"AMARANTE PAIXÃO
Em horas mais altas que a lua,
Silêncios dum andar acordado,
Veste o céu, minha terra nua,
Envolta em nevoeiro cerrado.
Cobres de desejo Amarante,
Até que o sol te beije, ó Marão,
Toda a noite tua, e amante,
Em húmido manto de paixão.
Pássaros acordam a fantasia,
Já há sombras que vêm e vão,
Em movimentos de arritmia,
É dia! (Des)animada pulsação.
Da torre, sinos dobram finados,
Máquina do tempo é o coração,
Levem-me naquela! Este não!
Sons de minutos desafinados.
Vida! Pontes de incerta travessia.
Trajeto! São estradas com desvio,
Desvario! Magoa a dor a nostalgia,
E as águas agitadas do meu rio.
Introspeção! Saudades que não vivi,
Dos momentos que desejei!
E quantas recordações esqueci,
Das cidades que já amei!
Em horas mais baixas que o chão,
Aqui estou… só! Não há vivalma.
Acordo esta caneta da emoção,
E com ela embalo a minha alma.
Eugénio Mourão"
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