«Rio, insulto, Ventura, Prigozhin: referências a Sá Carneiro nos últimos anos
Morte do então primeiro-ministro ocorreu há 44 anos. Recuperamos alguns dos momentos em que o seu nome apareceu nos últimos 4 anos.
Francisco Sá Carneiro morreu no dia 4 de Dezembro de 1980.
Completam-se nesta quarta-feira 44 anos desde a queda de avião mais famosa da história de Portugal: Sá Carneiro ia num avião com Adelino Amaro da Costa, Snu Abecassis, Maria Manuela Amaro da Costa e António Patrício Gouveia.
Sá Carneiro era primeiro-ministro, Amaro da Costa era ministro da Defesa. Morreram também as respectivas companheiras e o chefe de gabinete do primeiro-ministro.
O avião Cessna caiu em Camarate. Morreram todos. Incluindo os dois pilotos.
A investigação começou naquele dia e… ainda hoje há dúvidas. Há quem fale em acidente, e assunto encerrado; há quem garanta que foi um atentado – a Sá Carneiro ou a Amaro da Costa?
Nos 44 anos do seu falecimento no dia 4, recuperamos algumas menções a Sá Carneiro ao longo dos últimos 4 anos, que mostram como continua a ser mencionado, referência ou mesmo inspiração, dependendo do contexto.
Em 2020 estreou o filme Snu – que também passou na RTP – retrata a história romântica de Snu Abecassis e Francisco Sá Carneiro:
Em 2022, e numa altura em que Rishi Sunak se tinha tornado primeiro-ministro do Reino Unido, foi destacado o facto de os “baixinhos” dominarem parte da Europa: Sunak, Macron, Scholz, Putin e Zelenskyy. Ou, noutros tempos, Napoleão, Churchill e… Sá Carneiro.
No ano passado, quando Yevgeny Prigozhin morreu após a queda do avião onde seguia, foi quase imediato recordar Camarate.
Já no início deste ano, e repetindo uma sugestão de 2020, André Ventura citou Francisco Sá Carneiro: “Quero dizer-vos que sinto-me tão pronto hoje como sei que Sá Carneiro se sentia para ser primeiro-ministro em 1979. E estou tão pronto a dar a minha vida por este país. Como ele estava para transformar Portugal”.
Curiosamente, poucos dias depois, Rui Rio confessou que começou a ser militante do PSD para seguir Sá Carneiro: “Se o doutor Sá Carneiro tivesse ido para o Partido Socialista, eu ia para o Partido Socialista”.
Mais recentemente, no meio de uma discussão acesa sobre o 25 de Novembro, Francisco Assis (PS, ainda estava na Assembleia da República) disse que Bruno Vitorino (PSD) fez um “autêntico insulto à memória de Francisco Sá Carneiro“ – o deputado do PSD tinha dito, por exemplo, que só o 25 de Novembro é que “permitiu consolidar o caminho rumo a uma verdadeira democracia”, que o 25 de Abril só foi “consolidado” a 25 de Novembro e que “somos hoje livres” também por causa do 25 de Novembro.
Nesta quarta-feira, dia 4 de Dezembro, às 19h, o PSD e o CDS vão estar em duas missas evocativas de Francisco Sá Carneiro, Adelino Amaro da Costa e acompanhantes. Serão na Basílica da Estrela (Lisboa) e na Igreja Paroquial de Cristo Rei (Porto).
«Pandemia de Gripe de 1918: "Os coveiros tiveram de trabalhar mais 4 horas por dia"
No episódio de Histórias de Lisboa, Miguel Franco de Andrade conversa com a investigadora, Eunice Relvas, sobre os efeitos da pandemia de Gripe Pneumónica em Lisboa. Oiça aqui a entrevista
Agora que passam 5 anos sobre o primeiro caso oficial de Covid-19, olhamos para outra pandemia que teve um efeito devastador em Lisboa: a gripe pneumómica.
Quando a primeira vaga da gripe chegou à capital, entre maio e junho de 1918, já a Primeira Guerra Mundial assolava a Europa há mais de 4 anos. Lisboa era um verdadeiro barril de pólvora para a disseminação de doenças respiratórias: com uma população que tinha crescido de forma exponencial, muitos membros da mesma família - e não só - a viverem debaixo do mesmo teto, habitações insalubres, falta de condições de higiene ede alimentos que assegurassem uma nutrição adequada.
A população da cidade até estava acostumada a surtos de doenças, como o tifo, a tuberculose, a febre tifoide ou a varíola, mas segunda vaga da gripe, entre setembro e dezembro, foi dos episódios de maior mortandade da época. Muitas famílias tinham de enfrentar longas filas à chuva e ao vento para comprar os poucos alimentos disponíveis com as senhas de racionamento impostas pela situação de guerra na Europa.
Sem cura, sistema de saúde, medicamentos ou alimentos para ajudar a curar os convalescentes, os poucos hospitais da cidade começaram a encher-se de doentes. Em breve, serviços como os transportes, correios e telégrafos começavam a registar disrupções. Os mercados ao ar livre foram proibidos e apesar de nunca ter sido decretado qualquer confinamento, muitos teatros e animatógrafos foram obrigados a fechar portas.
Os bairros da cintura industrial da cidade foram os mais fustigados, numa doença que - ao contrário da Covid-19- afetava mais homens do que mulheres, e sobretudo os mais jovens. Muitos morriam em casa, sem meios económicos para consultar um médico. Em breve o número de mortos obrigava os coveiros, já exaustos, a trabalhar mais horas por dia; as oficinas da câmara de Lisboa fabricaram caixões para os mais pobres. Há quem defenda que o fim da guerra foi precipitado pela pandemia, e há também quem sustente que os contágios foram provocados pelas movimentações de tropas entre a Europa, Ásia e a América.
No episódio de Histórias de Lisboa, Miguel Franco de Andrade conversa com a investigadora, Eunice Relvas, sobre os efeitos da pandemia de Gripe Pneumónica em Lisboa. Oiça aqui a entrevista
Histórias de Lisboa é um podcast semanal do jornalista da SIC Miguel Franco de Andrade com sonoplastia de Salomé Rita e genérico de Nuno Rosa e Maria Antónia Mendes.
