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19/12/24

História e Arqueologia - Uma mandíbula completa de um mastodonte que viveu na Idade do Gelo apareceu no quintal de uma casa em Orange County, no Estado de Nova Iorque, local onde já foram encontrados restos mortais de cinquenta exemplares daquela época.



«Mandíbula de mastodonte encontrada num quintal no Estado de Nova Iorque

Uma mandíbula completa de um mastodonte que viveu na Idade do Gelo apareceu no quintal de uma casa em Orange County, no Estado de Nova Iorque, local onde já foram encontrados restos mortais de cinquenta exemplares daquela época.

O Museu do Estado de Nova Iorque – onde hoje se encontram os restos mortais – relatou esta descoberta, noticiou na quarta-feira a agência Efe.

Os investigadores do museu dedicam-se agora a estabelecer com precisão a idade, os hábitos alimentares e a saúde do animal – sabe-se que era um espécime adulto – , antes de poder apresentar os restos mortais ao público no próximo ano.

Foi um residente de Scotchtown, a cerca de duas horas a norte da cidade de Nova Iorque, que descobriu no seu quintal duas estranhas pedras que emergiram do solo enquanto limpava o seu jardim: eram dois dentes completos do mastodonte, e sob esse par de dentes encontrou mais dois, até que decidiu chamar especialistas do museu.

As escavações expuseram até agora toda a mandíbula e fragmentos de uma costela e de uma das patas do animal, mas poderão continuar a surgir novas à medida que os trabalhos avançam.

Os mastodontes são uma espécie semelhante aos mamutes e aos elefantes, que prosperaram na Idade do Gelo na América do Norte, mas desapareceram no final do Pleistoceno, há mais de 10.000 anos.» in https://greensavers.sapo.pt/mandibula-de-mastodonte-encontrada-num-quintal-no-estado-de-nova-iorque/

(Restos de três mastodontes de mais de 11 mil anos são descobertos nos Andes peruanos | AFP)

26/01/24

História e Arqueologia - Uma bala de chumbo, com o nome de Júlio César inscrito, foi encontrada num campo da cidade espanhola de Montilla.



«Bala com o nome de Júlio César surpreende arqueólogos (e pode solucionar mistério antigo)

Uma bala de chumbo, com o nome de Júlio César inscrito, foi encontrada num campo da cidade espanhola de Montilla.

Foi na zona rural de Montilla, na Andaluzia, que historiadores e arqueólogos se impressionaram com a descoberta de uma bala de chumbo, que continha a inscrição do nome abreviado de Júlio César – “CAES”.

Segundo o ZME Science, a bala inclui ainda uma segunda inscrição: IPSCA, uma referência a uma suposta cidade romana nos limites da atual Baena.

A inscrição, particularmente intrigante, é um indício do apoio de Ipsca a César, o que sugere que a cidade teve um papel fundamental no fornecimento de munição e até de tropas para o seu exército.

Além disso, a região é apontada como um dos cenários da Batalha de Munda, o confronto final da segunda guerra civil da República Romana que sagrou a vitória de Júlio César contra os filhos de Pompeu, em 45 a.C..

O projétil de 70 gramas, que mede 4,5 centímetros de comprimento, 2 de largura e 1,7 de altura, foi fabricado usando um molde no qual os artesãos despejaram chumbo derretido.

Terá sido lançado usando um tipo de fisga manual, com um pequeno suporte centralizado entre as cordas de retenção. Os arqueólogos afirmam que a origem da arma remonta ao Paleolítico Superior.

Na Antiguidade, a fisga evoluiu para se tornar uma arma comum na Grécia Antiga e no período romano, sendo adotada pelo Exército Romano. A sua forma aerodinâmica e equilíbrio no ar permitiam que os projéteis cobrissem grandes distâncias com força considerável, atingindo frequentemente o alvo com precisão.

Como as munições eram produzidas despejando chumbo derretido em moldes de cerâmica, o projétil em questão pode indicar o local exato da Batalha de Munda, um assunto debatido há muito tempo.

Os arredores de Montilla emergem assim como um dos principais candidatos para o evento histórico.

A escavação foi liderada por Javier Moralejo e Jesúss Robles, ambos da Universidade Autónoma de Madrid, em parceria com José Antonio Morena do Museu Histórico de Baena e Antonio Moreno do Museu Arqueológico de Cabra.

ZAP // in https://zap.aeiou.pt/bala-nome-julio-cesar-579379


(Bala com o nome de Júlio César surpreende arqueólogos)


12/01/24

História e Arqueologia - Os cientistas acreditam que o homem, que era extremamente alto, seria um nobre rico que apoiou a União de Kalmar, uma união breve entre as três nações escandinavas.



«Sepultura medieval de homem “muito, muito poderoso” descoberta na Suécia

Os cientistas acreditam que o homem, que era extremamente alto, seria um nobre rico que apoiou a União de Kalmar, uma união breve entre as três nações escandinavas.

Arqueólogos na Suécia descobriram a sepultura de um homem extremamente alto do século XVI, enterrado com uma longa espada, que pode ter sido um nobre apoiante da União de Kalmar, a fracassada associação de estados entre a Suécia, Dinamarca e Noruega.

Johan Klange, líder da equipa de investigadores e arqueólogo da Halland Cultural Environment, revelou que a espada, que mede mais de 1,3 metros, parecia ser incrustada com outro metal para formar pequenas cruzes cristãs.

O homem tinha cerca de 1,9 metros de altura, uma estatura impressionante hoje em dia e ainda mais impressionante para a época, considerando que a altura média masculina na Suécia era de cerca de 1,65 metros.

A sepultura foi encontrada durante escavações na “Lilla Torg” (Pequena Praça), no centro de Halmstad, na costa oeste da Suécia, perto da Dinamarca.

O túmulo do homem é o mais proeminente entre as 49 sepulturas encontradas no local de um convento franciscano, ativo de 1494 até à sua destruição em 1531 durante a Reforma Protestante, relata o Live Science.

A espada, o único objeto encontrado no túmulo, sugere que o homem ali sepultado poderia ser da alta nobreza. Os arqueólogos especulam que ele terá sido um apoiante rico da União de Kalmar, período entre 1397 e 1523 durante o qual um único rei governou a Suécia, Dinamarca e Noruega.

“A nossa teoria é que ele fazia parte da alta nobreza da União de Kalmar e pode ter possuído propriedades na Suécia e na Dinamarca. Essas pessoas tornaram-se muito, muito poderosas“, relata Klange.

A sepultura foi descoberta em meados de dezembro durante escavações no local, encontrado durante obras rodoviárias nos anos 1930.

Estando dentro dos limites da igreja do convento, é provável que o homem e outras duas pessoas enterradas nas proximidades — um outro homem e uma mulher — fossem membros de uma família nobre local.

Os cientistas vão agora analisar o ADN dos ossos para descobrir se as três pessoas eram parentes. A espada, que parece ser do estilo europeu medieval tardio, conhecido como “espada longa” ou “espada de uma mão e meia“, que poderia ser usada com uma ou duas mãos, também será analisada

Embora a espada fosse de ferro e suscetível à ferrugem, está bem preservada, mas a lâmina partiu-se perto do punho, provavelmente devido às obras rodoviárias dos anos 1930.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/sepultura-medieval-homem-poderoso-suecia-576888


#história    #arqueologia    #homem    #alto    #suécia    #halmstad    #lillatorg

01/01/24

História e Arqueologia - A ascensão ao trono da Rainha Kubaba foi um acontecimento raro na antiguidade, numa época em que as mulheres raramente detinham poder — que muitas vezes obtinham através de parentes masculinos.



«Há 4500 anos, a primeira rainha da História reinou sobre uma das maiores civilizações de sempre

Há cerca de 4.500 anos, a Rainha Kubaba ascendeu ao trono da antiga dinastia suméria — e fez história como a primeira governante feminina de que há registo.

