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11/11/21

Religião São Martinho - Este ano o verão de S. Martinho vai ser prolongado, “Em cada dez anos, em dois ou três há uma anomalia”, disse o meteorologista Manuel Costa Alves, em declarações ao jornal i.



«Por que faz sol no São Martinho? A meteorologia explica mas nem sempre acontece

Este ano o verão de S. Martinho vai ser prolongado. “Em cada dez anos, em dois ou três há uma anomalia”, disse o meteorologista Manuel Costa Alves, em declarações ao jornal i.

Faz sempre sol no S. Martinho? Este ano assim será, mas basta recuar a 2019 para encontrar um São Martinho com chuva e frio. A meteorologia explica, pelo menos o que se passa nesta altura do ano – o porquê não é assim tão certo – mas a constatação remonta à própria lenda de São Martinho, Martinho de Tours, que viveu no século IV em França, morrendo a 8 de novembro de 397. “A lenda terá começado em França depois da morte de S. Martinho”, conta ao i o meteorologista Manuel Costa Alves, que aprofundou um pouco desta e de outras histórias do tempo na obra Mudam os ventos, mudam os tempos - O Adagiário Popular Meteorológico, publicada em 2002 pela Gradiva. “Há várias hipóteses para a ideia de verão de S. Martinho. Uma delas tem a ver com o que se viveu no funeral de São Martinho. Morreu distante da cidade Tours, a vários quilómetros, e no transporte do corpo para o funeral na cidade conta-se que chovia muito, torrencialmente. A dada altura, quando o corpo começa a aproximar-se da cidade, deixa de chover e vem um episódio de tempo soalheiro”. Tanto que, terão comentado os peregrinos que acompanhavam o corpo, até as rosas floriram. “Esta é talvez a história menos conhecida, a outra que poderá explicar o mito é a própria lenda de São Martinho que toda a gente conhece. Vai a cavalo, há um pobre à chuva e ao frio, corta metade da sua túnica e o tempo abre”.

Se esta é a lenda, a meteorologia consegue ver o que se passa por estes dias de novembro e que explica o fenómeno de bom tempo. No período de transição entre o verão e o inverno, quando o anticiclone dos Açores se desloca para Norte, há uma união com o Anticiclone da Sibéria, com as altas de pressões combinadas a fazerem de barreira reforçada à frente polar, que traz chuva e frio. “Em sete ou oito em cada dez anos verifica-se este tipo de tempo, que parece ser uma recorrência estival. Só é pena as noites serem tão frias”, explica Manuel Costa Alves. “A interposição do anticiclone dos Açores causa um bloqueio muito forte das frentes que separam o ar polar do ar tropical. Com este bloqueio, criam-se trajetórias de ar pelos Açores (onde habitualmente acontece o inverso e faz mau tempo) e pelo nordeste, para as ilhas britânicas. É este normalmente o percurso que se estabelece e que causa este fenómeno e o bom tempo”, continua o meteorologista. “Quanto às razões mais fundas – mas porque é que o anticiclone nesta altura do ano tem com grande insistência, sete, oito, anos em cada dez, este comportamento? Isso já são razões que a ciência ainda não descodificou por completo”, admite Manuel Costa Alves, rosto e voz conhecida de muitos portugueses. Aí temos que voltar ao Santo? O meteorologista sorri, mas uma coisa parece certa: não existiu sempre verão de S. Martinho. “No século IV pensamos que já existiria mas no período da glaciação não existiria de certeza. Há 15 mil anos, 18 mil anos, o comportamento da atmosfera era outro. Depois houve uma evolução, o clima tornou-se mais quente e é possível que nessa altura em que viveu Martinho de Tours já houvesse verão de S. Martinho”. 

Memórias de verões de S. Martinho que escaparam dramaticamente à regra não são assim tantas, mas Manuel Costa Alves sublinha que há que contar com isso. “Não posso precisar os anos em que o santo não quis vir cá, mas empiricamente digo que em dois ou três anos em cada dez verifica-se uma anomalia ao verão de São Martinho”, explica.