A capa é de Tiago Pereira Santos em azulejo da cozinha do Museu da Cidade - Palácio Pimenta.
(Uma imagem grafito do rei D. Manuel I identificada pelo investigador Alfredo Pinheiro Marques nas Capelas Imperfeitas no Mosteiro de Santa Maria da Vitória da Batalha)
«Identificado retrato do rei mais célebre e rico da História de Portugal em grafito no Mosteiro da Batalha
O investigador Alfredo Pinheiro Marques identificou o rei D. Manuel I (1469-1521) num grafito nas Capelas Imperfeitas, no Mosteiro da Batalha, apontando as feições, o cabelo, a boina e respetiva joia, visíveis noutra iconografia do monarca.
“Fui encontrar essa imagem num dos livros que existem publicados sobre grafitos do Mosteiro da Batalha, do autor Orlindo Jorge, (…) e no meio deles havia este absolutamente invulgar”, afirmou à agência Lusa Alfredo Pinheiro Marques.
Segundo o historiador, “quer em termos fisionómicos, quer de uma série de adereços que tem, percebe-se que é a mesma figura daquilo que até agora era conhecido do rei D. Manuel I”.
Alfredo Pinheiro Marques tinha identificado, em maio de 2021, a figura do rei D. Manuel I num painel no Museu Nacional Grão Vasco, em Viseu. A identificação do grafito ocorreu em março.
“Uma simples semelhança fisionómica não é suficiente para que possamos fazer identificações destas”, ressalvou o especialista em História da Cartografia e dos Descobrimentos, salientando, no caso deste grafito, que é “mais do que isso”, como o “corte de cabelo em redondo sobre a testa, que é muito característico”, e a boina.
Referindo que “as imagens até agora seguras de que havia do rei D. Manuel são duas iluminuras no Arquivo Nacional da Torre do Tombo” e têm “sempre essa boina” com “uma joia que é inconfundível”, o também diretor do Centro de Estudos do Mar, sediado na Figueira da Foz (Coimbra), precisou que “permite fazer uma identificação, sem dúvida, porque a joia é sempre a mesma”.
“Além disso, a boina tem uma espécie de orla lateral”, observou o investigador, realçando que “a situação é de facto extraordinariamente sensacional, porque não é habitual que do rei mais célebre e mais rico da História de Portugal só houvesse estas pequenas imagens dele, das iluminuras ou as da escultura”, estas no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
Alfredo Pinheiro Marques destacou ainda as feições, exemplificando com o nariz – “batatudo na ponta” – e os lábios, e o queixo duplo que “já que se vê que é de idade mais avançada”.
“Mas, de facto, o feitio da boca e dos lábios, quer do lábio superior, quer de inferior, é o mesmo, portanto são feições muito características individuais”, sublinhou.
Assumindo que esta matéria “vai, certamente, ser de grande discussão e de grande sensação na História da Arte Portuguesa, porque é uma imagem coeva”, o historiador realçou que se percebe que “é um retrato pessoal do que se chamava, na altura, tirada do natural, significa, portanto, ‘à vista, de alguém que viu'”.
Por outro lado, o investigador observou ser “invulgar que um grafito tenha uma qualidade tão grande”.
“A hipótese que pode ser posta é de que quem o tenha feito não seja um pedreiro normal das obras e, sim, algum mestre ou de cantaria ou de vidraçaria“, declarou, notando que o grafito “está a cerca de dois metros e meio de altura”, pelo que “não é muito acessível” e “passou despercebido”.
De acordo com Alfredo Pinheiro Marques, “tratar-se-á, de facto, de um esboço a carvão que impregnou de tal maneira na pedra que sobreviveu”.
O Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha (Leiria), resultou do cumprimento de uma promessa feita pelo rei D. João I, em agradecimento pela vitória na Batalha de Aljubarrota, travada em 14 de agosto de 1385, que lhe assegurou o trono e garantiu a independência de Portugal.
«A mítica espada desaparecida de D.Dinis foi desenterrada do seu túmulo
O túmulo de D.Dinis, no mosteiro de Odivelas, continua a revelar segredos. Durante os trabalhos de restauro do túmulo, que foi aberto em maio de 2019, foi descoberta a espada do rei que ficou conhecido como O Lavrador. E a mítica espada, há longo tempo desaparecida, foi agora desenterrada.
A espada do rei D.Dinis de Portugal, descoberta em 2020 durante os trabalhos de restauro do seu túmulo, no Mosteiro Mosteiro de São Dinis e São Bernardo, em Odivelas, foi esta segunda-feira desenterrada, numa operação delicada que foi acompanhada pela RTP.
A espada encontrava-se do lado direito do rei, e “estava de alguma forma escondida pelos panejamentos”, conta à estação de televisão a arqueóloga Maria Antónia Amaral, coordenadora do projeto Estudo D.Dinis e diretora do Castelo de S.Jorge.
“Nós não sabíamos que íamos encontrar esta espada“, explica Maria Antónia Amaral. O túmulo já tinha sido anteriormente aberto, em 1938, mas na altura a espada manteve-se escondida dos olhos dos investigadores e permaneceu por descobrir.
A descoberta “é de uma importância imensa”, diz a arqueóloga ao Público. “São raríssimas as espadas régias. Há pouquíssimas no contexto europeu e no contexto português, sobretudo encontradas in situ“.
“Há algumas espadas que estão associadas a reis, como a de D. João I, mas não temos a certeza absoluta. Aqui temos“, acrescenta.
Pouco antes de morrer, D. Dinis, o rei Lavrador, expressou em testamento a vontade de ser sepultado não em Alcobaça, lugar de repouso tradicional dos nossos reis, mas no Mosteiro de Odivelas, por si apadrinhado.
Ninguém sabe por que razão decidiu D. Dinis ficar longe da sua Santa rainha, Isabel de Aragão, que está sepultada no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, em Coimbra.
O rei repousa assim há 700 anos em Odivelas, numa magnífica sepultura, sob arcadas góticas, rodeado de monges cistercienses e monjas em pose, mas a sua espada, com a qual teria sido enterrado, há muito tinha desaparecido, contava o Observador em 2016, antes do início dos trabalhos de restauro do túmulo.
