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28/01/21

Corrupção - A pandemia de covid-19, além de uma crise sanitária e económica, mostrou também que tem sido agravada pela corrupção, algo que o mundo está atualmente a falhar combater, considerou esta quinta-feira a presidente da organização Transparência Internacional (TI).


«Pandemia agravada pela corrupção. Portugal desce três lugares no índice da Transparência Internacional

A pandemia de covid-19, além de uma crise sanitária e económica, mostrou também que tem sido agravada pela corrupção, algo que o mundo está atualmente a falhar combater, considerou esta quinta-feira a presidente da organização Transparência Internacional (TI).

No relatório anual da organização não-governamental sobre o Índice de Perceção da Corrupção, que analisa 180 países e territórios, Delia Ferreira Rubio lamenta que o panorama se tem mantido um pouco por todo o mundo, onde a maioria dos Estados registaram poucas ou nenhumas melhorias no combate ao fenómeno em quase uma década.

Portugal desce três lugares, passa para 33º, registando a pontuação mais baixa desde 2012.

Numa escala de 0 (pior) a 100 (melhor), mais de dois terços dos países e territórios analisados obtiveram resultados abaixo de 50, demonstrando que a corrupção não só mina a resposta global à covid-19 como contribui para a contínua crise da democracia, salienta-se no documento.

“O índice deste ano mostra que a corrupção é mais elevada nos países menos equipados para lidar com a pandemia de covid-19 e outras crises globais. O índice, que classifica 180 países e territórios pelos níveis de perceção de corrupção no setor público de acordo com especialistas e empresários, usa uma escala de zero a 100, onde zero é altamente corrupto e 100 é muito limpo”, relembra-se.

“Os dados mostram que, apesar de algum progresso, a maioria dos países ainda não consegue combater a corrupção de forma eficaz. Além de obter pontuações baixas, quase metade de todos os países estão estagnados no índice há quase uma década. Esses países não conseguiram mover a agulha de forma significativa para melhorar sua pontuação e combater a corrupção no setor público”, refere-se.

Na lista dos 10 países menos corruptos, mantêm-se na liderança a Dinamarca e a Nova Zelândia, com 88 pontos, à frente da Finlândia, Singapura, Suécia e Suíça (todos com 85), Noruega (84), Países Baixos (82) e Alemanha e Luxemburgo (ambos com 90).

Na dos 10 mais corruptos figuram a Somália e o Sudão do Sul, ambos com apenas 12 pontos, a Síria (14), Iémen e Venezuela (ambos com 15), Sudão e Guiné Equatorial (ambos com 16), Líbia (17), Coreia do Norte, Haiti e República Democrática do Congo (todos com 18).

Do total de países analisados no relatório, 26 países melhoraram desde 2012, com destaque para a Grécia (subiu 14 posições), Myanmar (ex-Birmânia, 13) e Equador (sete), e 22 pioraram, com realce para a Bósnia-Herzegovina e Malaui (desceram ambos sete posições) e o Líbano (cinco).

Os restantes países obtiveram pouco ou nenhum progresso no combate à corrupção nos últimos anos”, lê-se no relatório.

Entre os países de língua oficial portuguesa, Portugal está no 33.º lugar (com 61 pontos), à frente de Cabo Verde (41.º, com 58), São Tomé e Príncipe (63.º, 47), Timor-Leste (86.º, 40), Brasil (94.º, 38), Angola (142.º, 27), Moçambique (149.º, 25), Guiné-Bissau (164.º 19) e Guiné Equatorial (174.º, 16).

Por regiões, a da Europa Ocidental e União Europeia (UE), contabilizando 32 países, é a que melhor resultado obteve, com uma média de 66 pontos, enquanto a da África Subsaariana, contando 49 Estados, se mantém como a pior, com 32.

A região da Ásia/Pacífico, com 31 países analisados, é a segunda com melhor índice, 45 pontos, à frente da das Américas (32 países), com 43 pontos, Médio Oriente e Norte de África (18 países), com 39, e Europa do Leste e Ásia Central (19 países), com 36.

No relatório, a TI afirma que 2020 constituiu-se como um dos piores anos da história recente por causa do surgimento da pandemia de covid-19 e os efeitos dela devastadores.

“O impacto sanitário e económico nas pessoas e nas comunidades em todo o mundo tem sido catastrófico. Mais de 90 milhões de pessoas [atualmente são cerca de 100 milhões] foram infetadas e quase dois milhões [quase 2,2 milhões] perderam a vida em todo o mundo”, escreve-se no documento.

Paralelamente, a TI, criada a 4 de maio de 1993 e com sede em Berlim, lembra os relatos de corrupção que têm sido reverberados durante a pandemia do novo coronavírus um pouco por todo o mundo.

“Do suborno e desfalques à superfaturação e favorecimento, a corrupção na saúde assume muitas formas. No entanto, arriscamos perder ainda mais se não aprendermos com as lições anteriores em tempos de crise. Em 2020, apesar da Covid-19, muitos em todo o mundo se manifestaram em protestos contra a corrupção, por justiça social e por mudanças políticas. Consistente com sondagens à opinião pública, que mostram que a maioria das pessoas tem esperança de poder fazer a diferença face á corrupção, cinco desses protestos chegaram às manchetes e destacaram o poder da ação coletiva em manifestações”, escreve-se no relatório.

Como recomendações para combater a corrupção, a TI destaca quatro como essenciais para os países a reforçarem, que passam pelo aprofundamento da fiscalização das instituições, pela garantia de contratos transparentes, pela defesa da democracia e pela promoção do espaço cívico e, por último, pela publicação de dados relevantes e o livre acesso às informações.

// Lusa» in https://zap.aeiou.pt/pandemia-agravada-pela-corrupcao-portugal-desce-tres-lugares-376312

18/09/19

Política Nacional - José Artur Neves, demitiu-se hoje do cargo no dia em que a polícia fez buscas no Ministério da Administração Interna.



«Secretário de Estado da Proteção Civil demitiu-se

José Artur Neves, demitiu-se hoje do cargo no dia em que a polícia fez buscas no Ministério da Administração Interna. 

O secretário de Estado da Proteção civil, José Artur Neves, demitiu-se hoje do cargo no dia em que a polícia fez buscas no Ministério da Administração Interna, na Proteção Civil e em vários comandos distritais de operações socorro.

“Na sequência do pedido de exoneração, por motivos pessoais, do Secretário de Estado da Proteção Civil, o ministro da Administração Interna aceitou o pedido e transmitiu essa decisão ao primeiro-ministro”, refere um nota do Ministério da Administração Interna (MAI) enviada às redações.» in https://www.dinheirovivo.pt/economia/1379375/


(Partidos de direita culpam Artur Neves pela demissão de Jorge Oliveira)

21/01/19

Política Nacional - Os partidos da oposição na Câmara Municipal de Loures estão exigem que a autarquia, liderada pela CDU, esclareça todos os contornos dos contratos adjudicados ao genro do líder do PCP, Jerónimo de Sousa.



«Oposição de Loures exige esclarecimentos sobre contrato com genro de Jerónimo de Sousa

Os partidos da oposição na Câmara Municipal de Loures estão exigem que a autarquia, liderada pela CDU, esclareça todos os contornos dos contratos adjudicados ao genro do líder do PCP, Jerónimo de Sousa.

Em causa está uma reportagem da TVI, transmitida na quinta-feira, que refere que a Câmara Municipal de Loures, no distrito de Lisboa, celebrou desde 2015 com o genro do secretário-geral do PCP um total de seis contratos para o serviço de limpezas de vidros, trocas de cartazes ou substituição de lâmpadas, num valor superior a 150 mil euros.

O último partido a reagir a esta reportagem foi a estrutura local do PSD que, num comunicado emitido na tarde de sábado, repudiou esta situação e defendeu a criação de um grupo de trabalho na Assembleia Municipal para averiguar “se este caso pode ter associado algum ilícito criminal.

Antes dos sociais democratas, também o PS e o Bloco de Esquerda tinham exigido esclarecimentos adicionais ao executivo liderado por Bernardino Soares, solicitando cópias dos documentos.

Estes pedidos de esclarecimento adicional das estruturas locais dos partidos da oposição surgem já depois da própria autarquia ter esclarecido publicamente este caso.

O primeiro esclarecimento foi feito logo na quinta-feira pelo presidente da Câmara Municipal de Loures, Bernardino Soares (CDU), durante uma sessão da Assembleia Municipal.

