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03/10/23

Arte Religiosa - A história é contada numa reportagem do jornal internacional 'Art Newspaper' e liga o quadro de origem etíope a Portugal.



«"Kwer’ata Re’esu": o quadro da Etiópia em Portugal que não pode ser vendido sem autorização do Governo

A história é contada numa reportagem do jornal internacional 'Art Newspaper' e liga o quadro de origem etíope a Portugal.

Nesta investigação o jornalista Martin Bailey traçou o percurso de um quadro desaparecido na batalha de Maqdala, em 1868, e que foi saqueado por um agente do Museu Britânico, Richard Holmes, enviado para trazer manuscritos e antiguidades deste país.

Ao contrário de outras obras, Holmes não entregou este quadro ao museu e manteve-o em segredo sem que o espaço museológico o tivesse manuseado. Mais tarde, o herdeiro vendeu o quadro à famosa casa de leilões Christie's, em 1917.

Este jornal internacional conseguiu localizar esta pintura, com o nome, "Kwer'ata Re'esu", em 1998, quando se encontrava num cofre de um banco português (cujo nome não é conhecido). Neste momento, o autor do artigo teve oportunidade de conhecer a proprietária da obra, Isabel Reis Santos, residente em Coimbra e herdeira do historiador de arte português Luis Reis Santos.

"Quando viajei para ver o "Kwer'ata Re'esu", o quadro estava embalado e ainda na caixa de madeira em que tinha sido enviado de Londres. Mantida num cofre de banco, a pintura foi embrulhada num exemplar de 20 de abril de 1950 do London Evening News", conta o jornalista da publicação.

O jornal terá obtido o nome da proprietária através de registos no Diário da República português.

Sobre este quadro, sabe-se que foi pintado na Europa, por volta de 1520, na Península Ibérica ou na Flandres, e foi provavelmente enviado pouco depois para a Etiópia, onde foi acrescentada uma inscrição religiosa numa antiga língua litúrgica.

Já neste país, tornou-se um ícone sagrado de sucessivos imperadores etíopes e foi levado para a batalha quando as forças cristãs lutavam contra os muçulmanos.

O "Kwer'ata Re'esu" é uma representação da bênção de Cristo, com uma coroa de espinhos e com sangue a pingar. Foi pintado por um artista europeu no estilo flamengo ou possivelmente até por um pintor português que trabalhava na Etiópia, segundo o jornal.

Como o quadro chegou à Etiópia é também um caso de estudo, podendo ter sido trazido por missionários jesuítas ou apresentado a uma missão diplomática etíope em visita a Portugal.

Quanto a Holmes, que terá saqueado o quadro, sabe-se que foi enviado pelo Museu Britânico 13 de abril de 1868 para a Maqdala (ou Magdala), onde se encontrou com o imperador Tewodros II, poucos minutos depois de este ter cometido suicídio com uma pistola. Ainda com o corpo do governante quente, o agente museológico reparou que este quadro estava em cima da cama e saqueou-o antes que chegassem tropas britânicas.

Poucos dias depois, Holmes partiu para Londres com o seu espólio roubado: dezenas de antiguidades, incluindo o "Kwer'ata Re'esu", que guardou para si. Dois anos depois, foi nomeado pela Rainha Vitória como bibliotecário real.

Holmes morreu em 1911 e seis anos depois a obra apareceu na Christie's.

Não foi identificado como vindo da Etiópia, mas sim como da “Escola de Bruges”, e foi vendido por 420 libras, ficando na posse de um comprador londrino, Martin Reid. Em 1950, o herdeiro de Reid vendeu o quadro, novamente na Christie's, desta vez como pintado por Ysenbrandt.

A licitação mais alta foi de 131 libras, o que ficou abaixo das expetativas, e acabou por ser vendida a Luis Reis Santos, um historiador de arte português que publicou um artigo sobre o "Kwer'ata Re'esu" na edição de julho de 1941 da revista 'The Burlington Magazine'. A pintura passou posteriormente para a viúva, Isabel Reis Santos.

Para piorar toda esta história controversa, no dia 16 de fevereiro de 2002, o Ministério da Cultura, na altura dirigido por Augusto Santos Silva, publicou um despacho no Diário da República que onde determina que a pintura não pode ser exportada sem permissão do Executivo português.

