«Santo Estevão
Em Dia de Reis até os mais pequenos podem «puxar» do maço de tabaco por Adolfo Dias.
A freguesia de Vale de Salgueiro, no concelho de Mirandela, foi palco de uma festa que se perde no tempo e que permanece inalterável. A única coisa que muda de ano para ano é o Rei, o que muito orgulha a população, fiel à preservação das suas tradições. Esta festa, em honra de Santo Estêvão, é uma manifestação típica de grande tradição popular, que consiste na nomeação de um Rei para o corrente ano. A cerimónia decorre durante a missa solene, em que o Rei de então cessa funções e passa o testemunho a outro. Para tal coloca a coroa num dos rapazes da terra, que de imediato fica eleito. Finda a missa, o novo Rei convida toda a população para um beberete em sua casa, oferecendo o melhor a toda a comunidade. Mas, no dia 5 de Janeiro a vida deste “soberano” é muito agitada. É que tem de percorrer toda a aldeia com carrinhas e carrinhas atestadas de sacos de tremoços e cabaças com vinho, não ficando uma só casa sem a sua visita. No largo da aldeia, depois do banquete que o Rei oferece em sua casa a toda a população, dança-se a “murinheira”. Murinheira e fumaça. Trata-se de uma dança folclórica de cariz guerreiro, em sistema de bota fora, até que um casal fica sozinho a dançar e ganha a “murinheira”. Mas, terminada uma recomeça outra até altas horas da madrugada, mesmo apesar do frio que se faz sentir nesta altura. Mas a grande diferença, e aquela tradição que mais caracteriza Vale de salgueiro nas suas festividades dos Reis, consiste em toda a população fumar nesses dias. Homens e mulheres, até aos petizes de mais tenra idade, mesmo ao colo dos progenitores, também fumam. Mas só nestes dias, e são os pais que compram os maços de tabaco ou dão o dinheiro aos filhos para os comprar. Durante as festividades encontramos pessoas que, tirando estes dias, nunca fumaram, e todos eles foram Reis, ou estão à espera de o ser um dia. Afinal, em Vale de Salgueiro a tradição ainda é o que era e a Festa dos Rapazes está aia para o provar.» in Diário de Trás-os-Montes.
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E esta, hein, como diria um famoso locutor da RTP, já falecido. Portugal aprovou e bem uma revolucionária lei anti-tabagista, ou antes, uma lei de protecção, mais que justa, dos não fumadores. Depois, ouvimos isto, em nome de uma tradição será justo e lógico manter estes rituais no Portugal do Século XXI? Não sei, acho isto um pouco obtuso, mas as tradições são muito importantes, para as populações, também concordo que o são. Até pode ser que aos mais pequenos, o tabaco saiba tão mal que os marque para sempre, quiçá! Veja-se também o exemplo de Barrancos e dos Toiros de Morte, que se tornou numa excepção a uma lei geral do país. Para muitas populações, as suas tradições representam as suas raízes, de ligação ao passado e aos seus antepassados, por isso prefiro reflectir a julgar, até porque acho que os antropólogos, poderão ter uma palavra mais consubstanciada, sobre estas questões ligadas às tradições!
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«Santo Estêvão
Santo Estêvão, por Hans Memling (c. 1480)
todas as confissões cristãs
3 de agosto, 26 e 27 de dezembro
Cetona, Itália; diáconos; dores de cabeça; cavalos; Kessel, Bélgica
Santo Estêvão é o primeiro mártir do Cristianismo, sendo considerado santo por quase todas as denominações cristãs: Igreja Católica, Igrejas Ortodoxas e a Comunhão Anglicana. É celebrado a 26 de Dezembro no Ocidente e a 27 de Dezembro no Oriente.
Segundo os Actos dos Apóstolos, Estêvão foi um dos sete primeiros diáconos da igreja nascente, logo após a morte de Jesus, pregando os ensinamentos de Cristo e convertendo tanto judeus como gentios. Segundo Étienne Trocmé, Estevão pertencia a um grupo de cristãos que pregavam uma mensagem mais radical, um grupo que ficou conhecido como os helenistas, já que os seus membros tinham nomes gregos e eram educados na cultura grega e que separou do grupo dos doze apóstolos. Também eram conhecidos como o grupo dos 7. Foi detido pelas autoridades judaicas, levado diante do Sinédrio (a suprema assembleia de Jerusalém), onde foi condenado por blasfémia, sendo sentenciado a ser apedrejado (Act, 8). Entre os presentes na execução, estaria Paulo de Tarso, o futuro São Paulo, ainda durante os seus dias de perseguidor de cristãos.
O seu nome vem do grego Στέφανος (Stephanós), o qual se traduz para aramaico como Kelil, significando coroa - e Santo Estêvão é, de resto, representado com a coroa de martírio da cristandade, recordando assim o facto de se tratar do primeiro cristão a morrer pela sua fé - o protomártir.
Durante os primeiros século do cristianismo, o túmulo de Estêvão achou-se perdido, até que em 415 (talvez pela crescente pressão dos peregrinos que se deslocavam à Terra Santa), um certo padre, de nome Luciano, terá dito ter tido uma revelação onírica de onde se encontrava a tumba do mártir, algures na povoação de Caphar Gamala, a alguns quilómetros a Norte de Jerusalém.