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25/03/12

Arte Literatura - O escritor italiano Antonio Tabucchi morreu hoje de manhã em Lisboa aos 68 anos, vítima de doença, e será sepultado na próxima quinta-feira na capital, disse à Lusa a sua mulher!


«Escritor italiano Antonio Tabucchi morreu hoje em Lisboa


O escritor italiano Antonio Tabucchi morreu hoje de manhã em Lisboa aos 68 anos, vítima de doença, e será sepultado na próxima quinta-feira na capital, disse à Lusa a sua mulher.

Tabucchi, que se “encontrava doente”, estava internado no Hospital da Cruz Vermelha, referiu a viúva do escritor, Maria José de Lencastre.

A mulher disse ainda que o funeral irá decorrer na próxima quinta-feira, em Lisboa.

Nascido em Vecchiano, na província de Pisa, a 24 de setembro de 1943, Antonio Tabucchi era um escritor italiano e professor de língua portuguesa na Universidade de Siena.

Grande conhecedor de Portugal, país pelo qual era muito apaixonado, Tabucchi era também tradutor e crítico da obra de Fernando Pessoa, à qual chega nos anos 1960, na Sorbonne, e pelo qual fica fascinado.

É aliás Pessoa que o faz apaixonar-se por Portugal e que o faz dar aulas de Português, para melhor perceber o poeta.

Em conjunto com a companheira, Maria José de Lencastre, tem traduzido para italiano muitas obras de Fernando Pessoa.

Entre outras obras, Antonio Tabucchi escreveu uma comédia teatral sobre Pessoa. Prémio Médicis, por “Nocturno Indiano”, e Prémio Campiello, por “Afirma Pereira,” são alguns dos galardões que recebeu.

“Pequenos equívocos sem importância”, “Une baule pieno di gente”, “Os últimos três dias de Fernando Pessoa”, “A cabeça perdida de Damasceno Monteiro” e “Está a fazer-se cada vez mais tarde” são outros títulos do autor.

Além de “O fio do Horizonte”, outras obras de Tabucchi foram adaptadas ao cinema, como “Nocturno Indiano” (1989) “Afirma Pereira” (1995), cujo protagonista foi Marcello Mastroianni, “Requiem” (1998) e “Dama de Porto Pim” (2001).» in http://noticias.sapo.pt/nacional/artigo/escritor-italiano-antonio-tabucc_3063.html


«Antonio Tabucchi

Antonio Tabucchi (Vecchiano, província de Pisa, 24 de setembro de 1943 - Lisboa, 25 de março de 2012) foi um escritor italiano, professor de Língua e Literatura Portuguesas na Universidade de Siena.

Muito apaixonado por Portugal, e dos melhores conhecedores, crítico e tradutor italiano do escritor português Fernando Pessoa. Tabucchi chega à obra de Pessoa nos anos sessenta, na Sorbona, fica fascinado e no seu retorno a Itália assiste a aulas de português para poder perceber melhor o poeta.

Os seus livros estão traduzidos em cerca de dezoito países. Em parceria com Maria José de Lancastre, sua companheira, tem traduzido para italiano muitas das obras de Pessoa. Escreveu, além de outras obras, um livro de ensaios e uma comédia teatral sobre ele.
Obteve o prémio francês "Médicis étranger" pelo seu romance Notturno Indiano, e o prémio Campiello por Sostiene Pereira.

Alguns dos seus livros mais conhecidos são Notturno Indiano, Piccoli equivoci senza importanza, Un baule pieno di gente, Gli ultimi tre giorni di Fernando Pessoa, Sostiene Pereira, La testa perduta di Damasceno Monteiro e Si sta facendo sempre più tardi. Vários dos seus livros foram adaptados ao cinema, com destaque para Sostiene Pereira, onde Marcello Mastroianni realiza uma das suas últimas interpretações, em 1995, um ano antes da sua morte.


Índice [esconder]


1 Início de vida
2 Mais trabalhos
3 Morte
4 Bibliografia
5 Referências


[editar]Início de vida


Antonio Tabucchi nasceu em Pisa, mas cresceu na casa de seus avós maternos em Vecchiano (uma aldeia nas proximidades). Durante os seus anos na universidade, ele viajou muito pela Europa na senda dos autores que ele havia encontrado na biblioteca de seu tio. Durante uma dessas viagens, encontrou o poema "Tabacaria" tabacaria num quiosque perto da Gare de Lyon, em Paris, assinado por Álvaro de Campos, um dos heterónimos do poeta Português Fernando Pessoa. Foi na tradução para o francês por Pierre Hourcade. Das páginas deste ele extraiu a intuição do seu interesse na sua vida futura, pelo menos, nos vinte anos seguintes.

A visita a Lisboa provoca o seu incontestável amor à cidade do fado e do país como um todo. Como resultado, formou-se em 1969 com uma tese sobre "O surrealismo em Portugal". Ele especializou-se na Scuola Normale Superiore di Pisa na década de setenta e em 1973 foi nomeado professor de Língua e Literatura Portuguesa, em Bolonha. Nesse ano, ele escreveu a sua primeira novela, Piazza d'Italia (Bompiani, 1975), em que tentou descrever a história do ponto de vista dos derrotados. Neste caso dos anarquistas da Toscana. Seguiu assim a tradição dos grandes escritores italianos de um passado relativamente recente, tais como Giovanni Verga, Federico De Roberto, Giuseppe Tomasi di Lampedusa, Beppe Fenoglio, e autores contemporâneos, como Vincenzo Consolo.


[editar]Mais trabalhos

Em 1978 foi nomeado para a Universidade de Génova, e publicou Il Piccolo Naviglio (Mondadori), seguido por Il gioco del rovescio e altri Racconti (Il Saggiatore) em 1981, e Donna di Porto Pim (Sellerio 1983). A sua primeira novela importante, Notturno indiano, foi publicada em 1984, e se tornou a base de 1989, um filme dirigido por Alain Corneau. O protagonista tenta traçar um amigo que desapareceu em Portugal mas está na verdade buscando a sua própria identidade.

Publicou Piccoli Equivoci senza importanza (Feltrinelli) em 1985 e, no ano seguinte, Dell'orizzonte Il filo. Este romance apresenta um outro protagonista (Spino) numa missão para descobrir algo (neste caso, a identidade de um cadáver), mas que também está, mais uma vez, procurando a sua própria identidade, que viria a se tornar uma missão comum para os protagonistas Tabucchi. A película foi elaborada a partir deste livro, também, em 1993, dirigido por Fernando Lopes Português. Em 1987, Volatili del Beato Angelico (Sellerio) e Pessoana Mínima (Imprensa Nacional, Lisboa) foi impresso, tendo recebido o prêmio francês "Médicis" para o melhor romance estrangeiro (Notturno indiano). No ano seguinte, ele escreveu a comédia I Dialoghi mancati (Feltrinelli). O presidente da Portugal outorgou-lhe o título Do Infante Dom Henrique em 1989 e nesse mesmo ano o governo francês nomeou-o Cavaleiro des Arts et des Lettres.

Tabucchi publicou Un Baule pieno di gente. Scritti su Fernando Pessoa (Feltrinelli) em 1990, e no ano seguinte, L'Angelo nero (Feltrinelli 1991). Em 1992, ele escreveu em Português Requiem, um romance depois traduzida em italiano (Feltrinelli, vencedor do Prémio PEN Clube italiano) e Sogni di Sogni (Sellerio).

1994 foi um ano muito importante para o autor. Foi o ano de Gli ultimi tre giorni di Fernando Pessoa (Sellerio), mas mais importante do romance que lhe trouxe o maior reconhecimento: Sostiene Pereira (Feltrinelli), vencedor do Prêmio Super Campiello, Scanno e Jean Monnet de Literatura Europeia. O protagonista desse romance tornou-se um símbolo da defesa da liberdade de informação para os adversários políticos de todos os regimes anti-democráticos. Em Itália, durante a campanha eleitoral, a oposição contra o polêmico magnata da comunicação Silvio Berlusconi agregou-se em torno deste livro. O diretor Roberto Faenza extraiu-se o filme homônimo (1995), no qual lançou Marcello Mastroianni como Pereira e Daniel Auteuil como o Dr. Cardoso.