Este ano, tempo limpo pela frente. Bruno Café, meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, adianta ao i que o chamado verão de S. Martinho até será prolongado, não havendo previsão de chuva no continente nos próximos sete dias. Sem se fiar muito no mito mas mais no que diz, a cada primeira semana de novembro, a atmosfera, Bruno Café explica que há sempre um período nesta altura do ano em que se verifica este fenómeno associado à interposição dos anticiclones, pode é nem sempre calhar no S. Martinho. Este ano confirma-se e a tendência é de tempo seco em Portugal continental pelo menos na próxima semana, sem chuva à vista, o que mantendo-se por muito tempo pode não ser assim tão boa notícia. “Pode sempre haver alterações, mas para já a tendência é essa. O anticiclone mantém-se em bloqueio e as frentes não evoluem para já sobre Portugal continental”.» in https://ionline.sapo.pt/artigo/752593/por-que-faz-sol-no-sao-martinho-a-meteorologia-explica-mas-nem-sempre-acontece-?seccao=Portugal_i


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#meteorologista    #manuelcostaalves

11/11/11

Religião - Lenda de São Martinho explicada pelos alunos!




"Lenda de São Martinho


Era Outono!
Era uma tarde de Outono!
Mas era Inverno que fazia!
Martinho, soldado romano
Cavalgava...
E o seu dever cumpria!
Rubra capa o protegia,
De tão grande temporal!
Eis que seu olhar vislumbra
Alguém que gemendo... sofria!
Sua alma generosa
Encheu-se de compaixão!
Parou!...
Olhou!...
E, ... ternamente observou!
Martinho ouviu
Com comoção,
Pedidos de auxílio,
De súplica,
Daquele mendigo,
Ali estendido...
No chão, húmido e gélido!
Todo molhado!
Tão mísero!
Tão sofrido!
Martinho,
Sem hesitar,
Em sua espada pegou
E... num repente
Em duas, a sua capa cortou!!!
De sorriso nos lábios,
Nas mãos do pobre deixou
De sua capa a metade
A outra... p'ra si ficou!!!
E, eis que se deu o milagre!!!
As nuvens que até aí
Poderosas, no céu reinavam,
Espantadas de tanta bondade...
Se afastaram!
Afastaram-se para o sol ver
Aquele gesto generoso
Daquele nobre soldado.
O sol também gostou...
Também gostou, do que viu
E abrindo seus braços dourados
O rei dos astros sorriu!"


(Prudenciana M. B. Martins, EB1 Samar n.º 3)



A Lenda de São Martinho (HD)

11/11/09

Hoje é Dia de São Martinho, que outrora era dia de rumar à Feira de Penafiel; um dia importante e com muito significado para os agricultores locais!

«O dia de S. Martinho: comemorações e tradições


Foto: Igreja de S. Martinho em Penafiel
No calendário litúrgico, o dia de S. Martinho celebra-se a 11 de Novembro, data em que este Santo, falecido dois ou três dias antes em Candes, no ano de 397, foi a enterrar em Tours, França.
.
Hoje em dia, não sendo o uso do missal tão frequente, nem todos os crentes católicos se lembrarão de ver, nos dias festivos do ano, o que se diz relativamente ao dia 11 de Novembro e ao seu Santo: «São Martinho é o primeiro dos Santos não Mártires, o primeiro Confessor, que subiu aos altares do Ocidente (...) A sua festa era de guarda e favorecida frequentemente pelos dias de “verão de S. Martinho”, rivalizando, na exuberância da alegria popular, com a festa de S. João.» (in Missal de Dom Gaspar Lefebvre )


Com efeito, S. Martinho foi, durante toda a Idade Média e até uma época recente, o santo mais popular de França. O seu túmulo, abrigado desde o séc. V por uma Basílica (sucessivamente destruída e reconstruída) em Tours, era o maior centro de peregrinação de toda a Europa Ocidental. A sua generosidade e humildade, aliadas a uma enorme fama de milagreiro fizeram dele um dos santos mais queridos da população. E ainda hoje o seu espírito de partilha é fonte de inspiração.
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São Martinho é santo patrono dos alfaiates, dos cavaleiros, dos pedintes, dos restauradores (hoteis, pensões, restaurantes), dos produtores de vinho e dos alcoólicos reformados, dos soldados... dos cavalos, dos gansos, e orago de uma série infindável de localidades de Beli Benastir, na Croácia, a Buenos Aires, na Argentina (fonte Catholic Community Forum) passando, evidentemente, por numerosíssimas sítios de Norte a Sul de Portugal. (ver Toponímia )


O facto de o seu dia coincidir com a época do ano em que se celebra o culto dos antepassados e com a altura do calendário rural em que terminam os trabalhos agrícolas e se começa a usufruir das colheitas (do vinho, dos frutos, dos animais) leva a que a festa deste Santo tenha toda uma componente de exuberância que actualmente tende a prevalecer.


