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13/12/21

Santa Luzia - Mulheres e homens de Vila Real cumprem hoje a tradição de dar o pito, um doce típico de massa e abóbora que é vendido durante todo o ano, mas que ganha destaque nesta altura.



«Mulheres e homens de Vila Real cumprem hoje a tradição de dar o pito

Mulheres e homens de Vila Real cumprem hoje a tradição de dar o pito, um doce típico de massa e abóbora que é vendido durante todo o ano, mas que ganha destaque nesta altura.

Apesar de ser segunda-feira, dia de trabalho e de a pandemia ainda causar preocupação, foram muitos os que subiram ao recinto da capela de Santa Luzia, na localidade de Vila Nova, numa das entradas da cidade de Vila Real.

Lá em cima, algumas mulheres ocupam ‘stands’ com bancadas recheadas de pitos, o doce típico que protagoniza uma tradição popular que se repete todos os anos: a rapariga oferece o pito ao rapaz que, em fevereiro, retribui com a gancha.

Enquanto decorria a missa dentro da pequena capela, o casal Julieta e Mário Oliveira, de 74 e 75 anos, passaram pelos ‘stands’ para comprar pitos.

À agência Lusa contaram que fazem questão de cumprir a tradição, que consideram que “é engraçada”. Vieram da aldeia próxima de Carrazedo, em Ermida, e devia ser Julieta a comprar para oferecer a Mário, mas foi ele que pagou.

Agora, referiram, os doces são para dar também aos filhos, à nora e ao neto.

Susana Teixeira quis replicar a massa do pito de antigamente que guardava na memória de menina.

“Gostava de pitos e gostava muito de uns pitos que comia quando era criança e, por isso, comecei a tentar inventar, criar, tanto que esta massa é criação minha”, contou a produtora.

Já faz o doce ao longo de todo o ano e à Lusa disse que é um “extra” para o orçamento familiar.

Os dias que antecederam o 13 de dezembro foram de muito trabalho em casa de Susana Teixeira. Com a ajuda da mãe, irmã e dos filhos fez cerca de mil pitos e as vendas, apontou, estão a "correr bem".

“Foi trabalhar dia e noite”, frisou.

Questionada sobre quem são os seus clientes, Susana disse que os “mais velhos compram para manter a tradição” e que os “mais novos estão a comprar mais pela brincadeira de oferecer o pito”.

“E ainda bem, porque assim não se vai deixar morrer a tradição”, frisou.

Uma tradição que começou por ser religiosa e acabou, com o passar do tempo, por ter um cariz popular.

“Mais um ano, mais uma luta, mesmo com o vírus (novo coronavírus) a tradição não morreu. Já vendi mais de mil pitos e a cada ano estou a conseguir fazer mais, mas mesmo assim não chegam para as encomendas”, afirmou Maria José Seixas.

Cozinheira de profissão, por estes dias tira uns dias de férias para se dedicar à confeção do doce típico que representa um “dinheiro extra”.

Colhe a abóbora na sua horta para que o produto “seja o mais fresco possível”.

Aprendeu a receita com as mulheres mais velhas e já há mais de 20 anos que vende, recebendo muitas encomendas nos dias que antecedem 13 de dezembro e que vende no próprio dia, no recinto da capela.

“Faço questão de vir sempre aqui neste dia”, salientou.

Manuel Alves comprou uma dúzia de pitos para oferecer aos filhos, netos e aos sogros que já têm 87 e 92 anos.

“São eles que vão avaliar a qualidade do pito porque já conhecem melhor a tradição do que eu”, referiu.

Depois de 30 anos emigrado no Luxemburgo, Manuel Alves regressou a Vila Real há três e disse que tem aproveitado para reavivar as memórias da juventude.

O casal de septuagenários e Maria Elisa Teixeira e Joaquim une esforços lá e casa para fazer os doces típicos que hoje estão a vender em Vila Nova.

“Há para aí 50 anos que venho aqui neste dia. Tenho tido muitos clientes só que, agora, estamos no tempo da pandemia e abrandou um bocadinho”, referiu Maria Elisa.» in https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/mulheres-e-homens-de-vila-real-cumprem-hoje-a-tradicao-de-dar-o-pito

(Pito de Sta. Luzia - Vila Real)


«Santa Luzia

O nome de Santa Luzia deriva do latim e significa: Portadora da luz. Ela é invocada pelos fiéis como a protetora dos olhos, que são a “janela da alma”, canal de luz.