Em 1997 Tabucchi escreveu o romance La testa perduta di Damasceno Monteiro baseado na história verídica de um homem cujo cadáver foi encontrado decapitado em um parque. Descobriu-se que o homem havia sido assassinado em uma estação da Guarda Nacional Republicana (GNR). A notícia atingiu a sensibilidade do escritor e da imaginação. A definição do evento no Porto deu também o autor a oportunidade de mostrar seu amor pela cidade. Para terminar esta novela, Tabucchi trabalhou sobre os documentos recolhidos pelos investigadores no Conselho Europeu, em Estrasburgo, que respeitar os direitos civis e as condições de detenção na Europa, incluindo a relação entre cidadãos e agentes das forças de segurança. A novela demonstrou ser profética, quando um membro da polícia, o sargento José dos Santos confessou mais tarde o assassinato. Este foi mais tarde e após julgamento condenado e sentenciado a 17 anos de prisão. Também em 1997, escreveu Tabucchi Marconi, se ben mi Ricordo (IIE), seguido no ano seguinte por L'Automobile, Nostalgie la et l'Infini (Seuil, Parigi, 1998). Esse ano a Academia Leibniz lhe concedeu o Prêmio Nossack.

Escreveu Zingari e il Rinascimento (Sipiel) e Ena poukamiso gemato likedes (Una camicia piena di Macchie. Conversazioni di con AT Anteos Chrysostomidis, Agra, Atene 1999), em 1999. "As dúvidas são como manchas na camisa lavadas branco. A tarefa de cada escritor e de cada homem de letras é instalar dúvidas para a perfeição, porque perfeição gera ideologias, ditadores e idéias totalitárias. Democracia não é um estado de perfeição".

Em 2001 Tabucchi publicou o romance epistolar, Sta si facendo semper più tardi. Nele 17 textos celebram o triunfo da palavra, que, como "mensagens no" frasco, não tem destinatário, são missivas do autor dirigidas a um "desconhecido Restante poste". O livro recebeu o Prémio France Culture 2002 (a rádio francesa cultural) para a literatura estrangeira.

Passa seis meses do ano em Lisboa, com a sua mulher e os seus dois filhos, sendo já um nativo da cidade. O resto do ano é passado na Toscana, onde lecciona literatura Portuguesa na Universidade de Siena. Na verdade Tabucchi considera-se um escritor somente num sentido ontológico, porque do ponto de vista existencial ele está suficientemente contente em poder definir-se um professor universitário ". Literatura para Tabucchi não é uma profissão ", mas algo que envolve desejos, sonhos e imaginação".

Tabucchi contribui regularmente artigos para as páginas culturais dos jornais Corriere della Sera e El País. Em 2004, foi premiado com o prêmio de jornalismo Francisco Cerecedo, atribuído pela Associação de Jornalistas Europeus e entregue pelo herdeiro da Coroa Espanhola, o Príncipe das Astúrias Felipe de Borbón, em reconhecimento pela qualidade do seu trabalho jornalístico e sua defesa aberta da liberdade de expressão.

Em 2007 recebeu um doutoramento honoris causa pela Universidade de Liège.

Em 2011, causou polêmica no Brasil ao recusar o convite da Festa Literária Internacional de Paraty devido à posição do país de não extraditar Cesare Battisti (escritor), condenado por 4 assassinatos na Itália.


[editar]Morte


Antonio Tabucchi faleceu no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, em 25 de março de 2012, aos 68 anos[1].


[editar]Bibliografia


Piazza d'Italia - 1975
Il Gioco del Rovescio - 1981
Donna di Porto Pim e Altre Storie - 1983
Notturno Indiano - 1984
Piccoli Equivoci Senza Importanza - 1985
L'angelo Nero - 1991
Requiem: un'Allucinazione - 1992
Sostiene Pereira - 1994
La Testa Perduta di Damasceno Monteiro - 1997
La gastrite di Platone - 1998


Referências


↑ publico.pt (25-3-2012). Morreu o escritor italiano Antonio Tabucchi . 25-3-2012. Página visitada em 25-3-2012.» in http://pt.wikipedia.org/wiki/Antonio_Tabucchi


"A Vida não Está por Ordem Alfabética


A vida não está por ordem alfabética como há quem julgue. Surge... ora aqui, ora ali, como muito bem entende, são miga­lhas, o problema depois é juntá-las, é esse montinho de areia, e este grão que grão sustém? Por vezes, aquele que está mesmo no cimo e parece sustentado por todo o montinho, é precisamente esse que mantém unidos todos os outros, porque esse montinho não obedece às leis da física, retira o grão que aparentemente não sustentava nada e esboroa-se tudo, a areia desliza, espalma-se e resta-te apenas traçar uns rabiscos com o dedo, contradanças, caminhos que não levam a lado nenhum, e continuas à nora, insistes no vaivém, que é feito daquele abençoado grão que mantinha tudo ligado... até que um dia o dedo resolve parar, farto de tanta garatuja, deixaste na areia um traçado estranho, um desenho sem jeito nem lógica, e começas a desconfiar que o sentido de tudo aquilo eram as garatujas.


António Tabucchi, in 'Tristano Morre'"



Antonio Tabucchi - (Premio Frontiere)

(PORTRAIT OF Antonio Tabucchi)

Antonio Tabucchi - "Il tempo invecchia in fretta"


28/10/11

Amarante Literatura - A jornalista da SIC, Lúcia Gonçalves, apresenta este sábado, dia 29 de Outubro, no Centro Pastoral de Amarante, às 17 horas, o livro da sua autoria “Vencer o Cancro”!



«Amarante: Jornalista da SIC, Lúcia Gonçalves, apresenta sábado livro “Vencer o Cancro” no Centro Pastoral de Amarante



A jornalista da SIC, Lúcia Gonçalves, apresenta este sábado, dia 29 de Outubro, no Centro Pastoral de Amarante, às 17 horas, o livro da sua autoria “Vencer o Cancro”.

Com base no programa homónimo transmitido na SIC e na SIC Notícias, Lúcia Gonçalves revisita as histórias de coragem e os bastidores de uma doença que continua a ser muito temida.

Centrando-se fortemente em casos reais, a obra conta com os relatos de quem viveu a doença e conseguiu seguir em frente, de familiares e amigos que acompanharam o paciente, bem como de médicos e profissionais de saúde, na sua batalha diária pela descoberta de tratamentos e métodos de diagnóstico mais eficazes.

Ao longo de cada capítulo, descreve-se cada um dos tipos de cancro, chamando a atenção para os sinais de alarme a que deveremos estar atentos e traçando as diferentes formas de terapias de que hoje dispomos.

Com uma revisão científica a cargo de especialistas em cada uma das áreas, Lúcia Gonçalves e Júlio Montenegro expõem, numa linguagem acessível, os mitos que rodeiam a doença, alertando para a importância do diagnóstico precoce. Porque a melhor forma de combater o cancro é estar informado e poder dar uma palavra de esperança.

Neste livro, para além de histórias reais, encontra toda a informação básica para ficar a saber que o cancro tem tratamento, desde que detectado a tempo.

A apresentação do livro em Amarante, no Centro Pastoral, conta com a presença da autora Lúcia Gonçalves e Júlio Montenegro.

Lúcia Gonçalves, que escreveu o livro juntamente com Júlio Montenegro, é jornalista, além de autora, apresentadora e produtora de programas de rádio e televisão. É, desde há seis anos, editora executiva adjunta da SIC.

Graças ao seu trabalho com a série de programas Vencer o Cancro, foi distinguida com o prémio Convergência Impresa 2009.» in 

14/03/11

Literatura - Eça de Queirós, o Escritor do Século XIX, cujas ideias e cultura são intemporais!