Assim, em Portugal, o dia de S. Martinho é invocado nas cerimónias religiosas dos locais de culto, e o seu espírito de solidariedade lembrado, quanto mais não seja, através do relato do episódio em que partilhou a sua capa com um pobre; mas de resto, e por todo o lado, as pessoas andam ocupadas nas actividades mencionadas nos provérbios sobre este dia: assam-se castanhas, prova-se o vinho...


Acerca do assunto, escreve o conceituado etnólogo Ernesto Veiga de Oliveira (1910-1990) o seguinte: «O S. Martinho, como o dia de Todos os Santos, é também uma ocasião de magustos, o que parece relacioná-lo originariamente com o culto dos mortos (como as celebrações de Todos os Santos e Fiéis Defuntos). Mas ele é hoje sobretudo a festa do vinho, a data em que se inaugura o vinho novo, se atestam as pipas, celebrada em muitas partes com procissões de bêbados de licenciosidade autorizada, parodiando cortejos religiosos em versão báquica, que entram nas adegas, bebem e brincam livremente e são a glorificação das figuras destacadas da bebedice local constituída em burlescas irmandades. Por vezes uma dos homens, outra das mulheres, em alguns casos a celebração fracciona-se em dois dias: o de S. Martinho para os homens e o de Santa Bebiana para as mulheres (Beira Baixa). As pessoas dão aos festeiros. vinho e castanhas. O S. Martinho é também ocasião de matança de porco.» (in As Festas. Passeio pelo calendário, Fundação Calouste Gulbenkian, 1987)


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Apontadores externos:
Actualizado em Novembro 2007

Sábado, Novembro 06, 2004


A Vida de S. Martinho

(actualizado em 2007)
O conhecimento que se tem da vida de S. Martinho, apelidado de apóstolo da Gália, é devido principalmente ao seu primeiro e mais dedicado biógrafo, Sulpício Severo (c.360-c.420), historiador cristão de expressão latina, nascido na Aquitânia, também declarado santo.


