«António Patrício vinha passar férias a casa de Francisco Cardoso, tio do pintor Amadeo de Sousa Cardoso, em Manhufe, Amarante, e vinha muitas vezes jantar a Pascoaes. O pintor também aparecia, montando o seu cavalo alazão. Tinham conversas infindáveis.
O Poeta gostava de podar e cuidar das suas árvores. Havia-as muito velhinhas a precisarem de cuidados especiais porque tinham grandes buracos nos troncos carcomidos. Duas videiras do Terreiro Pequeno, plantadas por meu Avô no dia do seu casamento e um velho lódão que, em dias de tempestade, fustigava com os seus ramos verdes a janela do quarto de minha Avó, foram tratados com tanto amor que reverdeceram. Pascoaes tapou-lhes as feridas ocas com barro fresco amassado. Um dos passeios habituais do Poeta, da família e dos amigos era a um monte, em frente à casa, junto da eira do caseiro de Pascoaes de Além, onde havia um enorme e frondoso pinheiro manso muito bonito, que minha mãe eternizou numa tela magnífica.
A Tia Maria da Glória escreve: «Estando Pascoaes num monte, em frente à casa, onde havia um pinheiro manso tão querido de todos nós e que tantas vezes nos abrigou do sol e da chuva, fixou o tronco do pinheiro e disse: «"Foi na raiz deste pinheiro manso muito bonito que eu bebi a minha primeira emoção poética!"»» in Fotobiografia "Na sombra de Pascoaes" de Maria José Teixeira de Vasconcelos.
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