«Era pequenina e amorosa. Toda doçura. Muito inteligente e viva, senhora de surpreendente energia, tinha sido muito bonita.
Foi ela quem restaurou a Casa de Pascoaes, em 1916. Dividiu dois velhos salões em quartos de cama, separados por um longo corredor, para haver lugar para todos os filhos e para alguns hóspedes, porque gostava imenso de receber.
Um dia, quando supervisionava as obras, caiu-lhe uma tábua na cabeça. Fez um golpe longo e profundo. Não vacilou. Dirigiu-se pelo pé até ao quarto e esperou calmamente a chegada do médico e amigo da família, Dr. Pedro Macedo. Ele ficou preocupado. Disse que não podia coser o golpe sem anestesia, mas não tinha anestesia. Para ir buscá-la era preciso percorrer três quilómetros até Amarante e outros três para voltar, num carro de cavalos. A ferida continuava a sangrar.
Minha Avó exigiu: «Cosa assim mesmo.»
O médico obedeceu porque o tom era imperativo. E ela aguentou tudo, firmemente, sem um gemido!» in Fotobiografia de "Na sombra de Pascoaes" de Maria José Teixeira de Vasconcelos.
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