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23/01/23

Arte Poesia - Eis um belo Poema de Eugénio de Andrade a interpelar a Humanidade.




"Urgentemente


É urgente o Amor,

É urgente um barco no mar.


É urgente destruir certas palavras

ódio, solidão e crueldade,

alguns lamentos,

muitas espadas.


É urgente inventar alegria,

multiplicar os beijos, as searas,

é urgente descobrir rosas e rios

e manhãs claras.


Cai o silêncio nos ombros,

e a luz impura até doer.

É urgente o amor,

É urgente permanecer."


Eugénio de Andrade


Projeto REDES - Poema "Urgentemente" de Eugénio de Andrade


08/04/20

Poesia - Da terra ao ar, entre o corvo e a borboleta, na negritude ao colorido...




Da terra ao ar



Foi larva, foi larva


E brotou das terras



Qual erupção divina



Nasceu, nas serras



A grandeza, a encima





Foi borboleta, cor



Colorida saiu a voar



Mas, terra, era amor



E ar, sua ânsia de amar



Na Primavera, esplendor





Nunca foi negro, negro



Mas, tinha na sua mente



O corvo, o corvo, o medo



Não, a sua inquietação,



Esse era o seu segredo





E agora, e agora



Entre a cor total



E o belo, o colorido



Fica a terra, a tal



De olhar destemido!





Helder Barros, 8 de abril de 2020

25/12/17

Arte Poesia - Um magnífico Soneto de Natal, pelo Grande Escritor Brasileiro, Machado de Assis...



«Soneto de Natal

Um homem, — era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno, —
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,

Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.

Escolheu o soneto . . . A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.

E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
"Mudaria o Natal ou mudei eu?"»

MACHADO DE ASSIS

30/12/15

Poesia - O Meu Colega e Amigo, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Poema de Mulher"



"POEMA DE MULHER

Escrevo todos os cantos do teu corpo,
Que sem manto,
Se estendem num chão eterno.
E a terra molhada nos teus cabelos,
Ondas de um mar morto, 
De revolto.
E descubro no teu olhar o céu descoberto,
Que se esconde, 
De profundo e absorto.
E na boca, inferno
Dos teus lábios, 
O desejo de um deserto.
Não és apenas uma mulher!
És um poema de mulher!"

Eugénio Mourão

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24/05/15

Poesia - A Minha Colega e Amiga, Professora Anabela Borges, interpela-nos com o Poema: "Liberdade Condicionada"



"Liberdade condicionada

Nesta clausura que imponho
Minha
Como ave que, parecendo livre
Embora, 
Voa num raio de longes
Sem saber que a tolhe um gradeamento
Por todos os lados e por cima.
E, assim ainda, somos sempre o lugar
Onde nos leva o pensamento.
Eu, ave sem gradeamento."

Anabela Borges



20/05/15

Poesia - O Meu Colega e Amigo, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Saudade"


Foto: a modelo Marlene Semedo Fortes


"SAUDADE

Se eu fosse um pintor
E tivesse de desenhar a saudade
Seria uma gaiola sem cor,
Sem grade,
E sem tranca,
Voltada a sul,
E uma bela pomba branca
Que esvoaça o seu azul,
Ao sol da primavera,
E ao entardecer,
Eu fico à espera,
Até ela descer."

Eugénio Mourão

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09/05/15

Poesia - O Meu Colega e Amigo, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Asas de Amar"


Foto: a modelo Mihaela Ion 


"ASAS DE AMAR

Vai, é agora,
Já abanam os teus cabelos
Ao vento,
Já sinto nas tuas asas apelos
De firmamento,
O teu desejo possuído por correntes de liberdade,
Voa,
A puberdade,
Na tua dança de pavoa,
Para perto da mira dos homens.
E sobe, sobe até ao telhado do mundo,
As tuas mãos jovens,
Em corpo fecundo,
Vai, e leva no teu anel a mensagem,
De que numa terra franca,
Há um beiral,
Sobre uma bela paisagem,
De onde partiste ao alvor,
Do teu pombal,
E ao deixares cair uma pena,
Ficou a dor,
Pomba branca,
Mulher morena."

Eugénio Mourão.

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08/05/15

Poesia - O Meu Colega e Amigo, professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Sinfonia do Céu".



"SINFONIA AO CÉU

Com emoção a lágrima beija
Os lábios, fez-se bola de sabão,
Eleva-a a dor no ar que expiro,
Já não lhe chego com a mão,
Tão longe vai, perco-a de vista,
Algures com a paixão a miro.

No rosto a tristeza vem tocar,
Desejo à noite abraça o leito, 
E a terra alvorece o orvalhar,
A saudade que bate no peito,
Já foi oração de adormecer,
E acordar de sonho desfeito.

Se um dia fecharem o mundo,
Ao olhar o céu for proibido,
E o amor ficar moribundo,
Um sopro do meu coração,
Fará tantas bolas de sabão,
Que jamais será esquecido."

Eugénio Mourão

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06/05/15

Poesia - O Meu Colega e Amigo, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Tenho a sensação de que nada..."