«JOSÉ MARIA EÇA DE QUEIRÓS (1845-1900)


A VIDA DOS LIVROS
de 14 a 20 de Março de 2011


José Maria Eça de Queirós (1845-1900) mantém-se presente nos tempos que correm. A palavra presente substitui actual, para que não haja simplificações abusivas. Não se trata, porém, de dizer que tudo se manteve inalterável (com Dâmaso Salcete ou Tomás de Alencar ao virar da esquina) e que a actualidade se mantém tal e qual. Houve mudanças significativas no país, mas há elementos duráveis na análise do autor de “Os Maias” (1888) ou de “O Conde de Abranhos” (1925). Eça desenha uma sociedade em transição, assente nos empregos públicos e nos favores do Estado. É o naturalismo em acção, aqui ou ali polvilhado por um humor fino que procura representar uma sociedade distante e periférica, relativamente aos grandes centros. E quando hoje assistimos à crise da dívida pública soberana, vêm à baila as conversas do banqueiro Cohen relativamente ao dinheiro e aos seus enredos…


DESENTRANHAR O PORTUGAL QUE ESPERA…
Eduardo Lourenço afirmou que “não é susceptível de discussão o amor (e o fervor) com que a Geração de 70 tentou desentranhar do Portugal quotidiano, mesquinho e decepcionante, um outro, sob ele soterrado, à espera de irromper à luz do sol” (“Labirinto da Saudade, ed. 2000, p. 93). Ora, ao lermos Eça de Queirós, impõe-se a pergunta – o que se mantém actual na sua obra? E que país existe por «desentranhar», ao abrigo desse «criticismo patriótico», em que Eduardo Lourenço vem insistindo, como voz clamando no deserto. Não podemos cair na conclusão fácil de que o país é o mesmo ou radicalmente diferente. Qualquer simplificação será sempre caricatural. De facto, Portugal é diferente hoje do que era no final do século XIX. Mas, quando lemos os principais intelectuais e críticos desse tempo assaltam-nos as semelhanças, que têm de ser vistas com as cautelosas distâncias. A chamada Geração de 1870 obriga, porém, a uma especial correcção crítica: de facto, estamos perante analistas de raríssimo talento, com uma inteligência de indiscutível evidência, que souberam colocar-se no lugar da intelectualidade europeia mais avançada e lúcida do seu tempo. A perspectiva crítica deu-lhes uma distância que hoje permite compreendermos melhor o que disseram, concedendo essa reserva uma curiosíssima garantia de actualidade. Se virmos bem, Antero, Oliveira Martins e Eça de Queirós não são portugueses comuns do seu tempo. Viram mais longe e largo, e é isso mesmo que lhes permitiu alcançar um especial sentido de pertinência presente, que nos leva à ilusão de julgar que o país é o mesmo, sem o ser exactamente. No entanto, temos a nítida sensação de encontrar nesses argutos textos algo de familiar ou próximo. E isso não acontece por acaso. De facto, há diferenças e coincidências na sociedade. O país rural não existe já, a distância enorme entre a cidade e as serras reduziu-se, o atraso social endémico mudou de natureza, os dualismos profundos, se se mantêm, tornaram-se diferentes, e as desigualdades que persistem reportam-se a termos de comparação que se transformaram muito. Ainda por cima, não podemos esquecer que as referências queirosianas se enraizaram bastante no mundo português letrado e culto (ou por leitura ou por reminiscência). É difícil de encontrar o Conselheiro Acácio, mas o seu espírito e os seus óculos fumados persistem onde menos se espera. O mesmo se diga de Eusebiozinho, de Palma Cavalão, de Gouvarinho, de Dâmaso ou de Alencar – mas sobretudo de João da Ega, de Carlos da Maia, de Zé Fernandes, de Jacinto, de Gonçalo Mendes Ramires ou de Fradique e do inefável Pacheco. Os ecos dos quadros queirosianos chegam-nos ainda hoje como as análises cortantes das “Histórias” de Oliveira Martins, sendo “Os Maias” a genial tradução romanesca do “Portugal Contemporâneo”. E diga-se que, se alguns criticam a dispersão de personagens e de temas na saga de Eça, a verdade é que essa é uma riqueza da obra que magistralmente contribuiu para o repositório de personagens representado caricaturalmente por João Abel Manta.


A MATÉRIA-PRIMA DE EÇA
Apesar das distâncias, o certo é que há algo na matéria-prima utilizada por Eça que permanece e que mantém actualidade: a ciclotimia portuguesa, o peso do Estado omnipresente com o seu funcionalismo (o “comunismo burocrático”) e a dependência do exterior. Quanto à ciclotimia, eis-nos a oscilar entre a invocação das glórias passadas com um orgulho histórico, tantas vezes desajustado, e a consideração da mediocridade contemporânea (que não é pior nem melhor que a de muitos dos nossos vizinhos, mas que se torna mais evidente quando se insere na tal oscilação entre a glória e a decadência). A verdade é que essa alternância entre nos considerarmos os melhores e os piores do mundo agrava as comparações e as ilusões – o que leva à ambiguidade essencial de “A Ilustre Casa de Ramires” – ainda tão incompreendido… Já quanto ao peso do Estado, devemos referir que o nosso centralismo ancestral resulta da precedência do Estado relativamente à nação, com a inevitável concentração de poderes e o inexorável formalismo destituído de responsabilidade prática. É essa rígida centralização de poderes do Estado que leva à dependência relativamente à Arcada e S. Bento, que tão nitidamente se encontra na análise de Eça, desde Artur Curvelo até ao Conde de Abranhos – e que se prolonga até aos nossos dias no nosso Estado. Essa lógica de dependência, com sequente dificuldade de mobilização dos cidadãos e dos poderes locais (para além do caciquismo) liga-se a outra dependência que a vida económica (sobretudo num tempo de globalização) revela e que tem a ver com as vicissitudes do endividamento. Se recordarmos o jantar do Hotel Central em «Os Maias», depressa compreenderemos que aquilo que preocupa aqueles convivas é, a um tempo, a evolução da mentalidade literária e das escolas de pensamento, tema muito sentido pelo próprio autor (representado, de algum modo, por um alter ego, «sui generis» e complexo, que começa em João da Ega, mas que não existe só, uma vez está vive em ligação com Carlos da Maia, como se se tratasse de um tandem), bem como as repercussões da incerteza financeira e económica, em razão da significativa dependência de Portugal relativamente à economia europeia, em especial através do crédito, já que a história portuguesa oitocentista se confundiu amiúde com a dívida pública e as crises bancárias.


O JANTAR DO HOTEL CENTRAL
«O Cohen colocou uma pitada de sal à beira do prato, e respondeu, com autoridade, que o empréstimo tinha de se realizar ‘absolutamente’. Os empréstimos em Portugal constituíam hoje uma das fontes de receita, tão regular, tão indispensável, tão sabida como o imposto. Lembramo-nos bem da passagem. E depois: « – A bancarrota é tão certa, as coisas estão tão dispostas para ela – continuava Cohen – que seria mais fácil a qualquer, em dois ou três anos, fazer falir o país»… Isto, enquanto Ega e, surpreendentemente, Alencar, sonhavam com uma revolução. A história económica portuguesa do século XIX foi longamente dominada pelas crises bancárias (1827, 1846, 1876 e 1891) e pela evolução da dívida pública. As guerras civis contribuíram para essa instabilidade até 1851. Já em 1876 tudo se concentrou na bolha especulativa gerada pela proliferação de entidades bancárias; enquanto em 1891 foi a bancarrota argentina que quebrou a casa Baring de Londres, ligando-se à redução da remessa dos emigrantes do Brasil por causa do fim da escravatura e da implantação da República. E a dívida pública explodiu. Assim, a profecia de Cohen cumpriu-se, houve o convénio dos credores externos de 1902 (com o empréstimo de 99 anos, ao juro de 3 por cento) e um longo purgatório português nos mercados financeiros. Entende-se que a pergunta sobre a actualidade de Eça obriga não a ressuscitar Abranhos ou Dâmaso, mas a desentranhá-los… O que reclama, antes de tudo, exigência crítica.


Guilherme d'Oliveira Martins» in http://www.e-cultura.pt/Artigo.aspx?ID=273
Eça de Queirós


26/01/11

Literatura - "A obra de Sophia, tão luminosoa e opaca, mete medo às pessoas", diz a filha da poetisa!


«"A obra de Sophia, tão luminosoa e opaca, mete medo às pessoas", diz a filha da poeta

Maria Andresen Sousa Tavares, primogénita de Sophia de Mello Breyner Andresen, realça à SIC que a obra da poeta - tão acarinhada pela sua doçura- tem também um lado obscuro e que essa profunda dualidade devia ser alvo de maior estudo académico. Um grande evento cultural permitirá empreender esse caminho que começa, esta quarta-feira, com a doação do Espólio à Biblioteca Nacional, em Lisboa.