A ascensão ao trono da Rainha Kubaba foi um acontecimento raro na antiguidade, numa época em que as mulheres raramente detinham poder — que muitas vezes obtinham através de parentes masculinos.

No entanto, Kubaba era diferente; tornou-se rainha por direito próprio,  e não apenas como consorte de um rei.

A história de Kubaba destaca-se ainda mais quando comparada com as suas contemporâneas de outras civilizações antigas, como a do Egito, onde as governantes femininas eram mais comuns, mas surgiram bastante mais tarde.

A principal fonte de informação sobre a Rainha Kubaba é a Lista de Reis Sumérios, um registo antigo que mistura história com mito, conta o Arkeo News.

A rainha Kubaba surge referida pela primeira vez, ainda antes do seu reinado, como “a taberneira“. A cerveja desempenhava um papel importante na cultura Suméria, onde abundavam as tabernas, e estes estabelecimentos eram frequentemente geridos por mulheres.

Mas apesar da importância do papel das taberneiras na cultura suméria — talvez uma das poucas posições de poder que uma mulher independente poderia desempenhar — a Lista de Reis não revela como uma simples taberneira ascendeu ao poder e se tornou a primeira rainha da história documentada.

O seu reinado, que a Lista de Reis afirma ter durado uns impressionantes 100 anos, está envolto em mistério e lenda. Embora alguns detalhes possam ser exagerados, o seu estatuto como a única governante feminina na Lista de Reis Sumérios diz muito sobre a sua importância.

Esta lista fornece também pistas sobre o contexto cultural e religioso da época, e sugere que Kubaba viria mais tarde a ser associada a rituais religiosos — possivelmente venerada até como deusa nos séculos seguintes.

No início deste mês, uma equipa de arqueólogos turcos descobriu as ruínas de um templo dedicado à “deusa Kubaba”, junto à antiga cidade de Kastabala, também conhecida como Hieropolis pelos gregos.

A história de Kubaba, a rainha que rompeu as tradições da sua época e se tornou deusa, está cheia de lacunas e mistérios, mas a sua vida deixou marca e o seu legado perdurou durante milénios.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/ha-4500-anos-a-primeira-rainha-da-historia-reinou-sobre-uma-das-maiores-civilizacoes-de-sempre-574842


(The ruins of a temple dedicated to Goddess Kubaba found for the first time southern Türkiye)

#história    #arqueologia    #suméria    #rainha    #kubaba

26/12/23

História e Arqueologia - Um novo estudo sobre a antiga cultura de Trypillia, situada entre as atuais Ucrânia e Moldávia, revelou que as primeiras cidades do mundo, com mais de 6.000 anos, subsistiam principalmente à base de ervilhas e não de carne.



«Afinal, as primeiras cidades do Mundo eram alimentadas a ervilhas

Um novo estudo sobre a antiga cultura de Trypillia, situada entre as atuais Ucrânia e Moldávia, revelou que as primeiras cidades do mundo, com mais de 6.000 anos, subsistiam principalmente à base de ervilhas e não de carne.

Os habitantes dos primeiros grandes assentamentos humanos obtinham a maior parte das sua proteínas a partir de ervilhas, em vez de carne, revela um novo estudo.

Localizadas no atual território da Ucrânia e da Moldávia, as cidades rurais da antiga cultura Trypillia foram fundadas há mais de 6.000 anos e continham cerca de 15.000 residentes, tornando-as os maiores assentamentos pré-históricos conhecidos no mundo.

De acordo com o novo estudo, publicado nos Proceedings of the National Academy of Sciences, estes centros urbanos pré-históricos eram sustentados por uma dieta predominantemente baseada em culturas agrícolas.

Os autores do estudo recorreram a uma análise de isótopos estáveis de carbono e azoto de amostras de mais de 480 ossos humanos e animais e do solo de 40 locais para reconstruir a dieta Tripylliana.

Esta análise mostrou que a dieta dos habitantes destes mega-assentamentos era composta por cerca de 10% de carne, sendo a restante dieta constituída por produtos agrícolas, incluindo cereais, e 46% de leguminosas como as ervilhas.

Estes resultados desafiam a perceção comum de que as dietas pré-históricas eram fortemente baseadas em carne. Segundo os autores do estudo, o consumo de carne era mais uma atividade social durante festas, enquanto as ervilhas, fortemente fertilizadas com estrume animal, formavam a dieta básica.

Este uso eficiente de recursos, incluindo a reciclagem de nutrientes como o azoto, permitiu à cultura de Trypillia evitar a sobre-exploração de recursos naturais.

O gado, mantido principalmente em pastagens cercadas perto dos assentamentos, desempenhou um papel crucial não pela sua carne, mas pelo seu estrume, que era essencial para fertilizar as ervilhas.

“A decadência destes mega-assentamentos, há cerca de 5.000 anos, deveu-se  provavelmente a conflitos sócio-políticos em vez de colapso económico ou ambiental”, explica Robert Hofmann, investigador da Universidade de Kiel, na Alemanha, e um dos autores do estudo.

“Terão sido esses fatores sociais a levar  as pessoas a abandonar os grandes assentamentos em favor de comunidades menores“, acrescenta o investigador, citado pelo IFLS.

O estudo contraria assim a ideia de que as primeiras populações humanas se alimentavam da famosa “dieta paleo“, essencialmente constituída por frutas, verduras, carnes magras, peixe, ovos, nozes e sementes — e que excluía cereais, legumes e produtos lácteos.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/afinal-as-primeiras-cidades-do-mundo-eram-alimentadas-a-ervilhas-573781


(Cucuteni-Trypillia Culture | Ancient European Civilization)


#história    #arqueologia    #culturadetrypillia    #ucrânia    #moldávia

25/12/23

História e Arqueologia - Os antigos citas, conhecidos pelo seu estilo de vida nómada e como terríveis guerreiros, são há muito tempo um objeto de fascínio histórico.



«Os ferozes citas afinal faziam mesmo couro com pele humana

Os antigos citas, conhecidos pelo seu estilo de vida nómada e como terríveis guerreiros, são há muito tempo um objeto de fascínio histórico.

Pesquisas recentes lançaram luz sobre um aspeto particularmente macabro da misteriosa cultura cita: a utilização de pele humana para a produção de couro.

Esta prática foi documentada pela primeira vez pelo historiador grego Heródoto, que descreveu os citas como um povo que usava as peles dos seus inimigos para criar vários objetos, incluindo aljavas para as suas flechas.

Um novo estudo, liderado por Luise Ørsted Brandt, investigadora da Universidade de Copenhaga, analisou retalhos de couro provenientes de locais de sepultamento citas no sul da Ucrânia.

O estudo examinou 45 retalhos de couro de 14 locais de sepultamento, empregando técnicas avançadas de análise de proteínas para identificar as espécies do couro.

Os resultados da pesquisa, publicados a semana passada na revista PLOS One, revelaram que a maior parte do couro usado era derivada de animais domesticados.

“Os nossos resultados mostram que os citas usavam primariamente espécies domesticadas, como ovelhas, cabras, gado e cavalos para produzir couro, enquanto as peles tinham origem em animais selvagens, como raposas, esquilos e felinos”, explica Luise Ørsted Brandt, citada pelo Science Alert.

No entanto, o couro de duas amostras de aljavas tinha origem humana — uma descoberta que corrobora os relatos de Heródoto, que anteriormente eram vistos com ceticismo.



A descoberta das duas aljavas de couro com origem em pele humana sugere que os citas usavam qualquer tipo de material que estivesse disponível — incluindo “matéria humana”, provavelmente proveniente de inimigos derrotados.

Os citas, temíveis guerreiros nómadas originários da região que é atualmente o Irão, governaram a estepe Euroasiática entre 700 a.C. a 300 a.C., sendo conhecidos pela quase total ausência de estruturas permanentes, como edifícios de pedra ou povoações, o que torna o seu registo arqueológico escasso.

