09/03/17

Desporto Futebol - Se olharmos para a história das competições europeias, são várias as histórias de reviravoltas, sendo que uma das maiores foi protagonizada por uma equipa portuguesa. Não, não foi nem SL Benfica, nem Sporting CP, nem FC Porto., foi o Leixões, em 1962.



«Ontem o Barcelona foi incrível, mas o Leixões de há 55 anos não lhe fica atrás

O Barcelona conseguiu esta quarta-feira uma remontada épica. Se olharmos para a história das competições europeias, são várias as histórias de reviravoltas, sendo que uma das maiores foi protagonizada por uma equipa portuguesa. Não, não foi nem SL Benfica, nem Sporting CP, nem FC Porto. Foi o Leixões, em 1962.

Esta quarta-feira o Barcelona conseguiu o ‘milagre’: virar a eliminatória da Liga dos Campeões após ter perdido por 4-0 na primeira-mão. A continuidade dos blaugrana na competição milionária parecia impensável. Os parisienses já celebravam a passagem desde o final dos 90 minutos do primeiro jogo.

Mas havia mais 90 minutos para serem escritos, e os pupilos de Luis Enrique, sem nada a perder, entraram com tudo. A tripla MSN (Messi, Suarez e Neymar) fez 4 golos, Kurzawa ajudou com um auto-golo e Sergi Roberto, o menino da cantera, levou Camp Nou ao delírio com um golo no último minuto da partida. Foi a ‘La Remontada’ e fica para a história como uma das maiores reviravoltas da história da UEFA.

Os catalães conseguiram o que muitos apelidaram de milagre. Mas não foram os únicos. Ao longo da história várias equipas mostraram que o intervalo ou o fim do jogo de uma primeira-mão não era o fim. Em 45 ou 90 minutos é possível escrever uma daquelas belas histórias que emocionam qualquer adepto de futebol.

Que o diga, por exemplo, o Liverpool de Rafael Benítez quando em 2004/05 jogava a final da Liga dos Campeões frente ao AC Milan. Ao intervalo dois golos de Hernán Crespo e um de Maldini pareciam sentenciar todas as possibilidades de os reds erguerem a ‘orelhuda’. Mas na segunda parte, Gerrard, Xabi Alonso e Smicer marcariam os tentos que levaram o jogo para o prolongamento e, depois, para o desempate por pontapés da marca de grande penalidade. Nos penáltis os ingleses foram mais felizes.

As equipas portuguesas também entram neste lote. A mais épica remontada lusitana talvez tenha um protagonista inesperado: o Leixões. O clube de Matosinhos, que atualmente milita no segundo escalão do futebol português, conseguiu, em 1962, virar uma eliminatória que na primeira-mão tinha perdido por 6-2.

Na altura, o clube do norte tinha conseguido algo inédito na sua história, vencendo a Taça de Portugal da época 60/61 após bater o FC Porto por 2-0 no estádio das Antas. Tal feito valeu-lhe a presença na edição da Taça das Taças, competição da UEFA (entretanto extinta) que juntava os vencedores das várias taças nacionais.

Era a estreia do Leixões em competições europeias… e que estreia que foi. O sorteio ditou que a equipa portuguesa enfrentaria o La Chaux-de-Fonds, da Suíça. O primeiro encontro foi jogado além fronteiras e os matosinhenses foram pesadamente derrotados por 6-2. Mas o inédito viria a acontecer na segunda-mão, no Campo Santana, quando o Leixões recebeu e venceu a formação suíça por 5-0, deixando para a história uma das reviravoltas mais épicas do futebol europeu.

A equipa portuguesa viria a avançar ainda mais uma eliminatória na competição, eliminando os romenos do Progresul, mas acabaria afastada nos quartos-de-final pelos alemães do FC Carl Zeiss Jena, num jogo que meteu política ao barulho.

Na altura, ambas as formações agendaram os encontros para Jena e Lisboa (na altura o Leixões jogava em campo emprestado), mas à última da hora os alemães mudaram tudo e propuseram que as duas mãos se disputassem na Alemanha, à época dividida pelo muro de Berlim. A formação portuguesa reclamou, tendo mesmo obrigado a NATO a intervir. A organização militar (e há quem diga que também Salazar) recusaram os vistos de entrada dos jogadores em Portugal e os dois jogos acabaram mesmo por ser realizados em território germânico.

O troféu dessa época viria a ser erguido pelo Atlético de Madrid, onde atuava Jorge Mendonça, o primeiro jogador português a jogar na primeira divisão de um campeonato estrangeiro.» in http://24.sapo.pt/desporto/artigos/ontem-o-barcelona-foi-incrivel-mas-o-leixoes-de-ha-55-anos-nao-lhe-fica-atras

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