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25/11/16

Amarante Convento de Santa Clara - Uma sentença estranha, sobre o Acórdam da Relação do Pôrto, de 11 de Novembro de 1793, sôbre a contenda das Freiras de Amarante com os Frades da mesma vila, por causa de um cano.




«Uma estranha sentença

É do tior seguinte o Acórdam da Relação do Pôrto, de 11 de Novembro de 1793, sôbre a contenda das Freiras de Amarante com os Frades da mesma vila, por causa de um cano:

«Acórdam em relação, vistos estes autos, etc. etc.

As autoras, D. Abadessa , Discretas e mais religiosas do real Convento de Santa clara de Amarante, mostram ter um cano seu próprio, por onde despejam as suas inundices e enxurradas, o qual atravessa de meio a meio a Fazenda dos frades domínicos da mesma vila.

Provam elas autoras a posse em que estão de o limpar quando precisam.

Os réus prior e mais religiosos do convento de S. Gonçalo, assim o confessam e de defendem dizendo:

Que lhes parece muito mal que lhes bulam e mecham na sua fazenda sem ser à sua satisfação; que conhecendo a sua necessidade da limpeza do cano das madres tinham feito unir o seu cano ao delas para mais fàcilmente se providenciarem as cousas, por cujo modo vinham a receber proveito.

Portanto e o mais dos autos; vendo-se claramente que aquela posse só podia nascer do abuso; vendo-se mais a boa vontade com que os réus se prestam e obrigam a limpar o cano das madres autoras e que outrosim da união resulta conhecido benefício, conclue-se visivelmente que tais dúvidas e questões da parte das autoras só podem nascer de capricho sublime e temperamento ardente que precisa mitigar-se para bem dambas as partes.

Pelo que mandam que o cano das Freiras autoras seja sempre conservado corrente e desembaraçado, unido ou não unido ao cano dos réus, segundo o gôsto dêstes e inteiramente à disposição, sem que as Freiras, autoras, possam intrometer-se no dia e na hora nem nos modos ou maneiras de limpeza, a qual desde já fica entregue à vontade dos réus, que a hão-de fazer com prudência e bem, por terem bons instrumentos seus próprios o que é bem conhecido das autoras que o não negam nem contestam.

E quando aconteça, o que não é presumível, que os réus, de propósito ou por omissão, deixem entupir o cano das autoras, em tal caso lhes deixam o direito salvo contra os réus, podendo desde logo governar na limpeza do dito seu cano, mesmo por meios indirectos e usando de suspiros, ainda usando do cano dos réus, precedendo primeiro a uma vistoria feita pelo Juiz de Fora com assistência de peritos louvados sôbre os canos das autoras e réus a pagar as custas de premeio, etc., etc.» in Revista Portugal Económico Monumental e Artístico, da Editorial Lusitana, Fascículo LIV, Concelho e Vila de Amarante.


22/06/16

Amarante Convento de Santa Clara - Os Franceses deixaram muitos prejuízos no Concelho de Amarante... Napoleão destruiu muito do nosso Património!



«Nota Histórico-Artística

Segundo a tradição, o Convento de Santa Clara de Amarante foi fundado no século XIII por D. Mafalda, embora não haja qualquer referência documental à sua instituição. Conhece-se apenas uma carta de protecção dada por D. João I às clarissas em 1383, o que comprova que nesta data estava já plenamente estabelecido. 

O espaço do cenóbio seria reconstruído e ampliado cerca de 1560, numa obra custeada pelo Conde de Redondo. Albergando uma grande comunidade de religiosas ao longo das duas centúrias seguintes, o convento ficou bastante destruído com o incêndio que atingiu a vila de Amarante em 1809, durante as invasões napoleónicas. 

Depois desta data, o espaço foi transformado em residência particular de um abastado proprietário da região emigrado no Brasil, que ao promover obras de reestruturação do edifício alterou a substancialmente a traça primitiva. A partir de então, o antigo convento passou a designar-se Casa da Cerca. 

Do espaço conventual quinhentista subsiste uma capela, onde se pode observar o portal de gosto classicista e a abóbada de berço dividida por caixotões decorados com rosetas esculpidas em relevo. 

Nas últimas décadas do século XX a Câmara Municipal de Amarante procedeu a escavações arqueológicas no espaço da Casa da Cerca, pondo a descoberto os contornos da planta do convento, onde se podem distinguir as quatro alas, o espaço do claustro onde se ergueu um chafariz e a igreja com torre sineira. 

Actualmente, o espaço da Casa da Cerca está adaptado a biblioteca e arquivo municipal. 

Catarina Oliveira 


«Mosteiro de Santa Clara

Fundado em data incerta, no séc. XIII, por D. Mafalda, infanta de Portugal, enquanto recolhimento de beguinas.

Confirmado e em pleno funcionamento em 1272, o pequeno mosteiro viria a adotar a Ordem de Santa Clara. Já nos séc. XV e XVI, viria a ser alvo de uma profunda intervenção, patrocinada pelos donatários do concelho de Gouveia de Riba-Tâmega, que nele instalam o seu panteão familiar. No séc. XVI, Manuel Cerqueira, mestre-escola da Sé de Évora, procede a uma nova remodelação, edificando, entre outras beneficiações, a capela lateral de S. José.