A descoberta da espada com que o rei foi sepultado é de enorme importância, realça Maria Antónia Amaral, não só porque porque a espada está datada, também por ser “uma peça valiosíssima termos da história da arte, da história, da arqueologia. E porque é a espada do rei, símbolo máximo do poder militar“.
O túmulo, seriamente danificado pelo terramoto de 1755, foi o primeiro de um monarca português a receber autorização do próprio Papa para ser colocado dentro de uma igreja e não num espaço anexo, como era hábito.
D. Dinis de Portugal, O Lavrador de cognome, nasceu em Lisboa, a 9 de outubro de 1261. Foi Rei de Portugal e do Algarve de 1279 até à sua morte, em Santarém, a 7 de janeiro de 1325. Era o filho mais velho do rei Afonso III e sua segunda esposa Beatriz de Castela.
O Castelo de Penha Garcia recebe, nos próximos dias 3 e 4 de setembro, o evento "Dias Templários".
"Dias Templários" é um evento ao ar livre que traz uma recriação histórica, tertúlias e um acampamento militar templário ao Castelo de Penha Garcia, em Idanha-a-Nova. Durante dois dias, haverá esgrima histórica, arco e besta, mostra de ofícios, dança medieval e mostra de produtos locais.
A organização é da Associação Ordem dos Pobres Cavaleiros do Templo de Jerusalém (OPCTJ) e da Associação Thomar Honoris (ATH), em parceria com a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova e a Junta de Freguesia de Penha Garcia.
O hastear da bandeira templária é às 12h30 de sábado, dia 3, prolongando-se o evento até às 15h30 de domingo.
Na tarde de sábado, às 16h00, destaque para a tertúlia na Gruta da Lapa, junto ao Castelo Templário. Com moderação de Manuel Furtado Mendes, diretor do Museu da Ordem dos Templários, participam Paula Pinto Costa e Joana Lencart, investigadoras do CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar “Cultura, Espaço e Memória” da Universidade do Porto.
Em comunicado, a Câmara de Idanha-a-Nova explica que é seu propósito levar o evento “Dias Templários” a diferentes localidades onde a história e o património se cruzam com a Ordem do Templo, contribuindo para a consolidação da marca Templários e, assim, para o desenvolvimento do turismo em Portugal.» in https://viagens.sapo.pt/viajar/noticias-viajar/artigos/penha-garcia-vai-viver-dias-templarios
«Brasil pediu oficialmente a Portugal trasladação do coração de D. Pedro
O embaixador brasileiro George Prata, um dos coordenadores das comemorações do bicentenário da independência do Brasil, disse segunda-feira que o governo do seu país já enviou um pedido oficial a Portugal para a trasladação do coração de D. Pedro.
Questionado pela Lusa sobre se o pedido oficial para a trasladação do coração do monarca já tinha sido feito pelo governo brasileiro ao Executivo português, George Prata respondeu: “Sim, já.”
Até agora, só existiam contactos preliminares com as autoridades locais guardiãs do coração, a Irmandade de Nossa Senhora da Lapa e a Câmara Municipal do Porto, como explicou o diplomata no início de maio em declarações à Lusa.
“Temos ainda uma expectativa de que o coração possa vir. Seria bom para a comemoração conjunta do Brasil e Portugal do bicentenário”, porque D. Pedro foi “uma personalidade importante para os dois lados”, frisou o embaixador.
Agora, o Brasil aguarda pelos resultados da avaliação técnica ao coração, que está a ser feita pela Faculdade de Medicina do Porto, acrescentou.
O rei D. Pedro I do Brasil e D. Pedro IV para Portugal foi o monarca que conduziu o Brasil, antiga colónia portuguesa, à independência e cujo corpo se encontra na cidade brasileira de São Paulo.
Segundo George Prata, que falou à Lusa, por telefone, a partir do Brasil, “todos [as autoridades portuguesas] tem manifestado muito boa vontade e estão prontos a examinar com muita atenção o pedido brasileiro”.
Mas, “a Irmandade [de Nossa Senhora da Lapa, no Porto, guardiã do coração] pediu uma avaliação técnica à Faculdade de Medicina do Porto para saber das verdadeiras condições do coração e se ele pode ser efetivamente trasladado temporariamente para o Brasil” sem sofrer danos, adiantou.
A preocupação tem a ver com o estado de conservação do coração do rei.
“Por isso, a irmandade pediu esse lado técnico. Agora, tem de se esperar o resultado desse lado técnico, para se saber se é possível o coração vir para o Brasil”, explicou.
O embaixador, aquando da sua visita a Portugal, em fevereiro último, fez os contactos nesse sentido com a Câmara Municipal do Porto e com a Irmandade de Nossa Senhora da Lapa, guardiões do coração de D. Pedro, que se encontra na Igreja da Lapa, naquela cidade.
«Imaculada Conceição rege Portugal desde 1646. Depois de D. João IV, coroa real apenas voltou a ser colocada na cabeça de Nossa Senhora
O dia 8 de dezembro é feriado religioso em Portugal, assinalando o dia da Imaculada Conceição, padroeira nacional, mas para muitos é desconhecida a história que começou em 25 de março de 1646, com D. João IV.
Rei profundamente devoto, o monarca consagrou os “Seus Reinos e Senhorios” a Nossa Senhora da Conceição, representada numa escultura existente na igreja que, séculos antes, Nuno Álvares Pereira mandara construir em Vila Viçosa, em agradecimento por Nossa Senhora ter ouvido as suas preces nas batalhas dos Atoleiros (1384), Aljubarrota (1385) e Valverde (1386).
Naquele longínquo 25 de março de 1646, D. João IV colocou a sua própria coroa na imagem de Nossa Senhora da Conceição, como agradecimento por ter recuperado a independência de Portugal face aos espanhóis.
Além de padroeira, Nossa Senhora da Conceição foi elevada a rainha de Portugal e, a partir de então, mais nenhum rei ou rainha portugueses usaram coroa na cabeça. A coroa real, nalgumas circunstâncias, surgia colocada sobre uma almofada ao lado do monarca.
