Num documento do século XVIII conservado na Torre do Tombo, o então pároco da freguesia de Folhada, em Marco de Canaveses, relata uma aparição mariana muito semelhante às de Fátima, protagonizada por três meninas, também pastoras na região.
No dia 13 de Maio, três pastorinhas com “menos de 12 anos” ouviram “uma voz que as chamava” e viram, “num cabeço”, uma mulher “de brilhante e resplandecente rosto”. Uma das meninas perguntou à mulher quem era, e esta respondeu-lhe que o saberiam depois de fazerem durante “nove dias contínuos, ao redor daqueles penedos, uma romaria em louvor de Nossa Senhora”. E naquele mesmo sítio, a 14 de Agosto, véspera do dia d’Assunção, “de noite se viu uma luz tão resplandecente quase a horas de meia-noite, que afirmam se podia ler uma carta à sua claridade”.
Este relato, da autoria do padre José Franco Bravo, pároco da Folhada, freguesia situada no sopé da serra da Aboboreira, no Marco de Canaveses – onde ainda hoje existe uma capela significativamente chamada da Senhora da Aparecida, José Bravo deixou testemunho, em 1758, de uma aparição que ali teria tido lugar no ano anterior. Perdido durante século e meio, o manuscrito foi encontrado na Torre do Tombo e divulgado na obra As Freguesias do Distrito do Porto nas Memórias Paroquiais de 1758, da autoria de José Viriato Capela, Henrique Matos e Rogério Borralheiro, que incluíram no livro uma imagem digitalizada do manuscrito do padre da Folhada.
Curiosas semelhanças
São no mínimo curiosas as semelhanças entre a aparição da Folhada, que teria sido testemunhada pelas pastorinhas marcoenses “nas fraldas dos grossos e ásperos matos da serra de Aboboreira”, segundo conta o pároco, e as hoje mundialmente célebres aparições da Cova da Iria. Desde logo, ocorreram no mesmo dia do ano, a 13 de Maio, e terão tido como testemunhas três crianças com menos de 12 anos, todas elas pastoras. Antecipando o que Lúcia terá feito, também uma das pastorinhas da Folhada perguntou diretamente à aparição quem era e ao que vinha, tendo obtido como resposta, tal como Lúcia, que o ficaria a saber mais tarde, desde que cumprisse determinadas instruções. E também estas aparições tiveram um milagre que impressionou o povo. Perto da meia noite o sol brilhava tão intensamente que se podia ler uma carta à sua luz, conforme o relato do pároco.
Uma chusma de aparições
É certo que as pastorinhas da Folhada eram todas meninas, e o autor do relato até acrescenta que a aparição as chamou “cada qual pelo seu nome, que eram duas Marias e uma Teresa”. Mas esta diferença também pode ser vista como mais uma coincidência, ainda que atenuada pela frequência do nome próprio Maria. Lembremo-nos de que Lúcia, dois anos antes das aparições de 1917 na Cova da Iria, tivera três visões de uma “nuvem mais branca que a neve, algo transparente, com forma humana”. É ela que o conta nas suas memórias, escritas a partir de 1937, e adianta que estas presumíveis primeiras aparições foram também presenciadas por outras três pastorinhas, cujos nomes referiu como Maria Rosa Matias, Teresa Matias e Maria Justino. Ou seja, duas Marias e uma Teresa. Coincidências? Acredite quem quiser, a fé, sempre foi e sempre será um ato humano pessoal e único.» in https://www.mundoportugues.pt/2018/07/25/primeira-aparicao-documentada-de-nossa-senhora-em-portugal-foi-em-marco-de-canaveses-no-seculo-xviii/
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