«Foi para Coimbra em 1895, para a República do Padre Porfírio, na Rua do Cabido, n.º 11, para fazer o último ano do liceu.
Com dezasseis anos, publicou o primeiro livro de versos - «Embriões». Mais tarde, considerando-o, com razão, sem qualidade, fez uma fogueira no jardim da Casa de Pascoaes, e queimou todos os exemplares que conseguiu recolher. Eu, ainda muito pequena, e obedecendo às suas ordens, ajudei a lançar os livros para a fogueira.
Guerra Junqueiro, quando do aparecimento dos «Embriões», disse ao Pai: «Diz a teu filho que se deixe de versos, que trate de outra coisa.»
Terminado o último ano do liceu em Coimbra, Pascoaes matriculou-se no 1.º ano de Direito, em 1896. Muda a sua residência para a Rua da Esperança, 23.
Escreveu depois um poema dividido em dois pequenos volumes - «Belo». Nesse livro de meditações fala do «choque da luz estonteada contra o mundo» trinta e nove anos antes de Charles Fabry, em 1935, na sua obra «PhYsique et Astrophysique», afirmar: «Il n'y a pas, effet continu d'une onde, mais phénomène de choque entre la matière et un projectil qui serait la lumière.»
Pouco depois, escreveu um livro de versos definitivo - «Sempre». Tinha vinte anos. Nesta obra, publicada em 1898, referindo-se à sua aldeia, diz: «essa palmo de terra ilimitado»... muito antes de Einstein ter falado no «espaço finito e indefinido».
Um poeta verdadeiro, genial, pode intuir, muitas vezes, aquilo que, mais tarde, a ciência comprova.
No mesmo ano, saiu ainda o poemeto «À Minha Alma».
Guerra Junqueiro, boquiaberto com a revelação do «Sempre» apressou-se a escrever a Pascoaes afirmando a sua admiração e o seu espanto. Ao Pai diz que se enganara redondamente.» in Fotobiografia "Na Sombra de Pascoaes" de Maria José Teixeira de Vasconcelos.
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