"Dei-me conta de que a minha mãe tem sido pouco estudada, muito pouco trabalhada academicamente. Há muita leitura de Sophia no ensino secundário, mas há pouca investigação. Penso que a sua obra, simultaneamente tão luminosa e tão opaca, radiante e fechada, mete medo às pessoas", disse à SIC Maria Andresen Sousa Tavares, professora universitária de Letras e coordenadora da organização do espólio de Sophia de Mello Breyner Andresen, sua mãe e uma das maiores poetas portuguesa dos século XX, agraciada com o Prémio Camões, em 1999.
Falecida em 2004, aos 84 anos, Sophia - habitualmente referenciada apenas pelo nome próprio - deixou um rico espólio de manuscritos de textos publicados e inéditos, diários, reflexões, agendas, fotografias, cartas e muitos outros documentos de grande valor para o conhecimento da sua vida, obra e processo criativo.
"Ela não se importava com essa ideia de legado, mas a certa altura pediu-me que tomasse conta do que deixava. Eu não percebia nada de espólio e tive de convidar especialistas. Eu era especialista na minha mãe! No primeiro ano a Luísa Cabral colaborou, depois fiquei sou eu com a Manuela Vasconcelos", explica a filha da poeta que analisou cada peça dentro de 87 caixotes, guardados numa garagem.
Ao fim de mais de dois anos de trabalho -com apoio do Centro Nacional de Cultura, da Fundação Calouste Gulbenkian e do BPI - o acervo ficou ordenado e será doado para que seja estudado.
A família assina, esta quarta-feira, o Termo de Doação do Espólio à Biblioteca Nacional, em Lisboa, numa cerimónia que será presidida pela Ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas.
Amigos da escritora - Artur Santos Silva, Eduardo Lourenço, Gonçalo Ribeiro Telles, Guilherme d' Oliveira Martins e Mário Soares - vão falar sobre a sua vida e obra e alguns poemas serão lidos pelos actores Beatriz Batarda e Luís Miguel Cintra.
Segue-se a inauguração da exposição "Sophia de Mello Breyner Andresen- Vida de poeta" - a que corresponde um catálogo editado pela Caminho - e a apresentação do sítio na Internet.
Nos dias 27 e 28 de Janeiro terá lugar, nas instalações da Fundação Gulbenkian, um Colóquio Internacional, promovido por Maria Andresen de Sousa Tavares e realizado com a colaboração do Centro Nacional de Cultura.

Obra, família, intervenção cívica

"Há pessoas que dizem que lêem porque acham muito bonito, mas que só a certa altura é que percebem a verdadeira força da sua poesia. O encontro na superfície daqueles textos entre luminosidade e sombra é muito poderoso", explica Maria Andresen, que com a leitura do espólio verificou que ficaram mais claros os traços " de combatividade ao lado de uma certa fragilidade. Uma complexidade muito maior do que suspeitava".
Sophia nasceu no Porto, em 1919, no seio de uma família aristocrática. Estudou Filologia Clássica em Lisboa, onde se fixou depois de se casar com o advogado e jornalista Francisco Sousa Tavares.
Passa a dividir a sua actividade entre a poesia e a acção cívica, com grande combatividade contra o regime de Salazar (tendo o marido sido preso em Caxias) e com fortes intervenções como deputada, após o 25 de Abril.
"Não houve tempo de incluir no catálogo, mas está na exposição a "Carta dos 101 Católicos", que ela e o meu pai assinaram e que foi uma grande machadada no regime totalitário, que fazia uma guerra racista, e que achava que tinha na Igreja Católica um dos seus pilares", refere Maria Andresen Sousa Tavares.
A par desta combatividade, a doçura atravessava sobretudo a obra poética (embora também tenha escrito contos, teatro, ensaio e feito traduções) e os livros infantis que começou a escrever quando os filhos (três raparigas e dois rapazes) tiveram sarampo.

Além da referência à mitologia grega, a natureza e o mar, o humanismo, a relação da linguagem com as coisas e a magia são elementos que marcam a obra de Sophia, quer nos poemas, quer nos livros para crianças.
Gerações sucessivas deliciaram-se com títulos como "O Rapaz de Bronze", "A Fada Oriana", "O príncipe da Dinamarca" ou "A Menina do Mar".

Textos sobre a espuma dos dias e um tesouro antigo

Correspondência com vários amigos e familiares, agendas, diários e outros papéis mostram como era o quotidiano de Sophia, as suas obrigações sociais e viagens, as preocupações diárias.
Reflexões sobre a arte da escrita e o processo criativo são também fundamentais para perceber a sua marca na literatura portuguesa. Sobre o poema disse que "é justo quando é necessário àquele que o escreve e necessário ao mundo".
Mas nem sempre a relação com os textos era pacífica e há cadernos que foram rasgados pela autora e só recuperados graças à intervenção de um amigo que os colou.
Outro tesouro descoberto por Maria Andresen Sousa Tavares há poucos meses, numa arca de fotografias, foram os manuscritos de poemas da adolescência, escondidos num fundo falso.
"Chamámos-lhes imediatamente "os mais antigos cadernos", já que eram do tempo em que ela tinha 12/13 anos. São os primeiros poemas e vão até 1941", refere.
Enquanto não são tomadas decisões sobre os inéditos, a editora Caminho reuniu agora num só volume "A Obra Poética", com cerca de um milhar de páginas das mais belas palavras de Sophia. Belas mas também obscuras, de "meter medo", como diz a filha.
"O lado mais sombrio é o medo da treva, da morte, do lado obscuro das pessoas e das relações, da perda do tempo. Isso sente-se muito na obra poética. Há uma angústia com a passagem do tempo, com as coisas perdidas", explica Maria Andresen Sousa Tavares.» in http://sic.sapo.pt/online/noticias/cartaz/Acho+que+a+obra+de+Sophia+tao+luminosoa+e+tao+opaca+mete+medo+as+pessoas+diz+filha+da+poeta.htm
Espólio de Sophia de Mello Breyner Andresen doado à Biblioteca Nacional!

15/10/10

Penafiel acolhe reedição do livro "Dentes de Rato" de Agustina Bessa Luís!

«Penafiel acolhe reedição do livro  """Dentes de Rato"  de Agustina Bessa Luís


08 out – A reedição do livro "Dentes de Rato", de Agustina Bessa-Luís, contando com novas ilustrações de Mónica Baldaque, vai marcar a terceira edição do festival literário Escritaria, em Penafiel, revelou hoje à Lusa fonte da organização.

Marcado para os dias 15, 16 e 17 de outubro, o evento vai homenagear aquela escritora natural de Amarante.

A Escritaria incluirá conferências com vários convidados, estando já confirmadas as presenças de Manoel de Oliveira, Maria Barroso, Mónica Baldaque, Inês Pedrosa, João Botelho, Fernando Pinto do Amaral, Alberto Luís, Mário Cláudio e Luís Caetano.

“Vão estar connosco nos três dias personalidades ligadas ao mundo das artes que muito prestigiarão o próprio evento e a obra de qualidade e sólida de uma grande escritora como a Agustina”, disse à Lusa o presidente da Câmara, Alberto Santos.

A Escritaria é uma organização da Câmara Municipal de Penafiel, em colaboração com as Edições Cão Menor, destacando-se no plano nacional por homenagear escritores vivos.

Além das conferências, estão previstas exposições fechadas e de rua que procurarão envolver os penafidelenses no espírito da iniciativa.

Manuel Andrade, das Edições Cão Menor, reafirma que o evento procurará repetir o sucesso das edições anteriores através “do estudo, a partilha e a fruição da obra de um escritor vivo”.

O responsável considera que o Escritaria já é “um momento incontornável do programa cultural português”, por ser o único que homenageia escritores vivos, suscitando o interesse de pessoas do país inteiro.

Para 15 de outubro, dia de aniversário de Agustina Bessa-Luís, está prevista uma viagem de autocarro a Vila Meã, Amarante, localidade onde nasceu a escritora. Ali será homenageada Agustina Bessa-Luís, com a declamação de textos na casa onde nasceu.