Ela nasceu em Siracusa, na Itália, no fim do século III. Conta-se que pertencia a uma família italiana e rica, que lhe deu ótima formação cristã, a ponto de ter feito um voto de viver a virgindade perpétua. Com a morte do pai, Luzia soube que sua mãe, chamada Eutícia, a queria casada com um jovem de distinta família, porém, pagão.

Ao pedir um tempo para o discernimento e tendo a mãe gravemente enferma, Santa Luzia inspiradamente propôs à mãe que fossem em romaria ao túmulo da mártir Santa Águeda, em Catânia, e que a cura da grave doença seria a confirmação do “não” para o casamento.

Milagrosamente, foi o que ocorreu logo com a chegada das romeiras e, assim, Santa Luzia voltou para Siracusa com a certeza da vontade de Deus quanto à virgindade e quanto aos sofrimentos pelos quais passaria, assim como Santa Águeda.

Santa Luzia vendeu tudo, deu aos pobres, e logo foi acusada pelo jovem que a queria como esposa. Não querendo oferecer sacrifício aos falsos deuses nem quebrar o seu santo voto, ela teve que enfrentar as autoridades perseguidoras. Quis o prefeito da cidade, Pascásio, levar à desonra a virgem cristã, mas não houve força humana que a pudesse arrastar. Firme como um monte de granito, várias juntas de bois não foram capazes de a levar (Santa Luzia é muitas vezes representada com os sobreditos bois). As chamas do fogo também se mostravam impotentes diante dela, até que por fim a espada acabou com vida tão preciosa. A decapitação de Santa Luzia se deu no dia 13 dezembro de 304.

Conta-se que antes de sua morte teriam arrancado os seus olhos, fato ou não, Santa Luzia é reconhecida pela vida que levou Jesus – Luz do Mundo – até as últimas consequências, pois assim testemunhou diante dos acusadores: “Adoro a um só Deus verdadeiro, e a Ele prometi amor e fidelidade”.


(SANTA LUZIA | SANTO DO DIA)

Cidade de Vila Real - Mas a verdadeira tradição é pagã e bem doce: as mulheres oferecem o doce de abóbora aos homens que, em fevereiro, vão ter de retribuir com uma "gancha" de São Brás – o rebuçado em forma de bengala.



«A tradição doce das festas de Santa Luzia

O doce de abóbora é um dos protagonistas desta tradição.

Celebra-se, esta segunda-feira, a Santa Luzia que, em Vila Real, é marcado pelos “pitos”. Segundo a tradição, as mulheres oferecem aos homens doce de abóbora.

A origem dos “pitos” é religiosa e perde-se no tempo. Mas a verdadeira tradição é pagã e bem doce: as mulheres oferecem o doce de abóbora aos homens que, em fevereiro, vão ter de retribuir com uma "gancha" de São Brás – o rebuçado em forma de bengala.

Na verdade, os doces são apreciados por todos. Rapidamente se vendem centenas de “pitos” numa das bancas à porta da capela de Santa Luzia.» in https://sicnoticias.pt/pais/2021-12-13-A-tradicao-doce-das-festas-de-Santa-Luzia-beebea97

(Vila Real cumpriu a tradição do dia de Santa Luzia)

(O pito e a gancha, tradições de Vila Real)


02/02/12

Vila Real - Depois de entregues, a 13 de dezembro, os respectivos “pitos” de Santa Luzia, chega a vez das “ganchas”, no dia 3 de Fevereiro, retribuírem o favor e fazerem jus à tradição!

(As Ganchas de S. Brás)


«Festa de São Brás: Hoje é dia de dar a gancha

Depois de entregues, a 13 de dezembro, os respetivos “pitos” de Santa Luzia, chega a vez das “ganchas”, no dia 3 de Fevereiro, retribuírem o favor e fazerem jus à tradição.

Segundo a sabedoria antiga, “a ‘gancha’ é a receita de São Brás para nos livrarmos do mal das goelas”, um santo que viveu entre os séculos III e IV na Arménia e que ficou conhecido por retirar com a mão um espinho da garganta de uma criança.

O doce de calondro dos famosos “pitos” é a medicação de Santa Luzia para a vista, e os “cavacórios” de São Lázaro servem para combater as bexigas, o último doce desta cadeia tradicional que termina por altura da Páscoa. Contudo, a tradição já não é o que era e torna-se cada vez mais raro ouvir alguém a cantar:


"Vou ao São Brás
De cu ó pra trás
Buscar uma gancha
Para o meu rapaz.


Vou ao São Brás
De barriga prá frente
Buscar uma gancha