No dia 18 de Abril, de 1809, o mosteiro é consumido pelas chamas que o exército napoleónico ateou após uma batalha com as forças luso-inglesas, tendo escapado incólume a sua igreja. Depois de um longo processo de reedificação, o mosteiro volta a ser ocupado pelas religiosas que atempadamente se haviam retirado para o mosteiro da Madre de Deus de Monchique, na cidade do Porto.

Em 1833, com a proibição de novas admissões ao noviciado e em 1834, com a extinção das Ordens religiosas em Portugal, o mosteiro de Santa Clara inicia o processo de morte lenta que culmina em 1862, com a transferência da sua última religiosa para o mosteiro de Santa Clara do Porto.

Tendo sido depois vendido em hasta pública e convertido, a pouco-e-pouco, numa residência particular - a Casa da Cerca - por um emigrante português no Brasil, que alterou a configuração original, com transformações e adaptações, manteve-se, no entanto, na designação, a memória da cerca monástica.

Na Casa da Cerca, adquirida pela Câmara Municipal de Amarante, em 1993, com a finalidade de aí serem instalados a Biblioteca e Arquivo Municipais, foram realizadas sondagens arqueológicas, pondo a descoberto diversos achados, desde fragmentos de peças de cerâmica e de azulejos a alfinetes metálicos, contas de rosário, medalhas e moedas.

As freiras do ramo feminino da Ordem Mendicante Franciscana, devotas de Santa Clara (advogada da fala), foram as principais responsáveis pelo desenvolvimento e difusão da doçaria que constitui, hoje, uma das referências da cultura local. A oferenda à santa de aves de capoeira - metáfora da desenvoltura da fala rogada pelos fiéis com dificuldades - permitiu a utilização dos seus ovos, principal matéria-prima que deu origem à doçaria que hoje apelidamos de conventual, designadamente: São Gonçalos, Foguetes, Papos de Anjo, Brisas do Tâmega, Lérias e Pingos de Tocha.

Do antigo conjunto monástico resta atualmente pouco mais que o templo, parcialmente demolido, em 1962, aquando do alargamento da rua, nomeadamente a capela lateral de São José. Nesta, é de salientar o pormenor da abóbada de berço, com caixotões guarnecidos de rosetas esculpidas e centradas pela pedra de armas dos Cerqueiras, idêntica à existente na entrada da capela.» in http://www.cm-amarante.pt/pt/mosteiro-de-santa-clara



«Clara de Assis

Clara de Assis, em italiano Santa Chiara d'Assisi, nascida Chiara d'Offreducci (Assis, 16 de julho de 1193  — Assis, 11 de agosto de 1253), foi a fundadora do ramo feminino da ordem franciscana, a chamada Ordem de Santa Clara (ou Ordem das Clarissas).

Pertencia a uma família nobre e era dotada de grande beleza. Destacou-se desde cedo pela sua caridade e respeito para com os pequenos, tanto que, ao deparar-se com a pobreza evangélica vivida por São Francisco de Assis, foi tomada pela irresistível tendência religiosa de segui-lo.

Enfrentando a oposição da família, que pretendia arranjar-lhe um casamento vantajoso, aos dezoito anos Clara abandonou o seu lar para seguir Jesus mais radicalmente. Para isto foi ao encontro de São Francisco de Assis na Porciúncula e fundou o ramo feminino da Ordem Franciscana, também conhecido por "Damas Pobres" ou Clarissas. Viveu na prática e no amor da mais estrita pobreza.

O seu primeiro milagre foi em vida, demonstrando a sua grande fé. Conta-se que uma das irmãs da sua congregação havia saído para pedir esmolas para os pobres que iam ao mosteiro. Como não conseguiu quase nada, voltou desanimada e foi consolada por Santa Clara que lhe disse: "Confia em Deus!". Quando a santa se afastou, a outra freira foi pegar no embrulho que trouxera e não conseguiu levantá-lo, pois tudo havia se multiplicado.

Em outra ocasião, aquando da invasão de Assis pelos sarracenos, Santa Clara apanhou o ostensório com a hóstia consagrada e enfrentou o chefe deles, dizendo que Jesus Cristo era mais forte que eles. Os agressores, tomados de repente por inexplicável pânico, fugiram. Por este milagre Santa Clara é representada segurando o Ostensório na mão.
O corpo incorrupto de Santa Clara, em Assis.

Um ano antes de sua morte em 1253, Santa Clara assistiu a Celebração da Eucaristia sem precisar sair do seu leito. Neste sentido é que é aclamada como protetora da televisão.

Diversos episódios da vida de Santa Clara e São Francisco compõem os Fioretti de São Francisco[1] . Escritos muitos anos após a morte de ambos, é difícil atestar a correção destes relatos, mas, com certeza, retratam bem o espírito de ambos e os primeiros acontecimentos quando da criação das Ordens Franciscanas.» in https://pt.wikipedia.org/wiki/Clara_de_Assis