Nessa sessão, quando questionado pela bancada do próprio partido, Bernardino Soares negou qualquer favorecimento e ressalvou que este contrato substitui outros dois anteriores, com outras duas empresas, representando, inclusive, “uma poupança de cerca de 15%.

Os mesmos esclarecimentos viriam a ser dados no dia seguinte, através de uma nota publicada na página da internet da autarquia.

Também na quinta-feira, em comunicado, o PCP classificou as alegações como “abjeta peça de anticomunismo sustentada na mentira, na calúnia e na difamação".» in https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/oposicao-de-loures-exige-esclarecimentos-sobre-contrato-com-genro-de-jeronimo-de-sousa

09/05/18

Corrupção - Depois de ter apontado o dedo à justiça e à imprensa e de ter publicado um longo texto a dizer que não sabia de nada do que estava a ser investigado na Operação Marquês, a jornalista Fernanda Câncio decidiu agora virar-se contra Sócrates.



«A tragédia de Câncio. Crónicas de uma separação (não) anunciada

Depois de ter apontado o dedo à justiça e à imprensa e de ter publicado um longo texto a dizer que não sabia de nada do que estava a ser investigado na Operação Marquês, a jornalista Fernanda Câncio decidiu agora virar-se contra Sócrates.

“Mentiu, mentiu e tornou a mentir”. Depois de ter atacado a justiça e de ter dito publicamente que não sabia de nada, a jornalista Fernanda Câncio diz agora que José Sócrates, arguido na Operação Marquês, “enganou toda a gente”.

Férias em Veneza e Formentera, procura de casa em Lisboa e Tavira – Câncio e Sócrates faziam vida de casal. Dois jornalistas do “Correio da Manhã”, assistentes no processo, chegaram mesmo a pedir que a jornalista fosse constituída arguida, mas o Ministério Público (MP) não viu razões para isso. Enquanto tal, publicava opiniões, apontando o dedo ao MP e à imprensa, ao mesmo tempo que iam surgindo novos pormenores sobre a investigação.

Em junho de 2015, por exemplo, a jornalista dedicou um texto às falhas do sistema judicial, intitulado “Sempre Sócrates”. Nele, Câncio escreve que “se há coisa para a qual o processo Marquês tem servido é a de iluminar aspetos menos conhecidos ou mais negligenciados do nosso sistema judicial, da extensão inadmissível da prisão preventiva e dos critérios incompreensíveis da sua aplicação às condições das prisões, passando por disfunções já muito debatidas como a perversidade do segredo de justiça e a arbitrariedade e opacidade das ações de juízes e MP”. Nessa altura, já eram conhecidos muitos pormenores sobre a investigação: logo na altura em que o ex-primeiro-ministro foi detido, o “SOL” revelou que Sócrates tinha milhões escondidos na Suíça, numa conta em nome de uma pessoa da sua confiança, o seu amigo de infância Carlos Santos Silva. Para além disso, o semanário revelou na mesma altura pormenores sobre a casa em Paris onde o antigo governante vivia, sobre a vida de luxo que fazia na capital francesa, sobre a venda das casas da mãe a Santos Silva e a compra de milhares de exemplares do seu livro por parte de pessoas que lhe eram próximas, incluindo o amigo de infância. Começavam também a ser conhecidos pormenores dos primeiros interrogatórios e das escutas telefónicas – uma das pessoas escutadas foi João Perna, ex-motorista de Sócrates, que comentou com uma pessoa que lhe era próxima que “Santos Silva é o saco azul do Sócrates”. Assuntos que Câncio não abordava nas suas crónicas.

Pouco tempo depois, em setembro de 2015, a jornalista volta a falar sobre a Operação Marquês no seu espaço no “DN”, desta vez para criticar o papel da comunicação social: “a derrisão do jornalismo não começou nem acabará aqui, como a incapacidade do público para dizer chega: nunca chega, parece”, escreveu na crónica “Big Brother Sócrates”. Nessa altura, o antigo primeiro-ministro já estava em prisão domiciliária e eram conhecidos novos detalhes da investigação: a imprensa noticiou que o dinheiro de Santos Silva servia não só para pagar a vida de luxo do antigo governante – como as férias que passava com várias pessoas (incluindo Fernanda Câncio) no estrangeiro ou os estabelecimentos caros que frequentava –, mas também para pagar as despesas de pessoas próximas do ex-primeiro-ministro, como o filho de Pedro Silva Pereira, amigo e número dois de Sócrates no seu governo.

O ‘esclarecimento público’

Em 2016, o cerco começa a apertar-se e são desvendados cada vez mais detalhes do que o MP está a investigar: no início do ano, por exemplo, é revelado que Sócrates ia pagar uma nova avença para ter outro livro assinado por si, mas escrito pelo professor catedrático Domingos Farinho. Para além disso, é noticiado que a Operação Marquês cruzou-se com a investigação a Ricardo Salgado que, um ano mais tarde, viria mesmo a ser constituído arguido.

É precisamente neste ano que Câncio publica um texto na revista “Visão”, no qual se mostra “chocada” com a detenção de Sócrates e afirma não saber de qualquer esquema de circulação de dinheiro entre o ex-governante e o seu amigo de infância: “Independentemente da campanha de calúnias de que sou alvo, é natural que haja gente bem intencionada e séria que se questiona sobre como podia eu ‘não saber’ (...). Se fizesse ideia da relação pecuniária entre Carlos Santos Silva e José Sócrates teria feito perguntas por considerar a situação, no mínimo, eticamente reprovável”.

Quanto às férias com Sócrates, a jornalista explicou que nunca perguntou de onde vinha o dinheiro para as viagens: “Quando alguém próximo faz um convite para passar férias não é costume perguntar se é a pessoa que nos convida que paga ou se é a outra, como quando nos convidam para jantar ou almoçar não perguntamos de onde vem o dinheiro. Quem aufere uma avença de 25 mil euros/mês (que José Sócrates me disse receber) pode decerto pagar a meias um aluguer como o da casa em Formentera, e cujo valor eu conhecia. Não me passou pela cabeça outro raciocínio”.

“Mentiu e tornou a mentir”

Depois do texto publicado na “Visão”, pouco ou nada disse sobre a Operação Marquês. Agora, semanas depois de a CMTV ter revelado vídeos do interrogatório de que foi alvo, Câncio publicou uma crónica onde afinal já sabe aquilo que antes dizia não saber, não critica a justiça portuguesa nem os média – o alvo desta vez é José Sócrates.

“[Sócrates] Mentiu ao país, ao seu partido, aos correligionários, aos camaradas, aos amigos. E mentiu tanto e tão bem que conseguiu que muita gente séria não só acreditasse nele como o defendesse, em privado e em público, como alguém que consideravam perseguido e alvo de campanhas de notícias falsas, boatos e assassinato de caráter (que, de resto, para ajudar a mentira a ser segura e atingir profundidade, existiram mesmo)”, escreveu a jornalista.

Câncio vai mais longe e diz que Sócrates abusou da “boa-fé” das pessoas que o rodeavam: “Ao fazê-lo, não podia ignorar que estava não só a abusar da boa-fé dessas pessoas como a expô-las ao perigo de, se um dia se descobrisse a verdade, serem consideradas suas cúmplices e alvo do odioso expectável. Não podia ignorar que o partido que liderara, os governos a que presidira, até as políticas e ideias pelas quais pugnara, seriam conspurcados, como por lama tóxica, pela desonra face a tal revelação”.

A verdade é que Câncio conhecia bem José Sócrates. Numa escuta telefónica recolhida no âmbito desta investigação, a jornalista desabafa com Inês do Rosário, mulher de Santos Silva, pouco tempo depois de o ex-primeiro-ministro ser detido, queixando-se da atitude arrogante do ex-companheiro: “Tenho momentos em que só choro. Quando as pessoas são arrogantes, acham que são todo-poderosas e que podem tudo, mas não podem...”.» in https://ionline.sapo.pt/artigo/611126/a-tragedia-de-c-ncio-cronicas-de-uma-separacao-nao-anunciada-?seccao=Portugal_i

14/11/17

Corrupção - Sócrates deixou de poder assumir todos os compromissos financeiros a partir da sua prisão, em novembro de 2014, e do posterior congelamento das contas bancárias do amigo Carlos Santos Silva, das quais se servia.



«Operação Marquês. Com que dinheiro vive Sócrates?