"TENHO A SENSAÇÃO DE QUE NADA...

Tenho a sensação de que nada,
Quanto disse ou fiz valeu a pena,
Há no meu escuro uma luz serena,
Que breve o dia tornará apagada.
Sinto-me tão distante do que era,
Que me estranho ao pensar-me,
E escrevo de mim até cansar-me,
Tudo o que na vida já perdera.
É um instante de ansiedade,
Como se a tudo o que fizeste,
Faltasse aquilo que pudeste,
E te cobra em dor de saudade.
Em qualquer palavra que pinta,
Fico a olhar, não sei o que dizer,
Como se a caneta ao escrever,
Falhasse por não ter mais tinta.
Talvez tudo isto seja indistinto,
Ou não passe de um devaneio,
Por quanto foi e não mais veio,
Mas é isso que em mim sinto."

Eugénio Mourão

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05/05/15

Poesia - O Meu Colega e Amigo, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Sabes"


foto: a modelo Uliana Gridina 


"SABES...

Sabes,
Havia um arco íris,
Da minha casa até à tua,
Tu deslizavas por ele até mim,
E eu abraçava-te.
Mas o sol já não gosta do chover,
E a chuva chora sozinha,
Escondida numa nuvem escura.
Sabes,
Havia um sonho,
Do teu quarto até ao meu,
E tu entravas nele,
E eu amava-te,
Mas a realidade já não gosta da ilusão,
E pôs caçadores de sonhos,
À entrada do mundo.
Sabes, 
Havia uma canção,
De uma ponta à outra do piano,
E a letra era este poema,
Que te dediquei,
Mas as teclas não deram,
Porque estava escrito em dó,
E o sol não pôde vir.
Sabes,
Havia…"

Eugénio Mourão

02/05/15

Poesia - O Meu Colega e Amigo, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Acredita"



"ACREDITA

Acredita!
E não percas tempo com o que não pode ser,
Por canteiros anónimos.
Vai brincar a viver,
Lá em baixo há nomes de flores,
Que já foram gente,
Num travesseiro de sonhar,
Acredita!
Tu podes ser uma borboleta,
E deitar-te em camas com pétalas de todos os malmequeres do mundo,
Antes do último jardim.
E se houverem beijos que te magoem, 
Faz com eles lábios de algodão doce,
Junto ao sol."

Eugénio Mourão.

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01/05/15

Poesia - O Meu Colega e Amigo Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Dança da Vida"


(imagem partilhada de A Lua e Eu)

"DANÇA DA VIDA

Tens a vida!
Baila o teu corpo a jeito,
Ainda que numa pista desmedida
Ao som do teu peito.
Não importa que a letra seja errada,
Porque não há no mundo outra crença,
Fizeste tudo o que podias, não há mais nada.
E se alguma dor houver,
Faz dela a madrugada de loucura,
Até que uma lágrima vença
A tua ânsia
Embebida, mas que não cura,
Quanto de amor se faz em ódio à distância.
A noite é uma mulher,
E se engana o descontentamento
Com uma boca errada,
Ao saber-se amarga, de arrependimento,
Acerta-a com os olhos de um lembrar,
Em alguém com quem feliz,
Mas que por triste fado, nunca soube ou quis
Dançar."

Eugénio Mourão

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29/04/15

Poesia - O Meu Colega e Amigo, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Boca Vaga"


(imagem partilhada de A Lua e Eu)

"BOCA VAGA

Farto enlouquecer!
Onde fica a minha razão? É para lá que vou,
Casa do meu ser.
Amanhã, não sei!
Ainda aqui estou,
E se um dia não, ficará a vida que me coube,
Muita ou pouca, não importa,
Porque valeu o que me gastei,
Ainda que a deserto soube,
Mas permanece.
Que a memória a desfaça em desventura,
Jamais será esquecida ou morta,
Porque nada do que foi por sentir desfalece,
Mesmo o que de paixão não tem a mundana
Vontade,
Ao amor engana.
E um dia há de,
De tão obsessivamente feliz,
Ser oferecido à loucura
Que sempre o quis.
É isto a vida, a saga
De um corpo que fica à beira,
Lábios de uma boca vaga,
Saciados com poeira."

Eugénio Mourão

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24/04/15

Poesia - O Meu Colega e Amigo, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Foz"



"FOZ

Não importa quanto de profundo
Um rio seja,
Porque lá no fundo,
O que vale é que à tona se reveja,
Em tudo o que sempre quis .
Aquele que se demora
A ser feliz,
É porque em vez de correr, ignora,
Ou é omisso,
Não sabe dizer a sua foz,
Apenas isso.
Quanto fica de nós
Por velejar,
À proa.
Ou por não sabermos navegar,
Ou a corrente não é boa,
Até ao mar."

