«A VILA DE AMARANTE
Quando penso em Amarante, vejo-a sempre numa gravura antiga, com a ponte romana sôbre o Tâmega, e a ermida de S. Gonçalo, à entrada, na margem direita, em escarpada penedia, desde o rio até às alturas onde fica o templo e a muralha dos aflitos, não das lamentações, pois estamos num pequeno burgo de Entre Douro-e-Minho, e não na capital judaica, essa cidade-chaga sempre aberta e a sangrar.
Nesta gravura é que ela é evocadora e repousada numa paz eterna, de que só gozam actualmente as vilas pintadas ou gravadas em madeira.
Mas a Amarante actual mostra ainda as cicatrizes das balas francesas; e as businas dos automóveis atormenta-na, qual eco atenuado dos alarmes que sobressaltam o mundo.
Gatão, 3 de Novembro de 1941.
TEIXEIRA DE PASCOAES» in ("Portugal Económico Monumental e Artístico")
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