Antes, também nesse dia, o programa vai iniciar-se com teatro de rua pelo grupo “O Andaime”, que animará o centro histórico de Penafiel, com representações inspiradas na vida e obra de Agustina Bessa-Luís.

No ano passado, as atenções do Escritaria estiveram voltadas para José Saramago e há dois anos para Urbano Tavares Rodrigues.

APM.

*** Este texto foijavascript:void(0) escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***» in http://www.jornaltvs.net/noticia.asp?idEdicao=203&id=30156&idSeccao=3168&Action=noticia
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Parabéns Dona Agustina Bessa Luís, que faz hoje 88 anos e é uma Grande Mulher e Escritora de Amarante, o que me enche de orgulho!

06/07/10

Literatura - "Matilde Rosa Araújo morreu aos 89 anos, e Portugal está mais pobre..."

«Matilde Rosa Araújo morreu aos 89 anos

2010-07-06

Matilde Rosa Araújo morreu aos 89 anos

A escritora Matilde Rosa Araújo, especializada em literatura infantil, morreu hoje de madrugada, em casa, em Lisboa, aos 89 anos.

Nascida em Lisboa em 1921, Matilde Rosa Araújo licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, e foi professora do ensino técnico profissional em várias cidades do país. Foi também professora do primeiro curso de Literatura para a Infância, na Escola do Magistério Primário de Lisboa.

Nos anos 50 começou a publicar livros para crianças, e a sua obra para o público infantil conta actualmente mais de trinta títulos como "O Sol e o Menino dos Pés Frios", "História de uma Flor" ou "O Reino das Sete Pontas". Foi ainda autora de livros de contos e poesia para adultos.

Dedicou-se intensamente à defesa dos direitos das crianças através da publicação de livros e de intervenções em organismos com actividade nesta área, como a UNICEF em Portugal.

Em 1980 foi distinguida com o Grande Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Crianças (pelo conjunto da obra). Em 1991 recebeu o prémio para o melhor livro estrangeiro (novela O Palhaço Verde), pela associação Paulista de Críticos de Arte de São Paulo, Brasil.

Foi a candidata portuguesa indicada pela Secção Portuguesa do IBBY ao Prémio internacional Hans Christian Andersen de 1994. Em 1996 recebeu o prémio para o melhor livro para a Infância publicado no biénio 1994-1995, pelo livro de poemas Fadas Verdes, atribuído pela Fundação Calouste Gulbenkian.

Em Maio de 2004, recebeu o Prémio Consagração de Carreira, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores. No mesmo ano recebeu o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

De acordo com fonte da Editorial Caminho um texto inédito de Matilde Rosa Araújo, intitulado "Florinda e o Pai Natal", vai ser editado a título póstumo em Outubro pela Calendário.

O corpo de Matilde Rosa Araújo estará a partir das 17:30 de hoje em câmara ardente na Sala-Galeria Carlos Paredes da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA).

O funeral da escritora realiza-se a partir das 15:00 de quarta feira para o Cemitério dos Prazeres, informa a SPA numa nota de pesar pela morte da escritora.

“A direcção e a administração da Sociedade Portuguesa de Autores manifestam o mais sentido pesar pelo falecimento da escritora e cooperadora Matilde Rosa Araújo, falecida na sua residência em Lisboa, após doença prolongada, aos 89 anos”, refere a nota.

Bibliografia

A Garrana (ficção, 1943)
Estrada Sem Nome (ficção, 1947)
A Escola do Rio Verde (1950)
O Livro da Tila (literatura infantil, 1957)
O Palhaço Verde (literatura infantil, 1960), (considerado como o melhor livro estrangeiro, pela associação Paulista de Críticos de Arte de São Paulo, em 1991)
Praia Nova (ficção, 1962)
História de um Rapaz (1963)
O Sol e o Menino dos Pés Frios (literatura infantil, 1972)
O Reino das Sete Pontas (1974)
Balada das Vinte Meninas (literatura infantil, 1977)
As Botas do Meu Pai (literatura infantil, 1977)
Camões Poeta, Mancebo e Pobre (literatura infantil, 1978)
Voz Nua (poesia, 1982)
A Velha do Bosque (literatura infantil, 1983)
O Passarinho de Maio (literatura infantil, 1990)
Fadas Verdes (1994)
O Chão e as Estrelas (ficção, 1997)
O Gato Dourado (literatura infantil)
Lucilina e Antenor (2008)
História de uma Flor (2008)» in http://livros.sapo.pt/noticias/artigo/29288.html
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Mais um nome importante da Literatura que se perdeu... e a Literatura Infantil não é uma Arte Menor, mas muito importante para a formação de novos leitores, para a criação e divulgação do gosto pela leitura e pela inteligibilidade dos leitores. Eu habituei-me a ler e a gostar de ler com as colecções dos "Os Cinco", por exemplo. A Arte Literária de Matilde Rosa Araújo é intemporal... e quem escreve para crianças, abrange o todo do Ser Humano, cria imaginários oníricos!

14/06/10

Literatura - Há cinco anos, deixou-nos Eugénio de Andrade (1923-2005)!

«A VIDA DOS LIVROS
de 14 a 20 de Junho de 2010

Há cinco anos, deixou-nos Eugénio de Andrade (1923-2005), poeta da transparência e da compreensão do quotidiano, autor de obra vasta, entre a qual se destaca: “Ofício de Paciência”, 1994; “O Sal da Língua”, 1995; “Pequeno Formato”, 1997; “Os Lugares do Lume”, 1998; “Os Sulcos da Sede”, 2001. Hoje recordamo-lo sentidamente.

Eugénio de Andrade, por José Rodrigues, 1977.


EUGÉNIO DE ANDRADE E A CIDADE DO PORTO


O Porto é uma cidade que há muito sinto como minha e se isso acontece, tal deve-se à minha ancestralidade, mas muito a Eugénio de Andrade e ao que a sua escrita e a sua sensibilidade me ensinaram a amar a única cidade-estado que houve em Portugal, no dizer de Jaime Cortesão. E se há referências indeléveis que encontramos na Cidade Invicta, as mais marcantes, disse-o o poeta, melhor do que ninguém, é essa trilogia mágica, que liga Fernão Lopes, Garrett e Camilo. E como poderemos ser mais portuguesmente fiéis à História e à alma da pátria? «A grande trindade poética que lavra, nesta pedra escura, o perfil seguro do Porto – Fernão Lopes, Garrett e Camilo – leva fatalmente à cidade uma pessoal visão de mundo, o seu génio próprio. O Porto de Fernão Lopes é quase legendário: heróico e honrado; o de Camilo, grotesco e dramático; o de Garrett irónico, pitoresco e sentimental. São três tempos (em duplo sentido: histórico e musical) do seu carácter que, embora esquematicamente enunciados, nos permitem algumas aproximações. A cidade viril de Fernão Lopes é ainda a de Herculano, Ramalho, Jaime Cortesão e Miguel Torga; Raul Brandão, Pascoaes e Agustina estão, de algum modo, na continuação do pessimismo de Camilo; de Garrett parte, dessorada, perdido por completo o seu impenitente humor, toda uma toada que de Júlio Dinis e António Nobre vem desaguar em tanta loa tacanhamente regionalista e deprimente. Isto para falarmos apenas de quem mais se debruçou na alma destas pedras, bem pouco transparente, como se vê. Não sei como é que a palavra se insinuou: convenhamos que vem pouco a propósito».


UMA CIDADE HERÓICA, DRAMÁTICA E SENTIMENTAL


E qual a força que Eugénio de Andrade usa para tornar a cidade ainda mais heróica, dramática e sentimental? Apenas a da interpretação, a de usar os sentidos para apreender a força das coisas e das pessoas. Por um momento, percebemos, como através de “Douro, Faina Fluvial” mas também através António Cruz em “O Pintor e a Cidade” que a transparência se liga ao granito, à saudade e ao humor melancólico. A cidade dos “Altos Infantes” e dessa plêiade extraordinária de portugueses de boa cepa, abertos, livres, criativos, emancipadores. «A transparência é aqui nostalgia: até a luz terá a cor do granito. Mas o granito é às vezes de oiro velho, e outras azulado, como o luar escasso que nesta noite de Outono escorre dos telhados. Quando o sol, mesmo arrefecido, incide nos vidros, as mil e uma clarabóias e trapeiras e mirantes da cidade enchem o crepúsculo de brilhos – o Porto parece então pintado por Vieira da Silva: é mais imaginário que real».