Eugénio Mourão

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21/04/15

Poesia - O Meu Colega e Amigo, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Asas de Amar"



"ASAS DE AMAR

Vai, é agora,
Já abanam os teus cabelos
Ao vento,
Já sinto nas tuas asas apelos
De firmamento,
O teu desejo possuído por correntes de liberdade,
Voa,
A puberdade,
Na tua dança de pavoa,
Para perto da mira dos homens.
E sobe, sobe até ao telhado do mundo,
As tuas mãos jovens,
Em corpo fecundo,
Vai, e leva no teu anel a mensagem,
De que numa terra franca,
Há um beiral,
Sobre uma bela paisagem,
De onde partiste ao alvor,
Do teu pombal,
E ao deixares cair uma pena,
Ficou a dor,
Pomba branca,
Mulher morena."

Eugénio Mourão

17/04/15

Poesia - O Meu Colega e Amigo, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Escrever a vida..."



"ESCREVER A VIDA…

Da vida nada digo,
Ela é quem me diz,
Às vezes é tão cruel,
Que julgo brincar comigo,
E que afinal nunca quis,
Senão ficar em papel.
Outras vezes sou eu,
Mas ao escrevê-la,
Sinto-me tão bem,
Como se ao olhar o céu,
Visse numa estrela,
O brilhar de alguém.
É sobretudo agora,
Que tudo acontece,
A noite fica à espreita,
E quando tudo já mora,
Eis que alvorece,
Aquilo que não me deita.
A vida é sonhada assim,
As palavras que lhe faço,
São por tanto a sentir,
Que nunca terá um fim,
E nem mesmo o cansaço,
Me fará dela desistir."

Eugénio Mourão.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=850195308394669&set=a.215009225246617.52914.100002126234550&type=1&theater

15/04/15

Poesia - O Meu Colega e Amigo, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Janela de espera"



"JANELA DE ESPERA

Encosta a saudade,
Já resignada,
À janela de espera,
De um quarto de acordar.
Olhos fixos, vagos,
Por caminhos baços,
E montes de um lugar.
Despidos desejos que voam,
Para espaços,
Que perto distam do desgosto,
Mas que por leigo gosto,
Não magoam.
E tudo não passa de um passar
Que fica."

Eugénio Mourão.

11/04/15

Poesia - O Meu Colega e Amigo, Professor Eugénio mourão, interpela-nos com o Poema: "Quem és?"



"Quem és? 

Tantos seres sem rosto!
Quantos olhos a desilusão
Já esconderam o desgosto
No espelho da solidão!
Caras que o humano tem...
Mostra a tua, a outra não.
Nem sempre a que convém
Diz mais ao coração!
Eu sou quem me vejo,
Não aquilo que tu vês.
Sou amor e sou desejo
Sou cabeça, tronco e pés.
E tu, afinal quem és?
A tua imagem baça
Que o ódio abraça.
Um fantasma? Talvez.
Olhos, que tamanhos?
A cor dos teus sonhos?
Vermelhos de medonhos,
Ou meigos de castanhos?

Eugénio Mourão


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10/04/15

Poesia - O Meu Colega e Amigo, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Dizem que isso é o amor..."



"DIZEM QUE ISSO É O AMOR…. 

Aquilo que connosco veio
Que habita fora do espaço
Que nos prende sem freio
Como ao nó fazer um laço.
E mesmo que nos amordaça
Esta enfermidade sem cura
Dá a isto que por nós passa
Aquilo que sempre dura.
Eterno é quando nunca vais
E se sais por alguns instantes
Vens por onde foste com mais
Muito mais do que era dantes.
Dizem que isso é o amor
Estranha a humana glória
Que se ganha com a dor 
Ou se perde com a vitória.
Ainda que por ela vencido
Não há a esta vida rendida
Algo mais que dê sentido
Do que a alma com ferida.
Só espero que o Camões
Ao ler o meu lindo poema
Fique com a convicção
Quanto a dor vale a pena.
E se tu achares que sim
É porque já foste capaz
De sentir o que sem fim
Para muitos é fugaz."

Eugénio Mourão

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01/04/15

Poesia - O Meu Amigo e Poeta, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Feliz Mentira"



"FELIZ MENTIRA

O que há de mais ingrato neste mundo,
Não é o incerto! O que mais nos desilude
É o sentir à primeira vista devir moribundo,
Ainda que tudo o que se faça nada mude.
Quando a paixão se faz num rosto,
Precipitada por um amor de pedra,
Há venturas que lavam em desgosto,
As calçadas de chão onde não medra.
E ao passar, o que mais embaraça,
É ter sido despojado desta crença,
Por alguém que tanto a amordaça,
E ao olhar devolve em indiferença.
A vida é feita de promessas ocas,
Montagem de amor, feliz mentira!
Tudo se esvai em vício de bocas,
E se uma em prazer dá, a outra tira.
Jamais que um peito abra à ilusão,
As portas do querer que não perdura,
Não há perdão no ato de contrição,
De quem declarado ser tanta jura.
Um dia longe, tocado pela lembrança,
Ao acreditar aquele viver de verdade,
O coração, de tanto ansiar se cansa,
Em bater por mais um dia de saudade."

Eugénio Mourão

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