30/08/16

Amarante Literatura - Acerca da obra "São Paulo" de Teixeira de Pascoaes, que, com raras excepções, não foi bem recebida em Portugal, ao contrário do estrangeiro, como se pode verificar no testemunho do Poeta Suíço Talhoff.



«As críticas estrangeiras choveram em catadupa.

O Poeta suíço Talhoff ergueu-o à maior altura e afirmou:

"Há muito que eu pressentia o espírito que se manifesta em Pascoaes, um espírito maravilhoso na sua intrépida visão! Pascoaes é um contraponto cósmico. Nele se encontram as mais altas forças contra a escuridão demoníaca dos tempos. Pascoaes é um mensageiro apocalíptico, um organista da linguagem, que dele sai qual bíblica torrente de eternidade! Ele é de tal ordem do futuro, de tal maneira antecede todo o pensar, saber e dizer de amanhã, que não é de espantar que não seja ainda compreendido pelo homem vulgar do Ocidente."» in Fotobiografia "Na sombra de Pascoaes" de Maria José Teixeira de Vasconcelos.



«O Grito que Deus Ouve

Não criamos as palavras.
O Verbo é que, em nós,
se fez palavra.

A palavra humana
deriva do Verbo divino
e toca o silêncio das coisas,
mudas porque disseram tudo.

E, porque disseram tudo,
são perfeitas
no seu recorte definido.

A voz
só existe nos seres indefinidos
ou que têm ainda que dizer.

Mas a palavra
entoa no silêncio das coisas
e torna-se mais profunda.»


Teixeira de Pascoaes

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