«Golpe militar em curso na Guiné-Bissau
Militares ocupam ruas da capital da Guiné-Bissau. RTP avançou inicialmente que Carlos Gomes Júnior teria sido morto, mas outras fontes garantem que o governante está em local seguro. Embaixada de Portugal cercada.
Os primeiros disparos foram ouvidos cerca das 19h locais (20h em Lisboa), momentos após a chegada de dezenas de militares às imediações da residência de Carlos Gomes Júnior, ex-primeiro-ministro e candidato do PAIGC vencedor da primeira volta das presidenciais guineenses. A casa, na Rua Combatentes da Liberdade da Pátria, foi ataca à granada, havendo relatos de disparos retaliatórios por parte do corpo de segurança de Gomes Júnior.
Segundo informação inicialmente avançada pela RTP citando fonte «muito próxima» de Gomes Júnior, o governante teria sido morto. Mais tarde, o blogue Ditadura do Consenso do jornalista guineense António Aly Silva informou que Gomes Júnior estava em «local seguro». O seu paradeiro permanece desconhecido.
A Rádio Nacional também foi ocupada por soldados. A embaixada de Portugal em Bissau, tal como a de Angola e a representação da CEDEAO, está cercada, relata ainda a RTP. Os representantes diplomáticos lusos aconselham os cidadãos portugueses no país a não sair de casa.
O edifício da alfândega está em chamas e registam-se cortes de energia eléctrica. As rádios e a televisão deixaram de emitir.
Após os primeiros disparos, que lançaram o pânico nas ruas da cidade, a capital encontra-se praticamente deserta. Desde as 21h locais que não se ouve troca de tiros.
Tensão eleitoral
Os acontecimentos das últimas horas sucedem após a primeira volta das eleições presidenciais antecipadas, que segundo as autoridades eleitorais e os observadores internacionais foram ganhas por Gomes Júnior (popularmente conhecido como Cadogo) com quase 50% dos votos.
Os resultados foram contestados pela oposição, tendo o segundo candidato mais votado, o ex-Presidente Kumba Yalá, recusado participar na segunda volta, marcada para o próximo dia 29. Esta quinta-feira, Yalá pediu a anulação das eleições e exigiu à CNE a retirada do seu nome e da sua fotografia do boletim de voto da segunda volta. Os candidatos Serifo Nhamadjo, Henrique Rosa, Afonso Té e Serifo Baldé subscreveram o protesto.
Angola retira de Bissau, CPLP reúne de emergência
Os últimos dias foram também marcados pelo fim do apoio de Angola à reforma das forças armadas guineenses, um processo tido como fundamental para a estabilização do mais pobre e conturbado dos estados lusófonos.
O motivo apontado para a iminente saída do contingente militar angolano (Missang) relaciona-se com a contestação das chefias militares guineenses, nomeadamente o CEMGFA António Indjai, à presença e acção das forças estrangeiras em Bissau.
Gomes Júnior, por seu turno, é favorável à presença das forças angolanas, como declarou recentemente ao SOL (clique para ler a entrevista).
O SOL, em artigo a publicar na edição desta sexta-feira, cita fontes de Bissau que falam do interesse de «'lobbies' de 'empresários' sul-americanos» na desestabilização do país.
Recorde-se que a Guiné-Bissau é apontada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos como um «narcoestado», sendo referida como uma das principais plataformas de trânsito da droga sul-americana para o mercado europeu. As chefias militares são suspeitas de participação do narcotráfico.
A nova crise, já antes do golpe militar desta quinta-feira, motivou a convocação de uma reunião de urgência, sábado, em Lisboa, entre os ministros dos Negócios Estrangeiros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).» in http://sol.sapo.pt/inicio/Internacional/Interior.aspx?content_id=46640
(Reformas para recuperar atraso da Guiné-Bissau)
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