No entanto, os seus túmulos funerários forneceram informações valiosas sobre a sua cultura e práticas. Heródoto, que viveu durante o século V a.C., dedicou um livro inteiro a documentar os citas, incluindo as suas práticas de decapitar inimigos e usar os seus couros cabeludos como símbolos de status.

Além das suas famigeradas práticas violentas, os citas foram também instrumentais nas trocas culturais entre a Europa e a Ásia, contribuindo para a transferência de línguas, bens, tecnologia, ideologias — e diversas doenças.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/os-ferozes-citas-afinal-faziam-mesmo-couro-de-pele-humana-573622


(Os Citas - Apenas Bárbaros das Estepes?)


#história    #arqueologia    #citas    #nómadas    #couro    #pelehumana

18/12/23

História e Arqueologia - Um estudo recente, conduzido na Universidade de Gotemburgo, na Suécia, revelou que a prática de odontologia durante a Era Viking era surpreendentemente avançada.



«Os dentistas Vikings eram surpreendentemente avançados

Um estudo recente, conduzido na Universidade de Gotemburgo, na Suécia,  revelou que a prática de odontologia durante a Era Viking era surpreendentemente avançada.

Uma equipa de investigadores analisou os dentes de indivíduos sepultados em Varnhem, na Suécia, uma região conhecida pelas suas escavações arqueológicas das eras Viking e medieval, cujas condições ambientais permitiram a boa conservação dos esqueletos encontrados.

A pesquisa, que examinou 3.293 dentes de 171 indivíduos, revelou evidências de que os indivíduos tinham cáries generalizadas e sofriam de dores de dentes, e que os Vikings usavam técnicas dentárias surpreendentemente sofisticadas.

O estudo, publicado na passada terça-feira na revista PLOS ONE, mostrou que 49% da população Viking tinha pelo menos uma cárie, e 13% dos dentes adultos apresentavam sinais de várias cáries, principalmente nas raízes.

No entanto, crianças com dentes de leite ou com uma combinação de dentes de leite e dentes adultos estavam completamente livres de cáries.

Apesar da prevalência de problemas dentários, a pesquisa também descobriu sinais de tentativas de resolver estes problemas. Foram encontradas evidências de uso de palitos de dente, indícios de limagem dos dentes da frente e até mesmo tratamentos dentários para dentes infetados.

Uma descoberta particularmente intrigante foi a presença de orifícios limados nos molares, provavelmente perfurados para aliviar a pressão e aliviar dores de dentes severas causadas por infeções.

Essa técnica é surpreendentemente semelhante às práticas dentárias modernas que envolvem perfurar dentes infetados.

Os autores do estudo sugerem que os Vikings podem ter usado essas técnicas dentárias por conta própria ou procurado a ajuda de profissionais especializados. Os dentes da frente limados, encontrados exclusivamente em homens, podem ter servido como forma de identificação ou marcador de estatuto social.

“Estes resultados mostram que os Vikings estavam não só cientes dos problemas dentários, mas também tinham conhecimento de técnicas para lidar com eles”, diz Carolina Bertilsson, autora principal do estudo, em nota publicada no site da Universidade de Gotemburgo.

“Este conhecimento, juntamente com as tentativas evidentes de manter uma boa saúde bucal, indica que os dentes tinham grande importância na cultura Viking”, conclui a investigadora.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/os-dentistas-vikings-eram-surpreendentemente-avancados-572732


(COMO ERA A VIDA E A HIGIENE DOS VIKINGS)


#história    #arqueologia    #universidade    #gotemburgo    #suécia    #vikings    

#varnhem    #odontologia    #tratamentodentes    #investigação    #carolinabertilsson

13/12/23

História e Arqueologia - O Ministério italiano da Cultura anunciou, ontem, a descoberta de uma luxuosa "domus", uma espécie de casa romana, com mais de dois mil anos de antiguidade e um mosaico "incomparável", composto de conchas, fragmentos de vidro e mármore.



«ROMA REVELA MAIS UM DOS SEUS TESOUROS: UM "INCOMPARÁVEL" MOSAICO NUMA CASA DA ERA ROMANA

O achado arqueológico foi feito perto do Coliseu e é descrito pelo governo italiano como um "verdadeiro tesouro".

O Ministério italiano da Cultura anunciou, ontem, a descoberta de uma luxuosa "domus", uma espécie de casa romana, com mais de dois mil anos de antiguidade e um mosaico "incomparável", composto de conchas, fragmentos de vidro e mármore.

Esta "domus", uma espécie de "villa" que os romanos ricos construíam, está situada no centro do Parque Arqueológico do Coliseu e é um "verdadeiro tesouro", segundo o ministro da Cultura, Gennaro Sangiuliano, citado num comunicado.

"O que torna a descoberta excepcional é a existência de um extraordinário mural em mosaico [...] incomparável pela complexidade das cenas criadas", destaca o comunicado.

No mosaico, três grandes navios navegam em direção a uma cidade costeira, cujas muralhas estão salpicadas de pequenas torres e pórticos - uma cena que sugere que o proprietário da "domus" saiu vitorioso durante uma batalha.

Encontrada por arqueólogos que descobriram uma série de muros em 2018, a "domus" tem vários andares. Até agora, apenas algumas partes foram exploradas, mas as escavações vão continuar em 2024.

Localizada em torno de um átrio, a sala principal consiste num salão de banquetes em forma de caverna, que era utilizado durante o verão.

O proprietário seria um nobre, provavelmente senador, e também teria criado "espetaculares jogos aquáticos" para os seus convidados, graças aos canos de chumbo colocados entre as paredes decoradas.

O mosaico data das "últimas décadas do século II a.C." e é feito com "diversos tipos de conchas, tesselas de azul egípcio, vidros preciosos, pequenos fragmentos de mármore, ou outros tipos de pedra", entre outros.

Entre as vinhas e as folhas de lótus também é possível ver pilhas de armas com trombetas de estilo celta, navios de guerra e tridentes, que "talvez façam alusão a um duplo triunfo, terrestre e naval, do proprietário da domus".

Há "uma representação fascinante" de uma paisagem, com uma cidade costeira e uma falésia, voltada "para o mar atravessado por três grandes navios, um deles com as velas içadas", completa o comunicado.

"Vamos trabalhar de maneira intensa para transformar este lugar num dos mais evocativos da Roma Antiga, acessível ao público o mais rápido possível", prometeu Alfonsina Russo, responsável pelo Parque Arqueológico do Coliseu.» in https://viagens.sapo.pt/viajar/viajar-mundo/artigos/roma-revela-mais-um-dos-seus-tesouros-um-incomparavel-mosaico-numa-casa-da-era-romana?utm_source=SAPO_HP&utm_medium=web&utm_campaign=destaques


(Hallan un mosaico con conchas y vidrios preciosos "sin comparación" cerca del Coliseo de Roma)


#história    #arqueologia    #roma    #mosaico    #domus    #coliseu

23/11/23

História e Arqueologia - A equipa encontrou um templo com 4000 anos que pode ter sido dedicado a Alexandre, o Grande, e cuja construção pode ter sido ordenada pelo próprio.



«Descoberto templo dedicado a Alexandre, o Grande no Iraque (que resolve um mistério milenar)

Os araqueólogos que a construção do templo terá sido ordenada pelo próprio rei grego, já no fim da sua vida. A descoberta desfaz finalmente o mistério sobre se os sumérios adoravam Alexandre, o Grande.

Arqueólogos do British Museum fizeram uma descoberta impressionante na antiga cidade sumeriana de Girsu, no sul do Iraque. A equipa encontrou um templo com 4000 anos que pode ter sido dedicado a Alexandre, o Grande, e cuja construção pode ter sido ordenada pelo próprio.

