 15% dos pacientes de covid-19.

“Acreditamos que os pangolins têm outra maneira eficaz de lidar com infeções por vírus”, diz Eckhart. “Essa resposta até agora desconhecida pode ser interessante para o desenvolvimento de novos tratamentos para pacientes com infeções virais”.

O investigador ainda não sabe se as descobertas feitas através do seu estudo podem ajudar a encontrar um tratamento para a doença. Ainda é demasiado cedo para isso, realça. No entanto, tem esperanças que possa fazer parte da solução.

“Acho que ainda podemos obter muitas ideias novas que podem ser relevantes para a medicina”, antecipa Eckhart.» in https://zap.aeiou.pt/animal-covid-19-solucao-tratamento-323859


(Mamífero em extinção pode ser transmissor do novo coronavírus)

12/05/20

Política de Saúde - Cerca de 12 pessoas em Hong Kong foram infectadas com uma nova estirpe da hepatite, que em situações normais, apenas infecta ratos.



«Ratos estão a infetar humanos com hepatite, e ninguém sabe como

Cerca de 12 pessoas em Hong Kong foram infectadas com uma nova estirpe da hepatite, que em situações normais, apenas infecta ratos. Os especialistas estão a tentar encontrar respostas para esclarecer como é que o vírus passa dos ratos para os humanos, de acordo com a ‘CNN’.

Foi em 2018 que se verificou o primeiro relato de uma situação semelhante, em que um ser humano foi contagiado por um vírus de hepatite proveniente de um rato. A partir dessa altura contabilizaram-se cerca de 10 outras situações, sendo que a última aconteceu no dia 30 de Abril, com um homem de 61 anos, hospitalizado com problemas hepáticos, mas sem qualquer evidência de contacto com ratos, nem de ter viajado nos últimos meses.

Ainda que o motivo da infecção continue a ser objecto de estudo, uma das teorias em cima da mesa passa pela ingestão de água ou comida, que se encontre contaminada com fezes de ratos, bem como pelo facto das pessoas poderem tocar em objetos que tenham o vírus. Mas nada está ainda cientificamente comprovado.

«O que sabemos é que os ratos em Hong Kong carregam o vírus, testamos os humanos e encontramos o vírus. Mas exatamente como se transmite – se os ratos contaminam a comida ou se há outro animal envolvido – não sabemos», afirmou Siddharth Sridhar, microbiologista da Universidade de Hong Kong e um dos investigadores que descobriram o HEV de ratos em pessoas, citado pela ‘CNN’.

Para além de Hong Kong, registou-se um outro caso da infecção a partir de um rato no Canadá, no ano passado, sendo que, segundo a ‘CNN’, nesta situação o paciente tinha estado recentemente em África, o que pode explicar o contágio.

A hepatite está associada a uma infecção no fígado, no que diz respeito à estirpe especifica da hepatite E, sabe-se que normalmente é transmitida através de água contaminada com fezes humanas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os países em desenvolvimento são os mais afetados pela infecção, que causa náuseas, febre e vómitos.» in https://executivedigest.sapo.pt/ratos-estao-a-infetar-humanos-com-hepatite-e-ninguem-sabe-como/

08/05/20

Política de Saúde - No dia 8 de maio de 1980, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou em Genebra que "todos os povos" estavam "livres da varíola", quase dois séculos após a descoberta da vacina.




«Quando a humanidade triunfou sobre outro vírus. Há 40 anos, erradicou-se a varíola

No dia 8 de maio de 1980, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou em Genebra que "todos os povos" estavam "livres da varíola", quase dois séculos após a descoberta da vacina. A lição de tal feito para os dias de hoje é que foi através da colaboração, e não da competição, que se derrotou o vírus.

O vírus da varíola, cujo único reservatório era o ser humano, é transmitido por gotas de saliva, aerossóis e, em menor grau, por roupas contaminadas.

Dez anos depois da criação da OMS em 1948, a União Soviética propôs numa reunião da organização, "num momento de distensão na Guerra Fria", que o mundo se dedicasse à erradicação da varíola, explica o epidemiologista americano Larry Brilliant. "O governo dos Estados Unidos aceitou imediatamente", completou.

"Havia na ocasião uma vontade pública e política", destacou o epidemiologista à AFP, antes de criticar o "nacionalismo" que prevalece atualmente no combate ao novo coronavírus.

Quatro décadas depois da erradicação da varíola, a covid-19 paralisou o mundo numa questão de meses, o que nunca foi provocado pela varíola, apesar de sua taxa de mortalidade rondar 30%, provocando mais de 300 milhões de vítimas fatais no século XX.