“Nos quadros, nos diversos reinados, vamos encontrar sempre a coroa ao lado do rei ou da rainha. Isto é um significado de despojamento e de entrega, sobretudo de um homem [D. João IV], que era particularmente devocionado para o culto da Virgem Maria. Isso cumpre-se numa tradição do rei e, de certa forma, é transmitida também na tradição popular”, disse o historiador Carlos Filipe, presidente do Instituto da Padroeira de Portugal para os Estudos da Mariologia (IPPEM).
A partir de 1910, “esse significado perde-se, porque a monarquia extingue-se, é substituída pela república, embora a república nunca tivesse retirado este título muito próprio dos portugueses: Rainha de Portugal enquanto Padroeira”, acrescentou.
Para Carlos Filipe, “nos diversos momentos políticos e sociais ocorridos na história [de Portugal] mais recente, manteve-se este título” e nunca foram encontrados relatos no sentido “de outra ideia ou de um afastamento relativamente a esta causa muito nobre do rei D. João IV”.
O IPPEM, a que preside, promete não deixar cair no esquecimento esta página da história de Portugal e, enquanto instituto civil, assume uma matriz essencialmente cultural, “procurando, de certa forma, representar todos aqueles que se reveem no aprofundar do conhecimento sobre o culto à Virgem”.
Para assinalar os 375 anos – que se cumpriram em 2021, mas que a pandemia não permitiu que fossem devidamente comemorados -, o IPPEM, com sede em Vila Viçosa, em cooperação com o Santuário de Fátima, promove o congresso “Mulher, Mãe e Rainha. Nos 375 anos da Coroação de Nossa Senhora da Conceição como Padroeira de Portugal”, de 24 e 26 de março, em Fátima, e no dia 27, naquele concelho alentejano.
Segundo Carlos Filipe, presidente do IPPEM, o congresso “pretende ser um espaço de diálogo, de conhecimento e de transmissão desse mesmo conhecimento”, esperando-se um “encontro académico, mas também cultural, em que as temáticas que vão ser abordadas confluem sobre o conhecimento da Virgem enquanto padroeira de Portugal”.
Entre os séculos XVII e XX, o culto de Nossa Senhora da Conceição teve “uma enorme expressão” em Portugal, com Carlos Filipe a reconhecer que, primeiro o Santuário do Sameiro, e, depois, os acontecimentos da Cova da Iria em 1917, terão contribuído para uma diminuição desse culto, com a pujança de Fátima a afirmar-se no panorama religioso nacional e, posteriormente, internacional.
Não obstante esta circunstância, o presidente do IPPEM, recorrendo ao título do congresso – “Mulher, Mãe e Rainha” – afirma que ali se encontram “razões acrescidas para que seja aprofundado o conhecimento sobre o culto da Virgem, mas também nestas diversas expressões que Portugal tem nas suas tradições religiosas em cada uma das regiões do país”.
“O santuário de Vila Viçosa sempre cumpriu uma tradição desde o século XVII. Há variadíssimos relatos de peregrinações que se organizavam, tendo boa parte tido expressão significativa, expressão de multidão, já no decorrer do século XX, durante o Estado Novo”, afirmou Carlos Filipe à agência Lusa, acrescentando que um certo “apagamento” de Vila Viçosa terá resultado de uma opção da “própria Igreja” pelo Sameiro, em Braga.
“O Sameiro passou a ter uma expressão significativa a partir do dogma, portanto na segunda metade do século XIX [em 1854, pelo Papa Pio IX], e essa expressão foi, digamos, de investimento da própria Igreja”, sublinhou Carlos Filipe.
Apesar desta diminuição, “Vila Viçosa sempre foi um lugar de peregrinação daqueles que mais se aproximam pela sua geografia. E embora seja um título muito ligado à monarquia, ao rei, não deixou de ter este significado durante a República. O 08 de dezembro é um dia particular, é um dia preenchido, mas houve outras experiências, nomeadamente as iniciadas com D. Manuel da Conceição Santos [antigo arcebispo de Évora]”, com grandes peregrinações nos anos 30 do século XX e que continuaram até 1975.
Também com “o facto de Fátima ser o acontecimento internacional que ocorre a partir dos anos 20 do século passado, e que se torna num processo mundial, é evidente que Vila Viçosa perde alguma influência, mas continua a ser viva a experiência popular, continua a manifestar-se”.
Agora, o presidente do IPPEM tem esperança de que Vila Viçosa “passe a ter outra amplitude a partir deste congresso, cujos temas são muito interessantes, transversais, atualizados às realidades de hoje”.
“Estou convencido de que o facto de ser um encontro entre os saberes nas diversas áreas das ciências vai permitir transmitir isto para a opinião pública e para a tradição popular”, acrescentou Carlos Filipe.
