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05/12/11

Religião - A importância de São Bento e dos Monges Beneditinos no desenvolvimento da Europa e de Portugal!




«A vida num Mosteiro Medieval

Nos mosteiros beneditinos de toda a Europa medieval, os monges eram arrancados ao minguado conforto dos seus colchões de palha e ásperos cobertores pelos sineiros, que os despertavam às 2 horas da madrugada. Momentos depois, dirigiam-se apressadamente, ao longo dos frios corredores de pedra, para o primeiro dos seis serviços diários na enorme igreja (havia uma em cada mosteiro), cujo altar, esplendoroso na sua ornamentação de ouro e prata, resplandecia à luz de centenas de velas. Esperava-os um dia igual a todos os outros, com uma rotina invariável de quatro horas de serviços religiosos, outras quatro de meditação individual e seis de trabalhos braçais nos campos ou nas oficinas. As horas de oração e de trabalho eram entremeadas com períodos de meditação; os monges deitavam-se geralmente pelas 6.30 horas da tarde. Durante o Verão era-lhes servida apenas uma refeição diária, sem carne; no Inverno, havia uma segunda refeição para os ajudar a resistir ao frio.

Era esta a vida segundo a Regra de S. Bento, estabelecida no século VI por Bento de Núrsia, o italiano fundador da Ordem dos Beneditinos, canonizado mais tarde. S. Bento prescrevia para os monges uma vida de pobreza, castidade e obediência, sob a orientação monástica de um abade, cuja palavra era lei. Luís, o Piedoso, imperador carolíngio entre 814 e 840, encorajou os monges a adotarem a Regra de S. Bento.

E, por volta de 1000, a regra seguida praticamente em todos os mosteiros da Europa Ocidental inspirava-se na dos Beneditinos, tal como muitos dos edifícios se baseavam no "modelo" delineado para o Mosteiro de St. Gallen, na Suíça, em 820.

A Regra de S. Bento foi formulada quando este era abade de Monte Cassino (no Sul de Itália), abadia fundada em 529 e que continua a ser um dos grandes mosteiros do Mundo. Bento foi o seu primeiro abade, e foi ele quem estabeleceu o modelo de auto-suficiência advogado pelas primitivas regras monásticas — dependência total dos próprios campos e oficinas — que orientou durante séculos os mosteiros da cristandade ocidental.

Em todos os antigos mosteiros beneditinos, a vida era totalmente comunitária. A rotina diária centrava-se naquilo a que S. Bento chamava "trabalho de Deus" — demorados ofícios de complexidade crescente. Tudo o resto era secundário. O trabalho manual que a regra estipulava existia não só para fornecer aos frades alimentação e vestuário e satisfazer-lhes outras necessidades, como também para evitar a sua ociosidade e lhes alimentar a alma mediante a disciplina do corpo. Posteriormente, quando as abadias enriqueceram, sobretudo através de doações de fiéis devotos, os dormitórios comunitários foram substituídos por celas individuais; e foram contratados trabalhadores para cuidarem dos campos, o que permitiu a muitos monges dedicarem-se a outras actividades, nomeadamente o estudo, graças ao qual a Ordem de S. Bento viria a ser tão justamente célebre.

Nos seus jardins murados, os monges cultivavam ervas medicinais; num dado momento— ninguém sabe quando —, ocorreu-lhes a ideia de adicionar algumas ervas à aguardente, inventando assim o licor beneditino. Pode parecer estranha esta associação da vida monástica com o luxo das bebidas alcoólicas, mas o vinho foi sempre uma bebida permitida aos Beneditinos. Ligava bem com as suas refeições simples, constituídas essencialmente por pão, ovos, queijo e peixe. Embora a carne fosse proibida nos primeiros séculos, posteriormente algumas abadias adicionaram aos alimentos consumidos aves de capoeira e de caça, uma vez que o fundador não as mencionara expressamente entre as vitualhas proibidas. Em todas as refeições, porém, reinava o silêncio. Deste modo, a Regra de S. Bento, posto que severa sob muitos aspectos, conseguiu atingir um certo equilíbrio entre a ascese e o comprazimento.