Na última entrevista que Sócrates deu a uma televisão, o jornalista Vítor Gonçalves perguntou-lhe: ‘Como é que o senhor hoje vive e como paga as suas despesas?’. O SOL desvenda esse mistério e revela um financiador improvável: Francisco Pinto Balsemão.

Com José Sócrates envolvido em problemas judiciais, Francisco Pinto Balsemão suportou algumas das suas despesas, em particular as prestações do Monte das Margaridas - a propriedade alentejana que estava entregue à sua ex-mulher, Sofia Fava, e que o Ministério Público suspeita pertencer ao ex-primeiro-ministro. O dinheiro de Balsemão chegou às mãos de Sofia através de Manuel Costa Reis, seu atual companheiro.

Sócrates deixou de poder assumir todos os compromissos financeiros a partir da sua prisão, em novembro de 2014, e do posterior congelamento das contas bancárias do amigo Carlos Santos Silva, das quais se servia. 

Para continuar a assegurar o pagamento da propriedade, onde vive com Sofia Fava, Costa Reis terá recorrido a Balsemão, dada a longa relação de amizade que este manteve com o seu pai, o advogado Francisco da Costa Reis, que participou na fundação do Expresso e foi administrador do jornal até falecer. Balsemão é, aliás, padrinho de batizado de Manuel Costa Reis.

Já após a libertação de Sócrates, Balsemão fez chegar às contas de Manuel Costa Reis pelo menos 30 mil euros - segundo soube o SOL de fonte conhecedora das investigações. Ouvido para os autos da Operação Marquês, o companheiro de Sofia Fava classificou estas verbas como «empréstimos». E pelo menos 15 mil já terão sido devolvidos.

Através de um seu assessor, Balsemão também confirmou ao SOL ter-se tratado de um empréstimo, «por razões de afetividade e laços com a família Costa Reis, ignorando que se destinasse a pagar fosse o que fosse de José Sócrates». A mesma fonte garante que Manuel Costa Reis já reembolsou a totalidade dos 30 mil euros.

Sócrates entrega elevadas quantias à ex-mulher e companheiro

Antes de ser detido, Sócrates foi observado pelos investigadores da Operação Marquês a doar verbas substanciais a Sofia Fava e a Manuel Costa Reis, assegurando ainda, através de Carlos Santos Silva, o pagamento das prestações do Monte das Margaridas, apesar de este estar em nome da ex-mulher.

Ao MP, Costa Reis também reconheceu a entrega regular por Sócrates, a ele ou a Sofia Fava, antes da prisão, de quantias de vários milhares de euros de cada vez. 

Numa ocasião, terá ido buscar a casa do ex-primeiro-ministro um montante entre 3 e 4 mil euros, por haver «despesas urgentes» a pagar. Questionado acerca de um outro depósito de 4 mil euros em numerário efetuado na sua conta, reconheceu tratar-se de dinheiro que fora buscar na véspera a casa de Sócrates. Recebeu também na mesma conta um cheque de 15 mil euros emitido por uma empresa de Santos Silva, não sabendo explicar a razão, já que o vencimento que a mulher então recebia de uma sociedade também do mesmo empresário - a XLM - era substancialmente inferior.

Perante as dificuldades em obter dinheiro após a detenção de Sócrates e o congelamento das contas, Sofia Fava e o companheiro chegaram mesmo a falhar as datas de pagamento das prestações da propriedade alentejana e a contrair empréstimos junto de familiares e amigos. No final de 2014, um mês depois da detenção de Sócrates, o casal ainda terá conseguido dar a volta à situação, recorrendo a uma conta de Manuel Costa Reis para onde a sua mãe efetuara uma confortável transferência.

Mas no início de 2015 Sofia Fava chegou a ter pouco mais de 90 cêntimos na conta. O pagamento da prestação mensal só foi retomado depois de José Sócrates ter obtido um novo empréstimo na CGD. Com este dinheiro, foram ainda pagos honorários de Pedro Delille e devolvidos a Costa Reis os valores que adiantara a Sofia Fava para suprir as dificuldades anteriores.

CGD emprestou dinheiro a Sócrates quando estava preso

O congelamento das contas de Santos Silva também obrigou José Sócrates a obter fontes alternativas de financiamento, por forma a assegurar os vários compromissos regulares que tinha - entre eles, o pagamento do ensino dos dois filhos, as despesas da mãe, Maria Adelaide, os honorários do seu advogado, João Araújo (recebidos em novembro de 2014, na altura da detenção, pela mulher deste, Maria Guerreiro de Araújo, e a que depois se juntaria um segundo causídico, Pedro Delille), as prestações de um empréstimo contraído na Caixa Geral de Depósitos, e ainda as referidas prestações do Monte das Margaridas.

O primeiro passo que deu, enquanto ainda estava detido, a 15 de janeiro de 2015, foi a concretização de um segundo empréstimo junto da CGD, no valor de 248.500 euros, o que lhe permitiu liquidar o empréstimo anterior, pagar despesas acumuladas com dois cartões de crédito e passar 100 mil euros a Sofia Fava, seis dias depois, para fazer face a compromissos imediatos (como as rendas do monte e as propinas dos filhos, além de abonar a mãe com outros 5.000 euros).

Em fevereiro de 2015, preso na cadeia de Évora já havia quase três meses, ainda receberia uma última prestação da avença que tinha com a firma Dynamicspharma, do empresário Paula Lalanda e Castro, e que, segundo o MP, era uma forma oculta de Santos Silva passar a Sócrates dinheiro que guardava em seu nome (dinheiro que, para a acusação, eram ‘luvas’ recebidas enquanto governante).

Sócrates não gostava de Balsemão

Com o ex-primeiro-ministro já sem recursos financeiros, Pinto Balsemão emprestou a Manuel Costa Reis os 30 mil euros a 4 de maio de 2015, dos quais uma parte foi utilizada para pagar rendas do Monte das Margaridas, no valor de 7.422,15 euros. 

Curiosamente, apesar desta ajuda de Balsemão - possivelmente ‘involuntária’ -, José Sócrates não tinha boa impressão do patrão da Impresa e não o poupava a críticas. Numa conversa com o seu advogado e amigo Daniel Proença de Carvalho, ocorrida a 7 de julho de 2014, na sequência da resolução do Banco Espírito Santo, o antigo governante, depois de se dizer «chocado com isto em vários planos», comentara que «a campanha no Expresso [contra o BES] foi brutal», e depois derivou para as suas relações com Balsemão, queixando-se de não ser considerado da melhor maneira por ele, que achava não o suportar: «Nunca lhe liguei nada e sempre o tratei como achava que deveria ser tratado. Balsemão é o verdadeiro padrinho. Eu nunca fui de obediência cega, sempre puxei para o rebelde». (Na mesma ocasião, Sócrates chamou «safado» a Marcelo Rebelo de Sousa pelos comentários televisivos que então fazia). 

Mercedes vendido a empresa de Pedro Delille

Em 2015, a 6 de agosto, Sócrates venderia o apartamento de luxo que tinha no edifício Heron Castilho, na Rua Braamcamp, em Lisboa, ao cidadão paquistanês Muhammad Makhdoom Ali Khan (para este se candidatar a um visto gold, ainda pendente), o que lhe proporcionou a entrada em conta de 675 mil euros, permitindo-lhe fazer a liquidação total do último empréstimo contraído na CGD. 

Dessa verba, depois de ter saído da cadeia de Évora a 4 de setembro - e ficado por pouco mais de um mês em prisão domiciliária em Lisboa, numa casa de Sofia Fava -, Sócrates entregou também a Santos Silva a quantia de 250 mil euros. Quantia esta destinada supostamente a pagar o que lhe deveria dos ‘empréstimos’ nos anos anteriores à detenção (e que o MP calcula terem ultrapassado 1,1 milhões de euros, fora as despesas que o amigo pagava do seu bolso).

Sócrates acabou ainda de pagar o Mercedes topo de gama que antes adquirira em leasing com dinheiro emprestado pela CGD, e adiantou 12.600 euros para pagar os primeiros sete meses de renda do apartamento que alugou (por 1.800 euros mensais) ao cidadão chinês Chan Zhang, no Parque das Nações, onde ainda reside.

Entretanto, a 26 de novembro de 2015, o ex-primeiro-ministro vendeu o Mercedes por 30 mil euros a uma empresa de aluguer de automóveis sediada na Figueira da Foz: a Marino Prestige, Rent-a-Car, de que Pedro Delille é um dos sócios. 