Girsu, conhecida também como Tiris, floresceu entre os séculos XXVI e XXI a.C., desempenhando um papel crucial no desenvolvimento da cultura mesopotâmica inicial. O templo desenterrado indica que, durante o tempo de Alexandre, havia um conhecimento sobre a história antiga do local, e a sua descoberta pode também pôr fim à longa dúvida sobre se os sumérios faziam o culto do famoso rei grego.

Dr. Sebastien Rey, arqueólogo do British Museum, expressou surpresa ao The Telegraph: “É realmente surpreendente. Encontramos oferendas, tipos de oferendas que seriam dadas após uma batalha, figuras de soldados e cavaleiros. Há uma probabilidade – nunca saberemos com certeza – de que ele possa ter vindo aqui, quando voltou à Babilónia, pouco antes de morrer.”

A expedição encontrou uma dracma de prata cunhada pelas forças de Alexandre nos anos 330 a.C., alinhando-se com a vida do conquistador macedónio. Esta descoberta reforça a hipótese de que os gregos, possivelmente sob a influência de Alexandre, estabeleceram um templo no local antigo, deixando marcas duradouras na região, incluindo estruturas religiosas para comemorar as conquistas do líder.

No altar do templo, foram encontradas ofertas típicas dos templos gregos, incluindo terracotas de cavaleiros muito semelhantes à ‘Cavalaria Companheira’, que formava a guarda pessoal de elite do jovem conquistador, estabelecendo mais um elo direto com Alexandre, escreve o Ancient Origins.

A fascinação de Alexandre por heróis míticos, particularmente Hércules, pode tê-lo levado a buscar um equivalente sumeriano. Identificando Ningirsu, uma figura paralela a Hércules, Alexandre provavelmente sentiu uma ligação com essa divindade greco-sumeriana. Ao declarar-se Filho de Zeus no Egipto, o rei posicionou-se como irmão de Hércules e, potencialmente, de Ningirsu.

A inscrição enigmática “doador dos dois irmãos” é interpretada por Dr. Rey como uma referência a Zeus, pai de Alexandre e Hércules, como o doador dessas duas figuras icónicas.

Acredita-se que Alexandre, ao inquirir sobre o equivalente de Hércules na Mesopotâmia, pode ter sido direcionado a Girsu como lar de Ningirsu, levando-o a estabelecer um local sagrado em honra dessa conexão recém-descoberta.

O reconhecimento de Girsu como morada do deus indica uma memória cultural profunda entre a população local. O templo helenístico posterior, construído sobre o antigo local, pode ter sido estabelecido durante o retorno de Alexandre de sua campanha na Índia, pouco antes de sua morte em 323 a.C.

“Este local homenageia Zeus e dois filhos divinos. Os filhos são Heracles e Alexandre. É isso que essas descobertas sugerem,” concluiu Dr. Rey.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/templo-alexandre-grande-iraque-568762


(Novas descobertas arqueológicas no Iraque)


13/03/23

História e Arqueologia - Uma descoberta no sítio arqueológico da Rocha do Vigio, no Alentejo, indica que já se usavam ferramentas de aço da Europa muito antes do que se pensava.


«Descoberta arqueológica em Portugal com 2900 anos pode reescrever a História

Uma descoberta no sítio arqueológico da Rocha do Vigio, no Alentejo, indica que já se usavam ferramentas de aço da Europa muito antes do que se pensava.

Um novo estudo publicado na Journal of Archeologial Science desafia a crença história de que as ferramentas de aço só se espalharam pela Europa durante o Império Romano.

A pesquisa descobriu que as ferramentas de aço já estavam a ser usadas na Europa há cerca de 2900 anos, durante o Final da Idade do Bronze. E as ferramentas analisadas não foram encontradas num país qualquer, mas sim em Portugal.

Os investigadores fizeram análises geoquímicas a estelas antigas da Península Ibérica — pedras erguidas tipicamente esculpidas com imagens ou palavras — e descobriram que estas eram feitas com arenito de quartzo silicatado.

“Tal como a quartzite, esta é uma rocha extremamente dura que não pode ser trabalhada com ferramentas de bronze ou pedra, apenas com aço temperado“, explica o primeiro autor do estudo, Raphael Araque Gonzalez.

Para confirmar se estes monumentos foram verdadeiramente esculpidos com ferramentas de aço, os investigadores analisaram uma cinzel de ferro encontrado em Rocha do Vigio, na margem direita do Guadiana, no Alentejo, que também remonta à Idade do Bronze Final.

Os cientistas descobriram que o cinzel era feito de aço heterogéneo rico em carbono, que foi preciso para trabalhar com o duro arenito de quartzo silicatado.

Os investigadores testaram como outras ferramentas da época conseguiriam esculpir uma pedra igual e apenas apenas o cinzel de aço temperado foi capaz de fazer inscrições, escreve o ZME Science.

“O cinzel da Rocha do Vigio e o contexto onde ele foi encontrado mostram que a metalurgia do ferro, incluindo a produção e têmpera do aço, foram provavelmente desenvolvimentos nativos de pequenas comunidades descentralizadas da Península Ibérica, e não devido à influência de processos de colonização posteriores”, diz Araque Gonzalez.

“Os povos da Idade do Bronze tardia na Península Ibérica eram capazes de temperar o aço. Caso contrário, não teriam podido trabalhar os pilares”, acrescenta.

“Isso também tem consequências para a avaliação arqueológica da metalurgia do ferro e esculturas de quartzito em outras regiões do mundo”, conclui o investigador.

O estudo tem implicações importantes na avaliação arqueológica de esculturas de metalurgia do ferro e quartzito noutras regiões do mundo. Até agora, supunha-se que não era possível produzir aço de qualidade adequada no início da Idade do Ferro e certamente não na Idade do Bronze Final.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/descoberta-portugal-2900-anos-reescrever-historia-525253

#história    #arqueologia    #alentejo    #sítioarqueológicodarochadovigio    

#cinzeldarochadovigio

03/03/23

História e Arqueologia - Em 1857, o SS América Central, conhecido como o “Navio do Ouro”, afundou-se no Oceano Atlântico e durante 134 anos, o navio naufragado foi o lar de vários artefactos, entre eles 37 charutos, que serão leiloados em maio deste ano.



«Charutos que ficaram 134 anos no fundo do mar ainda podem ser fumados

Sete dos 37 charutos cubanos em leilão.

Em 1857, o SS América Central, conhecido como o “Navio do Ouro”, afundou-se no Oceano Atlântico. Durante 134 anos, o navio naufragado foi o lar de vários artefactos, entre eles 37 charutos, que serão leiloados em maio deste ano. Segundo a organização do evento, estes ainda se podem fumar.

O naufrágio do SS América Central foi de tal forma que matou mais de 400 passageiros. Os charutos sobreviveram e foram recuperados em 1991, relatou o Interesting Engineering.

De acordo com Fred Holabird, presidente da Holabird Western Americana Collections – a organização por trás do leilão, que decorrerá entre 04 e 05 de março -, os charutos ainda estão em excelentes condições.

“Está muito frio no local do naufrágio do navio SS América Central, entre 2 e 3 graus centígrados. Trata-se de um refrigerador escuro, de alta pressão, salgado, de mar profundo”, disse Bob Evans, cientista chefe que estava nas missões de recuperação.

Segundo o responsável, a bagagem dos passageiros encontrada nos destroços em redor do local principal do naufrágio não estavam desfeitas nem abertas – o couro das malas limitava a circulação da água.

Logo após o navio ter afundado, todo o oxigénio foi consumido e as condições anaeróbicas prevaleceram durante a maior parte dos 130 ou mais anos até que duas malas foram recuperadas, incluindo a de um homem chamado de Mr. Dement, explicou Bob Evans.