Bento, obviamente, conhecia a natureza humana. Embora os monges fossem obrigados a levantar-se muito cedo, aconselhava-os a "encorajarem-se uns aos outros com indulgência e a atenderem às desculpas dos dorminhocos" e autorizava a sesta durante o Verão. Além disso, o primeiro salmo do dia devia ser recitado lentamente, a fim de permitir que os retardatários apanhassem os companheiros. Recomendava-se o silêncio, mas em termos de "espírito de taciturnidade", e não de completa mudez; de facto, existia uma sala especial, com uma lareira acesa no Inverno, onde os monges conversavam. Igual consideração para com os monges se verificava no fornecimento do vestuário, simples mas limpo, que incluía uma muda do hábito e da túnica interior. S. Bento não desejava imitar o ascetismo extremo das sociedades monásticas do Egipto ou da Síria. No entanto, os banhos, excepto para os doentes, eram desaconselhados como luxo exagerado. De acordo com a sua imutável rotina, os Beneditinos viviam e trabalhavam em obediência absoluta ao seu abade. Eram eles que o elegiam, mas a partir de então a sua autoridade era total e vitalícia. Era o abade quem deliberava sobre a faceta privilegiada do mosteiro — se este deveria primar pela santidade austera, pela cozinha ou pela erudição. No interior das suas paredes maciças, que nenhum cristão ousaria atacar, os mosteiros possuíam bibliotecas nas quais se conservou intacta grande parte da herança literária da Antiguidade durante os séculos em que a Europa foi assolada por invasões e guerras intestinas.

Na realidade, a segurança, tanto económica como física, que os mosteiros ofereciam às respectivas irmandades deve ter constituído um dos seus principais atractivos. Séculos após século, tanto os Beneditinos como os monges de outras ordens religiosas viveram sem temer a fome, a guerra ou o desamparo. E reconfortava-os sempre a ideia de que, no fim, tinham maiores probabilidades de salvação do que os camponeses ou os cavaleiros, que viviam apegados às coisas mundanas.» in http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/modelos/vidamosteiro.


«Ordem de São Bento
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São Bento de Núrsia, detalhe de um fresco de Fra Angelico, San Marco, Florença (c. 1400-1455).
A Ordem de São Bento ou Ordem Benedita (em Latim: Ordo Sancti Benedicti, sigla OSB) é uma ordem religiosa monástica católica que se baseia na observância dos preceitos destinados a regular a convivência comunitária. É considerada como a iniciadora do chamado movimento monacal.
Índice [esconder]
1 História
2 A Ordem em Portugal
3 Comunidades Diocesanas
4 Papas que pertenceram à Ordem
5 Reformas da ordem Beneditina
6 Hábito
7 Ver também
8 Ligações externas
[editar]História

A Regula Benedicti foi composta em 529 para a abadia de Montecassino, na Itália, por Bento de Núrsia (480-543). Ela preceituava a pobreza, a castidade, a obediência, a oração e o trabalho, bem como a obrigação de hospedar peregrinos e viajantes em seus mosteiros, dar assistência aos pobres e promover o ensino. Por este último motivo, ao lado dos seus mosteiros, havia sempre uma escola, razão pela qual ainda, a ordem tornou-se em um dos centros culturais da idade Média, com as suas bibliotecas reunindo o que restara das obras e ensinamentos da Antiguidade.

Embora a fundação da ordem seja anterior a ele, considera-se que terá verdadeiramente tomado impulso a partir da reunião de vários mosteiros que professavam a regra por ele escrita, isso muito após a sua morte. Mais tarde, os monges dessa ordem passaram a ser conhecidos como "beneditinos".

Hoje em dia, a ordem está espalhada por todo o mundo, com mosteiros masculinos e femininos.

Seguindo o seu exemplo e inspiração, diversos fundadores de ordens religiosas têm baseado as normas e regras de seus mosteiros na regra deixada por Bento, cujo princípio fundamental é Ora et labora, o que quer dizer "Reza e trabalha."

