18/04/12

Arte Poesia - Nos 170 anos de Antero de Quental, aqui deixo: "Contemplação".




"Contemplação


Sonho de olhos abertos, caminhando
Não entre as formas já e as aparências,
Mas vendo a face imóvel das essências,
Entre idéias e espíritos pairando...


Que é o mundo ante mim? fumo ondeando,
Visões sem ser, fragmentos de existências...
Uma névoa de enganos e impotências
Sobre vácuo insondável rastejando...


E d'entre a névoa e a sombra universais
Só me chega um murmúrio, feito de ais...
É a queixa, o profundíssimo gemido


Das coisas, que procuram cegamente
Na sua noite e dolorosamente
Outra luz, outro fim só presentido..."


Antero de Quental, in "Sonetos"

«Antero de Quental


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Antero de Quental


Antero de Quental, c. 1887
Nascimento 18 de abril de 1842
Ponta Delgada, Ilha de São Miguel
Morte 11 de setembro de 1891 (49 anos)
Ponta Delgada, Ilha de São Miguel
Ocupação Poeta
Nacionalidade português
Alma mater Universidade de Coimbra
Período de atividade 1861 - 1892
Gênero literário Romântico, Experimentalismo socialista
Movimento literário Questão Coimbra
Obras de destaque Sonetos de Antero (1861)
Beatrice e Fiat Lux (1863)
Odes Modernas (1865)
Bom Senso e Bom Gosto (1865)
A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais (1865)
Defesa da Carta Encíclica de Sua Santidade Pio IX (1865)
Portugal perante a Revolução de Espanha (1868)
Primaveras Românticas (1872)
Considerações sobre a Filosofia da História Literária Portuguesa (1872)
A Poesia na Actualidade (1881)
Sonetos Completos (1886)
A Filosofia da Natureza dos Naturistas (1886)
Tendências Gerais da filosofia na Segunda Metade do Século XIX (1890)
Raios de extinta luz (1892)
Nota: Para pela pintura de Columbano Bordalo Pinheiro, veja Antero de Quental (Columbano Bordalo Pinheiro).
Antero Tarquínio de Quental (Ponta Delgada, 18 de abril de 1842 — Ponta Delgada, 11 de setembro de 1891) foi um escritor e poeta de Portugal que teve um papel importante no movimento da Geração de 70.


Índice [esconder]


1 Biografia
2 Análise da obra
3 Obras
4 Referências
5 Bibliografia
6 Ver também
7 Ligações externas


[editar]Biografia


Nascido na Ilha de São Miguel, Açores, filho do combatente liberal Fernando de Quental (Solar do Ramalho - do qual mandou tirar a pedra de armas da família -, 10 de maio de 1814 - Ponta Delgada, Matriz, 7 de março de 1873) e de sua mulher Ana Guilhermina da Maia (Setúbal, 16 de julho de 1811 - Lisboa, 28 de novembro de 1876), durante a sua vida, Antero de Quental dedicou-se à poesia, à filosofia e à política. Iniciou seus estudos na cidade natal, mudando para Coimbra aos 16 anos, ali estudando Direito e manifestando as primeiras ideias socialistas. Fundou em Coimbra a Sociedade do Raio, que pretendia renovar o país pela literatura.
Em 1861, publicou seus primeiros sonetos. Quatro anos depois, publicou as Odes Modernas, influenciadas pelo socialismo experimental de Proudhon, enaltecendo a revolução. Nesse mesmo ano iniciou a Questão Coimbrã, em que Antero e outros poetas foram atacados por Antônio Feliciano de Castilho, por instigarem a revolução intelectual. Como resposta, Antero publicou os opúsculos Bom Senso e Bom Gosto, carta ao Exmo. Sr. Antônio Feliciano de Castilho, e A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais.
Ainda em 1866 foi viver em Lisboa, onde experimentou a vida de operário, trabalhando como tipógrafo, profissão que exerceu também em Paris, entre janeiro e fevereiro de 1867.
Em 1868 regressou a Lisboa, onde formou o Cenáculo, de que fizeram parte, entre outros, Eça de Queirós, Abílio de Guerra Junqueiro e Ramalho Ortigão.
Foi um dos fundadores do Partido Socialista Português. Em 1869, fundou o jornal A República, com Oliveira Martins, e em 1872, juntamente com José Fontana, passou a editar a revista O Pensamento Social.
Em 1873 herdou uma quantia considerável de dinheiro, o que lhe permitiu viver dos rendimentos dessa fortuna. Em 1874, com tuberculose, descansou por um ano, mas em 1875, fez a reedição das Odes Modernas.
Em 1879 mudou-se para o Porto, e em 1886 publicou aquela que é considerada pelos críticos como sua melhor obra poética, Sonetos Completos, com características autobiográficas e simbolistas.
Em 1880, adoptou as duas filhas do seu amigo, Germano Meireles, que falecera em 1877. Em Setembro de 1881 foi, por razões de saúde, e a conselho do seu médico, viver em Vila do Conde, onde fixou residência até Maio de 1891, com pequenos intervalos nos Açores e em Lisboa. O período em Vila do Conde foi considerado pelo poeta o melhor período da sua vida: "Aqui as praias são amplas e belas, e por elas me passeio ou me estendo ao sol com a voluptuosidade que só conhecem os poetas e os lagartos adoradores da luz." [1]
Em 1886 foram publicados os Sonetos Completos, coligidos e prefaciados por Oliveira Martins. Entre março e outubro de 1887, permaneceu nos Açores, voltando depois a Vila do Conde. Devido à sua estadia em Vila do Conde, foi criada nesta cidade, em 1995, o "Centro de Estudos Anterianos"
Em 1890, devido à reacção nacional contra o ultimato inglês, de 11 de janeiro, aceitou presidir à Liga Patriótica do Norte, mas a existência da Liga foi efémera. Quando regressou a Lisboa, em maio de 1891, instalou-se em casa da irmã, Ana de Quental. Portador de Distúrbio Bipolar, nesse momento o seu estado de depressão era permanente. Após um mês, em junho de 1891, regressou a Ponta Delgada, suicidando-se no dia 11 de setembro de 1891, com um tiro no ouvido, disparados num banco de jardim de um convento, no Campo de São Francisco Xavier.
Os seus restos mortais encontram-se sepultados no Cemitério de São Joaquim, em Ponta Delgada.[2]