“Quando abrimos o baú do Dement, vimos algumas dezenas de charutos que tinham sido colocados em cima de roupas e outros artigos. Empapados, os charutos foram cuidadosamente colocados numa tela de fibra de vidro e lentamente liofilizados durante os meses seguintes para os conservar”, acrescentou.

O “Navio de Ouro” era uma navio a vapor que operava entre a costa ocidental e a oriental dos Estados Unidos. Numa das viagens, em setembro de 1857, transportava um pouco mais de 550 passageiros e 2 milhões de dólares em ouro (300 milhões de dólares nos dias de hoje) quando se afundou.

O navio afundou-se ao largo da costa do estado norte-americano da Carolina do Sul. Morreram 425 passageiros, incluindo o capitão. Nas operações de salvamento foram resgatadas 150 pessoas.

O ouro foi perdido, até que 128 anos mais tarde, em 1985, foi formado o grupo Columbus-America Discovery, que recupero uma tonelada de moedas e barras de ouro dos escombros.

O naufrágio do SS America Central é comparável ao do Titanic.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/charutos-fundo-mar-fumados-524879

(Exhiben en EEUU el "Jardín Dorado" del naufragio del SS Central America)

#história    #arqueologia    #ssaméricacentral    #naviodoouro    #charutos

21/02/23

História e Arqueologia - Um artefacto de madeira com a forma de um pénis encontrado no Reino Unido pode ter sido usado pelos romanos quando ocupavam aquele território.


«Objeto de madeira com quase 2000 anos pode ter sido brinquedo sexual dos romanos

Um artefacto de madeira com a forma de um pénis encontrado no Reino Unido pode ter sido usado pelos romanos quando ocupavam aquele território. Descoberto originalmente em 1992, os investigadores achavam que este era um acessório de costura, mas observações mais atentas levaram a outra conclusão.

Tal como lembra o IFL Science, o órgão sexual masculino era frequentemente retratado pelos escultores romanos, com os arqueólogos a depararem-se com outros exemplares feitos de pedra, mas também metal ao escavarem outras localizações do império.

No entanto, dildos de madeira são extremamente raros, uma vez que os materiais orgânicos tendem a decompor-se antes de serem descobertos.

As condições de um forte romano em Vindolanda, no norte da Grã-Bretanha, parecem ter ajudado a  preservar uma série de artefactos que de outra forma não teriam resistido, como quadros de madeira escritos ou um par de luvas de boxe de couro. O objeto em forma de pénis foi encontrado numa vala, o que sugere que pode ter sido atirado ao lixo.

Com 16 centímetros de comprimento, o artefacto apresenta uma “base cilíndrica com uma extremidade convexa, eixo mais estreito e um terminal moldado para representar a glande“, descrevem os investigadores. Ainda de acordo com a equipa responsável pela sua descoberta, é provável que este tenha diminuído de tamanho com o tempo.

É ainda possível atribuir outras funcionalidades ao artefacto para além das sexuais. Como destaca a mesma fonte, este pode ter sido usado como um amuleto de boa sorte ou ter sido encaixado numa estátua que guardava um edifício importante. No entanto, o facto de o artigo ter sido deitado fora torna esta finalidade improvável.

Os investigadores sugerem ainda que o objeto pode ter sido um pilão usado para moer ingredientes para alimentos, cosméticos ou medicamentos.

Não querendo desiludir as mentes mais perversas, os investigadores também admitem uma uma interpretação mais erótica para o artefacto. No entanto, continuam a considerar tal possibilidade discutível.

“A história dos brinquedos sexuais tem recebido atenção académica limitada“, reconhecem os autores do estudo. “Podemos assumir, contudo, que tais objetos existiram noutras sociedades do passado, e tal é fortemente suportado por textos e representações artísticas do mundo greco-romano”. Ainda assim faltam, em geral, provas sólidas para o uso de dildos, e tais objetos “raramente figuram em achados arqueológicos”.

Admitindo a possibilidade de o artefacto ser efetivamente um dildo, a equipa clarifica que este precisava necessariamente de ter sido usado para penetração. Pelo contrário, “ações como a estimulação do clítoris poderiam adaptar-se melhor à forma e ao desgaste observados”.

Dizem também que os lubrificantes podem muito bem ter sido aplicados pelo utilizador do antigo brinquedo sexual, embora “nem estes nem as secreções humanas possam ter sobrevivido arqueologicamente”.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/objeto-de-madeira-com-quase-2000-anos-pode-ter-sido-brinquedo-sexual-dos-romanos-523110

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01/02/23

História e Arqueologia - Uma sétima piroga monóxila foi este sábado encontrada no rio Lima — uma descoberta que pode ser considerada “um tesouro nacional”.


«Tesouro nacional no rio Lima. Encontrada sétima piroga ancestral

Embarcação localizada em Viana do Castelo é semelhante a outras seis consideradas tesouros nacionais.

Uma sétima piroga monóxila foi este sábado encontrada no rio Lima — uma descoberta que pode ser considerada “um tesouro nacional”.

A descoberta foi anunciada esta terça-feira pela Câmara Municipal de Viana do Castelo.

Por serem embarcações construídas através de uma tecnologia muito particular e, por terem sido utilizadas por tão longo período de tempo, no Rio Lima, estas merecem um grande relevo e assumem uma enorme importância para a comunidade científica portuguesa e internacional.

Em Portugal, são mesmo as mais antigas embarcações conhecidas das quais temos registo físico, uma vez que haverá representações gráficas mais antigas, nomeadamente através de insculturas rupestres, de que é exemplo a Lage da Churra, em Carreço.

Em declarações à agência Lusa, o vereador da Cultura da Câmara de Viana do Castelo, Manuel Vitorino, explicou que a piroga, embarcação construída a partir de um único tronco de árvore, “foi retirada das águas do rio Lima com o apoio dos Bombeiros Sapadores, acompanhados pelos técnicos de arqueologia da autarquia.

“Estamos a articular com a Câmara de Esposende [distrito de Braga] a cedência de um tanque próprio para este tipo de estruturas que têm de ser conservadas em ambiente salino para não se degradarem”, explicou Manuel Vitorino. A piroga “foi encontrada, na sexta-feira, no areal do camalhão de São Simão, pelo presidente da União de Freguesias de Mazarefes e Vila Fria, na margem esquerda do rio Lima.

“Foi realizado o registo da embarcação e dos elementos que se encontravam dispersos, pelo areal. Construiu-se uma estrutura rígida que, com a canoa já em cima, foi posta a flutuar com o auxílio de boias, tendo a embarcação sido rebocada até à marina da cidade onde se encontra a aguardar a sua recolha”.

Segundo Manuel Vitorino, “o CNANS foi informado do achado e deverá prestar o apoio técnico para transferência da embarcação para o tanque que a Câmara de Esposende disponibilizará”.

Trata-se da sétima que é descoberta no rio Lima, sendo que as seis anteriores encontradas em Lanheses e Lugar da Passagem, em Geraz do Lima, também no concelho de Viana do Castelo, estão classificadas como Conjunto de Interesse Nacional (CIN), tendo-lhes sido atribuída a designação de “tesouro nacional“, segundo decreto publicado em Diário da República (DR), em junho de 2021.

Daquele conjunto de seis achados classificados, a descoberta da primeira remonta a 1985, do século passado. As seis pirogas foram recolhidas do rio Lima entre 1985 e 2008.

Estes bens arqueológicos encontram-se à guarda da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), nas reservas do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS).

“Trata-se de um conjunto que, no contexto da Península Ibérica, não possui paralelo tendo em conta o número de embarcações envolvidas, constituindo um testemunho notável da navegação que se praticava no rio Lima desde a Idade do Ferro, até à Baixa Idade Média, datações estas obtidas por radiocarbono”, refere o documento que confirma a classificação.