Os mosteiros beneditinos são sempre dirigidos por um superior que, dependendo da categoria do mosteiro, pode chamar-se prior ou abade. Ele é escolhido pelo restante dos monges. O ritmo de vida beneditino tem como eixo principal o Ofício Divino, também chamado de Liturgia das Horas, que se reza sete vezes ao dia, tal como São Bento havia ordenado. Junto com a intensa vida de piedade e oração, em cada mosteiro se trabalha arduamente em diversas atividades manuais, agrícolas etc. para o sustento e o autoabastecimento da comunidade monástica.
[editar]A Ordem em Portugal

Nome - Beneditinos – O.S.B.
Nome oficial - Ordem de S. Bento (Ordem Beneditina)
Nome em Portugal - Ordem de S. Bento (Ordem Beneditina) / Província Portuguesa da Ordem Beneditina.
Entrada em Portugal - Séc. X.
Carisma e missão - Vida monástico-cenobítica.
Superior Maior - D. Luís Bernardo Sacadura Botte Aranha (Dom Abade).
Eleição - 18 de Agosto de 1995; bênção abacial: 15 de Outubro de 1995; reeleito em Agosto de 2003.
Duração do Mandato - 8 anos.
Endereço - Mosteiro de S. Bento de Singeverga.
Vertente educativa - Colégio de Lamego, instituição escolar propriedade da Ordem Beneditina
[editar]Comunidades Diocesanas

Cela de N. Sra. da Graça - Lisboa
Mosteiro de S. Bento da Vitória - Porto
Mosteiro de S. Bento de Singeverga - Porto
Priorado de N. Sra. da Assunção - Lamego
Mosteiro de São Bento de São Paulo, SP, Brasil
[editar]Papas que pertenceram à Ordem

Papa Início Término Período de Pontificado
São Gregório I, o Grande 3 de Setembro de 590 12 de Março de 604 14 anos 6 meses e 9 dias
São Bonifácio IV 25 de Agosto de 608 5 de Maio de 615 7 anos 9 meses e 10 dias
Papa Adeodato II 11 de Abril de 672 17 de Junho de 676 4 anos 2 meses e 6 dias
Papa João IX Janeiro de 898 Janeiro de 900 aprox. 2 anos
Papa Leão VII 3 de Janeiro de 936 13 de Julho de 939 3 anos 6 meses e 10 dias
Papa Silvestre II 2 de Abril de 999 12 de Maio de 1003 4 anos 1 mês e 10 dias
Papa Estêvão X 2 de Agosto de 1057 29 de Março de 1058 7 meses e 27 dias
São Gregório VII 22 de Abril de 1073 25 de Maio de 1086 13 anos 1 mês e 3 dias
Beato Vitor III 24 de Abril de 1086 16 de Setembro de 1087 1 ano 4 meses e 23 dias
Papa Gelásio II 10 de Março de 1118 29 de Janeiro de 1119 10 meses e 19 dias
Papa Gregório VIII 21 de Outubro de 1187 17 de Dezembro de 1187 1 mês 26 dias
Papa Nicolau III 25 de Novembro de 1277 22 de Agosto de 1280 2 anos 9 meses e 28 dias
São Celestino V 5 de Julho de 1294 10 de Dezembro de 1294 5 meses e 5 dias
Papa Clemente VI 7 de Maio de 1342 6 de Dezembro de 1352 10 anos 6 meses e 30dias
Beato Urbano V 28 de Dezembro de 1362 19 de Setembro de 1370 7 anos 8 meses e 22 dias
Papa Pio VII 14 de Março de 1800 20 de Agosto de 1823 23 anos 5 meses e 6 dias
[editar]Reformas da ordem Beneditina

Durante o transcurso da sua história, a ordem Beneditina sofreu numerosas reformas, devido à eventual decadência da disciplina no interior dos mosteiros. A primeira reforma importante foi levada a cabo por São Juan De Perez Lloma no século X; essa reforma, chamada cluniacense (nome proveniente de Cluny, lugar da França onde se fundou o primeiro mosteiro desta reforma), chegou a tomar um grande impulso a tal ponto que, durante grande parte da idade Média, praticamente todos os mosteiros beneditinos estavam sob o domínio de Cluny.
Os cluniacenses adquiriram grande poder econômico e político e os abades mais importantes chegaram a fazer parte das cortes imperiais e papais. Vários pontífices romanos foram beneditinos provenientes dos mosteiros cluniacenses (Alexandre II, 1061-73; S. Gregório VII, 1073-85; beato Vitor III, 1086-87; beato Urbano II, 1088-99; Pascoal II, 1099-1118; Gelásio II, 1118-19; et cétera).