«ASTROLÁBIO PORTUGUÊS, USADO NA EXPEDIÇÃO DE VASCO DA GAMA, É O MAIS ANTIGO DO MUNDO Astrolábio de expedição de Vasco da Gama entra para livro Guinness World Record como sendo o mais antigo do mundo. O instrumento de navegação foi descoberto há cinco anos ao largo de Omã, no local onde, supostamente, duas naus terão naufragado, em 1503. No entanto, só agora ficou provado que o astrolábio foi fabricado entre 1496 e 1501. O instrumento de navegação foi utilizado pela armada portuguesa na segunda expedição de Vasco da Gama à Índia. Aportadas perto da pequena ilha de Al Hallaniyah, a poucos quilómetros do litoral de Omã, na Península Arábica, as naus Esmeralda e São Pedro afundaram em 1503 após uma forte tempestade. O astrolábio, de 175 mm de diâmetro com 344 gramas, foi um dos artefactos mais importantes recuperados a partir dos destroços do Esmeralda. Os astrolábios foram usados pela primeira vez no mar numa viagem portuguesa pela costa oeste da África em 1481. Depois disso, foram utilizados para navegação durante as mais importantes explorações do final do século XV, incluindo aquelas lideradas por Bartolomeu Dias, Cristóvão Colombo e Vasco da Gama. São considerados os mais raros e mais apreciados artefactos que podem ser encontrados em antigos naufrágios.» in https://viagens.sapo.pt/viajar/noticias-viajar/artigos/astrolabio-portugues-usado-na-expedicao-de-vasco-da-gama-e-o-mais-antigo-do-mundo
«Historiador afirma que Fernão Magalhães "jamais pensou em dar a volta ao mundo" e defende um Museu dos Descobrimentos O historiador Luís Filipe Thomaz afirma, no seu mais recente livro, que Fernão Magalhães "jamais pensou em dar a volta ao mundo" e questiona, "porque não um museu dos Descobrimentos?", a construir em Lisboa. O investigador, que coordenou o Instituto de Estudos Orientais da Universidade Católica Portuguesa, de 2002 a 2011, publicou um livro que se divide em dois ensaios: “O Drama de Magalhães e a Volta ao Mundo Sem Querer” e “Um Museu dos Descobrimentos Porque Não?”, publicado pela Gradiva. Sobre o Museu dos Descobrimentos, que vai estar em debate na sessão extraordinária da Assembleia Municipal de Lisboa, na terça-feira, afirma o historiador: “Um museu vale pelo que contém e pelo modo como o tem exposto” e prossegue: “Organizar um museu não siginifica aprovar moralmente o que nele se expõe”. Neste sentido, argumenta Thomaz, que existem museus sobre a Inquisição, em Cartagena das Índias, na Colômbia, sobre o “terror dos khmers vermelhos” no Camboja, e refere a musealização do campo de concentração, edificado pelo regime nazi, em Auschwitz, no sul da Polónia. O investigador escreve ainda que a Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses funcionou durante mais de dez anos e “ninguém protestou”, justificando em seguida: “Talvez porque a Comissão distribuía em profusão apoios a projetos, bolsas de estudos e outros subsídios, e não era conveniente arreliar a galinha que tais ovos de ouro punha…”. Thomaz discorda do termo “Museu das Descobertas”, por “Descobertas” ser um galicismo, e porque “conota a passividade de cousa achada, ao passo que descobrimentos é um ‘nomen actionis’, ativo e, se se quiser interativo”. Por isso, defende antes um Museu dos Descobrimentos. Sobre esta questão argumenta que, “se os portugueses puderam no curto espaço de aproximadamente um século explorar o [oceano] Atlântico, da Gronelândia à ilha de Tristão da Cunha, e ainda o Índico e os mares que lhe são adjacentes, foi porque possuíam uma tecnologia e uma arte de navegar adequadas, fruto da assimilação do legado de civilizações mais antigas”, dos gregos aos árabes, judeus, normandos e “até chineses”.
Os portugueses, escreve, "não inauguraram o Paraíso na Terra; mas deram origem ao mundo moderno tal como o temos, com defeitos e virtudes inerentes a toda a construção humana". Para o autor, que apresentou, em 1965, uma tese de licenciatura sobre “Os Portugueses em Malaca no século XVI”, “como todas as grandes transformações históricas, os Descobrimentos acarretaram, de facto sofrimentos para muita gente, através de efeitos laterais que vão da intensificação da escravatura à difusão da sífilis americana no Velho Mundo, passando pela da varíola no Novo”. O investigador defende que um Museu dos Descobrimentos, em Lisboa, “seja feito com conhecimento de causa e sem exageros nacionalistas”, e que “servirá para mostrar aos que nos vistam que, antes de reduzirmos ou de nos reduzirem a mero subúrbio da Europa, éramos mais que uma nação de pasteleiros (…), e que, por conseguinte, o nosso papel na História Universal se não reduz a fabricar pastéis de nata, para regalar nativos e turistas…”. Quanto à viagem de circum-navegação encetada por Fernão Magalhães, há 500 anos, segundo o historiador, “apenas teve lugar porque ele pereceu no decurso da viagem que planeara” e ao regressar pela rota do cabo da Boa Esperança, controlada pelos portugueses, a nau “Victoria”, a única sobrevivente das cinco que tinham partido do sul de Espanha, efetivou a viagem à volta do mundo que não foi mérito seu, nem o de provar a esferecidade do globo terrestre, "em seu tempo conhecida havia já bem 2.000 anos, pois fora afirmada por Pitágoras". O mérito do navegador português, ao serviço da coroa espanhola, foi "ter atravessado à primeira tentativa a imensidão do [oceano] Pacífico, até aí inexplorado". A viagem, defende Luís Filipe Thomaz, foi “destinada a provar que as ilhas de Maluco não recaíam no hemisfério reservado a Portugal pelo tratado de Tordesilhas” celebrado por Espanha e Lisboa, em 1494, que “dividiu” o mundo em dois hemisférios de domínio dos mares e terras alcançadas, entre os dois reinos. Escreve o investigador que o rei de Espanha, Carlos I, nas “capitulações” que celebrou com Magalhães o proibia “expressamente [de] intrometer-se por qualquer forma que fosse no hemisfério” sob domínio português, o que só foi possível porque, no regresso, Fernão Magalhães tinha já morrido e oficialmente não se quebrava o que tinha selado com o rei espanhol, pois nenhum dos monarcas “tinha interesse em quebrar essa harmonia” ibérica, confirmada “uma vez mais em 1518 pelo casamento do rei D. Manuel [I, de Portugal], com uma irmã de Carlos”, eleito em 1519 imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Para o historiador, Magalhães destaca-se por ter navegado além do rio da Prata, na América do Sul, e depois aportar ao atual arquipélago das Filipinas, que designou como de S. Lázaro. “A bem dizer, objetivamente falando, [Magalhães] apenas descobriu a costa entre o rio do Infante (…) e o cabo das Correntes, perto de Inhambane [atual Moçambique], no Oceano Índico”, afirma.» in https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/historiador-afirma-que-fernao-magalhaes-jamais-pensou-em-dar-a-volta-ao-mundo-e-defende-um-museu-dos-descobrimentos