Num desenvolvimento mais recente, a Fundação Scheherazade, liderada por Tahir Shah, tem feito uma campanha pela restituição dos tesouros de Maqdala, e a 21 de setembro conseguiu a devolução de uma tábua sagrada e de uma mecha de cabelo do Príncipe Alemayehu, filho de Tewodros.

Neste momento, de acordo com o 'Art Newspaper', querem o mesmo para "Kwer'ata Re'esu", neste caso, que seja devolvido à Etiópia: “Roubado pelas forças britânicas em Maqdala, foi adquirido por Richard Holmes, o homem do Museu Britânico no local. É apenas uma questão de tempo até que chegue à Etiópia, com celebração jubilosa”, refere a Fundação citada pelo meio internacional.» in https://24.sapo.pt/vida/artigos/kwerata-reesu-o-quadro-da-etiopia-em-portugal-que-nao-pode-ser-vendido-sem-autorizacao-do-governo


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28/08/14

Tesouros Portugueses - Por empréstimo do Museu Nacional de Arte Antiga, o Báculo da Abadessa do Mosteiro de São Bento da Avé Maria do Porto encontra-se exposto no Museu Nacional de Soares dos Reis entre o dia 17 de julho e o dia 7 de setembro.

(Aspeto do Porto – Igreja dos Congregados e trecho da Muralha com a porta dos carros, vendo-se do lado direito do observador o antigo Mosteiro de São Bento de Avé Maria, onde atualmente se encontra a Estação de São Bento.)


«BÁCULO DA ABADESSA DO MOSTEIRO DE SÃO BENTO DA AVÉ MARIA
Museu Nacional Soares Dos Reis

Por empréstimo do Museu Nacional de Arte Antiga, o Báculo da Abadessa do Mosteiro de São Bento da Avé Maria do Porto encontra-se exposto no Museu Nacional de Soares dos Reis entre o dia 17 de julho e o dia 7 de setembro. A excecionalidade deste Tesouro Nacional, a importância da sua relação com a História do Porto e a rara oportunidade dos seus conterrâneos poderem observá-lo na sua cidade, são motivos suficientes para abrir uma exceção na apresentação que aqui tem sido feita das coleções do museu.

Atributo da dignidade abacial, este báculo de prata dourada é um magnífico exemplar de ourivesaria portuguesa. Profusamente decorado, surge como símbolo da importância do seu possuidor e como testemunho da riqueza e poder do convento.

A profusa decoração que se expande por toda a peça inspira-se nos motivos maneiristas das ferroneries e enrolamentos de finais do século XVI. O fragmento que liga o nó à base é ornamentado com cariátides e cartelas enroladas nas quais se aplicaram quartzos e vidros coloridos engastados.

Na face exterior de uma pequena voluta que pende do enrolamento da croça foi aposto um brasão, cuja leitura heráldica tem levantado várias questões não só na identificação do encomendante e doador como também na atribuição correta da data da sua feitura, na ausência de qualquer registo documental. Se para alguns autores, será o brasão das famílias Ataídes e Aguiar, relacionando a peça à abadessa D. Guiomar de Ataíde (1578/1612), outra leitura toma estas como as armas das famílias Ferreira e Azevedo, associando assim esta alfaia à abadessa D. Maria Conceição de Azevedo (1694/97).

No sentido da missão pastoral da abadessa, o Báculo segue todos os requisitos da sua tipologia de bastão, com uma vara dividida em anéis sobrepujada por nó a terminar numa croça em voluta.

A complexa estrutura decorativa que apresenta sugere de base um programa iconográfico doutrinal sintetizado na Anunciação do nascimento de Cristo, na Sua morte redentora, na fundação da própria Igreja e na disseminação da Sua Palavra.

O tema da Anunciação surge no interior da voluta da croça com as figuras em vulto do Arcanjo São Gabriel e da Virgem Maria, encimados no exterior da mesma pela albarrada que conteria as flores simbólicas da virgindade coroada pela pomba do Espírito Santo, numa clara alusão à evocação do orago do Mosteiro de São Bento de Avé Maria.

O nó, de estrutura arquitetural organizada em dois registos, com entablamentos sobrepostos e duas ordens de edículas. No registo superior e em cada uma das edículas surgem figuras de anjos sustentando os emblemas da Paixão de Cristo: a cruz, os pregos, a lança, a escada e o martelo.

Inv. 232 Des CMP MNSRAspeto do Porto – Igreja dos Congregados e trecho da Muralha com a porta dos carros, vendo-se do lado direito do observador o antigo Mosteiro de São Bento de Avé Maria, onde atualmente se encontra a Estação de São Bento.
Nas edículas do registo inferior são representados São Pedro, São Paulo e os quatro Evangelistas.