A classificação foi proposta ao Governo, em 2020, pela DGPC. A “maior parte das pirogas foi encontrada perto de um local onde, curiosamente, persiste até hoje o topónimo Lugar da Passagem“.

“Esta tradição, historicamente comprovada por uma inscrição gravada num bloco de granito com a data de 1742, que ainda hoje se conserva, refere-se ao local onde pessoas e mercadorias eram transportadas e onde, mais tarde, surgira uma ponte de ligação entre as duas margens do Lima”.

A classificação agora atribuída foi proposta ao Governo, em 2020, pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).

Segundo informação disponibilizada pela Câmara de Viana do Castelo, “as pirogas monóxilas são feitas a partir de um tronco de árvore, escavado para o efeito, sendo que este tipo de embarcação é conhecido, na Europa, desde a pré-história, mais precisamente desde o neolítico.

No caso das embarcações encontradas no rio Lima, há duas as duas mais antigas estão “datadas por carbono 14, dos séculos IV/ III Antes de Cristo“. “Datam, assim, da plena Idade do Ferro também conhecida entre nós por período castrejo”, refere a autarquia. Para “além de estas embarcações, com mais de dois mil anos, há ainda outras de épocas mais recentes, nomeadamente, do período da reconquista (séc. VIII e IX), sendo que “a mais tardia” remonta à Idade Média (século XI).

(Pescadores subiram rio Lima de piroga | Altominho TV)

ZAP // Lusa» in https://zap.aeiou.pt/encontrado-tesouro-nacional-no-rio-lima-e-a-setima-piroga-descoberta-519834


#história    #arqueologia    #vianadocastelo    #riolima    #piroga

27/01/23

História e Arqueologia - Há uma enorme câmara vazia dentro da Grande Pirâmide de Gizé que pode conter o corpo do faraó Quéops, que há muito se pensa ter sido roubado.


«Um buraco enorme foi selado na Grande Pirâmide de Gizé há 4500 anos. O que está lá dentro?

Há uma enorme câmara vazia dentro da Grande Pirâmide de Gizé que pode conter o corpo do faraó Quéops, que há muito se pensa ter sido roubado.

Dentro da Grande Pirâmide de Gizé, há um enorme buraco. A divisão vazia foi selada quando a pirâmide foi terminada, há coisa de 4500 anos, e ninguém sabe qual é o seu propósito, relata o IFLScience.

Em 2017, uma equipa analisou a Grande Pirâmide usando a técnica de tomografia de múon. As partículas de múon têm uma carga negativa produzida por raios cósmicos que colidem com os átomos na atmosfera superior da Terra a cerca de 10 mil metros quadrados por minuto.

A descoberta desta câmara secreta, que terá pelo menos 30 metros de comprimento, foi relatada num estudo publicado na Nature. “Ao registarmos a posição e a direção de cada múon que atravessa a sua superfície de detecção, um detector de múons pode distinguir as cavidades da pedra”, escrevem os autores

Há várias teorias sobre qual será o propósito desta sala vazia. Kate Spence, arqueóloga da Universidade de Cambridge, acredita que este vácuo pode apenas ser uma consequência natural de como a pirâmide foi construída, servindo como uma rampa interna para que os blocos do telhado fossem transportados.

Há também quem especule que este espaço seria uma câmara secreta para se guardar os restos mortais do faraó Quéops. Quando as pirâmides foram exploradas pela primeira vez, no século XIX, foram encontradas várias câmaras e uma até tinha um sarcófago que se pensava ser do faraó Quéops. No entanto, quando foi aberto, estava vazio.

Já há muito que se presume que os restos mortais tenham sido roubados. No entanto, a teoria de que há uma quarta câmara secreta que tem a múmia do faraó já não é de agora. Em 2004, dois egiptólogos amadores franceses alegaram que esta câmara existia após fazerem uma análise arquitetural à pirâmide.

Os dois acreditavam que a construção da pirâmide não foi planeada com antecedência e que foi improvisada à medida que avançava e à medida que os construtores percebiam que certas câmaras não aguentavam com o peso do sarcófago.

Já em 2022, uma equipa de investigadores anunciou os seus planos para criar imagens da pirâmide usando equipamentos mais sofisticados, de forma a podermos finalmente desvendar este mistério.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/buraco-piramide-gize-selado-4500-anos-518656

#história    #arqueologia    #pirâmidedegizé    #faraóqueóps

24/01/23

História e Arqueologia - Os arqueólogos estão a começar a avaliar o quão criativa era a arte neandertal por si só.


«A arte mais antiga do mundo é abstrata — e não foi feita por nós

Uma das questões mais debatidas na história da pesquisa neandertal é se eles criaram arte. Nos últimos anos, o consenso tornou-se que eles a criavam, às vezes.

Mas, como as suas relações em cada extremidade da árvore evolutiva hominóide, chimpanzés e Homo sapiens, o comportamento dos neandertais variava culturalmente de grupo para grupo e ao longo do tempo.

A sua arte talvez fosse mais abstrata do que as figuras estereotipadas e as pinturas rupestres de animais que o Homo Sapiens fez depois de os neandertais desapareceram, há cerca de 30 000 anos. Mas os arqueólogos estão a começar a avaliar o quão criativa era a arte neandertal por si só.

Acredita-se que o Homo sapiens tenha evoluído em África há pelo menos 315.000 anos. Populações neandertais na Europa remontam a há pelo menos 400.000 anos.

É a natureza humana

A pesquisa de arqueólogos paleolíticos na década de 1990 mudou radicalmente a visão comum dos neandertais como estúpidos. Agora sabemos que, longe de tentar acompanhar o Homo sapiens, eles tiveram uma evolução comportamental diferenciada. Os seus grandes cérebros ganharam o seu sustento evolutivo.

Sabemos por encontrar restos em cavernas subterrâneas — incluindo pegadas e evidências de uso de ferramentas e pigmentos em lugares onde os neandertais não tinham nenhuma razão óbvia para estar — que parecem ter tido curiosidade sobre o seu mundo.

Por que se estavam eles a desviar do mundo da luz para as profundezas perigosas onde não havia comida ou água potável? Não podemos dizer com certeza, mas como isso às vezes envolvia criar arte nas paredes das cavernas, provavelmente era significativo de alguma forma, e não apenas exploração.

Os neandertais viviam em grupos pequenos e unidos, altamente nómadas. Quando viajavam, levavam consigo brasas para acender pequenas fogueiras nos abrigos rochosos e nas margens dos rios onde acampavam e usavam ferramentas para talhar as suas lanças e cortar carcaças. Devemos considerá-los como grupos familiares, unidos por constantes negociações e competição entre as pessoas. Embora organizado em pequenos grupos, era realmente um mundo de indivíduos.

A evolução da cultura visual dos neandertais ao longo do tempo sugere que as suas estruturas sociais estavam a mudar. Eles usavam cada vez mais pigmentos e ornamentos para decorar os seus corpos, talvez porque a competição pela liderança do grupo se tornou mais sofisticada. Cores e ornamentos transmitiam mensagens sobre força e poder, ajudando os indivíduos a convencer os seus contemporâneos da sua força e competências para liderar.

Então, há pelo menos 65 000 anos, os neandertais usaram pigmentos vermelhos para pintar marcas nas paredes de cavernas profundas na Espanha. Na caverna de Ardales, perto de Málaga, no sul da Espanha, eles coloriram as secções côncavas de estalactites brancas brilhantes.

Na caverna de Maltravieso, na Estremadura, no oeste da Espanha, eles desenharam em torno das suas mãos. E na caverna La Pasiega, na Cantábria, no norte, um neandertal fez um retângulo pressionando as pontas dos dedos cobertas de pigmento repetidamente na parede.

Não podemos adivinhar o significado específico destas marcas, mas elas sugerem que os neandertais estavam a tornar-se mais imaginativos.