«O Nome dos Lugares: Praça Martim Moniz Conheça melhor os nomes dos lugares que frequenta. Reza a lenda que, durante a conquista de Lisboa aos mouros em 1147, foi graças ao sacrifício de um homem que os soldados encabeçados por D. Afonso Henriques puderam triunfar. Apercebendo-se que uma das portas da muralha estava aberta, esse cavaleiro, chamado Martim Moniz, usou o seu corpo para impedir que ela se fechasse. Ficou esmagado, mas com isso permitiu a entrada dos cristãos, que puderam assim penetrar na defesa e tomar a cidade. A praça, que mantém a configuração já desde antes do terramoto, foi alvo de intervenções profundas, e nem sempre felizes, na década de 1980. O desenho atual, marcado pelos repuxos, data de 1997.» in https://sol.sapo.pt/artigo/576969
«Encontrado na Namíbia navio português carregado com ouro Bens encontrados no navio valem 11,4 milhões de euros. ‘Bom Jesus’ naufragou em 1533 quando ia a caminho da Índia. Foi descoberto na costa da Namíbia um navio português carregado de ouro. O ‘Bom Jesus’ naufragou em 1533 quando estava a caminho da Índia e manteve-se no fundo do mar até aos dias de hoje. Segundo a Fox News, trata-se de um dos navios naufragados mais importantes de sempre. Foi encontrado no decorrer dos trabalhos de drenagem de uma lagoa artificial na Namíbia e, ao sexto dia de exploração, foi descoberta uma particularidade que faz deste um caso ainda mais inusitado: o navio estava carregado de ouro. Dentro de um enorme baú os exploradores encontraram moedas em ouro espanholas e portuguesas, estanho, presas de marfim e lingotes de cobre. Tudo isto avaliado em aproximadamente 11,4 milhões de euros. Todos os bens encontrados ficarão na posse do governo da Namíbia. Trata-se de um navio que pertenceu ao Rei de Portugal e que é, portanto, uma embarcação do Estado. Nestes casos, os bens devem ficar na posse do país de origem. Mas, segundo a Fox News, o Governo português terá renunciado a esse direito.» in https://www.noticiasaominuto.com/pais/603026/encontrado-na-namibia-navio-portugues-carregado-com-ouro?&utm_medium=social&utm_source=facebook.com&utm_campaign=buffer&utm_content=geral
(Diamond miners in Namibia find 500-year-old shipwreck loaded with £9m of gold)
«Carta de Cristóvão Colombo sobre descoberta do Novo Mundo foi recuperada As autoridades italianas apresentaram nesta quarta-feira em Roma uma carta escrita por Cristóvão Colombo em 1493, roubada de uma biblioteca de Florença e vendida nos Estados Unidos, na qual o navegador anunciava a descoberta de um "Novo Mundo", um documento excepcional e de imenso valor histórico. O documento foi recuperado após uma complexa operação coordenada pelos Carabinieri (polícia italiana) para a Tutela do Património Cultural, um órgão especializado que defende um imenso património histórico. A operação envolveu especialistas, historiadores, diplomatas e autoridades de vários países. O precioso documento, de acordo com os investigadores, foi vendido em 1992 num leilão nos Estados Unidos e adquirido por um fundo privado que o doou à Biblioteca do Congresso americano, que acabou por devolvê-lo a Itália. "Em 1992, a carta original pertencente à Biblioteca Riccardiana de Florença, de valor estimado em cerca de um milhão de euros, foi vendida por uma casa de leilões a um particular que a doou ao Congresso dos Estados Unidos", explicou em conferência de imprensa o comandante dos carabinieri Mariano Mossa. "Esta importante carta de Colombo relata a descoberta de um Novo Mundo e é dirigida aos reis de Espanha e impressa em 1493 em Roma. Foi roubada em época indeterminada da biblioteca Riccardiana de Florença, e agora regressa para fazer parte do nosso património", declarou satisfeito. O anúncio contou com a presença do ministro italiano da Cultura, Dario Franceschini, e do embaixador dos Estados Unidos, John R. Phillips. A história dum documento único e um roubo 'muito sofisticado' "É a história de um roubo muito sofisticado. Foram feitos muitos estudos e verificações. E durante anos não se sabia que havia duas cópias do documento original", disse Franceschini. O documento regressará à biblioteca Riccardiana de Florença após quatro anos de investigações na sequência de uma denúncia apresentada pelo diretor da Biblioteca Nacional de Roma, de onde foram roubados diversos volumes de livros antigos que estavam a ser classificados. "É um acto simbólico que sela a amizade entre Itália e os Estados Unidos", disse o embaixador Phillips. A "viagem" incomum da valiosa carta entre os dois continentes serve não só para denunciar o tráfico milionário de obras de arte e livros históricos, mas também constitui um exemplo de colaboração entre a Itália e os Estados Unidos. A carta original escrita em espanhol foi perdida, mas as cópias traduzidas semanas mais tarde em latim e impressas em 1493 por Stephan Plannck foram assinadas pelo próprio Colombo, que tinha promovido a sua publicação como forma de proteger os seus interesses. A descoberta da América, tornada pública em 1493 por cartas, das quais foram fabricadas muitas falsas, foi uma descoberta que mudou a história da humanidade e que continua a suscitar interesse. "Nessa carta, Colombo anunciava aos reis da Espanha a descoberta do que ele acreditava serem as Índias Ocidentais, ilhas sobre o Ganges, e que na realidade eram a América. Informava sobre a descoberta, resumia a viagem, os problemas com a bagagem e os povos encontrados", segundo o diretor da biblioteca de Florença, Silvano Stacchetti. O objetivo era "persuadir os reis a financiar novas expedições", acrescentou. A carta de Colombo era preservada em Florença com um grupo de 42 cartas originais e foi substituída por uma falsificação, muito parecida com a original, que foi exibida ao público junto com a original.» in http://24.sapo.pt/article/sapo24-blogs-sapo-pt_2016_05_18_1120828949_carta-de-cristovao-colombo-sobre-descoberta-do-novo-mundo-foi-recuperada
«Exposição da "Carta de Pêro Vaz de Caminha" é inaugurada em Belmonte
A exposição da "Carta a El-Rei Dom Manoel sobre o achamento do Brasil", de Pêro Vaz de Caminha, é hoje inaugurada na Sala Pedro Álvares Cabral, no castelo de Belmonte, na Beira Baixa.