Quando conheceu S. Martinho, já este era bispo vivendo no entanto fiel ao ideal monástico, recolhendo-se longe do fasto do palácio episcopal. Sulpício Severo tornou-se seu discípulo, amigo e biógrafo. É graças a ele que hoje temos um relato precioso da vida deste Santo
A Vida de S. Martinho (Vita Martini ) de Sulpício Severo que, de acordo com a professora Maria Luísa V. de Paiva Boléo, foi «um livro que teve enorme repercussão no mundo medieval. Espalhou-se até Cartago, Alexandria e Síria. Sabe-se que este livro foi muitíssimo lido (Enciclopedia Cattolica, Cidade do Vaticano, 1952, p. 220), o que era difícil numa época em que os livros eram caros e quando só o clero e monarcas mais cultos os leriam, mas o certo é que foi um verdadeiro "best-seller"» (fonte), nunca teve tantos leitores como hoje em dia, pois circula na internet em latim e em pelo menos mais dois idiomas: francês e inglês.
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Algumas datas mais importantes da vida de S. Martinho (Ver mais)
  • 316 - Nasce S. Martinho, filho de um oficial romano, na Panónia (região da actual Húngria).
  • 326- Com apenas 10 anos e por sua vontade torna-se catecúmeno (aspirante a cristão).
  • 330- É obrigado a ir para o exército onde pratica o ideal cristão de humildade e generosidade.
  • 337- Dá-se o episódio lendário em que S. Martinho partilha a sua capa de soldado com um pobre.
  • Em data indeterminada S. Martinho abandona o exército.
  • 354- S. Martinho chega a Poitiers onde se desloca para se juntar a Santo Hilário. Mas logo a seguir vai para a Itália com o objectivo de rever a família e evangelizar os seus conterrâneos.
  • 355-360- S. Martinho é expulso da sua própria terra (por causa do Arianismo) e passa um tempo isolado na ilha de Galinária, no meio do Mar Tirreno.
  • 361- S. Hilário volta para Poitiers e S. Martinho também.
  • 361- Funda uma comunidade monástica (a primeira da Gália) em Ligugé, a 6 km de Poitiers.
  • 371- S. Martinho torna-se Bispo de Tours, cargo que ocupará cerca de 26 anos até à sua morte.
  • 372- Funda a comunidade monástica de Marmoutier, perto de Tours.
  • 397- S. Martinho morre em Candes perto de Tours. No dia 11 de Novembro é enterrado com pompa e circunstância na cidade de que fora Bispo durante mais de um quarto de século.
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Textos biográficos
Em língua portuguesa não abundam biografias sobre o santo. Para além dos dois resumos biográficos que a seguir se transcrevem, poucas mais referências se encontraram (ver mais abaixo*).
  • O primeiro resumo biográfico encontra-se no conhecido (mas já em desuso) Missal de de Dom Gaspar Lefebvre e foi transcrito de um artigo da autoria de Luís Chaves, intitulado "São Martinho de Tours", (publicado na Separata da Revista de Etnografia nº1 do Museu de Etnografia e História, em 1963)
    «São Martinho é o primeiro dos Santos não Mártires, o primeiro Confessor, que subiu aos altares no Ocidente. No dizer de Durando de Mende, a liturgia consagra-lhe um lugar semelhante aos dos Apóstolos, por ter sido ele quem concluiu a evangelização das Gálias. A sua festa era de guarda e favorecida frequentemente pelos dias de "verão de São Martinho", rivalizando, na exuberância da alegria popular, com a festa de S. João. Tinha Oitava como S. Lourenço, porque S. Martinho, "pérola dos sacerdotes", era entre os Confessores o que S. Lourenço era entre os Mártires, o maior dos Confessores. Nasceu na Sabária Panónia) e veio para as Gálias como soldado.
    Sendo ainda catecúmeno, deu um dia perto de Amiens a um pobre, que Ihe pedia esmola por amor de Cristo, metade da clâmide. Na noite seguinte, Jesus Cristo apareceu-lhe vestido com essa metade que ele dera ao pobre, e disse-lhe: "Martinho, sendo ainda catecúmeno, vestiu-me com este manto".
    Recebeu o baptismo aos 18 anos. Depois de viajar pelo Oriente, onde se iniciou na vida monástica, faz por algum tempo vida de eremita numa ilha das costas da Ligúria. Finalmente, fez-se discípulo de Santo Hilário, que então florescia na cadeira episcopal de Poitiers e fundou no deserto de Ligugé, a duas léguas da sede do Bispado, um mosteiro para onde se retirou com alguns discípulos. Lançou assim os alicerces do monaquismo nas Gálias.