Mais tarde ainda, há cerca de 50 000 anos, surgiram os enfeites pessoais para complementar o corpo. Estes eram restritos a partes de corpos de animais – pingentes feitos de dentes de carnívoros, conchas e pedaços de ossos.

Estes colares eram semelhantes aos usados ​​na mesma época pelos Homo sapiens, provavelmente refletindo uma comunicação partilhada simples que cada grupo poderia entender.

A cultura visual Neandertal diferia da dos Homo sapiens? Provavelmente sim, embora não em sofisticação. Eles estavam a produzir arte não figurativa dezenas de milénios antes da chegada do Homo sapiens à Europa.

Mas era diferente. Ainda não temos evidências de que os neandertais produzissem arte figurativa, como pinturas de pessoas ou animais, que desde há pelo menos 37 000 anos era amplamente produzida pelos grupos de Homo sapiens que acabariam por os substituir na Eurásia.

A arte figurativa não é um distintivo de modernidade, nem a falta dela um indício de primitivismo. Os neandertais usaram a cultura visual de maneira diferente dos seus sucessores. As suas cores e ornamentos reforçavam mensagens uns sobre os outros através dos seus próprios corpos, em vez de representações de coisas.

Pode ser significativo que a nossa própria espécie não tenha produzido imagens de animais ou qualquer outra coisa até que os neandertais, denisovanos e outros grupos humanos tenham sido extintos. Ninguém tinha utilidade para isso na Eurásia biologicamente misturada de há entre 300 000 e 40 000 anos.

Mas na África estava a surgir uma variação deste tema. Os nossos primeiros antepassados usavam os seus próprios pigmentos e marcas não figurativas para começar a referir-se a emblemas partilhados de grupos sociais, como agrupamentos repetidos de linhas – padrões específicos.

A sua arte parece ter sido menos sobre indivíduos e mais sobre comunidades, usando sinais partilhados como aqueles gravados em pedaços de ocre na caverna de Blombos na África do Sul, como desenhos tribais. Etnias estavam a surgir e grupos – mantidos juntos por regras e convenções sociais – seriam os herdeiros da Eurásia.

ZAP // The Conversation» in https://zap.aeiou.pt/arte-antiga-abstrata-nao-foi-feita-por-nos-517763

Neanderthal Origin of Iberian Cave Art - (Science)

#história    #arqueologia    #arteneandertal

03/01/23

História e Arqueologia - Trabalhos de arqueologia realizados por especialistas do Laboratório de Arqueociências da Direção-Geral do Património Cultural permitiram identificar a presença do abutre-barbudo, há 29 mil anos, no Abrigo do Lagar Velho, no Vale do Lapedo, em Leiria.


«Encontrados vestígios da presença do abutre-barbudo há 29 mil anos no Vale do Lapedo

Trabalhos de arqueologia realizados por especialistas do Laboratório de Arqueociências da Direção-Geral do Património Cultural permitiram identificar a presença do abutre-barbudo, há 29 mil anos, no Abrigo do Lagar Velho, no Vale do Lapedo, em Leiria.

De acordo com resultados dos trabalhos de arqueologia, publicados na ‘Scientific Reports’ da edição de hoje da revista Nature, o abutre-barbudo (Gypaetus barbatus) terá vivido no Abrigo do Lagar Velho na mesma época de grupos de caçadores do Paleolítico Superior, nomeadamente há 29 mil anos.

A descoberta decorre dos trabalhos de arqueologia que continuam a ser realizados pelas especialistas Ana Cristina Araújo e Ana Maria Costa, da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), em colaboração com Joan Daura e Montserrat Sanz, da Universidade de Barcelona, em torno do local onde foi sepultada uma criança do Paleolítico Superior, que faleceu no decurso do seu quinto ano de vida.

Conhecida internacionalmente como o Menino do Lapedo, esta é a primeira e ainda única sepultura do Paleolítico Superior a ser identificada em Portugal.

De acordo com as especialistas da DGPC, a identificação da presença do abutre-barbudo, mais conhecido por quebra-ossos, foi feita através de fezes fossilizadas (coprólitos), tendo-se verificado que os coprólitos são “extremamente numerosos em toda a sequência sedimentar, incluindo em níveis com ocupação humana paleolítica”.

“Neste artigo é pela primeira vez descrito o excremento fossilizado de abutre-barbudo e proposto um novo morfotipo que poderá ser, a partir de agora, utilizado pelos investigadores de todo o mundo para a identificação desta ave no registo arqueológico. A caracterização dos coprólitos foi realizada a partir de estudos comparativos com excrementos de especímenes atuais e a partir de análises morfométricas e composição química”, explicaram as especialistas.

Para além da importância da identificação da presença destas aves no local há 29 mil anos, “as fezes fossilizadas são por si só importantes elementos de informação”.

“Estes dois excrementos são verdadeiras cápsulas de informação: o pólen ali armazenado, por exemplo, permite determinar quais as plantas (entre árvores, arbustos e ervas) que caracterizavam aquele espaço (a paisagem envolvente); as plantas, por sua vez, espelham condições climáticas específicas”, indicaram ainda Ana Cristina Araújo e Ana Maria Costa.

No entender das especialistas da DGPC, “conhecer os cenários ambientais é fundamental para compreender as opções/estratégias de sobrevivência das comunidades humanas e da sua relação com os animais, nomeadamente o abutre-barbudo, hoje extinto em Portugal e em grande parte da Europa”.

O artigo hoje publicado envolveu especialistas do Laboratório de Arqueociências da DGPC, assim como da Universidade de Barcelona, tendo as investigações contado com o apoio e colaboração do Município e Museu de Leiria, do Parque Nacional de Ordesa e Monte Perdido, do Centro de Rescate y Cría de Quebrantahuesos (CRIAH) e da Fundación para la Conservación del Quebrantahuesos (FCQ).» in https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/encontrados-vestigios-da-presenca-do-abutre-barbudo-ha-29-mil-anos-em-leiria

(O Quebra-ossos)

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31/12/22

História e Arqueologia - Os arqueólogos encontraram dezenas de peças de cerâmica intactas datadas do reinado do faraó egípcio Ramessés II e suspeitam que a caverna era usada para rituais fúnebres.


«“Como um filme do Indiana Jones”. Descoberta caverna com 3300 anos “congelada no tempo” em Israel

Os arqueólogos encontraram dezenas de peças de cerâmica intactas datadas do reinado do faraó egípcio Ramessés II e suspeitam que a caverna era usada para rituais fúnebres.

É a descoberta de uma vida. Uma equipa de arqueólogos em Israel, perto de uma praia no sul de Tel Aviv, encontrou uma caverna “excecional” esta terça-feira que foi fechada há 3300 anos para ser protegida dos olhares mais curiosos.

A caverna remota ao período dos antigos egípcios, durante o reinado do faraó Ramessés II, que governou entre 1279 e 1213 A.C. num território que se estendeu desde o Sudão até à Síria.

A descoberta foi feita por trabalhadores de construção com uma escavadora que acidentalmente irromperam pelo telhado da caverna. Foram depois chamados arqueólogos ao local que notaram que a caverna parecia estar “congelada no tempo”, com relíquias de bronze e cerâmica intactas. Estes objetos costumavam ser usados cerimónias fúnebres devido às crenças de que ajudavam os mortos no além.

Num comunicado, a Autoridade de Antiguidades de Israel (AAI) relata que foram encontradas dezenas de vasos de cerâmica, cálices, panelas, jarras e lanternas. Alguns dos artefactos não eram locais e tinham sido fabricados na Síria, Líbano e Chipre. A equipa vai analisar quaisquer vestígios orgânicos que possam existir nos vasos para tentar descobrir o que estes guardavam, escreve o Live Science.