Esta é a primeira vez, em Portugal, que a Carta é exposta ao público, fora da Torre do Tombo, em Lisboa, tendo sido escolhida a vila de Belmonte, no distrito de Castelo Branco, leste de Portugal, por ser a terra natal de Pedro Álvares Cabral, que capitaneou a esquadra que atingiu a costa brasileira, em abril de 1500.
A "Carta de Pêro Vaz de Caminha" é um documento classificado como património nacional, inscrito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), no Registo da Memória do Mundo, que apenas saiu uma vez de Lisboa, para o Brasil, no âmbito das comemorações do 5.º centenário do seu descobrimento.
Em comunicado, o Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT), a cujo espólio pertence o manuscrito, afirma que este documento "assinala um momento singular da História".
"A exposição [que estará patente até 26 de outubro] pretende fazer um contraponto entre o caráter efabulatório da cartografia pré-era dos Descobrimentos e o levantamento exaustivo efetuado pelos portugueses, nas suas incursões por territórios mais ou menos conhecidos, como África ou as Índias Orientais e, depois, no Novo Mundo, do qual o relato de Pêro Vaz de Caminha é o momento inaugural", segundo a mesma fonte.
A exposição irá dividir-se em dois espaços: uma instalação visual, da dupla italiana Carnosvky, que evoca imaginários da época, e uma instalação sonora de Sílvio Rosado, de ilustração da carta, ambas com o objetivo de contextualização do documento.
"A instalação presente no primeiro espaço, ao qual se acede a partir do terraço do castelo, é a iluminação perfeita face a esse imaginário das descobertas e à perceção da transformação de um mundo considerado imutável, num mundo em mudança, no exato momento em que se vão conhecendo os seus verdadeiros limites físicos", explica a mesma fonte.
Recriado para esta exposição, o trabalho da dupla italiana Carnosvky resulta numa instalação visual, onde toda uma iconografia de mapas, seres e realidades imaginadas emerge através de um dispositivo de cores, Vermelho, Verde e Azul.
Esta área "é ilustrada com imagens que remetem para o imaginário medieval e dos bestiários, em três planos sobrepostos, que se distinguem sucessivamente graças ao uso de diferentes luzes".
O segundo espaço, reservado à leitura da Carta, alarga-se através da sonoplastia realizada por Sílvio Rosado, que funciona "como tapete sonoro da exposição, espécie de 'áudio-guia' de uma viagem e de uma descoberta, em que foram protagonistas os alunos mais pequenos da Escola de Música de Belmonte".
Nesta zona "privilegia-se a descrição e a palavra em detrimento da imagem, sendo a carta contextualizada através das peças dos séculos XV e XVI", que foram cedidas pelo Palácio Nacional de Sintra, a Casa-Museu Medeiros e Almeida e o Museu Nacional de Arte Antiga, e Lisboa.
Após ter-se avistado terra e os portugueses desembarcado em solo a que chamaram inicialmente "Terra de Vera Cruz", Álvares Cabral mandou o seu escrivão redigir o documento para informar o rei D. Manuel I do "achamento" de novas terras, tendo seguido para Lisboa numa nau, comandada por Gaspar de Lemos.
"A redação da 'Carta a El-Rei Dom Manoel sobre o Achamento do Brasil' não se trata de um relato de viagem, uma narrativa de um conjunto de peripécias com um fim e uma moral adjacentes, nem uma tentativa de exaltar os autores da gesta ou o seu suserano, nem ainda uma tentativa de relevar uma qualquer supremacia tecnológica ou racial", acrescenta o arquivo nacional.
A carta foi escrita em Porto Seguro, sendo datada de 01 de maio de 1500, alguns dias após a chegada dos portugueses e de ter sido celebrada a primeira missa em território sul-americano, por Pêro Vaz de Caminha, de quem se sabe pouco, além da origem fidalga e de ter sido escrivão e vereador na Câmara do Porto, que, com o cosmógrafo Mestre João, descreveu a chegada, a paisagem e as gentes que o habitavam.
Graças à colaboração de Mestre João, neste documento surge pela primeira vez sinalizado a constelação estelar "Cruzeiro do Sul", que pontifica hoje na bandeira nacional daquele país de Língua Portuguesa.