Tanto poder adquirido levou à decadência da reforma cluniacense, que encontrou uma importante contraparte na reforma cisterciense, palavra proveniente de Cister, na França, onde se fundou o primeiro mosteiro dessa reforma. São Roberto de Molesmes, Santo Estevão Harding e São Roberto de Chaise-Dieu foram os fundadores da abadia de Cister em 1098. Buscavam afastar-se do estilo cluniacense, que caíra na indisciplina e no relaxamento da vida monástica. O principal objetivo dos fundadores de Cister foi impor a prática estrita da regra de São Benito e o regresso à vida contemplativa.

O principal impulsionador dessa reforma foi S. Bernardo de Claraval (1090-1153), que foi discípulo dos fundadores de Cister, tendo ingressado ali por volta de 1108. Foi-lhe encarregada a fundação da abadia de Claraval, da qual foi abade durante uns 38 anos, até sua morte. Bernardo de Claraval converteu-se no principal conselheiro dos papas e vários dos seus monges chegaram igualmente a ocupar a sede pontifícia. Bernardo predicou, também, a Segunda Cruzada. Ao falecer, levava fundados 68 mosteiros da sua ordem.

A reforma cisterciense subsiste até hoje como ordem beneditina independente, dividida igualmente em dois ramos: a ordem Cisterciense da Comum Observância (O. Cist.) e a ordem Cisterciense da Estrita Observância (OCSO), também conhecidos como Trapenses. São chamados também "beneditinos brancos", devido à cor do seu hábito, em contraste com os demais monges da ordem de São Bento, chamados de "beneditinos negros".

Durante a idade Média, surgiram outras reformas importantes da ordem Beneditina. A de S. Romualdo (†1027), que deu começo à reforma Camaldulense. Essa reforma subsiste até hoje em dois ramos: a primeira faz parte da confederação Beneditina (beneditinos negros); a segunda é independente, mas rege-se igualmente pela regra de São Bento. Outra reforma importante foi a empreendida por são Juan Gualberto (†1073), que fundou os beneditinos de Valle Umbrosa, pelo lugar na Itália em que se construiu o primeiro mosteiro desta reforma; é igualmente, hoje em dia, uma congregação da confederação Beneditina. A reforma de S. Silvestre (1177-1267), fundou os beneditinos de Montefano, que subsiste também hoje como congregação associada à confederação Beneditina. A reforma do beato Bernardo Tolomei (1272-1348) deu origem aos beneditinos de Monte Oliveto, hoje também parte integrante da confederação Beneditina.

Após agitados períodos da história, como a Reforma na Alemanha e nos Países Baixos; a expulsão ou execução de religiosos católicos por Henrique VIII na Inglaterra; o período revolucionário na França e a decadência da disciplina nos mosteiros, ocorreu uma redução drástica da população de monges. Depois da Revolução Francesa, foi Dom Prosper Guéranger quem fez renascer a ordem beneditina em Solesmes a partir de 1833, na França.
[editar]Hábito

Na idade Média, os monges beneditinos usavam camisa de lã e escapulário. O hábito ou vestidura superior é preto, pelo qual foram chamados de "monges negros", em oposição aos cistercienses, que usam túnica e escapulário branco e que são, por isso, denominados "monges brancos".
[editar]Ver também

Abadia
Ordem de Cluny
Monasticismo
[editar]Ligações externas

OSB (em inglês)
Mosteiro de Singeverga
Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro» in http://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_de_S%C3%A3o_Bento


(São Bento e a Ordem Beneditina - 1ª Parte)
(São Bento e a Ordem Beneditina - 2ª Parte)
(São Bento e a Ordem Beneditina - 3ª Parte)