A sua apresentação museográfica é complementada com parte de um núcleo de peças provenientes da demolição deste convento para a construção da atual Estação do Caminho de Ferro de São Bento, expostas na zona exterior do Museu, antiga cerca do Palácio dos Carrancas.

Retirado do texto de Maria de Fátima Pimenta, conservadora da coleção de Ourivesaria do Museu Nacional de Soares dos Reis. Escrito segundo o novo acordo ortográfico.

Ficha:

BÁCULO
Portugal; Século XVI/XVII
Prata dourada, quartzos e vidros coloridos
A. 235 cm
Aquisição: Legado Valmor, 1916
Inv. 536 MNAA» in http://www.porto24.pt/memoria/baculo-da-abadessa-mosteiro-de-sao-bento-da-ave-maria/


23/02/14

Arte Religiosa - O restauro efetuado a 13 esculturas do Santuário da Nossa Senhora das Preces, em Oliveira do Hospital, foi alvo de críticas por parte de restauradores, apesar de outros responsáveis estarem "satisfeitos com restauração".



«Restauro de esculturas do século XIX em Oliveira do Hospital é alvo de críticas
LUSA 18/02/2014 - 17:25

"O resultado final enche-me de orgulho", disse o responsável pelo restauro.

O restauro efectuado a 13 esculturas do Santuário da Nossa Senhora das Preces, em Oliveira do Hospital, foi alvo de críticas por parte de restauradores, apesar de outros responsáveis estarem "satisfeitos com restauração".

"Este caso é muito grave", disse André Remígio à agência Lusa, considerando que foram "violadas todas as regras mais básicas de restauro", na iniciativa desenvolvida, em 2007, no Santuário da Nossa Senhora das Preces, que envolveu Miguel Vieira Duque e os seus alunos da Universidade Sénior de Coimbra.

Para André Remígio, administrador de um grupo de uma rede social que congrega conservadores e restauradores, esta situação "é mais grave que o caso da Dona Cecília" Giménez, em Espanha, que repintou por livre iniciativa um quadro do século XIX, sem habilitações para tal.

"Essa era inocente e fez o melhor que sabia. Aqui, há outros contornos", sublinha, afirmando que Miguel Vieira Duque pintou as esculturas "como se fosse bricolage", transmite "conhecimentos completamente patéticos" e "apaga a História".

Basílio Martins, tesoureiro da Irmandade da Nossa Senhora das Preces, entidade que gere o espaço, conta que está "satisfeito" com o trabalho de restauro, relembrando que "estava tudo estragado, com rachadelas, esculturas sem dedos e sem olhos".

"Não temos nenhuma acusação a fazer sobre isto", disse à Lusa, salientando que "os próprios peregrinos dizem que é uma pena o resto do santuário não estar assim" restaurado.

O tesoureiro da irmandade explicou que "o santuário vive pobremente", admitindo que, se houvesse dinheiro, gostaria de ver o mesmo tipo de restauro nas restantes capelas.

O santuário, localizado na freguesia de Aldeia das Dez, tem cerca de 60 esculturas espalhadas pelas capelas, todas elas "a precisar de restauro", informou.

Segundo Basílio Martins, foram gastos cerca de 10 mil euros com o trabalho de restauro efectuado em 2007, tendo sido recuperadas 13 esculturas, todas elas do século XIX, de tamanho natural, que recriam a Última Ceia, com Jesus e os 12 apóstolos.

Miguel Vieira Duque, contactado pela agência Lusa, sublinhou que, apesar de os alunos terem participado em todas as fases da restauração, o trabalho é da sua responsabilidade.

"O resultado final enche-me de orgulho", disse, informando que trabalha no ramo do restauro "há 22 anos" e que "nunca" tinha estado numa situação semelhante.

O também responsável pelo Museu da Fundação Dionísio Pinheiro, em Águeda, afirmou que as imagens divulgadas na comunicação social "não são fidedignas" e que está "aberto a críticas". Contudo, não compactua "com perseguições pessoais".» in http://www.publico.pt/local/noticia/restauro-de-esculturas-do-seculo-xix-em-oliveira-do-hospital-e-alvo-de-criticas-1624220


RESTAURO DE 13 ESCULTURAS DÁ POLÉMICA


Restauro de esculturas do século XIX em Oliveira do Hospital