Foi o próprio advogado a colocar na conta da empresa o dinheiro necessário para pagar a viatura a Sócrates, emitindo três letras de 10 mil euros cada para a Marino descontar no banco, o que levantou junto dos investigadores a suspeita de que se poderia tratar de mais uma forma oculta de financiar o ex-líder socialista, já que, ao fim desse ano, a sociedade ainda era devedora dessa verba ao sócio. 

Ouvido pelo SOL, Delille não explicou a razão do movimento, mas considerou que as buscas efetuadas pelo MP à sede da empresa por esse motivo, a 28 de junho de 2016, se tratavam de «uma intimidação do DCIAP [Direção Central de Investigação e Ação Penal] aos advogados» de Sócrates.

Ex-secretária de Guterres também ajuda

A 10 de fevereiro de 2016 chegou à conta de Sócrates mais um balão de oxigénio: um cheque de 15 mil euros passado por um familiar de Maria Lígia Correia, antiga secretária do socialista António Guterres como primeiro-ministro e colaboradora dos ministros das Obras Públicas de Sócrates - com a qual este mantém uma estreita relação há vários anos e que, segundo notícias recentes, viveria com ele no apartamento do Parque das Nações. Com essa verba, Sócrates (já outra vez descapitalizado) pagou mais cinco rendas do apartamento.

A 31 de maio do ano passado entraram na conta de Sócrates mais 5.000 euros de proveniência desconhecida, permitindo-lhe, entre outras despesas, pagar uma renda e as contas dos cartões de crédito. 

Em meados de julho seguinte, mais uma renda daquele apartamento foi paga por Manuel Costa Reis, que recebeu 40 mil euros de sinal pela venda de prédios da herança paterna. Também terá sido com esse dinheiro que o companheiro de Sofia Fava reembolsou Balsemão, sendo a primeira tranche, no valor de 15 mil euros, entregue ao fundador do Expresso a 29 de agosto desse ano.

E ainda em agosto Sócrates recebeu com retroativos a pensão vitalícia de ex-deputado (que até então recusara), no valor de 72 mil euros, dando-lhe cobertura para mais algumas despesas. O valor dessa pensão será de 3.800 euros mensais, que não lhe assegura a satisfação de todos os seus compromissos financeiros.

O ex-primeiro-ministro é acusado de corrupção no exercício do cargo, de evasão fiscal e branqueamento de capitais, e Carlos Santos Silva, empresário, também arguido na Operação Marquês, é suspeito de conservar em contas bancárias por si tituladas as comissões ilícitas que Sócrates terá recebido, num valor superior a 30 milhões de euros.» in https://sol.sapo.pt/artigo/588733

27/03/15

Corrupção - O livro «A Confiança no Mundo - Sobre a Tortura em Democracia» de José Sócrates, editado em Outubro de 2013, afinal não terá sido escrito pelo ex-primeiro-ministro, mas sim por um professor catedrático, revela a edição de hoje do semanário Sol.



«Escutas revelam que livro de Sócrates foi escrito por professor, diz jornal

O livro «A Confiança no Mundo - Sobre a Tortura em Democracia» de José Sócrates, editado em Outubro de 2013, afinal não terá sido escrito pelo ex-primeiro-ministro, mas sim por um professor catedrático, revela a edição de hoje do semanário Sol.

Segundo o jornal, a obra que contou com prefácio de Lula da Silva e posfácio de Eduardo Lourenço foi escrita por um docente da mesma geração de Sócrates que terá abdicado dos direitos intelectuais a troco de dinheiro. A informação resulta das escutas telefónicas ao antigo líder do Governo, indicou uma «fonte conhecedora do processo» ao jornal.

O semanário adianta que, aquando da detenção de Sócrates, em Novembro, o professor universitário já tinha sido incumbido de escrever uma nova obra – intitulada «Carisma» - que seria publicada como sendo da autoria de José Sócrates.

A investigação terá ainda concluído que Carlos Santos Silva, amigo de Sócrates e também detido em prisão preventive, terá distribuído cerca de 170 mil euros por diversas pessoas para que comprassem grandes quantidades do livro de Sócrates, tornando-o um sucesso de vendas.

Entre as pessoas a quem terá sido entregue dinheiro para esta «missão» contam-se João Perna (arguido e motorista), Gonçalo Ferreira (arguido e advogado de Santos Silva), Inês Rosário (mulher de Santos Silva), Lígia Correia (antiga secretária em governos do PS), Renato Sampaio e André Figueiredo (deputados socialistas) e Rui Mão-de-Ferro (empresário ligado aos arguidos).» in http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=765989

29/12/14

Corrupção - Carlos Santos Silva admitiu no interrogatório judicial, ter gasto milhares de euros na compra dos livros de José Sócrates – ´A Tortura em Democracia´.



««Empresário gasta milhares a comprar livro do ex-PM» - Correio da Manhã Redação

«Carlos Santos Silva admitiu no interrogatório judicial, ter gasto milhares de euros na compra dos livros de José Sócrates – ´A Tortura em Democracia´.»

«O empresário e amigo do ex-governante, que é arguido no mesmo processo do ex-primeiro-ministro e que também está em prisão preventiva, disse ao juiz Carlos Alexandre que mandou as suas empresas comprarem milhares de exemplares do livro, que fez mais de meia dúzia de edições», diz o CM.» in http://www.abola.pt/mundos/ver.aspx?id=520300


(Amigo gastou 200 mil euros em livros de Sócrates)

Corrupção - O Correio da Manhã conta hoje que a família de do ex-primeiro-ministro José Sócrates tem 383 milhões em offshores.



«Família de Sócrates movimenta 383 milhões

O Correio da Manhã conta hoje que a família de do ex-primeiro-ministro José Sócrates tem 383 milhões em offshores. 

Os documentos foram entregues por Mário Machado. Acrescenta o CM que a empresa criada em 2000 no paraíso fiscal de Gilbraltar movimentou autênticas fortunas. Gestores são tio, tia e primos de Sócrates.

O número, astronómico, é o somatório dos movimentos bancários de uma empresa com sede em Caimão, cujos gestores são o tio, uma tia e primos dos ex-primeiro-ministro José Socrates. 

A escritura da empresa foi feita em Gibraltar em 2000 e os documentos bancários relativos à mesma encontram-se no Departamento Central de Investigação e Acção Penal do Ministério Público, conta o Correio da Manhã.

Fazem parte do lote de documentos entregues pelo advogado de Mário Machado, o líder da extrema-direita que se encontra na cadeia, à Procuradoria-Geral da República, em Junho passado.» in http://www.dn.pt/especiais/interior.aspx?content_id=1977989&especial=Revistas+de+Imprensa&seccao=TV+e+MEDIA#.VHeMWzyr1bE.facebook

22/12/14

Corrupção - Até ser detido, era raro Carlos Santos Silva deixar-se fotografar ao lado do seu amigo José Sócrates, mas afinal quem é o alegado testa de ferro do ex-primeiro-ministro, num alegado esquema de evasão fiscal e de branqueamento de capitais?



«Deixem passar o homem invisível

Até ser detido, era raro Carlos Santos Silva deixar-se fotografar ao lado do seu amigo José Sócrates. Afinal, quem é o alegado testa de ferro do ex-primeiro-ministro, num alegado esquema de evasão fiscal e de branqueamento de capitais?

A casa branca, sobre o comprido e com janelas debruadas a castanho, domina o vale junto ao rio Zêzere. Abaixo dela, sempre a descer, há vinhas antigas, um muro de pedra e os telhados da aldeia, mas é para o verde que os olhos fogem, os campos férteis a fazerem concorrência ao castelo de Belmonte feito cartão-postal. Carlos já estava a um passo da universidade quando os pais compraram, a meias com uns tios, a Quinta do Pomar, na aldeia de Vale Formoso. Pertencera a um tal de Manuel Conde, dono da Opel nas cidades da Guarda e Covilhã, pai de filhas tão bonitas que os rapazes da terra iam à missa só para as verem. A propriedade tinha espaço para duas famílias, tinha pomares e uvas de mesa. E tinha, sobretudo, vista para os campos onde trabalharam várias gerações da família Santos Silva.

Era aqui que Carlos voltava sempre.

