02/07/16

Animais Selvagens - Os programas de reintrodução do lince-ibérico e da águia-pesqueira começaram este ano a dar frutos, as espécies voltaram a reproduzir-se de forma natural em ambiente selvagem, trata-se do início da luta contra o fim.



«Crias. 2016, o ano dos bebés para duas espécies em perigo

Os programas de reintrodução do lince-ibérico e da águia-pesqueira começaram este ano a dar frutos. As espécies voltaram a reproduzir-se de forma natural em ambiente selvagem. É o início da luta contra o fim.

Ainda não é um baby boom. Mas são boas – excelentes, até – notícias, especialmente tendo em conta que falamos de espécies de animais que já tiveram o nome inscrito nos livros vermelhos da extinção. Desde o início do ano, duas espécies em perigo em Portugal – o lince-ibérico e a águia-pesqueira – começaram a reproduzir-se na natureza, um passo fundamental para a continuidade destes animais no país. 

Ninhada de quatro Em maio, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) confirmou a primeira ninhada de crias de lince-ibérico no Parque Natural do Vale do Guadiana. A primeira cria a ser captada pelas câmaras de vigilância do programa de Recuperação da Distribuição Histórica do Lince-Ibérico (Lynx pardinus) em Espanha e Portugal foi monitorizada pela equipa de seguimento na Herdade das Romeiras, junto da progenitora. A mãe, a fêmea de lince-ibérico Jacarandá, nasceu no Centro Nacional de Reprodução de Lince-Ibérico, em Silves, em 2012, e foi libertada em fevereiro do ano passado.

Depois de Jacarandá, também a fêmea Lagunilla apareceu com bebés. No início, as equipas a cargo do projeto ainda pensaram que seriam três as crias, mas em junho percebeu-se que afinal eram quatro, que terão nascido entre 2 e 8 de março. Segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, “as ninhadas de quatro exemplares não são muito comuns, nem a sobrevivência de todas as crias ao final do terceiro mês de vida”. Progenitora e crias só se deixaram apanhar numa fotografia de família no início do mês passado. No mesmo texto, o ICNF explicava que as crias aparentavam uma “boa condição física”. Para os técnicos, os seus primeiros meses de vida eram “um excelente indicador de condições favoráveis à estabilização de uma população futura de lince no local escolhido para a reintrodução”. Recorde-se que Mértola tem sido a zona escolhida para recolocar os linces na natureza, “ nomeadamente pela disponibilidade de coelho- -bravo”.

Em Portugal, estas são, até agora, as duas fêmeas que se tornaram mães. E de Espanha – onde está a ser aplicado o mesmo programa de reintrodução da espécie – também chegam bons ventos. No final de abril, o Ministério da Agricultura, Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural de Castilla-La Mancha confirmou a presença de linces selvagens bebés nos Montes de Toledo. 

Uma vitória ibérica que surge um ano após o lince-ibérico deixar de ser considerado uma espécie “criticamente em perigo” para passar a “em perigo”. Os linces-ibéricos estiveram durante 15 anos na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza. 

Águia-pesqueira Se, no ano passado, começaram as nidificações, este ano nasceram as primeiras duas crias de águia--pesqueira – também conhecida em linguagem popular como guincho – em Alqueva. A notícia foi avançada pelo CIBIO-InBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, responsável pelo Projeto de Reintrodução da Águia-Pesqueira em Portugal, apoiado pela EDP. Desde 1996 que a espécie não se reproduzia de forma natural no país. 

O nascimento das duas pequenas águias traz esperança para a futura sobrevivência da espécie na natureza, sem intervenção humana. Mas este é o resultado de um esforço iniciado há cinco anos, quando o projeto foi posto em prática. 

Em 2002, a população nativa de águias- -pesqueiras chegou a estar extinta na costa vicentina. Problemas extremos exigem soluções à medida; por isso, a equipa do CIBIO-InBIO – que tem como coordenadores Luís Palma e Pedro Beja – “transferiu 56 juvenis da Suécia e Finlândia para a albufeira de Alqueva entre 2011 e 2015”. 

As aves, habituadas a um clima mais frio, passaram por um período de aclimatação antes de “ 47 dispersarem com êxito”. Marcadas com anilhas de cor para “detetar o seu regresso como potenciais reprodutores”, em 2014 foi observado o retorno de apenas um adulto. “Mas em 2015 já se fizeram quatro observações de aves anilhadas pelo projeto na região de Alqueva e no sul de Espanha”, lê-se num comunicado do projeto. Estas aves nidificaram na albufeira de Alqueva e na costa vicentina.

As crias nasceram no ninho do Alqueva, local onde o macho foi libertado em 2012. O pai dos bebés tinha sido transferido da Finlândia para Portugal; já a mãe “é proveniente de um projeto de reintrodução na Andaluzia, onde foi libertada em 2012, após ser transferida da Alemanha”.» in http://ionline.sapo.pt/515368



(Águia pesqueira)


(O Regresso do Lince Ibérico - O gato mais ameaçado do mundo)

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