UM RIO QUE MARCA A CIDADE


O rio marca a cidade, não podemos compreendê-la, nem compreender-nos, sem essa ligação íntima entre o Douro e o Porto. Daqui houve nome Portugal – e a afirmação não é de somenos – é fundamental, já que as qualidades do Porto são naturalmente assumidas em relação ao todo nacional. E temos de ouvir o poeta: «É urgente o amor. / É urgente um barco no mar. / É urgente destruir certas palavras, / ódio, solidão e crueldade, / alguns lamentos, / muitas espadas. /É urgente inventar alegria, / multiplicar os beijos, as searas, / é urgente descobrir rosas e rios / e manhãs claras. / Cai o silêncio nos ombros e a luz / impura, até doer. /É urgente o amor, é urgente permanecer». Torna-se necessário, no fundo, entender a força das palavras. E Eugénio marcou sempre pelo timbre do dizer, pela coerência, pela força de clamar entre as pessoas. As palavras marcam a ligação íntima entre pessoas e pessoas, entre pessoas e lugares. Continuemos, pois, a ouvi-lo: «1. Sê tu a palavra, / branca rosa brava. / 2. Só o desejo é matinal. / 3. Poupar o coração / é permitir à morte / coroar-se de alegria. /4. Morre de ter ousado / na água amar o fogo. /5. Beber-te a sede e partir / - eu sou de tão longe. / 6. Da chama à espada / o caminho é solitário. / 7. Que me quereis, / se me não dais / o que é tão meu?». E como não recordar, como procura do essencial: «Colhe todo o oiro»: «Colhe todo o oiro do dia / na haste mais alta / da melancolia»? Eugénio de Andrade diz-nos exactamente o que está em causa na Arte Poética. Aí está a tal coerência entre o ser e o dizer, entre o proclamar e o agir. Talante de bem fazer – na expressão do Infante. Mas aqui o talante é do poeta incansável, empenhado, atento, de olhos bem abertos. «O acto poético é o empenho total do ser para a sua revelação. Este fogo de conhecimento que é também fogo de amor, em que o poeta se exalta e consome, é a sua moral. E não há outra. Nesse mergulho do homem nas suas águas mais silenciadas, o que vem à tona é tanto uma singularidade como uma pluralidade. Mas, curiosamente, o espírito humano atenta mais facilmente nas diferenças que nas semelhanças, esquecendo-se, e é Goethe quem o lembra, que o particular e o universal coincidem, e assim a palavra do poeta, tão fiel ao homem, acaba por ser palavra de escândalo no seio do próprio homem». E é o poeta que clarifica, ele mesmo: «É contra a ausência do homem no homem que a palavra do poeta se insurge, é contra esta amputação no corpo vivo da vida que o poeta se rebela. E se ousa "cantar no suplício" é porque não quer morrer sem se olhar nos seus próprios olhos, e reconhecer-se, e detestar-se, ou amar-se, se for caso disso, no que não creio. De Homero a S. João da Cruz, de Virgílio a Alexandre Blok, de Li Bay a William Blake, de Bashô a Kavafis, a ambição maior do fazer poético foi sempre a mesma: Ecce Homo, parece dizer cada poema». A dignidade liga-se à vida e às pessoas, na sublimidade da palavra!


BREVE ROTEIRO


Eugénio de Andrade é o pseudónimo de José Fontinhas, que nasceu no Fundão, na Póvoa das Atalaia, tendo vindo para Lisboa com dez anos, com a mãe. Foi aluno do Liceu Passos Manuel e da Escola Machado de Castro, tendo começado a escrever poesia em 1936. Em 1943 parte para Coimbra, onde volta depois de cumprir o serviço militar obrigatório. É o tempo em que se relaciona com Miguel Torga e Eduardo Lourenço. É funcionário público, em 1947, exercendo funções de inspector administrativo no Ministério da Saúde. Três anos depois, fixa-se no Porto, onde mora na Rua Duque de Palmela, 111, morada celebrizada pelo poema com esse mesmo título: «Pelo lado dos lódãos ao fim do dia / depressa se chega agora no verão / à pedra viva do silêncio / onde o pólen das palavras se desprende / e dança dança dança até ao rio». Aí habitará até que se muda, em 1994 para o Passeio Alegre, na Foz do Douro. Recebeu inúmeras distinções, entre as quais o Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários (1986), Prémio D. Dinis (1988), Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (1989) e Prémio Camões (2001). Em Setembro de 2003 a sua obra “Os sulcos da sede” foi distinguida com o prémio de poesia do Pen Clube. Morreu na sua casa da Foz a 13 de Junho de 2005, faz agora cinco anos. E recordemos o seu poema “O Sal da Língua”: «Escuta, escuta: tenho ainda / uma coisa a dizer. / Não é importante, eu sei, não vai / salvar o mundo, não mudará / a vida de ninguém - mas quem / é hoje capaz de salvar o mundo / ou apenas mudar o sentido / da vida de alguém? / Escuta-me, não te demoro. / É coisa pouca, como a chuvinha /que vem vindo devagar. / São três, quatro palavras, pouco mais. / Palavras que te quero confiar. / Para que não se extinga o seu lume, /o seu lume breve. / Palavras que muito amei, / que talvez ame ainda. / Elas são a casa, o sal da língua».

Guilherme d'Oliveira Martins» in http://www.e-cultura.pt/Artigo.aspx?ID=228

17/04/09

"Não tenhas Medo do Escuro" - Um Livro de Gabriel Magalhães que venceu o Prémio de Revelação APE/DGLB e que gosta e escreve sobre Amarante!

«Não Tenhas Medo do Escuro


A Difel apresenta o novo livro de Gabriel Magalhães, que ganhou o Prémio de Revelação APE/DGLB. 

“E foi com uma suavidade de borboletas que adormeceu, sussurrando para si mesma, baixinho: Não tenhas medo do escuro.” 

Um cadáver que desaparece; uma mulher que morreu – e que talvez não tenha morrido; um pintor louco; uma governanta que se dedica a afogar gatos pretos; um poeta que recita nas estações de serviço e um enigmático velho de barba branca; uma japoneira movendo-se de um lado para o outro. Eis alguns dos ingredientes narrativos de Não Tenhas Medo do Escuro, romance que obteve o Prémio de Revelação APE/DGLB.
Afectada por um cancro, uma professora procura um sentido para a sua vida. Vagueia por Lisboa, Porto e Amarante; entretanto, uma criatura de sombra persegue-a. Após a sua morte, o seu corpo desaparecerá. A chave para este enigma encontra-se nos poemas que analisou com os seus alunos e nas pessoas que conheceu nos seus últimos meses.
Não Tenhas Medo do Escuro é um romance de mistério, uma homenagem à poesia portuguesa e uma reflexão sobre o valor da vida e o poder da arte.
Gabriel Magalhães
Como muitos escritores portugueses, Gabriel Magalhães tem três vidas. Na primeira, é professor de Literatura na Universidade da Beira Interior, tendo também dado aulas em Espanha – país onde viveu muitos anos e onde fez o seu doutoramento. Na segunda, acorda de madrugada e escreve contos e romances – como quem tenta passar a limpo o amanhecer. A sua terceira vida é um quadro de Vermeer onde se vê uma mulher e uma filha – e a certeza da luz de Deus. Agora que publica o seu primeiro romance acaba de descobrir que, para além destas três, precisa ainda de mais quatro existências: sete vidas são precisas para sobreviver aos abismos de uma aventura literária. 

Colecção: Literatura Portuguesa
PVP: 18,00 €» in http://noticias.pt.msn.com/Prazeres_Lazeres/article.aspx?cp-documentid=16133955

10/07/08

Franz Kafka - Um Autor de Vanguarda no Domínio da Compreensão do Lado Negro dos Humanos!