[editar]Análise da obra


A poesia de Antero de Quental apresenta três faces distintas:
A das experiências juvenis, em que coexistem diversas tendências;
A da poesia militante, empenhada em agir como “voz da revolução”;
E a da poesia de tom metafísico, voltada para a expressão da angustia de quem busca um sentido para a existência.
A oscilação entre uma poesia de combate, dedicada ao elogio da acção e da capacidade humana, e uma poesia intimista, direcionada para a análise de uma individualidade angustiada, parece ter sido constante na obra madura de Antero, abandonando a posição que costumava enxergar uma sequência cronológica de três fases.
Antero atinge um maior grau de elaboração em seus sonetos, considerados por muitos críticos uns dos melhores da língua e comparados aos de Camões e aos de Bocage. Há, na verdade, alguns pontos de contato estilísticos e temáticos entre esses três poetas: os sonetos de Antero têm inegável sabor clássico, quer na adjetivação e na musicalidade equilibrada, quer na análise de questões universais que afligem o homem.
[editar]Obras


Sonetos de Antero, 1861 (eBook)
Beatrice e Fiat Lux, 1863
Odes Modernas, 1865 (na origem da polémica Questão Coimbrã). Reeditadas em 1875.
Bom Senso e Bom Gosto, 1865 (opúsculos)
A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais, 1865 (na origem da polémica Questão Coimbrã)
Defesa da Carta Encíclica de Sua Santidade Pio IX, 1865
Portugal perante a Revolução de Espanha 1868 (eBook)
Primaveras Românticas, 1872
Considerações sobre a Filosofia da História Literária Portuguesa, 1872 (eBook)
A Poesia na Actualidade, 1881
Sonetos Completos, 1886 (eBook)
A Filosofia da Natureza dos Naturistas, 1886 (eBook)
Tendências Gerais da filosofia na Segunda Metade do Século XIX, 1890
Raios de extinta luz, 1892 (eBook)
A Biblia da Humanidade (eBook)
Leituras Populares (eBook)
Liga Patriotica do Norte (eBook)
Prosas
Referências


↑ Quental, Antero (1881), "Carta a Jaime Batalha Reis", em: Martins, Ana Maria Almeida ([1989) "Antero de Quental, Cartas, Volumes I e II", Ponta Delgada: Universidade dos Açores / Ed. Comunicação
↑ "Homenagem Antero de Quental 1841-1891". Correio dos Açores, ano 91, nº 26.928, 10 set 2011. p. 32.


[editar]Bibliografia


Literatura Portuguesa no Mundo "Dicionário Ilustrado"(vol. 10) ISBN 972-0-01251-X
VÁRIOS. Nova Enciclopédia Barsa. [S.l.]: Encyclopaedia Britannica do Brasil, 2000. Volume 12, ISBN 85-7026-492-5
[editar]Ver também



O Wikiquote possui citações de ou sobre: Antero de Quental


O Wikisource contém fontes primárias relacionadas com este artigo: Antero de Quental
Prémio Antero de Quental


[editar]Ligações externas


espólio de Antero de Quental no Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea da Biblioteca Nacional
Geração de 70
Biografia em arqnet.pt
Biografia em "Vidas Lusófonas"
Obras de Antero de Quental na Biblioteca Nacional Digital
Obras de Antero de Quental no Project Gutenberg USA
Biografia no wiki da República e laicidade - Associação Cívica
Biografia no site da República e laicidade - Associação Cívica
Instituto Camões (biografia)» in http://pt.wikipedia.org/wiki/Antero_de_Quental


2 comentários:

  1. Minha homenagem a Antero
    Glosas 2 a 1 soneto dele:
    ‘Num sonho todo feito de incerteza’
    …Silêncio, luz branda, amenidade, senti essa presença,
    essa leveza, que nos conduzem daqui à infinidade.
    Era a alma das pombas, ou a mesma toalha na mesa, imensidade.
    Céu sem nuvem nem véu nem sombra escura:
    A íntima e afável comunhão,
    contacto imo a imo, amparo na incerteza,
    a escorrer o luminoso tempo.
    O segredo dum sorriso.
    E assim directo achar a mão que na mão ajude a caminhar.
    -
    ‘Não era o vulgar brilho da beleza,
    era outra luz, era outra suavidade’
    …Que não esqueça;
    irmã comigo vá;
    envolva-me inteira;
    acolha-me meiga;
    abrigue-me,
    a obscuro canto.
    Ângelo Ochôa
    -- abraço o amigo 'poeta'.

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  2. Vale, Amigo, Poeta Ângelo Ochôa!

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