    Mas Deus não queria que esta luz, ficasse oculta debaixo do alqueire, e S. Martinho foi arrancado à paz da solidão e revestido da dignidade episcopal, que lhe deu ensejo para desenvolver largamente os dotes do seu coração de apóstolo. Pregou o Evangelho pelos campos da Gália e extirpou de vez os resíduos tenazes do paganismo, que tinham resistido à investida cristã a coberto da superstição e da ignorância do povo. Colocado à frente da diocese de Tours, fundou a célebre abadia de Marmoutiers ou o grande mosteiro aonde com frequência se retirava para viver mais longe do mundo,e mais perto de Deus. Cercavam-no oitenta monges de vida santíssima, pautada pelo exemplo e regra dos eremitas da Tebaida.
    Viveu mais de oitenta anos, ocupado sempre com a glória de Deus e a salvação das almas, e morreu em Candes, perto de Tours, em 397.
    Ao seu túmulo afluíam de toda a parte peregrinações frequentes. Gregório de Tours, que lhe sucedeu, não hesita em chamar-lhe o "Patrono de todo o mundo". Poucos santos alcançaram a popularidade dele. Só em França há perto de mil igrejas paroquiais e 485 burgos e lugares com o seu nome. Em Roma é notável a igreja de S. Silvestre e S. Martinho, onde se faz a estação de quinta-feira da quarta semana da Quaresma.
    A capa de São Martinho era conduzida à frente dos exércitos em tempo de guerra e nela se pregavam os sermões solenes em tempo de paz. Símbolo da protecção, que S. Martinho dispensava à França, esta capa deu o nome ao oratório, que a guardava, e a todos os oratórios, ou "capelas"»
Para referir este artigo
Chaves, Luís -"São Martinho de Tours", in Separata da Revista de Etnografia nº1, Museu de Etnografia e História (1963)
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  • O segundo resumo biográfico é da autoria de Alves de Oliveira e encontra-se no vol. 13 da Enciclopédia Luso- Brasileira de Cultura (Verbo):
    «Martinho de Tours (São) -Bispo de Tours (n. actual Szambatkely, Hungria, 316 ou 317- m. Candes, França, 8.11.397).
    Filho de um oficial do exército romano e nascido num posto militar fronteiriço, após estudos humanísticos, em Pavia, aos 16 anos entrou para o exército quando já a sua vontade o inclinava a fazer-se monge (aos 10 anos inscrevera-se como catecúmeno). Em breve ganhou fama de taumaturgo.
    Em Amiens, provavelmente em 338, durante uma ronda nocturna no rigor do Inverno encontrou um pobre seminu: não tendo à mão dinheiro para lhe valer, com a espada dividiu ao meio a sua clâmide que repartiu com o desconhecido.
    Na noite seguinte, em sonhos, viu Jesus, que disse:
    "Martinho, apesar de somente catecúmeno, cobriu-me com a sua capa."
    Recebeu o baptismo na Páscoa de 339, continuando como oficial da guarda imperial até aos 40 anos. Abandonando a vida castrense, foi ter com Sto. Hilário de Poitiers, que lhe conferiu ordens sacras e lhe deu possibilidade de levar vida monacal: nasceu, assim, o famoso Mosteiro de Ligugé. Eleito, por aclamação, bispo de Tours, foi sagrado provavelmente a 4.7.371.
    Ardente propagador de fé, fundou, em Marmoutier, um mosteiro donde sairam notáveis missionários e reformadores. Demoliu templos pagãos e levantou mosteiros como sustentáculos da evangelização. Humilde e pacífico, manteve a sua independência perante o abuso da autoridade civil.
    O fascínio das suas virtudes radicadas na generosidade do seu zelo, na nobreza de caracter e, sobretudo, na sua bondade ilimitada mantida para alem da morte na prodigalidade dos seus milagres, magnificamente descritas pelo seu discipulo Sulpício Severo, fez com que S. M. T. fosse durante muitos séculos o santo mais popular da Europa Ocidental. A sua memória litúrgica é a 11 de Novembro.»
Para referir este artigo
Oliveira, Alves de- "Martinho de Tours (São)", Enciclopédia Luso- Brasileira de Cultura, vol. 13 (Editorial Verbo)
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* Biografias sobre S. Martinho (em língua portuguesa)
  • Boléo, Maria Luísa V. de Paiva- "Martinho, o santo do Inverno que traz o Verão" , (publicado on line no Portal O Leme em 08-11-2004).
  • Branco, Cecilia- " De um símbolo popular na festa de S. Martinho" [pdf] . in Revista Lusitana.Volume I. Livraria Portuense, 1888-1889 (Instituto Camões)
  • Chaves, Luís -"São Martinho de Tours", in Separata da Revista de Etnografia nº1, Museu de Etnografia e História (1963)
  • Devailly, Guy (Santos, Joco trad.)- S. Martinho de Tours missionário (143 p.). Cucujães : Missões, D.L. 2001 (tít. orig. : Martin de Tours, un missionaire)
  • Maia, Joco (1923- , S.J.) - A vida de S. Martinho (26 p.). Lisboa : Verbo, [D.L.1972] Colecção: ABC. Vida de santos ; 5)
  • Oliveira, Alves de- "Martinho de Tours (São)", Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, vol. 13 (Editorial Verbo)
  • Pinto, A. Teixeira (1891-?)- O manto de São Martinho > (179 p.). Porto : L. Tavares Martins, 1938;

