«Movimento punk inspirou 600 bandas em Portugal, aponta estudo
19 de junho de 2013
O investigador britânico Andy Bennet considera que o estudo sobre o movimento Punk em Portugal vem demonstrar o dinamismo de uma corrente de rebeldia política e irreverência cultural.
“Este projeto português é altamente original e é um dos melhores trabalhos sobre o Punk que alguma vez foi feito. Nos Estados Unidos e no Reino Unido há livros publicados, mas este tipo de investigação é diferente. Tem uma análise muito profunda e mais crítica sobre o Punk”, disse à Lusa Andy Bennet, professor na Griffith University da Austrália, que participa quinta-feira no colóquio sobre o Punk em Portugal, no Porto, coordenado pela socióloga Paula Guerra, autora da investigação.
O termo Punk, que é usado por algumas bandas de garagem no início dos anos 1970, acaba por gerar um movimento de contra cultura e rebeldia nos Estados Unidos e no Reino Unido que ultrapassa a música (Ramones, Sex Pistols e Clash), tornando-se num dos fenómenos mais revolucionários da cultura ocidental das últimas décadas.
A investigação sobre a realidade portuguesa, que se prolongou durante um ano, estabelece o início do movimento em Portugal, em 1977, com o aparecimento da banda Faíscas, que mais tarde dá origem aos Corpo Diplomático (contracapa e capa do disco "Música Moderna" nas imagens deste artigo) e aos Heróis do Mar, mas estuda também trinta anos de um movimento rebelde com especificidades regionais, analisando o percurso dos intervenientes ao longo dos anos, detetando as origens sociais e atitudes políticas, culturais e artísticas.
O estudo referencia em Portugal a existência de 600 bandas desde 1977 e 400 músicas que estão ainda a ser analisadas pelo sociólogo Augusto Santos Silva, da Universidade do Porto (ex-ministro da Defesa Nacional), para um trabalho que vai ser apresentado na Áustria, em outubro.
Além da análise das músicas e das bandas portuguesas, a investigação sociológica refere estar a tratar de um movimento constituído por 98 por cento de indivíduos do sexo masculino e aborda também a questão do envelhecimento e a forma como os princípios e as referências do movimento face à sociedade são mantidos ao longo dos anos, apesar da idade e dos diferentes percursos de vida.
O projeto, com o título “Keep it Simple, Make it Fast”, da investigadora da Universidade do Porto é acompanhado pelo antropólogo espanhol, Carles Feixa da Universidade de Lleida e por Andy Bennet, que considera a investigação singular. “É diferente porque faz uma avaliação do Punk em diferentes níveis: a dimensão política e ideológica (final dos anos 1970 e início dos anos 1980 em Portugal) e também a dimensão histórica a que não é alheia a situação económica do país. A realidade portuguesa é completamente diferente da realidade do Reino Unido mas para o que interessa - e este trabalho não foi feito no Reino Unido – é que politica e ideologicamente, o Punk é igual onde quer que se esteja, depois é influenciado pelo contexto local, mas o Punk é Punk”, sublinha.
“O Punk tem objetivos que dizem respeito à música e à política e, é por isso, que acho importante que este trabalho tenha sido feito aqui e nesta altura e, em muitos aspetos, é importante que tenha sido feito num país que não seja anglo-saxónico porque confere a importância global do Punk”, reforça o académico britânico, acrescentando que o movimento nunca acabou e soube adaptar-se e evoluir ao longo das últimas décadas.
“Não penso em termos românticos sobre uma coisa que desapareceu e que é recordada porque o Punk seguiu em frente. O Punk transformou-se numa base, num ponto de partida para uma forma de expressão política que continua a influenciar os mais jovens que não aceitam, como no passado, uma sociedade normal”, refere Andy Bennet.
O colóquio sobre o Punk em Portugal da investigadora Paula Guerra vai contar com as presenças do sociólogo Augusto Santos Silva, dos académicos Carles Feixa e Andy Bennet e vai decorrer quinta-feira no Gallery Hostel no Porto e pode ser acompanhado nas redes sociais.
(O Movimento Punk Português - Reportagem: Perdidos e Achados [SIC] 1/2)
(O Movimento Punk Português - Reportagem: Perdidos e Achados [SIC] 2/2)
(Punk/Rock em Portugal!)
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Censurados - Coxa (Official Videoclip) 1991
CENSURADOS - "Animais"
"Animais
Censurados
Quando ando pela rua
Toda a gente olha para mim
Parece que me querem comer
E esta merda nunca mais tem fim
E quando ligo a televisão
Todos falam de problemas nacionais
Nada conseguem resolver
São uns animais
Todos querem subir na vida
Para se sentirem poderosos
Só se pensa em roubar
Nem que para isso tenham de matar
E quando conseguem chegar ao topo
Continuam a querer mais e mais
E nunca conseguem ficar contentes
São uns animais"