“Esta é uma descoberta de uma vida. É extremamente raro encontrar um cenário de um filme de Indiana Jones — uma caverna com vasos intactos durante 3300 anos, desde o fim da Idade de Bronze”, revela Eli Yannai, arqueólogo da AAI.

Apesar de ter estado escondida e protegida durante todo este tempo, desde a sua descoberta, a caverna já terá sido assaltada, estando já a decorrer uma investigação para se tentar identificar quem são os invasores.

Há agora planos para uma escavação arqueológica e dezenas de académicos e especialistas de todo o mundo já manifestaram o seu interesse em integrar a equipa. Os cientistas pretendem descobrir mais informações sobre como funcionavam os rituais fúnebres do antigo Egipto.

Adriana Peixoto, ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/caverna-3300-anos-congelada-tempo-498838

(Digger unearths archaeological treasure from a burial cave in Israel | Latest World News | WION)

#israel    #telaviv    #história    #arqueologia    #faraóramessésII    #caverna

14/11/22

História e Arqueologia - Arqueólogos italianos descobriram 24 estátuas de bronze excecionalmente preservadas na Toscana, artefactos que acreditam remontar à Roma Antiga.


«Estátuas com dois milénios encontradas em Itália podem “reescrever a História”

Arqueólogos italianos descobriram 24 estátuas de bronze excecionalmente preservadas na Toscana, artefactos que acreditam remontar à Roma Antiga.

As estátuas foram descobertas no meio de lama sob as ruínas de umas antigas termas em San Casciano dei Bagni, uma cidade no topo de uma colina na Província de Siena, cerca de 160 km a norte da capital, Roma.

Representando Hígia, Apolo e outros deuses greco-romanos, as esculturas teriam cerca de 2.300 anos. E, de acordo com um especialista, estas descobertas podem “reescrever a História”.

A maioria das estátuas foram encontradas debaixo das termas, junto a aproximadamente 6 mil moedas de bronze, prata e ouro — supõe-se que os frequentadores atiravam os objetos à água como um gesto para atrair saúde e sorte —, com inscrições etruscas e latinas.

Elas datam de entre o século II a.C. e o século I d.C., um período de “grande transformação na antiga Toscana”, à medida que a região passou do domínio etrusco para o romano. Seriam, portanto, um importante testemunho da transição entre estes dois períodos.

Foi uma “era de grandes conflitos” e “osmose cultural”, no qual as termas poderiam ser consideradas um “refúgio único de paz multicultural e multilingue, cercado por instabilidade política e guerra”, de acordo com Ministério da Cultura italiano, citado pela agência de notícias Reuters.

“Mesmo em épocas históricas em que os conflitos mais terríveis estavam acontecendo lá fora, dentro dessas piscinas e nesses altares, os dois mundos, o etrusco e o romano, parecem ter coexistido sem problemas”, afirmou Jacopo Tabolli, professor da Universidade para Estrangeiros de Siena que lidera a escavação, ao jornal britânico The Guardian.

Tabolli indicou ainda que as estátuas foram imersas em águas termais numa espécie de ritual.

“Você oferece [as estátuas] para a água porque espera que a água lhe dê algo em troca”, observou.

Muitas das relíquias de bronze descobertas têm inscrições em latim e etrusco — e sugerem, de acordo com o jornal britânico The Telegraph, que o etrusco sobreviveu por muito mais tempo como língua viva do que se pensava anteriormente.

As esculturas, que foram preservadas pela água, serão levadas para um laboratório de restauração nas proximidades de Grosseto, antes de serem expostas num novo museu em San Casciano.

Massimo Osanna, diretor geral de museus estatais de Itália, disse que a descoberta foi a mais importante desde os Bronzes de Riace — e “certamente uma das descobertas de bronze mais significativas já feitas na história do antigo Mediterrâneo”.

Os Bronzes de Riace — descobertos em 1972 — retratam dois guerreiros antigos. Acredita-se que datam de por volta de 460-450 a.C.

ZAP // BBC» in https://zap.aeiou.pt/estatuas-podem-reescrever-historia-507505

(Nuove scoperte - Le statue di bronzo di San Casciano dei Bagni)

#história    #arqueologia    #roma

#bronzesderiace

#sancascianodeibagni

24/10/22

História e Arqueologia - Um estudioso acredita que o enigmático fresco do Túmulo do Mergulhador não representa aquilo que se pensava anteriormente.


«Mistério do fresco do Túmulo do Mergulhador pode ter sido resolvido

Um estudioso acredita que o enigmático fresco do Túmulo do Mergulhador não representa aquilo que se pensava anteriormente.

O Túmulo do Tuffator, também conhecido como Túmulo do Mergulhador, foi descoberto em 1969 na necrópole de Tempa del Prete, dois quilómetros a sul de Paestum, uma grande cidade de antiga Grécia, fundada há cerca de 2.600 anos. As suas ruínas ficam naquilo que é agora a cidade de Salerno, no sul de Itália.

O Túmulo do Mergulhador é semelhante aos túmulos gregos de Paestum, contendo um sarcófago em calcário com um fresco embutido na rocha. Este túmulo em específico foi construído com cinco grandes lajes de pedra, cada uma delas com um fresco.

Os frescos retratam um simpósio, um banquete e casais masculinos. No entanto, o fresco no teto tornou-se uma das obras artísticas mais estudadas da antiguidade – e talvez a mais perturbadora, escreve o El País.

O fresco retrata um menino nu a mergulhar de uma torre para um corpo de água. Os peritos não sabem ao certo o que representa. Também não se sabe quem é que está enterrado neste túmulo. Alguns historiadores sugerem que possa ter pertencido a algum mercador aposentado de origem etrusca, embora este revele uma forte influência grega na sua decoração, detalha a revista Fénix.

As dúvidas da sua origem mantém-se, no entanto. Uns dizem que é da civilização grega, enquanto outros argumentam que é de origem etrusca.

A figura do mergulhador tem sido associada às tradições religiosas e vista como uma representação metafórica da vida como intervalo entre o nascimento e a morte: o nascimento é o salto, a morte a água, explica o El País. A representação do suicídio também é uma possibilidade.

Este mergulho ritual poderá representar a alma do defunto que penetra nas águas do Okeanos, a matriz aquática universal.

Tonio Hölscher, professor emérito de Arqueologia Clássica na Universidade de Heidelberg, na Alemanha, é especialista em monumentos dos impérios grego e romano. No final do ano passado, Hölscher publicou o livro “The Swimmer of Paestum” (O Mergulhador de Paestum).

Na sua obra, Hölscher sugere uma teoria que pode desvendar o mistério por trás do fresco do Túmulo do Mergulhador. Ao contrário das ideias existentes, o especialista dissocia o fresco de qualquer simbolismo. Em vez disso, propõe que a imagem simplesmente descreva uma cena real: um jovem a saltar para a água.

“Os jovens eram a esperança da sociedade. No universo da Grécia Antiga, a beleza [era] não apenas um traço físico, mas também espiritual e ético; o corpo saudável e forte é belo e um instrumento de excelência humana”, explica Hölscher ao El País.

O autor sugere que o nadador de Paestum seja uma representação realista, “o que não implica uma trivialidade”. Pelo contrário, “é bastante significativo”.

“A opinião comum – até agora – era que o jovem simplesmente não saltou para o mar, mas fez uma transição da vida para a morte. O mar era a eternidade, etc., etc. Houve um consenso geral em torno dessa interpretação. Dizer que esta imagem era simplesmente um salto levou tempo a ganhar terreno, mas lentamente convenceu mais estudiosos”, acrescentou.

“O mergulho é, portanto, parte de um rito de passagem [de jovem para adulto]… mas não é uma metáfora, é uma imagem real de uma atividade social”, rematou.

Daniel Costa, ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/misterio-fresco-tumulo-mergulhador-503809

(A pintura mais antiga da Grécia Antiga - Tumba do Mergulhador | TOP 100 Arte #6)

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