05/07/16

Espaço - A sonda espacial Juno conseguiu nesta terça-feira entrar em órbita de Júpiter, o maior planeta do sistema solar, completando com sucesso o instante mais perigoso da missão.




«Sonda Juno entrou em órbita de Júpiter
NICOLAU FERREIRA 05/07/2016

Missão da NASA ultrapassou mais uma etapa.

A sonda espacial Juno conseguiu nesta terça-feira entrar em órbita de Júpiter, o maior planeta do sistema solar, completando com sucesso o instante mais perigoso da missão. Ao fim de cinco anos de viagem espacial, a sonda da agência espacial norte-americana NASA vai agora recolher informações sobre várias características de Júpiter, como a atmosfera, a composição interior e a magnetosfera, numa missão que custa cerca de 990 milhões de euros.

“Estamos lá! Estamos em órbita! Conquistámos Júpiter”, disse Scott Bolton, coordenador da missão, do Instituto de Investigação do Sudoeste, em San Antonio, no Texas, citado pela agência Reuters. “Agora começa a parte divertida.”

Eram 20h53 de segunda-feira na Califórnia (4h53, madrugada de terça-feira em Lisboa) quando a sala de controlo da missão no Laboratório de Propulsão a Jacto (JPL, sigla em inglês), da NASA, recebeu o sinal enviado pela Juno, provocando uma onda de aplausos dos cientistas que acompanhavam a missão.

“O Dia da Independência é sempre algo que se deve celebrar, mas hoje, podemos juntar ao aniversário dos Estados Unidos outra razão para dar vivas – a Juno chegou a Júpiter”, disse Charlie Bolden, administrador da NASA, referindo-se ao dia 4 de Julho.

A sonda tinha de estar no local correcto para activar o seu motor principal e mantê-lo ligado durante 35 minutos, de modo a diminuir a sua velocidade, o que permitiu que fosse capturada numa órbita à volta de Júpiter, explica a NASA num comunicado. Se houvesse alguma falha neste movimento, a sonda falharia o planeta, e seria o fim da missão.

“A inserção na órbita de Júpiter foi um grande passo e o maior desafio que ainda faltava ultrapassar no nosso plano”, disse Rick Nybakken, um dos responsáveis da missão do JPL, explicando que os instrumentos funcionaram na perfeição. Mas a fase científica não vai começar já. “Há outros passos que têm de ocorrer antes de a equipa de ciência poder receber nas mãos a missão que tanto deseja”, acrescentou, citado em comunicado da NASA.

Nos próximos meses, vão ser feitos os últimos testes aos subsistemas da sonda, além das calibrações aos oito instrumentos científicos e a uma câmara. Ainda assim, as primeiras imagens de Júpiter vão ser obtidas já a 17 de Agosto, avança a Reuters, e os instrumentos científicos poderão começar a fazer ciência antes do esperado.

“A fase oficial de recolha científica inicia-se em Outubro, mas encontrámos uma forma de recolher informação muito antes”, revelou Scott Bolton, no comunicado da NASA. Depois, vão iniciar-se as 33 órbitas científicas. A missão irá durar 20 meses e acabará com a Juno a despedir-se de nós, mergulhando na atmosfera de Júpiter.

Depois da Pioneer 10, Júpiter foi visitado pela Pioneer 11, em 1974, pelas duas sondas Voyager, em 1979, a sonda Ulisses, em 1992, a sonda Galileu, que chegou ao planeta em 1995 e até 2003 esteve a estudar o gigante e as suas luas, a Cassini-Huygens, em 2000, e, mais recentemente, a New Horizons, que fez um voo de três meses junto de Júpiter, em 2007, antes de seguir para Plutão. Por isso, depois da Galileu, a Juno é o segundo aparelho exclusivamente destinado a perscrutar este gigante.

A sonda partiu da Terra a 5 de Junho de 2011, fez um movimento circular que ultrapassou a órbita de Marte, voltou até à Terra e aproveitou o impulso dado pela sua gravidade para finalmente viajar até Júpiter, percorrendo nestes quatro anos e 11 meses 2800 milhões de quilómetros.

Dizer que Júpiter é o maior planeta do sistema solar não chega para compreender a sua dimensão. Júpiter é enorme: é três vezes maior do que Saturno, tem 11 vezes o diâmetro da Terra (12.756 quilómetros) e 122 vezes a sua área superficial. Só a Grande Mancha Vermelha, uma tempestade atmosférica épica de cores vermelhas que existe no Hemisfério Sul, bem visível nas fotografias do telescópio espacial Hubble e que os astrónomos andam a monitorizar pelo menos desde o século XIX, tem agora cerca de 16.000 quilómetros de diâmetro. A Terra caberia lá dentro, sem problemas.

A massa de Júpiter é superior à massa de todos os outros corpos do sistema solar, excluindo o Sol. À noite, o seu brilho só é ultrapassado por Vénus, pela Lua e, às vezes, por Marte.

Apesar de os telescópios terrestres terem dado a conhecer a muitos astrónomos as cores do planeta, foram as fotografias da sonda da NASA Pioneer 10, o primeiro que atravessou a cintura de asteróides, situada entre Marte e Júpiter, e fotografou de perto o gigante a 4 de Dezembro de 1973, que permitiram olhar com mais proximidade para a atmosfera joviana. As icónicas bandas brancas e castanho-claras, que hoje associamos imediatamente ao gigante, revelam nuvens de várias composições químicas que estão a diferentes altitudes. Os cientistas pensam que as brancas, por exemplo, são formadas por cristais de amónia, e estão a uma temperatura de 150 graus Celsius negativos.» in https://www.publico.pt/ciencia/noticia/sonda-juno-entrou-na-orbita-de-jupiter-1737291


(Sonda Juno entra com sucesso na órbita de Júpiter)

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