 


«Franz Kafka

Dados pessoais
Nascimento 3 de Julho de 1883
Praga, Áustria-Hungria (actualmente República Checa)
Falecimento 3 de Junho de 1924
Klosterneuburg, Áustria
Nacionalidade Austro-húngaro
Movimento literário Modernismo, Existencialismo, Surrealismo
Magnum opus A Metamorfose, O Castelo, O Processo
Influências Søren Kierkegaard, Fyodor Dostoevsky, Charles Dickens, Nietzsche
Influenciados Albert Camus, Federico Fellini, Isaac Bashevis Singer, Jorge Luis Borges, Gabriel Garcia Marquez, Carlos Fuentes, Salman Rushdie, Haruki Murakami

Biografia
Filho mais velho de Herrmann Kafka, um abastado comerciante judeu, e da sua mulher Julie, Löwy em solteira. Nascem depois dele dois meninos, que morrerão pouco tempo após o nascimento, facto que segundo alguns psicólogos especialistas na obra de Kafka, será um factor determinante para o sentimento de culpa presente nos seus livros; e três meninas, entre elas Ottilie, a sua irmã favorita, com quem chega a morar algumas vezes.
Kafka cresce sob as influências de três culturas: a judaica, a checa e a alemã. No ano de 1902 conhece Max Brod, seu grande amigo, e no ano de 1922 pedir-lhe-á que destrua todas as suas obras após a sua morte. Em 1903, Kafka tem a sua primeira relação sexual, o que lhe trará insegurança para toda a vida. Neste ano também fará sua primeira visita a um sanatório. Teve vários casos amorosos mal resolvidos, uns por intervenção dos pais das namoradas, outros por desinteresse próprio. Kafka faleceu no dia 3 de Junho de 1924 no sanatório Kierling perto de Klosterneuburg na Áustria. A causa oficial da sua morte foi insuficiência cardíaca; Kafka sofria de tuberculose desde 1917.

Educação
Kafka aprendeu alemão como primeira língua, contudo era quase fluente em checo. Formado em Direito, em 1906, trabalhou como advogado, a princípio na companhia particular Assicurazioni Generali, e depois no semi-estatal Instituto de Seguros contra Acidentes do Trabalho. Solitário, com a vida afectiva marcada por irresoluções e frustrações, Kafka nunca atingiu fama ou fortuna com seus livros, na maioria editados postumamente.

Obra
O seu livro A Metamorfose (1915) narra o caso de um homem que acorda transformado num gigantesco insecto; O Processo (1925) conta a história de um certo Josef K., julgado e condenado por um crime que ele mesmo ignora; em O Castelo (1926), o agrimensor K. não consegue ter acesso aos senhores que o contrataram. Estas três obras-primas definem não apenas boa parte do que se conhece até hoje como "literatura moderna", mas o próprio carácter do século: kafkaniano.
Autor de várias colectâneas de contos, Kafka escreveu também a avassaladora Carta ao Pai (1919) e centenas de páginas de diários. Deixou inacabado o romance Amerika.
Morreu num sanatório perto de Viena, onde se internara com tuberculose. Desde então, o seu legado - resgatado pelo amigo Max Brod - exerceu enorme influência na literatura mundial.

Bibliografia
A escrita de Kafka é marcada pelo seu tom despegado, imparcial, atenta ao pormenor e que abrange os temas da alienação e perseguição. Os seus trabalhos mais conhecidos abrangem temas como as pequenas histórias A Metamorfose, Um artista da fome e os romances O Processo, América e O Castelo.
Os seus contos são julgados como verdadeiros e realistas, em contacto com o homem do século XXI, pois os personagens kafkanianos sofrem de conflitos existenciais, como o homem de hoje. No mundo kafkaniano, as personagens não sabem que rumo podem tomar, não conhecem os objectivos da sua vida, questionam seriamente a existência e acabam sós, diante de uma situação que não planearam, pois todos os acontecimentos se viraram contra eles, não lhes oferecendo a oportunidade de se aproveitar da situação e, muitas vezes, nem mesmo de sair desta.
Por isso, a temática da solidão como fuga, a paranóia e os delírios de influência estão muito ligados à obra kafkiana, sendo comum a existência de personagens secundários que espiam e conspiram contra o protagonista das histórias de Kafka (geralmente homens, à exceção de alguns contos onde aparecem animais e raros onde a personagem principal é uma mulher). No fundo, estes protagonistas não são mais que projecções do próprio Kafka, que lhe permitem expor os seus medos, a sua angústia perante o mundo, a sua solidão interior.[carece de fontes?]

A homossexualidade na obra de Kafka
A obra de Kafka tem despertado enorme interesse entre os leitores homossexuais[1] pois, de acordo com Ruth Tiefenbrun, a maior parte das suas personagens são homens homossexuais, que vivem simultaneamente com a necessidade de se esconder e de se exibir[2]. Já Gregory Woods, na sua obra pioneira A History of Gay Literature: The Male Tradition, refere que, mesmo que a sexualidade de Kafka seja controversa, tal não deve impedir a apreciação dos seus textos no âmbito da literatura gay, e que as histórias de homens isolados, forçados a não ter certezas na vida, que estão em constante perigo de ser descobertos, tocam fortemente a sensibilidade de todos os gays[3].

Livros e Contos
Cenas de um casamento no campo (1907)
Considerações (1908)
Aeroplano em Brescia (1909)
Um artista da fome (1922, 1924)
Na colônia Penal (1914, 1919)
Diante da Lei (1914, 1915)
Meditação (1913)
Carta ao pai (1919)
Um Médico Rural (1919)
O Processo (1914,1925)
O Castelo (1922, 1926)
O Veredicto (1912)
A Metamorfose (1912, 1915)
A Sentença (1912, 1916)
Um relatório para a Academia (1917)
A preocupação de um pai de família (1917)
Contemplação: O foguista (1913)
Poseidon (1920)
Noites (1920)
Amerika (1910,1927)
Sonhos
Cartas a Milena
A Muralha da China (1917,1931)
Sobre a questão das leis (1920)
Primeiro sofrimento (1921)
Um artista da fome (1922)
Investigações de um cão (1922)
Uma pequena mulher (1923)
A Construção (1923)
Josefine, a cantora (1924)
O Povo dos Ratos (1924)

Kafka cinematográfico
The Trial - Orson Welles (1963)
The Castle - Rudolph Noelte (1968)
Informe para una academia - Carles Mira (1975)
The metamorphosis of Mr. Samsa - Caroline Leaf (1977)
Informe per a una acadèmia - Quim Masó (1989)
Kafka - Steven Soderbergh (1991)
Amerika - Vladimir Michalek (1994)
Das Schloss - Michael Haneke (1996)
La metamorfosis - Josefina Molina (1996)
The Trial - David Hugh Jones (1996)
Metamorfosis - Fran Estévez (2004)

Ligações externas
O Wikiquote tem uma coleção de citações de ou sobre: Franz Kafka.O Wikimedia Commons possui multimídia sobre Franz KafkaMuseu Kafka em Praga
Kafka em Portugal: Obras de e sobre Kafka editadas em Portugal
Projeto Kafka (inglês)
Fotos dos manuscritos originais

Referências
Hamalian, Leo (Ed.). [1974]. Franz Kafka: A Collection of Criticism. Nova York: McGraw-Hill. ISBN 0-07-025702-7.
↑ Tóibín, Colm, Roaming the Greenwood artigo publicado em 21 de Janeiro de 1999 na London Review of Books, [1]
↑ Tiefenbrun, RuthA Moment of Torment, an Interpretation of Kafka's Short Stories, Carbondale: Southern Illinois University Press, 1973
↑ Woods, Gregory, A History of Gay Literature: The Male Tradition (1998), ensaio, Yale University Press, Londres, 456 pages, ISBN 0300072015» in http://saber.sapo.pt/wiki/Franz_Kafka
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Ora cá está um escritor que li na adolescência, aconselhado por um professor de filosofia, sim porque os professores são assim, gostam de partilhar saber, cujas reflexões se aplicam muito ao momento kafkiano que a humanidade vive. O egoísmo, o consumismo, a vontade de subir na vida a qualquer custo, a destruição do planeta pela poluição humana e a solidão que invade uma sociedade com muitos mais recursos comunicacionais...

