24/10/12

Ciência - David Silva, doutorando da Universidade de Aveiro, está a desenvolver um projecto que pretende contribuir para a gestão ambiental das cinzas de biomassa tendo em vista a produção de energia térmica e eléctrica em Portugal!



«David Silva quer devolver as cinzas à terra

Projecto contribui para reciclagem de nutrientes no ecossistema florestal.

David Silva, doutorando da Universidade de Aveiro, está a desenvolver um projecto que pretende contribuir para a gestão ambiental das cinzas de biomassa tendo em vista a produção de energia térmica e eléctrica em Portugal.

“Como as cinzas têm um elevado poder alcalino, de pH superior a 10, e alguns nutrientes essenciais às plantas, como o cálcio, potássio e fósforo, o intuito é de aproveitar essas potencialidades das cinzas para integração no solo, na perspectiva de reciclagem de nutrientes e fertilização do solo, em resultado da extracção de biomassa com objectivos industriais”, afirma ao Ciência Hoje.

O estudo do jovem investigador valeu-lhe recentemente o prémio de melhor poster na 4ª Conferência Internacional sobre Engenharia de Resíduos e Valorização de Biomassa, que este ano se realizou no Porto.

Apesar do trabalho estar numa fase intermédia, os resultados obtidos até ao momento evidenciam que “existem diferenças entre as cinzas volantes e as de fundo em termos de composição química. As cinzas volantes concentram maiores quantidades de metais pesados do que as de fundo e apresentam maior potencial de aplicação no solo, uma vez que contêm maior quantidades de nutrientes essenciais às plantas como o potássio, cálcio ou fósforo e pH elevado. Estas propriedades conferem oportunidades para a correcção da acidez de solos e para a reciclagem de nutrientes, compensando deste modo a extracção de biomassa da floresta para a produção de energia”, explica David Silva.

Segundo o aluno, “as cinzas volantes mostram também valores de carbono superior às de fundo. “Esta característica é outra vantagem da utilização da cinza volante no respeita ao sequestro/reposição de carbono no solo”, diz.

A valorização material das cinzas de biomassa como correctivo de acidez ou como fertilizante em solos florestais e agrícolas poderão ser oportunidades emergentes, aproveitando as potencialidades alcalinas e fertilizantes das mesmas. Assim, a reciclagem de cinzas no solo florestal irá exercer um contributo importante para a reciclagem de nutrientes no ecossistema florestal, fechando desta forma, o ciclo da cadeia de valor da biomassa florestal residual para a energia.

Para David Silva, tendo em conta que não existe legislação nesta área, a criação de linhas orientadoras para a aplicação de cinza no solo será um contributo importante para a implementação de legislação sobre a gestão e qualidade ambiental das cinzas provenientes da cadeia de valor da biomassa para a energia.

O assunto interessa não só a indústria, mas também no que respeita à prevenção e redução da quantidade de resíduos destinada a aterros (prática comum em alguns meios industriais). “Com estes resultados e com a observação de alguns investigadores internacionais que já documentaram de que a aplicação da cinza no solo pode provocar ‘queimaduras’ graves nas plantas e na mortalidade do biota em geral, devido à subida drástica do pH do solo, o próximo trabalho irá centrar-se em avaliar alguns tratamentos da cinza que mitiguem esses mesmos impactes negativos sobre o ambiente, evitando assim o uso de outras opções de gestão mais nefastas para o ambiente e saúde pública, como o caso dos aterros”, refere.» in http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=55992&op=all


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