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Actualizado em Novembro de 2007

Quinta-feira, Novembro 06, 2003


Uma vida lendária

(em construção)
Há muitos episódios lendários ligados a S. Martinho pois este teria feito muitos milagres.
Parece que em seu redor as coisas aconteciam sempre melhor, eram mais belas e mais cheias de inspiração: o mal transformava-se em bem, as pessoas tinham visões maravilhosas, a própria natureza tornava-se espelho da bondade e da vontade do Santo.
A Vida de S. Martinho (ver em latin em francês e inglês), de Sulpício Severo (c.360-c.420), está repleta destas histórias, tendo sido a principal fonte dos livros dos Milagres de S. Martinho, por Grégoire de Tours (538-594).


O mais conhecido dos episódios, a passagem da vida generosa do Santo, em que ele partilha a sua capa com um pobre, deu origem à Lenda do Verão de S. Martinho (ler versão abreviada para crianças) representada vezes sem conta por artistas anónimos e também pelos mais célebres, como por exemplo o pintor El Greco (imagem da esquerda: "San Martín y el mendigo" > 1597/99, National Gallery of Art, Washington ).


E todos os anos, continuando a tradição, crianças e jovens das escolas elaboram desenhos e pinturas sobre este episódio, alguns demonstrando uma sensibilidade verdadeiramente notável.
...
Mas em França há quem associe a expressão "Verão de S. Martinho" ao facto milagroso de terem florido as plantas, reverdecido as árvores e os pássaros terem começado a cantar, à passagem do corpo do Santo, levado de barco de Candes > , onde tinha morrido, para Tours onde foi enterrado. (fonte)

Terça-feira, Novembro 06, 2001


Provérbios - S. Martinho

· A cada bacorinho vem o seu S. Martinho.
· A cada porco vem o seu S. Martinho.
· Em dia de S. Martinho atesta e abatoca o teu vinho.
· Martinho bebe o vinho, deixa a água para o moinho.
· No dia de S. Martinho, fura o teu pipinho.
· No dia de S. Martinho, come-se castanhas e bebe-se vinho.
· No dia de S. Martinho, lume, castanhas e vinho.
· No dia de S. Martinho, mata o porquinho, abre o pipinho, põe-te mal com o teu vizinho. (sic.)
· No dia de S. Martinho, mata o teu porco, chega-te ao lume, assa castanhas e prova o teu vinho.
· No dia de S. Martinho, mata o teu porco e bebe o teu vinho.
· No dia de S. Martinho, vai à adega e prova o teu vinho.
· Pelo S. Martinho abatoca o pipinho.
· Pelo S. Martinho castanhas assadas, pão e vinho.
· Pelo S. Martinho mata o teu porquinho e semeia o teu cebolinho.
· Pelo S. Martinho nem nado nem no cabacinho.
· Pelo S. Martinho prova o teu vinho; ao cabo de um ano já não te faz dano.
· O Sete-Estrelo pelo S. Martinho, vai de bordo a bordinho; à meia-noite está a pino.
· São Martinho, bispo; São Martinho, papa; S. Martinho rapa.*
· Se o Inverno não erra o caminho, tê-lo-ei pelo S. Martinho.
· Se queres pasmar o teu vizinho, lavra, sacha e esterca pelo S. Martinho.
· Veräo de S. Martinho säo três dias e mais um bocadinho.
· Vindima em Outubro que o S. Martinho to dirá.


*Na Ilha de S. Miguel, referência aos dias 11 (Dia de S. Martinho de Tours), 12 (dia de S.Martinho I, papa e mártir do séc. VII) ; e 13 deNovembro; “S. Martinho rapa” refere-se ao fim das festas da prova do vinho novo.


Bibliografia:
Machado, José Pedro -O Grande Livro dos Provérbios, Ed.Notícias, 1996
Moreira, António- Provérbios Portugueses, Ed. Notícias, 1996

Sábado, Outubro 06, 2001


S. Martinho nos dicionários...

Em Português- Apresentamos quase todas as palavras formadas a partir de martim (algumas têm a ver com o S. Martinho e outras não...) assim como expressões relacionadas com o S. Martinho.




  • Martim, Martinho/a e Martins–são os antropónimos mais correntes; os primeiros são primeiros nomes e o último é um apelido muito corrente.
  • martim - casta de uva.
  • martim-gil - variedade de maçã. (Martim -Gil é um lugar perto de Leiria)
  • martim-gravata - espécie de jogo popular
  • martinete – palavra que deriva do francês martinet e que tal como nessa língua tem um grande número de significados. O que parece estar ligado a S. Martinho é quando se usa para designar uma espécie de andorinha de asas longas, pois em francês essa avezinha chama-se também oiseau de S. Martin
  • martinega e martinegua – termos antigos que designavam « o foro, tributo ou pensão, que se pagava no dia de S. Martinho» (cf. J. de S.R.Viterbo, Elucidário das palavras termos e frases que em Portugal antigamente se usava..., (Civilização)
  • Dia de S. Martinho- 11 de Novembro- dia do calendário religioso dedicado a S. Martinho que coincide com a data do seu enterro em Tours, cerca do ano 397.
  • Verão de S. Martinho – tempo solheiro e mais ameno por altura do dia de S. Martinho .

