12/10/12

Arte Poesia - O Meu Amigo e Poeta Ângelo Ochôa interpela-nos com o Poema - "Mesma quietude a dos pulmões".



«Mesma quietude a dos pulmões -
do fim para o princípio rescrever até chegar a além - não mais senão
a esperança num sorriso breve -
um dia outro, gemer do violão, aldeias demasiadas para um só cantar -
pássaros e nuvens nos olhos fontes -
alheamento mórbido - um corpo prà rua atirado -
um sono dormido inteiro em tuas mãos -
terra irrompendo em carne brônzea -
desdobrando-se p’los levantes -
lado outro sem margens - leves tangendo sinos - chilrear dúbio -
a manhã - o alegre vaguear - inerte vacuidade - aragem desmedida -
aves - voos - um seguir versos - repouso a cansaços vãos -
a solidão - porque não morres - mundos soando pra lá o encantamento -
e o furor - noite gelo tranquila a medo - mar expandindo -
linguagens dos arbustos vergando-se -
ruas percorridas a cismar - só a mesma mesa no café -
acaso sem história duns bons dias - a neve se suspende -
árvores a florir - enquanto paredes descansam -
algo que se interrompe - ou uma vontade indefinida -
múltiplos enredos - restar - aquém - o só intermédio -
gélidas estrelas dormidas - agras urtigas -
topar - num súbito - como as pessoas de ao pé de nós desaparecem.»

Ângelo Ochôa - "Mesma quietude a dos pulmões"


Ângelo Ochôa - "Mesma quietude a dos pulmões"


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