Estamos a cinco quilómetros de Belmonte e a 24 da Covilhã, já agora a 295 de Lisboa. Pela A23, o caminho desde a capital faz-se em menos de três horas, mas há trinta anos a viagem de comboio chegava a demorar um dia inteiro. Era cansativa, era cara, só se comprava bilhete nas férias. Por isso, em Vale Formoso já se sabia: os filhos de José Carloto dos Santos Silva, ambos a estudar em Lisboa, apareciam apenas no Natal, na Páscoa e no verão. No tempo frio, dava para ficarem no café da aldeia a jogar à lerpa, a contar anedotas. "Eles nunca tiveram complexos de lidar com pessoas mais pobres", diz Luís "Mesquita" Pais, 55 anos. Mas, em julho e agosto, até os meninos da cidade ajudavam durante a ceifa. "Trabalhávamos no duro, com os nossos pais, porque havia sempre palha para transportar", conta um primo do lado materno. "A ceifa chegava a durar um mês, e nós íamos muita vez até à Quinta Vale Verdinho, levar o lanche aos trabalhadores", conta um outro primo da mesma criação, Francisco Alberto Santos.

Os 'soufflés' de Dona Alexandrina

A Quinta Vale Verdinho ainda deve ser a maior do Sabugal. Pertence ao Estado, como pertenciam quase todas aquelas em que trabalhavam José Carloto, o irmão António e vários dos seus primos. Na região, os descendentes de Manuel José dos Santos são conhecidos como agricultores rendeiros e pequenos proprietários. Até à geração de Carlos, eram sempre tantos os filhos que, mesmo havendo algum património, chegava pouco a cada um. A partir dos anos cinquenta, quiseram-se os filhos só aos pares e fez-se o esforço de todos tirarem um curso superior - com algumas exceções, os Santos Silva são uma família de médicos e engenheiros. "Ganhámos o bichinho do trabalho", diz mais um primo.

As quintas eram pequenas povoações que albergavam patrões e empregados. Foi numa próxima de Belmonte, a Quinta da Várzea, que Carlos Manuel dos Santos Silva nasceu, a 9 de dezembro de 1958 (fez 56 anos na passada terça-feira), segundo filho de Alice e José. O irmão, António José, tinha quase cinco anos e cedo se tornou o seu protetor.

Quando chegou a hora de entrar na antiga primeira classe, já o pai se mudara para a Quinta dos Lamaçais, um pouco mais a sul, perto de Caria. A escola próxima era a da Borralheira, onde Carlos ia todos os dias a pé, como se usava. A mãe tinha mais que fazer na quinta. Se fosse preciso, Alice descascava cinquenta quilos de batatas num só dia, para alimentar os trabalhadores.

Carlos era o menino da mamã, mas, feita a antiga quarta classe, não deixou de ir, como o irmão, para o Colégio de S. José, na Guarda, um colégio interno, de padres, frequentado pelos filhos das famílias da região que podiam investir na educação da descendência. Tinha dez anos.

De início, o irmão fez-lhe companhia, mas não por muito tempo. Tozé estava quatro anos à frente e, no antigo sexto ano, saiu para o Liceu da Guarda, ficando hospedado na casa da Dona Alexandrina, uma senhora de Belmonte que era uma referência na Guarda. Arrendava quartos a estudantes e cozinhava tão bem que ainda hoje há quem sonhe com os seus soufflés.

Os dias no "Rocha", como era conhecido o colégio, eram mais leves do que na quinta. Os miúdos tinham algumas horas livres à tarde e ordem de soltura para descerem à cidade. Às quartas-feiras, Carlos encontrava-se invariavelmente com o seu primo Francisco Alberto, na Pastelaria Brisa, onde a senhora do balcão já sabia ao que iam: dois pastéis de nata e um café para cada, faz favor. Se não fosse aí, também havia a hipótese do Café Monteneve. "Ou eu passava pela livraria do Geninho, numa quelha perto da Rua do Comércio, a saber dele", conta o primo. "Aos 13 ou 14 anos, já andava de volta das revistas e dos jornais."

Nada o distraía dos estudos, escreva-se. Carlos não era marrão, "bastava-lhe ouvir as aulas para ter boas notas", recorda um colega. Só descansava nas férias. Aí, corria as festas todas das aldeias entre Belmonte e a Covilhã. Era bom bailarino?, tentamos saber. "Ia mais pelo convívio", respondem-nos uma e outra vez. E namoradas? "Digamos que sempre foi um bocado ingénuo", contorna um primo. Da juventude, aponta-se uma namorada: Paula Lourenço, filha do dono do Hotel Santa Eufémia, na Covilhã, hoje sua advogada.

Menino querido de Edgar Cardoso

Rapaz atinado, só esteve uma vez para dormir numa esquadra, na Guarda, onde tinha ido a um baile de finalistas do liceu, numas férias de Carnaval. Nevava tanto que ele e mais dois primos ainda lançaram a escada ao polícia de serviço, sem sorte. Não os deixou entrar. Tiveram de se aguentar até arranjarem uma boleia até Belmonte. "O homem achou-nos graça e pagou-nos o pequeno-almoço", ri-se hoje Francisco Alberto.

No liceu, para onde vai, trocando o internato pela casa da Dona Alexandrina, Carlos segue Ciências. E quando é para escolher o curso não quer menos do que Engenharia Civil no Instituto Superior Técnico. O irmão também estava em Lisboa, a estudar Medicina, e morava com um primo, num quarto alugado na Alameda Afonso Henriques, junto à Fonte Luminosa. Já lhe desbravara os caminhos da capital e voltava ao seu papel de protetor.

Na universidade, Carlos revela uma inteligência acima da média. "Era muito bom em cálculo de estruturas", exemplifica uma colega. "E era um dos meninos queridos do Edgar Cardoso, que foi seu professor no quinto ano." Termina o curso em cinco anos e a Vale Formoso chegam ecos de que merecia ter ficado com média de 20 valores. "Andou em guerra no Técnico por isso", garante um vizinho.

É então que regressa à terra.

Tem os pais à sua espera e um lugar no Instituto Universitário da Beira Interior, na Covilhã. Os seus alunos de Análise Numérica ainda hoje se lembram dele, mais de trinta anos depois. Carlos Santos Silva era "um crânio", "um verdadeiro cromo", "falava à padre" e escrevia no quadro de uma maneira peculiar: sentado numa cadeira com rodízios, que fazia deslizar ao longo da ardósia, inclinando-se para trás para reler os passos. Ao fim de poucas aulas, já ganhara uma alcunha: "Colega" porque tratava os alunos por colegas. Demasiado "speedado" logo às primeiras horas da manhã para uns futuros engenheiros mais interessados em copos e noitadas, rapidamente procurou e encontrou um emprego na área da Engenharia Civil. Tecnicamente bem preparado, foi contratado pela Pina do Vale, uma empresa de construção de Belmonte, onde trabalhou dois ou três anos.

A variante de Castelo Branco, construída no início dos anos 80, teve a sua mão. Enquanto durou essa obra, Carlos ficou instalado num hotel ali perto, às expensas da empresa. Ao fim de semana ia a casa dos pais e aproveitava para lhe lavarem a roupa.

Estava ainda na Pina do Vale quando abriu um gabinete em Teixoso, aldeia a quinze quilómetros de Vale Formoso. Chamou-lhe Oficina dos Engenheiros e passava lá sábados e domingos, a trabalhar. Como o irmão (hoje, médico no Centro de Saúde) morava por cima, ficava muitas vezes a dormir em sua casa. O apartamento ainda é seu; está devoluto há alguns anos; a morada surge nos contratos de compra de andares de Maria Adelaide Carvalho Monteiro, mãe de José Sócrates.

Foi no início da sua carreira que Carlos conheceu Sócrates, então engenheiro fiscal na Câmara da Covilhã. Ele era um craque em cálculo de estruturas, já se escreveu, e o seu novo amigo mal conseguiria medir um terreno. Mas deram-se logo bem, diz quem assistiu ao início da amizade. Adoravam discutir um com o outro.

Carlos Santos Silva "é bom a pensar", sublinha um ex-autarca da região. "Quando fui vereador", conta Jorge Patrão, presidente da Parkurbis e secretário-geral da Rede de Judiarias (e irmão de Luís Patrão, ex-chefe de gabinete de José Sócrates), "recorri a ele mais do que uma vez porque, a nível criativo, é muito mais do que um engenheiro." Um exemplo? Em 2000, para marcar os 500 anos da Descoberta do Brasil, Jorge Patrão quis propor à Câmara algo que ficasse. Com a ajuda de Santos Silva, apresentou a ideia de uma cúpula de vidro, com um jardim típico da Bahia no seu interior, visitável. O esboço existe e foi feito pelo seu amigo mais do que engenheiro.