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Em Francês: como S. Martinho passou grande parte da sua vida em terras da Gália (França actual) a sua influência aí foi muito grande.


  • Martin (/e) - é um antropónimo, ou seja é nome de pessoa, e também apelido. Parece haver cerca de 7 000 famílias francesas cujo apelido é Martin
  • martin era o nome tradicional para os burros (cf. Dictionnaire Historique de la Langue Française, Le Robert)
  • martinet- (de onde deriva a palavra portuguesa martinete) 1- designa: a)- O pássaro de St. Martinho: ave de asas compridas semelhante à andorinha; (e tambémb)-o pássaro martim-pescador ou pica-peixe (do fr. martin-pêcheur) c) – e o pássaro martim-caçador (do fr. martin-chasseur); --e por analogia com a forma do pássaro d)-um chicote formado de um cabo e ao qual estão presas tiras de couro ( pareceido c/ a cauda estendida do pássaro) ; e)- um candelabro cuja forma era semelhante às asas do martinete durante o voo; 2- também designa: a)- uma espécie de martelo, movido a água ou a vapor, empregado para bater o aço, o ferro, etc.; para além disso designava (em francês); b) uma forja; e c) um aparelho com contra-peso que servia para lançar pedras.)
  • martinette – é o nome de uma espécie de rela.
Mais relacionados com o Dia de S. Martinho existem as seguintes expressões :


  • martinage du vin -é a expressão que designa a prova do vinho novo pelo São Martinho ;
  • martiner – significa comer e beber bem, é o mesmo que faire la Saint Martin.
  • avoir le mal de St. Martin – estar com ressaca
  • l’été de la Saint-Martin -são os dias de sol que se fazem sentir (ou não…) por altura do dia de S. Martinho. Liga-se tradicionalmente este aparecimento de uns dias mais quentes e solheiros à mais conhecida lenda de S. Martinho. Em português e em inglês também existe a expressão.
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Em Inglês:
  • Martin – antropónimo equivalente a Martim ou Martinho.
  • Martinmass- celebrações do dia de S. Martinho ; dia de S. Martinho.
  • St. Martin 's day - é o dia de S. Martinho.
  • St.Martin 's summer-- verão de S. Martinho.
  • to be Martin drunk : estar muito ébrio, estar como um cacho.
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Em Alemão- Parece ser o idioma com mais vocábulos associados a S. Martinho e vale a pena ir consultar a página dedicada a esse tema: Sainkt Martin- Lexikon num dos melhores sites sobre este Santo (Martin Von Tours)

Toponímia

Em Portugal é assaz comum o nome de S. Martinho associado aos lugares.
Luís Alves, sem pretensão de exaustividade, num interessante artigo sobre o Santo (“São Martinho de Tours”, in Separata da Revista de Etnografia nº1 do Museu de Etnografia e História, em 1963 ?) lista 67 topónimos simples (apenas S. Martinho) de lugares e povoações, e mais de 48 topónimos compostos (S. Martinho de...).


Este autor faz notar que muitas destes topónimos, sobretudo no Norte do País, poderiam referir-se a um outro S. Martinho, São Martinho de Dume, arcebispo de Braga, falecido em 579. Sobre este tema remete-se também para a obra de Ernesto Veiga de Oliveira. (in As Festas. Passeio pelo calendário, Fund. Calouste Gulbenkian, 1987)


Entretanto, podem os leigos como nós, graças à excelente página de heráldica de Sérgio Horta, confirmar em alguns casos se o orago é ou não S. Martinho de Tours, pela ocorrência da clâmide rasgada nos brasões. Vejam-se, por exemplo, as seguintes freguesias: (clicar nos brasões para aceder à referida página de heráldica de onde aliás as imagens foram retiradas)



Ver também a listagem de freguesias S. Martinho na Wikipedia




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Em língua francesa o nome do mais popular de todos os Santos rurais aparece como aqui já se referiu ligado à antroponímia e claro está à toponímia. O professor M. Jean-Mary Couderc, no seu interessante artigo intitulado «Les toponymes "Saint-Martin" dans nos campagnes», lista nada menos do que 3700 paróquias com o nome do Santo!



