«Sobre o potencial das
praias fluviais em Amarante!
Amarante cresceu estribada no Rio Tâmega. Desde que
começaram a aparecer os primeiros povoadores deste cantinho à beira rio plantado, o polo
de desenvolvimento teve sempre como eixo central de dinamismo, o Rio… ou
as linhas de água que nos cercam!
O Tâmega e seus rios e ribeiras afluentes permitiram o regadio dos
campos, que foram aparecendo junto às suas margens, à custa da força e do
engenho dos nossos antepassados valentes, que aproveitaram as dificuldades de
orografia que este vale apresenta, com margens muito ingremes e agrestes, para
tirar bom proveito delas. Os moinhos foram potenciados de forma muito
proficiente; na medida em que, por exemplo, com a força dos rios eram transformados os cereais
produzidos pelos nossos agricultores… e muito produziram os nossos moinhos!
Amarante é um manancial de água e de vida. Diz o povo que: “grande
é o marão, não dá palha nem grão”… mas temos a água que escorre pelas vertentes inclinadas da grande serra, um bem precioso que tendemos a esquecer e a não valorizar
de acordo com a sua importância, pois este precioso bem essencial à vida, ainda
nos aparece de forma demasiado fácil nas nossas torneiras… até quando!
Além do Rio Tâmega que nos atravessa e engrandece, temos o
Rio Ovelha que nasce no Marão, um Rio Fabuloso, com um trajeto lindíssimo e com
uma biodiversidade fantástica, que pude explorar e estudar com a Associação dos Amigos do Rio Ovelha, que
tanto tem feito por este Rio e cujo trabalho voluntário, competente e profícuo,
tão pouca visibilidade alcançou… desinteresse pelos nossos rios e por tudo o
que os envolve?... não sei!
E somos atravessados pelo magnífico Rio Olo, rio bravo e
selvagem que vem lá do Alvão, chega aqui ainda puro e cristalino, com águas
frias, mas temperadas no verão pelo calor da montanha, cujas rochas a escaldar,
lhe transferem todo o seu calor. Um rio em que se retiravam pedras com minério
em meados do século passado, como me contam as pessoas mais idosas de Canadelo,
que na sua juventude vasculharam o rio, para ganharem a vida… em ofícios muito duros!
Ainda há pouco tempo descobri em São Simão, umas magníficas
quedas de água, que o Sr. Júlio Moreira me fez questão de mostrar, cujo caudal
vai desaguar ao Rio Ovelha, através da Ribeira do Locaia e que é, sem dúvida
alguma, um local fantástico para se passar um dia de Verão. Poderíamos falar de
Ansiães, Aboadela, Várzea, Gondar, Real, Aboim, como locais fantásticos para
fazer praia em rios e lagoas incríveis e cheios de estórias dos nossos
antepassados...
Pela mão do meu falecido Pai aprendi a nadar nos “Poços”
(designação popular da Praia Aurora), tal como muitos amarantinos da minha e de
anteriores gerações. Usufrui de momentos fantásticos no Rio Tâmega, no Olo, no
Ovelha, no Marão… talvez por isso, me meta um pouco de confusão que, numa época
em que muitos municípios apostam forte no turismo fluvial, o Municipio de Amarante
não faça um esforço visível de valorização e promoção das suas inúmeras e belíssimas praias
fluviais.
No meu blogue, tenho a oportunidade de registar inúmeras
consultas sobre as praias fluviais de Amarante que divulgo, através de
colocação de inúmeras fotografias dos locais em que gosto de me banhar, no
nosso vasto concelho, em inúmeras postagens que tenho realizado sobre as praias
fluviais, efetivas e potenciais, que Amarante tem.
Mormente, nos meses de junho a setembro, começo a verificar
no registo de tráfego do meu blogue, muitas buscas direcionadas para as praias
fluviais de Amarante, que passo a citar, por ordem de grandeza de consultas:
Praia Aurora, Praia Fluvial de Larim, Praia fluvial de Canadelo, Praia Fluvial
de Olo, Praia Fluvial de Aboadela, Praia Fluvial de Frariz, Ponte da Guiné; portanto,
como ainda faltam bastantes locais do nosso concelho com potencial fluvial; a
conclusão torna-se para mim óbvia: temos uma riqueza fluvial muito grande, que urge
aproveitar, para aumentar o número de visitantes a Amarante, quer em gozo de férias, quer numa saudável ocupação dos tempos livres das nossas gentes.
Para isso, teremos que investir na limpeza das praias, e neste ponto, tenho que louvar o excelente trabalho das juntas de freguesias envolvidas, que
têm sido exemplares na criação de condições para que as praias estejam minimamente operacionais. Mas falta fazer muito mais e com tanta gente em regime de
voluntariado nas autarquias, penso que seria possível, com relativa facilidade,
a criação de um portal com as nossas praias fluviais e uma melhor sinalização
rodoviária das mesmas, assim como, através da realização de trabalhos de manutenção das mesmas.
Para vos dar um exemplo que me tem deixado perplexo ao longo
destes anos, refiro o Parque Aquático RTA, em que a sinalização rodoviária e
divulgação online são muito pouco eficazes. Nesta altura, a minha caixa de correio
tem sempre vários pedidos de esclarecimentos sobre a forma de chegar ao
complexo do RTA e relativos às condições de funcionamento do parque. Em Fregim, na minha
casa e na da minha Mãe, são dezenas de galegos que por lá aparecem perdidos, à
procura dos Parques RTA. Sempre que estou presente e me é possível, lá os encaminho, chegando
mesmo a sair no meu carro, guiando os turistas até lá, pois considero que
Amarante não se pode dar ao luxo de perder visitantes, mormente espanhóis… não
podemos deixar passar ao lado, as possibilidades que a proximidade da Galiza
nos proporciona, em termos de crescimento de turismo.
O Turismo permite aumentar as exportações portuguesas e,
neste caso, as de Amarante. Penso que o nosso potencial é imenso e que, com
alguma organização e investimento, poderemos maximizar as nossas
potencialidades de um turismo que, não sendo massivo, permite um oferta muito
diversificada e que pode ir de encontro aos interesses de muita gente que está
cansada dos destinos tradicionais, distribuídos em pacotes mais ou menos
apelativos.
Como amarantino, nunca serei isento, pois amo Amarante acima
de tudo; acho que todos nós que cá vivemos, estamos permanentemente apaixonados
pela nossa Princesa do Tâmega que, a cada dia que passa, nos oferece mais pedaços
de “Belo”… a minha critica construtiva resulta das minhas vivencias e interesses, o que
poderá não ter rigor científico; admito. Mas é um olhar apaixonado, com base na realidade objetiva, e que estará sempre pronto a ajudar a construir… uma
Amarante sempre melhor! Acima de tudo, somos todos amarantinos e essa é a nossa
bênção! Tudo o que possamos fazer por Amarante, é pouco; perante a felicidade
de nos podermos dizer e de ser amarantinos!» (Artigo a publicar na edição da próxima semana do Jornal de Amarante, Helder Barros)
(kayak extremo - 1ª Prova Viver Canadelo - 1ª parte)
(kayak extremo - 1ª Prova Viver Canadelo - 2ª parte)
(kayak extremo - 1ª Prova Viver Canadelo - 3ª parte)