Quem o conheceu nos anos 80, percebeu que aquele "rapaz sempre muito ativo", "capaz de desbravar terreno", iria lançar-se sozinho em breve. O momento era o momento certo. Em politiquês: iniciava-se o grande ciclo da prevalência da construção civil no País. "Era já um indivíduo com ambições de vencer na vida, de sair do determinismo rural onde nasceu", diz um conterrâneo. "Tentou fazer a vida dele aqui, mas, à medida que as suas empresas cresceram, teve de ir para a capital, o centro dos negócios. Mais tarde, já com obras no estrangeiro, dizia-me: 'Estando em Lisboa, estou rapidamente em qualquer parte do mundo'."

Começou a viajar muito, logo ele que tinha "pavor" de andar de avião, recorda uma amiga dos seus tempos de juventude. "Eram muitos os seus medos: de ficar doente, de ter acidentes, de trovoadas." E teria azar. Quando estava na Pina do Vale, comprou um Lancia HF Turbo, uma máquina a sério na altura, e, uns meses depois, apanhou uma trovoada que lhe martelou o carro todo. Nesse dia, o granizo abriu buracos no telhado de uma fábrica de confeções da região.

Não se adivinhava este seu lado mais pessimista ao vê-lo em jantaradas, entre amigos, sempre alegre e a rir alto. Ao contrário do seu amigo José Sócrates, nunca teve receio de parecer um provinciano. "Honra lhe seja feita", nota um amigo da Covilhã, "manteve-se o mesmo homem simples."

'Vozinha de padre'

Quem começou a privar com Carlos Santos Silva em Lisboa ainda nota o seu sotaque beirão, "a sua vozinha de padre", parecida com uma imitação de Herman José. "Não se dá nada por ele. Tem ar de totó, mas não é parvo nenhum." Quem o conhece desde pequeno aposta que esse tipo de comentários não lhe faz mossa. "Sim, é das Beiras, e depois?" Gostariam era de vê-lo em liberdade e ilibado e já. "Quero dar-lhe um abraço quando ele sair, e quanto mais depressa, melhor", diz o primo Francisco Alberto.

As gentes de Vale Formoso ainda não se refizeram do choque de ter um herdeiro "de gente 100% boa" ser acusado de coisa tamanha. Peçam testemunhas abonatórias e surgirá à cabeça Arménio Marques Matias, 71 anos, 24 à frente da junta de freguesia, pelo PSD. "Não hesitaria um minuto porque ele é de uma família de muito trabalho." De Carlos, "jovem impecável", guarda uma imagem de retidão, do tempo em que era presidente: nunca faltou a umas eleições. "Exercia o seu dever de voto sempre. Se fosse preciso, deixava o carro ainda a trabalhar para vir aqui num instante."

Estamos à porta da junta, no centro da pequena aldeia. Era aqui, no rés do  chão, atrás de uma janela de grades grossas, que o regedor enfiava os bêbados, os homens que causavam desacatos. Era aqui que Carlos Santos Silva votava, a umas ladeiras da casa dos pais. Até ao dia 20 de novembro, data em que foi detido no âmbito da Operação Marquês, só aqui estivera atrás de umas grades.» in http://visao.sapo.pt/deixem-passar-o-homem-invisivel=f804929


(Sócrates admite não saber quanto recebeu de Carlos Santos Silva)



30/11/14

Corrupção - O Correio da Manhã conta hoje que a família de do ex-primeiro-ministro José Sócrates tem 383 milhões em offshores.



«Família de Sócrates movimenta 383 milhões

O Correio da Manhã conta hoje que a família de do ex-primeiro-ministro José Sócrates tem 383 milhões em offshores. 

Os documentos foram entregues por Mário Machado. Acrescenta o CM que a empresa criada em 2000 no paraíso fiscal de Gilbraltar movimentou autênticas fortunas. 

Gestores são tio, tia e primos de Sócrates.

O número, astronómico, é o somatório dos movimentos bancários de uma empresa com sede em Caimão, cujos gestores são o tio, uma tia e primos dos ex-primeiro-ministro José Socrates. 

A escritura da empresa foi feita em Gibraltar em 2000 e os documentos bancários relativos à mesma encontram-se no Departamento Central de Investigação e Acção Penal do Ministério Público, conta o Correio da Manhã.

Fazem parte do lote de documentos entregues pelo advogado de Mário Machado, o líder da extrema-direita que se encontra na cadeia, à Procuradoria-Geral da República, em Junho passado.» in http://www.dn.pt/especiais/interior.aspx?content_id=1977989&especial=Revistas+de+Imprensa&seccao=TV+e+MEDIA#.VHeMWzyr1bE.facebook


(Mais Sócrates e a saga dos corruptos...)



(José Sócrates - Vida de Luxo Em França)
(Os 3 Embustes do regresso de Sócrates - por José Gomes Ferreira)

07/04/14

Corrupção - Segundo divulga, esta segunda-feira, a TSF no seu sítio na Internet, o Partido Socialista terá pago 4 milhões de euros, em quatro eleições, entre 2009 e 2011, à empresa (Aedis), cujo proprietário é um militante e antigo funcionário do partido, em contratos sem consulta prévia ao mercado, segundo dados divulgados pela Entidade das Contas e Financiamentos Políticos.

PS paga quatro milhões a empresa de militante e antigo funcionário

«Partidos PS paga quatro milhões a empresa de militante e antigo funcionário

Segundo divulga, esta segunda-feira, a TSF no seu sítio na Internet, o Partido Socialista terá pago 4 milhões de euros, em quatro eleições, entre 2009 e 2011, à empresa (Aedis), cujo proprietário é um militante e antigo funcionário do partido, em contratos sem consulta prévia ao mercado, segundo dados divulgados pela Entidade das Contas e Financiamentos Políticos.

Um montante de milhões de euros. Foi esse o valor pago pelo Partido Socialista a um militante e antigo funcionário do partido, em contratos sem consulta prévia ao mercado, relativo a serviços prestados ao partido entre 2009 e 2011, avança esta segunda-feira a TSF.

Apesar de existirem documentos apontando para estas irregularidades, apenas em março último houve, por parte dos juízes no acórdão do Tribunal Constitucional (TC), uma interpelação no sentido de censurar este comportamento, relativamente às legislativas de 2011.

Por outro lado, mais suspeitas levanta ainda o relatório da Entidade das Contas e Financiamentos Políticos, referindo que se verificou “o pagamento de elevadas verbas a um único fornecedor ou mesmo dois, o que poderá indiciar que há pagamentos de bens e serviços por valores superiores aos praticados no mercado, eventualmente sobrefaturados”.

De lembrar que parte dos montantes pagos pelos partidos, advém de dinheiros públicos, uma vez que, segundo refere o mesmo documento, “as despesas de campanha são, numa grande medida, subvencionadas pelo Estado”.

Ainda relativamente a este ponto, a mesma entidade, a ECFP, acrescenta existir uma fatura da Aedis no valor de 824 mil, onde não são indicadas sequer as quantidades fornecidas ou os preços unitários praticados.» in http://www.noticiasaominuto.com/politica/200071/ps-paga-quatro-milhoes-a-empresa-de-militante-e-antigo-funcionario?utm_source=gekko&utm_medium=email&utm_campaign=afternoon

20/09/13

Corrupção - O presidente do BES terá recebido 8,5 milhões de euros de um empresário da construção em 2011, o que motivou a entrega de três rectificações do IRS de Ricardo Salgado no ano seguinte; o SOL avança que esse dinheiro foi transferido de uma offshore do construtor para outra, que alegadamente pertence ao banqueiro.

Ricardo Salgado envolvido em offshore suspeita

«Presidente do BES Ricardo Salgado envolvido em offshore suspeita

O presidente do BES terá recebido 8,5 milhões de euros de um empresário da construção em 2011, o que motivou a entrega de três rectificações do IRS de Ricardo Salgado no ano seguinte. O SOL avança que esse dinheiro foi transferido de uma offshore do construtor para outra, que alegadamente pertence ao banqueiro.

O construtor José Guilherme terá pagado a Ricardo Salgado 8,5 milhões de euros a título de honorários, por serviços de consultadoria e assessoria aos seus negócios em Angola, escreve o SOL, acrescentando que o banqueiro terá comprado de propósito uma offshore, com sede no Panamá, para ‘guardar’ o dinheiro.

Devido a estes rendimentos extraordinários, Salgado foi obrigado, entre 30 de Maio e Dezembro de 2012, a entregar três declarações de rectificação do IRS correspondentes ao ano anterior, sendo obrigado a pagar 4,5 milhões de euros de imposto.