Domingo, Novembro 07, 1999


Imagens de S. Martinho

(em contrução)
Um dos "santinhos" mais divulgado de São Martinho, tanto na Europa erudita como (por exemplo) na América Latina popular

Fonte da imagem da esquerda: Sonitus Sanctus: Free Catholic MP3 Links: Of the Life of St. Martin of Tours - by St. Sulpicius Severus; fonte da imagem da direita: Mexican Santo Nicho - San Martin Caballero

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Duas imagens de São Martinho apeado do cavalo
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Pintura original de Giovanni Canova para o "hall" do Saint Martin Catholic Social Apostolate no Quénia. Ler explicação da pintura aqui .

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Séculos XIV e XV
Detalhe do fresco Vida de S.Martinho, de Simone Martini ((1284-1344) na Capela de S. Martinho da Igreja de S. Francisco em Assis.

fonte (ABBAYE - saint Martin)


Pintura em madeira
fonte




S. Martinho pelo Mestre de Housebook (Meister des Hausbuches) século XV
Fonte


Tapeçaria (data?)
fonte (Saint Martin à Ligugé)


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Mais imagens sobre S. Martinho:

Sábado, Novembro 06, 1999


S. Martinho no seu tempo- algumas datas

  • 312- Antes de uma batalha Constantino, sonha com Cristo e tem uma visão da cruz.
  • 313- Constantino e o seu co-imperador Licínio promulgam o Édito de Nantes em que se
  • proclama a tolerância do cristianismo.
  • 316 - Nasce S. Martinho, filho de um oficial romano, na Panónia (região onde hoje é a Hungria).
  • 318-381- Arianismo. Heresia propagada por Arius, padre em Alexandria que declarava que Cristo era diferente do Pai, de Deus.
  • 324-337 – Constantino, o Grande
  • 325- Concílio de Nicea, convocado por Constantino declara que o Filho é Deus (o que negava o Arianismo, que punha em causa esse dogma)
  • 326- S. Martinho com apenas 10 anos e por sua vontade torna-se catecúmeno (aspirante ao baptismo).
  • 330- Bizâncio torna-se a capital cristã do Império com o nome de Constantinopola (2ª Roma).
  • 330- S. Martinho é obrigado a ir para o exército onde pratica o seu ideal cristão de humildade e generosidade.
  • 337- Dá-se o episódio lendário em que S. Martinho partilha a sua capa de soldado romano com um pobre (em Amiens).
  • 337- Morre Constantino e sucede-lhe o filho, Constantino II- O Arianismo torna-se obrigatório.
  • -Em data indeterminada S.Martinho abandona finalmente o exército.
  • 354- S. Martinho chega a Poitiers onde se desloca para se juntar a Santo Hilário. Mas logo a seguir volta para a Itália com o objectivo de rever a família e evangelizar os seus conterrâneos.
  • 355- S. Hilário bispo de Poitiers é exilado para a Frígia.
  • 355-360- S. Martinho é expulso da sua própria terra (por causa do arianismo) e passa um tempo isolado na ilha de Galinária, no meio do Mar Tirreno.
  • 361- S. Hilário volta para Poitiers e S. Martinho também.
  • 361- Morre o Imperador Constantino e com ele a predominância e obrigatoriedade do arianismo.
  • 361- S. Martinho funda uma comunidade monástica (a primeira da Gália) em Ligugé, a 6 km de Poitiers.
  • 371- S. Martinho torna-se Bispo de Tours, cargo que ocupará cerca de 26 anos até à sua morte.
  • 372- Funda a comunidade monástica de Marmoutier, perto de Tours.
  • 375- Início das grandes invasões.
  • 380- Édito de Tessalónica. O Arianismo é proibido no na parte oriental do Império.
  • 384-395- Teodósio, o Grande. Depois da sua morte o Império fica dividido entre os seus filhos. É o fim da unidade do Império romano: o Império de Oriente seguirá o seu próprio caminho, o de Ocidente ainda durará cerca de 80 anos.
  • 391- O Cristianismo torna-se religião de estado. Proibição de todos os cultos pagãos.
  • 397- S. Martinho morre em Candes perto de Tours. No dia 11 de Novembro é enterrado com pompa e circunstância na cidade de que fora Bispo durante mais de um quarto de século.

"Links" sobre S. Martinho

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