Mais informações sobre este escritor notável no seguinte link:
http://www.vidaslusofonas.pt/franz_kafka.htm


14/03/08

Eça de Queirós - Este Senhor retratou bem a Política Portuguesa!


Palavras muito acertadas e que se aplicam bem na actualidade!


«Eça de Queirós


1845 - 1900


José Maria Eça de Queirós nasceu na Póvoa de Varzim, a 25 de Novembro de 1845, filho de José Maria Teixeira de Queirós, magistrado judicial, e Carolina Augusta Pereira d'Eça, natural de Viana do Castelo. Por se tratar de uma ligação amorosa irregular, o pequeno José Maria foi registado como filho de "mãe incógnita".
Passou parte da infância longe dos pais, que só viriam a casar quando ele já tinha quatro anos. Na verdade passou a maior parte da sua vida como filho ilegítimo, pois só foi reconhecido aos quarenta anos de idade, na ocasião em que casou. Até 1851 foi criado por uma ama em Vila do Conde; depois foi entregue aos cuidados dos avós paternos que viviam perto de Aveiro, em Verdemilho.
Por volta dos dez anos foi internado no Colégio da Lapa, no Porto, onde o pai era juiz. Ramalho Ortigão era filho do director e chegou a ensinar Francês ao jovem Eça.
Em 1861 matriculou-se em Coimbra, no curso de Direito, que concluiu em 1866. Foi aí que conheceu Antero de Quental e Teófilo Braga mas não se envolveu na polémica conhecida por Questão Coimbrã (1865-66), que opôs os jovens estudantes a alguns dos mais conhecidos representantes da segunda geração romântica.


Bibliografia:
O Mistério da Estrada de Sintra (1870)
O Crime do Padre Amaro (1875); versão definitiva em 1880
O Primo Basílio (1878)
O Mandarim (1880)
A Relíquia (1887)
Os Maias (1888)
Uma Campanha Alegre (1890-91)
A Ilustre Casa de Ramires (1900)
A Correspondência de Fradique Mendes (1900)
A Cidade e as Serras (1901)
Contos (1902)
Prosas Bárbaras (1903)
Cartas de Inglaterra (1905)
Ecos de Paris (1905)
Cartas Familiares (1907)
Bilhetes de Paris (1907)
Notas Contemporâneas (1909)
Últimas Páginas (1912)
A Capital (1925)
O Conde de Abranhos (1925)
Alves e C.ª (1925)
Correspondência (1925)
O Egipto (1926)
Cartas Inéditas de Fradique Mendes (1929)
Páginas Esquecidas (1929)
Eça de Queirós entre os seus - Cartas íntimas (1949)
Folhas Soltas (1966)
A Tragédia da Rua das Flores (1980)
Dicionário de Milagres
Lendas de Santos
Edições críticas:
A Capital (1992)
O Mandarim (1993)
Alves e C.ª (1994)
Textos de Imprensa VI (1995)


Segundo o seu próprio testemunho, nesta fase leu os autores franceses que, na época, entusiasmavam a juventude letrada em Portugal. Em Coimbra, cruzavam-se a tendência romântica e as novas ideias de raiz positivista e ambas contribuíram para a formação intelectual de Eça e dos seus companheiros.
Após a formatura, chegou a estabelecer-se como advogado em Lisboa, mas rapidamente desistiu dessa carreira, que lhe parecia pouco promissora.
Em 1867 fundou e redigiu integralmente, durante perto de meio ano, o jornal "O Distrito de Évora", com o qual fez oposição política ao governo. Meses depois instalou-se em Lisboa, passando a colaborar com maior regularidade na "Gazeta de Portugal", para a qual começara a escrever no ano anterior. Os textos desta época, publicados posteriormente com o título Prosas Bárbaras, reflectem ainda uma acentuada influência romântica.
Em 1869 fez uma viagem ao Egipto e Palestina, tendo na ocasião assistido à inauguração do canal de Suez. Acompanhava-o o conde de Resende, com cuja irmã, Emília de Castro Pamplona, viria a casar em 1886. As impressões dessa viagem ficaram registadas nos textos que integram o livro O Egipto e forneceram o ambiente para o romance A Relíquia.
Ainda em 1869, de parceria com Antero de Quental e Batalha Reis, cria a figura de Carlos Fradique Mendes, que mais tarde transformaria numa espécie de alter-ego.
Em 1870 escreveu de parceria com Ramalho Ortigão uma série de folhetins a que deram o nome de O Mistério da Estrada de Sintra. A colaboração entre os dois continuou no ano seguinte com uma publicação de crítica política e social - "As Farpas". Os textos de Eça de Queirós viriam a ser publicados em livro com o título Uma Campanha Alegre.
Durante a sua estada em Lisboa reencontrou Antero de Quental e outros jovens intelectuais e juntos formaram o grupo do Cenáculo, de onde partiu a ideia das Conferências do Casino. O próprio Eça pronunciou uma das palestras, em 12/6/1871, sobre "O Realismo como nova expressão de arte".
Em 1870 havia sido nomeado administrador do concelho de Leiria. Essa curta estadia forneceu-lhe o material para imaginar o ambiente provinciano e devoto em que decorre a acção de O Crime do Padre Amaro.
Entretanto ingressou na carreira diplomática, tendo sido nomeado cônsul em Havana (Cuba, na altura colónia espanhola), em 1872. Durante a sua estada procurou melhorar a situação dos emigrantes chineses, oriundos de Macau, colocados numa quase escravidão. Durante esse período, fez uma longa viagem pelos Estados Unidos e Canadá. Foi nesta fase que redigiu o conto Singularidades de uma rapariga loura e a primeira versão de O Crime do Padre Amaro.
Em Dezembro de 1874 foi transferido para Newcastle, onde escreveu O Primo Basílio, e mais tarde para Bristol (1878). Dez anos depois (1888) foi colocado em Paris, onde permaneceu até à sua morte.


Na sequência das Conferências do Casino, em 1877 Eça projectou uma série de novelas com que faria uma análise crítica da sociedade portuguesa do seu tempo, com a designação genérica de "Cenas Portuguesas". Mesmo sem obedecer com rigor a esse projecto, muitos dos romances escritos por Eça até ao fim da sua vida nasceram dele: O Crime do Padre Amaro, O Primo Basílio, A Capital, Os Maias, O Conde de Abranhos e Alves e C.a.
Entre 1889 e 1892 dirige a "Revista de Portugal". Ao longo dos anos colaborou em muitas outras publicações, tendo esses textos sido publicados postumamente.
Pouco depois da publicação de Os Maias, que não obteve o sucesso que o autor esperava, nota-se na produção romanesca de Eça de Queirós uma significativa inflexão. Essas últimas obras (A Ilustre Casa de Ramires, A Cidade e as Serras e Contos) manifestam um certo desencanto face ao mundo moderno e um vago desejo de retorno às origens, à simplicidade da vida rural.
Eça de Queirós morreu em Paris, a 16 de Agosto de 1900.


Obras consultadas:
Breve História da Literatura Portuguesa, Texto Editora, Lisboa, 1999
Lexicoteca, Círculo de Leitores, vol. 15, 1987» in http://pwp.netcabo.pt/0511134301/eca.htm
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Ao que dizem, o Escritor Eça de Queirós dizia muitas vezes a seguinte frase: "Portugal é um país muito bonito, o problema é os Portugueses". Pois é, concordo plenamente, temos esta tendência autofágica que nos tende a destruir. Vive-se muita da inveja, constrói-se pouco e destrói-se muito e preferimos dizer mal, ser rancorosos e revanchistas. Neste momento, nas Escolas Portuguesas vive-se um ambiente de "cortar à faca" e, sem dúvida, que a tutela soube jogar muito bem com esta nossa forma de ser, para "dividir para reinar". Primeiro uma campanha miserável com a classe docente portuguesa, depois tratou-se de lançar uns contra os outros num processo de avaliação interpares viciado à partida, ferido de ilegalidades e falta de senso; depois claro, dá nisto, ambiente sombrio nas Escolas de Portugal... pobre país o nosso, que mal trata a Educação e a Formação das camadas mais jovens da população!


Mais informações sobre este Grande Escritor Português, no seguinte link:
http://www.vidaslusofonas.pt/eca_de_queiros.htm