O rasto das transferências do construtor José Guilherme para a offshore de Ricardo Salgado foi detectado na documentação apreendida à Akoya Asset Management, da qual o banqueiro, segundo o SOL, era um entre cerca de 400 dos seus clientes. Na época, em Dezembro, o presidente do BES foi confrontando com estas acusações, tendo sido chamado a depor no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP).

O SOL tentou obter um comentário de Ricardo Salgado sobre as acusações, questionando mesmo se esse ‘pagamento’ de 8,5 milhões seria compatível com a sua actividade de banqueiro.

Em resposta, o porta-voz do presidente do BES esclareceu: “Conforme amplamente divulgado há mais de seis meses na comunicação social, a situação tributária, legal e profissional do Dr. Ricardo Salgado encontra-se regular e esclarecida”.» in http://www.noticiasaominuto.com/pais/108497/ricardo-salgado-envolvido-em-offshore-suspeita?utm_source=gekko&utm_medium=email&utm_campaign=afternoon&fb_action_ids=10200765079963512&fb_action_types=og.likes&fb_ref=.UjxYUTbQpJM.like&fb_source=aggregation&fb_aggregation_id=288381481237582#.Ujyi3dKkpGR
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Adoro Portugal, mas somos definitivamente um país de corruptos e como povo, todos temos culpa disso, de uma forma ou de outra... e a falsa moralidade com que este senhor vem para as televisões, para que o Povo aperte o cinto e se diminua a proteção social do estado aos mais debilitados... é lamentável!


("Quem vive de subsídios é o Dr. Ricardo Salgado" - Raquel Varela)

30/08/13

Corrupção - Uma fonte próxima do megaprocesso Face Oculta contou ao jornal i que o acórdão pode ser conhecido no primeiro trimestre de 2014 e que a maioria dos arguidos deve ser condenada.

Acórdão do Face Oculta pode vir a ser 'arrasador'

«Megaprocesso Acórdão do Face Oculta pode vir a ser 'arrasador'

Uma fonte próxima do megaprocesso Face Oculta contou ao jornal i que o acórdão pode ser conhecido no primeiro trimestre de 2014 e que a maioria dos arguidos deve ser condenada.

O primeiro trimestre de 2014 é a data prevista para a conclusão do megaprocesso Face Oculta, que envolve vários administradores e políticos portugueses. A notícia é avançada pelo jornal i desta sexta-feira, com base em informações divulgadas por uma fonte próxima da investigação.

Ao longo de quase dois anos - o julgamento começou em Novembro de 2011 – foram ouvidas 427 testemunhas e seis dos 36 arguidos (os outros remeteram eventuais depoimentos para mais tarde). A prova testemunhal está praticamente concluída e o acórdão deverá ser conhecido no início do próximo ano.

Uma fonte próxima do processo revelou ao jornal i que “a generalidade dos arguidos” será condenada. Manuel Godinho, empresário de sucatas, é o principal arguido e está a responder por 60 crimes.

Na opinião de vários advogados, os quase dois meses em que o processo decorreu são aceitáveis, dada a grandiosidade do processo, que contou com 151 sessões. A retardar a leitura do acórdão está o atraso na entrega de uma perícia pedida ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), que poderá determinar se algumas testemunhas têm de voltar a ser ouvidas.» in http://www.noticiasaominuto.com/pais/102374/ac%C3%B3rd%C3%A3o-do-face-oculta-pode-vir-a-ser-arrasador#.UiBqB9KkpGQ


(O POLVO! Sol divulga escutas do processo - Face Oculta)


(Medina Carreira sobre o caso "Face Oculta")


(Escutas a Sócrates cortadas à tesoura)

26/08/13

Corrupção - A Inspecção-Geral das Autarquias Locais (IGAL) admite a sua incapacidade para realizar, sequer, uma inspecção por mandato a cada um dos 279 municípios do continente e, muito menos, para avançar com acções-surpresa.

Maria José Morgado dirige DIAP de Lisboa e queixa-se de limitações e poucos meios

«Estado incapaz de fiscalizar corrupção nas autarquias

Relatório do Ministério da Justiça reconhece "lacunas" e "falhas de funcionamento" no combate ao crime económico.

A Inspecção-Geral das Autarquias Locais (IGAL) admite a sua incapacidade para realizar, sequer, uma inspecção por mandato a cada um dos 279 municípios do continente e, muito menos, para avançar com acções-surpresa.

A entidade lembra que conta apenas 31 inspectores quando se previa que fossem 110.

A informação surge num relatório do Ministério da Justiça (MJ) que analisa a capacidade de o Estado em combater a corrupção depois de em Setembro o Parlamento ter aprovado oito medidas de reforço contra este tipo de crime.» in http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1885245
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É por estas e por outras que nas autarquias se passa o que se passa hoje: as autarquias são autênticos centros de eternização do poder, sem olhar a meios para tal, onde os Presidentes de Câmara passam a Presidentes das Assembleias Municipais e ex-vereadores de pelouros sensíveis aos interesses, concorrem às autarquias... quererão ser eternos "donos" das localidades?...



(NÚMEROS DA CORRUPÇÃO NAS AUTARQUIAS)

20/08/13

Corrupção - Abílio Curto, o ex-autarca da Guarda que foi condenado a cinco anos e meio de prisão por alegada corrupção por acto ilícito, foi esta tarde conduzido ao Estabelecimento Prisional da Guarda e, minutos depois, transferido para o Estabelecimento Prisional da Covilhã.



«Abílio Curto foi preso esta tarde

Abílio Curto, o ex-autarca da Guarda que foi condenado a cinco anos e meio de prisão por alegada corrupção por acto ilícito, foi esta tarde conduzido ao Estabelecimento Prisional da Guarda e, minutos depois, transferido para o Estabelecimento Prisional da Covilhã.

É o resultado de um processo em que Abílio Curto exigiu aos empresários José Gralha e Francisco Fernandes, sócios de uma empresa imobiliária, a quantia de quatro mil contos (20 mil euros) para emitir uma licença de utilização de um edifício na urbanização dos Castelos Velhos, na Guarda. 

O montante de quatro mil contos veio a ser reduzido para dois mil contos, depois de os empresários terem recusado a exigência inicial, verba que, de acordo com o que foi provado em julgamento, o ex-autarca recebeu.

Julgado em 17 de Maio de 1998, Abílio Curto foi condenado a cinco anos e meio de prisão, após lhe ter sido perdoado um ano de cadeia e uma pena de multa. A defesa do ex-autarca ainda recorreu para o Supremo Tribunal de Justiça (STJ), mas os conselheiros do STJ não se pronunciaram sobre o processo considerando que os recursos deveriam ser apreciados pelo Tribunal da Relação de Coimbra, que acabou por confirmar a decisão do Tribunal da Guarda.» in http://www.publico.pt/sociedade/noticia/abilio-curto-foi-preso-esta-tarde-1187798
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Seria interessante que o foco da investigação sobre a corrupção em Portugal, apontassem os seus holofotes para a complexa teia de troca favores e de corrupção moral e financeira, que estas consubstanciam no seu funcionamento.

O Doutor Paulo Morais profundamente conhecedor do fenómeno autárquico e da corrupção implícita, farta-se de falar sobre isto, mas claramente, o poder político tudo faz para que a ressonância das suas afirmações seja encoberta, pelo lodaçal que as autarquias criaram...

Os Vereadores das áreas de urbanismo e os seus técnicos superiores, deveriam ser alvo de uma vigilância - leia-se inspecções periódicas - muito mais apertadas; são eles e os formadores de automóveis (grandes manifestações exteriores de riqueza)...

Mas se os Portugueses gostam que não se queixem em surdina e comecem a participar as malfeitorias que se constam para aí... se em vez disso, os elegerem para cargos políticos, que se calem para sempre, como nos matrimónios!


(Orçamento do Estado e Autarquias - promiscuidade e corrupção)


(3º Forúm Público"Dar Voz A Valongo" Transparência nas autárquicas)


(Medina Carreira e Paulo Morais - Debate Completo)

12/07/13

Corrupção - A Polícia Judiciária (PJ) de Braga apurou que, no centro de exames de Vila Verde – onde se suspeita que largas centenas de pessoas obtiveram a carta de condução pagando ‘luvas’ aos examinadores – havia candidatos que em apenas oito minutos respondiam às dezenas de perguntas dos exames teóricos, passando nas provas.



