24/10/12

Política Educativa - Excelente reflexão do meu Colega e Amigo, Professor Eugénio Mourão, acerca da farsa dos rankings das Escolas Portuguesas!



«MEDICENAS

Gosto pouco de falar do ensino em Portugal. Estou metido nele até ao tutano. Mas não é isso que me vai impedir de dizer algumas verdades. 

A primeira é que são horas de acabar com esta farsa dos rankings, ou então nada de fazer misturas. Ponham lá os “ricos” e as turmas de oito alunos de um lado, e os “pobres” em turmas de trinta, do outro.

Tenho duas filhas na escola pública mas não é isso que me faz falar! Não sou hipócrita! E não tenho nada contra os alunos e professores dos colégios particulares. O que tenho é tudo a favor dos alunos das escolas públicas, onde trabalho. Na minha escola todos podem ser médicos ainda que nenhum venha a sê-lo! 

Há escolas particulares em que todos são médicos ainda que nenhum venha a merecê-lo! E digo-o com toda a frontalidade, porque não são dadas as mesmas condições a todos. 

Lamento dizer que tudo isto me faça lembrar o antigamente em que os traços económicos, financeiros e sociais dos agregados é que determinavam o acesso à formação superior. 

Segregação e discriminação são as palavras de ordem! As escolas públicas não podem nem devem ser seletivas! Não estamos muito longe disso, hoje, neste infeliz Portugal. Também há alunos nas privadas que não vão longe, estão fora da rota das Universidades, não aparecem nos rankings, e paradoxalmente são eles que sustentam os colégios! 

E depois lá vem o espetáculo de circo televisivo a anunciar que a massa cinzenta está nos colégios! Só se for o ar cinzento com que esses jovens são obrigados a anunciar a sua inteligência! 

Porque os melhores trinta alunos de uma qualquer escola secundária pública deste país, conseguem, com um sorriso nos lábios, ter melhores resultados nos exames do que os meninos e meninas que são levados ao colo até à sala de exame nos colégios particulares!

Só lhes falta mesmo fazer os exames por eles! Colégio de Nossa Senhora, Colégio de Jesus Cristo, do Santo não sei quê…aqui não há milagres! Eu não quero que a minha escola se converta numa espécie de santuário! Onde as regras são claustrofóbicas, à maneira das abadias da época medieval, de uma dedicação e adoração à Medicina! 

Cuidado porque vejo os novos médicos com ar particularmente adoentado. E os professores parecem monges! Só lhes falta a batina! Um dia ainda são obrigados a rezar missa! Conhecem algum crente feliz? Eu não! Cuidado porque um dia destes ainda temos catequese só para ricos! E só vai para o céu quem pagar propinas altíssimas!

Um professor de uma escola pública perto de si

Eugénio Mourão» in https://www.facebook.com/photo.php?fbid=374821092598762&set=a.215009225246617.52914.100002126234550&type=1&theater&notif_t=photo_reply


(Ana Drago critica avalanche de propaganda nas escolas)

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