15/12/12

Poesia - O Meu Amigo e Poeta, Ângelo Ochôa, interpela-nos com o Poema: "O super criativo dramaturgo dos entremezes"


"O super criativo dramaturgo dos entremezes
misturou dinheiro com borboletas; entenda-se
actores falhados, recém-formados no Conservatório,
alimentando milhentas ilusões,
Cristo Jesus, Benigni, Buda, Fellini, Kafka, Saramago, Dario Fo.
Ilusionista, minimalista, sensacionalista
fez personagens comer montes de erva,
sacando-as à insídia tabagista.
Enfim reconhecido por Hollywood e Academia,
que tais momos símios reabilitou.
Outrora por foro médico declarado somente
esquizofrénico paranóico de discurso alucinatório ilógico,
ao lhe perguntarem insistentemente se ouvia vozes
respondia: Não, não, infelizmente não ouço.
Montou, explicamos, super espectáculo exótico:
Arranjou carrinha com articulações bizarras,
foi conquistando mundo, Leste dentro,
enquanto Sua Santidade peregrino
conseguia avanços diplomáticos,
que contribuíam para sucessivos degelos
entre fundamentalistas ortodoxos,
para não mencionar dinossauros marxistas.
Estrondoso êxito para barbárie,
autêntica festa, sonho e loucuras delirantes:
Estrelas decadentes luzeiros e fogo soprado,
sobremaneira convincentes prò bom Deus pasmado.
Achou um jeito seu, animista, de tratar luzinhas,
odores, super atletas, marcações, actores
desdobrando-se em contorcionismos,
improvisos, arranques, imprevistos malabarismos.
Não que fosse circo ou ópera bailada,
mas inédito festival.
Conseguiria obter universal aplauso,
pois movia quanto mais primitivo há no fenómeno humano.
Autêntico iluminista místico malabar, suposto autor realizador filósofo
encenador, alongou devaneios após devaneios, decénios após decénios,
num comummente designado intermédio pós-modernidade.
Acabou por colher louros possíveis,
áureas estatuetas, Pulitzer, Nobel.
Criança que mais não desejava senão ouvir pássaros
na manhã a louvar sem fim."

Ângelo Ochôa, Poeta


"O super criativo dramaturgo dos entremezes" por Ângelo Ochôa

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