«Corrupção: Exames para tirar carta duravam oito minutos

A Polícia Judiciária (PJ) de Braga apurou que, no centro de exames de Vila Verde – onde se suspeita que largas centenas de pessoas obtiveram a carta de condução pagando ‘luvas’ aos examinadores – havia candidatos que em apenas oito minutos respondiam às dezenas de perguntas dos exames teóricos, passando nas provas. Estas situações, com os respectivos registos informáticos, estão amplamente documentadas no processo, que envolve, entre outros, o futebolista Fábio Coentrão.

O jogador do Real Madrid é um dos cerca de 20 arguidos já indiciados por corrupção. Os seis examinadores em causa, arguidos pelo mesmo crime, prestavam serviço neste centro de exames em Vila Verde, gerido pela Associação Nacional dos Industriais do Ensino de Condução Automóvel (ANIECA). Quatro foram detidos em Janeiro, aguardando agora a conclusão do inquérito em liberdade.

'Provas da batota são evidentes'

Há centenas de casos suspeitos, mas os investigadores concentram-se para já em cerca de 20, incluindo Coentrão, em que “as provas da batota são evidentes”, segundo revelou ao SOL fonte conhecedora do processo.

A ausência de gravações vídeo ou audio dos exames – apesar de haver câmaras nas salas do centro da ANIECA – dificulta a investigação, que tem indícios fortes de que alguns dos candidatos nem sequer iam realizar os exames teóricos. Paulo Machado, responsável do centro da ANIECA, garantiu ao SOL, porém, “existir documentação, já na posse das autoridades, que prova que Fábio Coentrão – tal como todos os outros candidatos – esteve presente no centro de exames”.

O jogador tem a carta de condução apreendida desde finais de Maio, quando foi constituído arguido numa diligência da PJ, em Vila do Conde. Segundo o SOL apurou, terá nessa altura comentado achar normal recorrer àquele centro de exames, por constar ser mais “fácil” obter aprovação nos exames teóricos. Estes, realizados em computador, testam os conhecimentos em regras do Código da Estrada, questões de mecânica e impacto da condução nos meios ambientais.

O futebolista apresentou-se então no interrogatório já com um advogado de Vila do Conde, ligado ao Rio Ave Futebol Clube, e recusou prestar declarações aos inspectores da PJ de Braga – o que é um direito legal dos arguidos. Prestou apenas termo de identidade e residência.

O inquérito ainda não apurou o valor exacto que Fábio Coentrão terá pago para obter as “facilidades” alegadamente concedidas por um examinador que ficou sozinho com ele na sala de exames.

Os valores pagos habitualmente oscilariam entre 1.500 e 2.500 euros, consoante a capacidade económica de cada aluno. Admite-se que o futebolista, tal como alguns industriais da região do Norte, terá pago mais do que isso. A investigação deverá estar concluída até ao final do ano, sendo que o examinador de Fábio Coentrão foi um dos quatro detidos, em Janeiro.

PJ apreendeu milhares de euros aos examinadores

Dois dos seis examinadores suspeitos não viram renovados os seus contratos de trabalho e os outros foram transferidos para outros centros de exames. A ANIECA tomou a iniciativa de os suspender a todos de funções, assim que soube das suspeitas.

Um dos motivos que contribuíram para essa decisão foi o facto de a PJ ter encontrado e apreendido dezenas de milhares de euros aos examinadores em causa. A um deles, foram encontrados mais de 100 mil euros em dinheiro vivo.» in http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=79552


(Fábio Coentrão "compra" Carta de Condução)

09/07/13

Corrupção - Fábio Coentrão terá pago cerca de dois mil euros em troca de ajuda no exame teórico para obtenção do título de condução, pois a sua vida profissional intensa não lhe permitia ter tempo para estudar...

Fábio Coentrão comprou carta de condução

«Fábio Coentrão comprou carta de condução

Segundo um jornal nacional, o jogador do Real Madrid terá sido apanhado no meio de uma investigação da Polícia Judiciária de Braga que descobriu que ele terá obtido a carta de condução de forma fraudulenta.

De acordo com a notícia veiculada hoje na edição em papel do "Correio da Manhã", o futebolista terá sido surpreendido na sua casa, na Póvoa de Varzim, há cerca de um mês, onde foi constituído arguido, podendo, assim, ainda vir a sentar-se no banco dos réus.

Fábio Coentrão terá pago cerca de dois mil euros em troca de ajuda no exame teórico para obtenção do título de condução, pois a sua vida profissional intensa não lhe permitia ter tempo para estudar...

Esta não é a primeira vez que Fábio Coentrão tem problemas com a sua carta de condução, pois em abril de 2012 foi multado pelas autoridades espanholas por ter o respetivo título caducado.» in http://www.impala.pt/detail.aspx?id=86526&idCat=2060


El Dia Despues | El dificil partido de Coentrao | 26/11/2012 |

29/04/13

Corrupção - Rui Verde entregou uma participação ao Ministério Público junto do Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa para pedir a anulação da licenciatura em Engenharia Civil de José Sócrates pela Universidade Independente, alegando que o caso é em tudo semelhante ao de Miguel Relvas e pedindo tratamento igual para o ex-primeiro-ministro.

 

«Ex-vice reitor da Independente quer anular licenciatura de Sócrates
 

Rui Verde entregou uma participação ao Ministério Público junto do Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa para pedir a anulação da licenciatura em Engenharia Civil de José Sócrates pela Universidade Independente, alegando que o caso é em tudo semelhante ao de Miguel Relvas e pedindo tratamento igual para o ex-primeiro-ministro.

Na participação a que o SOL teve acesso, Rui Verde explica que, ao ler a fundamentação do relatório da Inspecção-Geral de Educação e Ciência (IGEC) que propôs a nulidade da licenciatura de Relvas, "rapidamente se vê que a factualidade descrita é demasiado similar com a ocorrida com José Sócrates de Carvalho Pinto de Sousa na Universidade Independente".

Além disso, sustenta o antigo vice-reitor da Independente, "também o enquadramento jurídico-administrativo da Universidade Lusófona é idêntico ao da Universidade Independente".

Aquele que é apontado pelo Ministério Público como um dos principais responsáveis pela falência da antiga universidade privada conclui, por isso, que situações idênticas devem ser tratadas de maneira semelhante e vem pedir ao Tribunal que instaure uma acção pública para declaração de nulidade da licenciatura de Sócrates.

Para defender esta posição, Rui Verde recorda o que diz ser o historial do grau obtido pelo ex-primeiro-ministro, lembrando que também ele teve direito a equivalências dadas por um órgão alegadamente sem competências para tal.

"O processo de equivalências foi preenchido manualmente por uma funcionária da secretaria e não está assinado. Não intervém qualquer Conselho ou órgão competente para a concessão de equivalências", lê-se na participação assinada por Rui Verde, que é um dos principais arguidos no caso Independente e cuja ex-mulher, juíza, já foi condenada num outro processo sobre os mesmos factos.

Uma das testemunhas agora arroladas por Rui Verde é Eurico Calado, que à data era responsável pela cadeira de Inglês Técnico e que já afirmou anteriormente em Tribunal que "não teve conhecimento de qualquer facto ligado à passagem de José Sócrates na Universidade", apesar de ser a pessoa que "superintendia as equivalências".

De resto, Rui Verde socorre-se de outras testemunhas que já depuseram no caso da Independente para defender a ideia de que houve irregularidades na licenciatura de José Sócrates: "Bruno Silva foi o responsável pela administração escolar da universidade desde 1995, o departamento encarregue do expediente académico como equivalências. Disse, debaixo de juramento no processo supra mencionado, em 12-12-2011 desconhecer qualquer procedimento relativo ao aluno José Sócrates, nunca viu equivalências ou pautas".

E, à semelhança do que concluiu a IGEC em relação a Miguel Relvas, Rui Verde sublinha o facto de Sócrates ter sido avaliado de forma diferente do que os restantes alunos inscritos numa mesma cadeira, neste caso Inglês Técnico.

"A metodologia utilizada não estava de acordo com a utilizada com os restantes alunos", frisa o ex-vice-reitor da Lusófona, que já escreveu um livro sobre a licenciatura de Sócrates, alegando que o processo deveria ser reaberto – algo que Cândida Almeida recusou – por alegadamente o DCIAP (Departamento Central de Investigação e Acção Penal) não ter tido acesso aos documentos reais sobre o curso do ex-dirigente socialista.

margarida.davim@sol.pt» in http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=73952




(A licenciatura do Sócrates)
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