"Podemos aprender muito com a varíola para a covid-19 sobre a importância do rastreamento de casos, o isolamento de pacientes e o confinamento dos seus contatos", explica à AFP a doutora Rosamund Lewis, diretora do departamento de varíola da OMS.

Quando a Organização Mundial da Saúde iniciou o programa intensivo de erradicação em 1967, os especialistas "seguiam de porta em porta" para procurar enfermos, disse Lewis.

Sem demora, alguns países serviram-se das lições do passado e aperceberam-se que é necessário criar um "exército de saúde pública" para lutar contra a covid-19, para entrar em contato com as pessoas e monitorar os casos, acrescenta.

Agora o rastreamento acontece por meio de aplicações ou ligações telefónicas, com base na boa vontade das pessoas, mas a OMS defende a política, especialmente porque não há vacina contra a covid-19.

A vacina contra a varíola foi desenvolvida no fim do século XVIII, quando um médico britânico descobriu que a inoculação do vírus da varíola da vaca (chamado vacine) protegia os humanos.

Antes da vacinação, a população praticava a variolização: um método muito antigo de imunização que consistia em inocular pus, um procedimento que "protege de modo eficaz, mas que tinha o inconveniente de permitir a circulação da varíola", comenta a francesa Anne-Marie Moulin, médica e filósofa no Centro Nacional de Investigação Científica, em França.

"Em alguns países, a variolização continuou após a descoberta da vacina", explica, citando o caso da Índia, muito afetada pela doença.

A vacinação foi "o elemento principal da vitória" contra o vírus, mas o êxito também foi "resultado de uma colaboração internacional" baseada em campanhas de prevenção, tratamento e diagnóstico, disse Angela Teresa Ciuffi, do Instituto de Microbiologia da Universidade de Lausanne, na Suíça.

Quase dez anos depois do apelo da Rússia, a varíola ainda provocava dois milhões de mortes por ano no planeta. Em 1967, a OMS começou a aplicar um programa de luta intensivo.

O último caso de varíola maior foi registado em 1975 em Bangladesh e o último caso de varíola menor em 1977 na Somália. Em, 1978, no entanto, uma fotógrafa médica britânica que trabalhava perto de um laboratório que investigava a doença foi infetada e morreu.

Hoje, apenas dois laboratórios têm autorização para conservar o vírus da varíola — Koltsovo na Rússia e Atlanta nos Estados Unidos —, mas em 2014 foram encontrados frascos antigos noutro laboratório norte-americano.

O período desde a erradicação foi marcado por um debate não solucionado sobre a destruição dos últimos stocks do vírus. De acordo com especialistas é tecnicamente possível recriá-lo em laboratório, mas a OMS proíbe-o.

Várias décadas após a erradicação da varíola, o seu espectro persiste e inclusive aumentou com a ameaça do bioterrorismo.

Ao lado da varíola, "o coronavírus é apenas um exercício de treino" porque hoje a maioria das pessoas nunca foi vacinada e é vulnerável, afirma David Evans, virologista da Universidade de Alberta, no Canadá.

Em caso de reintrodução, a varíola "poderia ser devastadora nas primeiras semanas, sobretudo levando em consideração que a pandemia da covid-19 mostrou quanto tempo os sistemas de saúde pública precisam para ativar a sua logística", opina Rosina Ehmann, do Instituto de Microbiologia das Forças Armadas da Alemanha.» in https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/quando-a-humanidade-triunfou-sobre-outro-virus-ha-40-anos-erradicou-se-a-variola

O que foi a VARÍOLA - Inteliogia History #3


02/05/20

Política de Saúde - A conferência de imprensa da Direção-Geral da Saúde começou, como sempre, por abordar os números do boletim epidemiológico, desta vez centrada numa adenda aos últimos números, uma vez que um erro informático levou à duplicação de 442 casos na região norte.



«O erro informático que levou à duplicação de 442 casos

A conferência de imprensa da Direção-Geral da Saúde começou, como sempre, por abordar os números do boletim epidemiológico, desta vez centrada numa adenda aos últimos números, uma vez que um erro informático levou à duplicação de 442 casos na região norte.

A ministra da Saúde começou a habitual conferência de imprensa diária da Direção-Geral da Saúde por explicar que desde o dia 25 de abril foram detetados 422 casos duplicados, o que justifica que hoje se registe um número de casos inferior (25.190) ao que tinha sido anunciado na sexta-feira.