«Somos Portugueses “(…) o que principalmente veem em mim é o que lá fora faz de mim alvo dos aplausos delirantes, ou de pedradas furiosas: o doutrinador político e social, o expositor da Monarquia e do Nacionalismo integral, do Autoritarismo contrarrevolucionário, do Tradicionalismo católico e ocidental – numa palavra, o doutrinador de Portugalidade. Repito e insisto: de Portugalidade. Nem da Latinidade – termo que nada significa, por amplo de mais; nem da Hispanidade, que nos absorve e confunde; nem da Lusitanidade, que nos abastarda. Não somos latinos, nem somos hispanos, nem somos lusitanos, somos portugueses! A Latinidade é uma categoria histórica, sem base concreta; a Hispanidade tem Castela por centro; a Lusitanidade tem por lar a Lusitânia que não é toda nossa. Só a Portugalidade é inteiramente nossa, característica e tipicamente nossa. Portugalenses, portugaleses, portugueses, assim nos chamamos e nos chamaram ao nascer; assim nos chamamos e nos chamaram, durante séculos, até que a pedantaria dos humanistas nos crismou de lusitanos. Portugueses nascemos, portugueses devemos morrer. Doutrinador de Portugalidade – eis o sector da minha multiforme atividade intelectual, que, como íman fatídico, atrai as dedicações luminosas que me cercam, aqui e lá fora, e encandeia os ódios e os rancores que me seguem a sombra... Porque doutrinador de Portugalidade – católico, não católico progressivo, à maneira de Maritain e os seus sequazes portugueses, mas católico português, como sempre foram os portugueses católicos que nunca se envergonharam de o ser e nunca se esconderam sacrílega e comodamente atrás do termo equívoco, confuso e neutro de cristão, como nunca aceitaram que lhes estendessem a mão os inimigos da sua Fé. (…) Alfredo Pimenta, extracto de “Em defesa da Portugalidade” Guimarães, 11.10.1947.» in https://www.facebook.com/groups/monastab/1033708026682998/?notif_t=group_activity¬if_id=1459629837128768
«Navio da armada de Vasco da Gama encontrado em Omã 14 Mar, 2016 - 09:09 A nau “Esmeralda” foi primeiro descoberta por uma empresa britânica, em 1998, mas o levantamento arqueológico só começou em 2013. Foram recuperados quase três mil artefactos, entre os quais um emblema pessoal de D. Manuel I. O Ministério do Património e da Cultura de Omã anunciou esta segunda-feira a descoberta de um navio português naufragado numa ilha remota de Omã, em 1503, quando fazia a carreira da Índia, incluído na armada de Vasco da Gama. O navio é, de acordo com aquela entidade, a mais antiga embarcação dos Descobrimentos Portugueses encontrado e cientificamente investigado por arqueólogos. Em comunicado, o ministério indica que o navio português naufragou durante uma tempestade ao largo da ilha Al Hallaniyah, na região Dhofar, de Omã. O local do naufrágio foi inicialmente descoberto pela empresa britânica Blue Water Recoveries Ltd. (BWR), em 1998, no 500.º aniversário da descoberta de Vasco da Gama do caminho marítimo para a Índia. Contudo, o ministério só deu início ao levantamento arqueológico e à escavação em 2013, tendo sido desde então realizadas mais duas escavações em 2014 e 2015, com a recuperação de mais de 2.800 artefactos. Os principais artefactos, que permitiram identificar o local do naufrágio como sendo a nau “Esmeralda”, de Vicente Sodré, incluem um disco importante de liga de cobre, com o brasão real português e uma esfera armilar e um emblema pessoal de D. Manuel I. A mesma fonte indicou que foram também encontrados um sino de bronze, com uma inscrição que sugere que o navio data de 1498, cruzados de ouro, cunhados em Lisboa entre 1495 e 1501 e um moeda de prata rara, chamada Índio, que D. Manuel I terá mandado fazer especificamente para o comércio com a Índia. "A extrema raridade do Índio (só se conhece um outro exemplar no mundo inteiro) é tal, que possui o estatuto lendário da moeda ‘perdida’ ou ‘fantasma’ de D. Manuel I", adiantou o ministério de Omã. Na nota é também referido que "o projecto foi gerido conjuntamente por este ministério e David L. Mearns da BWR, tendo-se respeitado rigorosamente a Convenção da UNESCO para a Protecção do Património Cultural Subaquático de 2001". Um achado muito "relevante" O historiador Paulo Pinto classifica como "achado arqueológico muito importante e relevante" a confirmação de que o navio português naufragado na região de Omã integrava a armada de Vasco da Gama. O investigador do Centro de História d`Aquém e d'Além-Mar (CHAM) da Universidade Nova de Lisboa explica que este "navio era poderoso e o mais importante da armada". "Se foram agora encontrados os seus restos, é um achado arqueológico muito importante e relevante até para a compreensão do que foram estes primeiros anos da presença portuguesa naquela região", disse à agência Lusa. O investigador esclarece que o navio e o capitão estavam integrados na armada de Vasco da Gama quando chegaram à Índia, mas as circunstâncias que rodearam o naufrágio e os conduziram ao naufrágio não têm nada a ver com a viagem de Lisboa para a Índia. "O que aconteceu foi o seguinte: a primeira armada para a Índia foi a de Vasco da Gama, a segunda, a de Pedro Álvares Cabral, a terceira, a de João da Nóvoa e o Vicente Sodré foi na quarta armada" à qual pertence este navio. De acordo com o investigador, em 1502 partiu uma poderosa armada em direcção à Índia, tendo Vasco da Gama regressado a Portugal mais tarde e Vicente Sodré ficado na região da actual Omã. "É este capitão Vicente Sodré que fica incumbido de continuar a patrulhar a costa ocidental indiana e impor-se pela força, [era recorrente nesta conjuntura]. O importante desta armada e deste navio que naufragou é que foi a primeira armada que ficou na Índia", esclareceu. Segundo Paulo Pinto, Vicente Sodré efectuou uma série de acções de retaliação contra navios muçulmanos nesta região e a certa altura patrulhou aquela região de Omã. "As fontes falam que o navio se perdeu junto às ilhas de Cúria Múria provavelmente em Abril ou Maio de 1503, o que bate certo com o local onde [agora] dizem ter encontrado o navio. Depois terá aparecido um tufão, um temporal e o navio afundou", disse, adiantando que terão sobrevivido apenas uma ou duas pessoas.» in http://rr.sapo.pt/noticia/49233/navio_da_armada_de_vasco_da_gama_encontrado_em_oma?utm_source=rss
«Pela História e pela Universalidade da Cristandade. Na Monarquia Tradicional, os povos não tinham problemas para partilhar a sua sorte política, viviam sem medo de perder a identidade, com a certeza de que cada poder estava condenado à realização dos seus próprios fins e, por isso, limitado por eles de uma forma implicitamente livre e completamente oposta ao carácter absoluto e único da actual doutrina da soberania. A raiz da interdependência que havia entre as políticas multinacionais do Império Português e a autonomia subsidiária, foi desfeita pela nova ordem estabelecida pela Revolução. Destruíram-se as sociedades intermédias e gerou-se uma ligação directa e despótica entre o Estado e o indivíduo que deu origem ao axioma da não separação entre o Estado e a Nação, sendo declarado o exclusivismo dos povos subjacente ao nacionalismo que não nasce de um longo processo histórico, mas da vitória de uma doutrina contrária à universalidade da Cristandade. Instaurou-se a democracia liberal que é o sistema político do capitalismo financeiro, onde a verdadeira representatividade está sequestrada, sob a falácia do “determinado” e “inevitável”, implantou a partidocracia em que os partidos políticos não são mais do que os gestores de uma política ao serviço da ordem internacional do grande capital.» in https://www.facebook.com/groups/monastab/1013219545398513/?notif_t=group_activity