Todos os abalos registados são de origem tectónica. No que respeita ao nível de gravidade na escala de ritcher, o mais grave ficou-se pelos 3,3.
Após um fim de semana que ficou marcado por uma frequente atividade sísmica – ainda que de níveis controlados -, as autoridades da ilha de São Jorge, nos Açores, estão a preparar-se para dois cenários mais gravosos que poderão passar por um sismo de maior magnitude ou uma erupção, em linha com o que aconteceu em La Palma.
Ao jornal Público, Rui Marques, presidente do Centro de Informação e Vigilância Sismo-Vulcânica dos Açores (CIVISA), explicou que “tratando-se de uma crise sísmica que se localiza sobre um sistema vulcânico ativo, estamos perante uma crise sismo-vulcânica“.
Como tal a ilha enfrenta dois cenários distintos que passarão por um “sismo de maior magnitude que, face à proximidade às zonas urbanas, poderá facilmente provocar danos” e, “por esta sismicidade se estar a localizar num sistema vulcânico que é ativo”, há que considerar a “possibilidade de podermos ter uma erupção vulcânica neste setor”.
Ainda assim, o especialista não descura o cenário de uma erupção no mar, a qual viria contrariar as de 1580 e 1808, em alturas em que a ilha já era povoada,.
Desde a tarde de 19 de março até agora foram registados mais de 1800 eventos sísmicos, apesar de apenas 104 terem sido sentidos pela população. Deste último grupo, 22 ocorreram desde a meia noite de terça-feira. Ainda segundo o Público, todos os abalos registados na rede são de origem tectónica. No que respeita ao nível de gravidade na escala de ritcher, o mais grave ficou-se pelos 3,3.
Desde sábado que a maioria da atividade sísmica se concentra nas proximidades da vila das Velas.
Perante estas conclusões das autoridades que monitorizam a situação, o Governo regional já está a preparar planos para a retirada de pessoas, caso a crise sísmica se agrave. Em conferência de imprensa, Clélio Meneses, secretário regional da Saúde do arquipélago, explicou que a resposta terá “uma natureza ao nível da necessidade de evacuação e de cuidados de saúde e tudo isto está a ser preparado para, na nossa esperança, não ser necessário“.
Ainda de acordo com o responsável, os doentes internados no Centro de Saúde das Velas, mais próximo do epicentro da atividade sísmica, serão deslocados para o Centro de Saúde da Calheta, na outra ponta da ilha de São Jorge, “no sentido de precaver qualquer situação que torne mais difícil a movimentação, a a mobilidade e alguma evacuação“.
Outro dos procedimentos que está a ser ultimado é a identificação do “número de pessoas com mobilidade afetada, para terem uma proteção acrescida”. “Estamos a ir ao pormenor de identificar todos os focos de dificuldade para poder intervir com rapidez e eficácia de forma a garantir a segurança das pessoas”, adiantou Clélio Meneses.
O governo regional também encetou contactos com a Atlânticoline, a empresa pública responsável pelo transporte marítimo de passageiros nos Açores, e com as Forças Armadas “para a necessidade de ser emergente” de retirar pessoas. Outra das medidas visou o envio de meios humanos do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores e do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) para a ilha de São Jorge e estão a ser “preparados bombeiros de outras ilhas para a necessidade de terem de se deslocar” para aquela ilha.