"Ontem, verificou-se que, num conjunto de casos da região norte, desde 25 de abril, os testes informáticos de verificação encontraram 422 casos duplicados que não eram verdadeiros casos novos e sim problemas de integração. Isto sucedeu porque, quando um caso confirmado laboratorialmente não tem número de utente associado, não porque não o tenha, mas porque não é registado, o sistema está parametrizado para verificar se o nome e a data de nascimento correspondem a um caso que já estivesse confirmado. O sistema considerou, por defeito, que eram novos casos. Realizada esta noite a verificação, constatou-se que assim não era. Os dados de hoje para a região Norte refletem essa correção e os boletins dos 25 a 30 de abril serão corrigidos", assumiu.

Marta Temido disse que o número de casos a considerar na sexta-feira é 24.987.

"Esta correção mostra-nos mais uma vez a necessidade do robustecimento da nossa base tecnológica de suporte ao Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE) que tem um conjunto de operações que não são automáticas. Transmitimos esta correção com o habitual cuidado e transparência apesar desta circunstância nos penalizar a todos", admitiu a ministra.

Temido explicou, mais detalhadamente, que os dados do sistema nacional de vigilância epidemiológica resultam do encontro de duas aplicações, uma para laboratórios e outra para clínicos, "que não integram automaticamente", o que leva a DGS, todas as semanas, a fazer cruzamentos para ver se não existe sobreposição de casos.

Quanto ao relatório de situação publicado hoje na página da Direção-Geral da Saúde (DGS), devem ser tidos em consideração os dois "asteriscos" que explicam esta diferença de casos e a duplicação explicada por Marta Temido.

O primeiro aparece junto do número do total de casos suspeitos e o segundo junto ao total de casos confirmados e ambos remetem para a explicação: "Dados recalculados de acordo com a informação de hoje".

Além das explicações da governante na conferência de imprensa, foi ainda explicado aos jornalistas que o apuramento de dados, para efeitos de vigilância epidemiológica não integra automaticamente SINAVE-LAB e SINAVE-MED, logo exige uma "rotina semanal de trabalho de validação de todos os dados carregados".

"Os 422 casos duplicados que não eram verdadeiros novos casos e sim problemas de integração", foi ainda assegurado na sessão que contou com Marta Temido e com a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou quase 239 mil mortos e infetou mais de 3,3 milhões de pessoas em 195 países e territórios.

Mais de um milhão de doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 1.007 pessoas das 25.190 confirmadas como infetadas, e há 1.671 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.» in https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/em-direto-analise-aos-novos-numeros-da-pandemia-em-portugal

30/04/20

Tecnologia - Bill Gates estima que o mundo vai precisar de um a dois anos para recuperar totalmente das consequências da pandemia de covid-19.



«Bill Gates estima quando é que o mundo vai regressar à normalidade

Bill Gates estima que o mundo vai precisar de um a dois anos para recuperar totalmente das consequências da pandemia de covid-19. Um tratamento ou uma vacina serão o passo mais importante.

As opiniões de Bill Gates, têm sido ouvidas atentamente um pouco por todo o mundo. Principalmente após o fundador da Microsoft ter previsto uma pandemia como a da covid-19, pouco tempo antes de o novo coronavírus surgiu em Wuhan, na China.

Além disso, o norte-americano também já fez previsões em relação ao tempo de quarentena que temos pela frente e, desta vez, estima quando é que o mundo deverá regressar à normalidade.

Bill Gates acredita que os comportamentos das pessoas mudarão drasticamente devido ao medo dos cidadãos de contrair a doença. Numa entrevista ao jornal francês Le Figaro, filantropo estima que o mundo precisará de um a dois anos para recuperar totalmente da pandemia.

Citado pelo Russia Today, Bill Gates diz que é necessário criar um sistema de atividades que elimine o risco de um retorno à fase exponencial da progressão da infeção. Além disso, frisou que com os sistemas de teste e monitorização disponíveis, os Governos deverão conseguir controlar a propagação do vírus mais facilmente.

O magnata diz ainda que o passo decisivo para que seja possível regressar à normalidade será o desenvolvimento de métodos de tratamento extremamente eficazes ou de uma vacina. Investigadores da Universidade de Oxford testaram com sucesso uma vacina contra o coronavírus em macacos e esperam tê-la disponível em setembro.

Atualmente, segundo os dados oficiais da Organização Mundial de Saúde, existem 70 vacinas contra o novo coronavírus a serem desenvolvidas em todo o mundo. Três delas estão já a ser testadas em humanos.» in https://zap.aeiou.pt/bill-gates-mundo-regressar-normalidade-321710