«Obras paradas: "Desastre generalizado" no sector
O túnel do Marão e a o IP8, no Alentejo, são dois dos exemplos de um mapa de obras interrompidas pela crise financeira que está a deixar empresários e operários de construção civil num "desastre generalizado".
"A situação das empresas construtoras revelada pelos últimos indicadores que publicámos é uma situação de desastre generalizado, chamemos-lhe assim. É o colapso, praticamente, do sector da construção", afirmou à Lusa Ricardo Pedrosa Gomes, presidente da Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas e Serviços (AECOPS).
Opinião semelhante tem o presidente do Sindicato da Construção de Portugal, Albano Ribeiro, salientando que o "sector tem 115 mil trabalhadores no desemprego" e perdeu 22 mil das 63 mil empresas que possuía no passado recente.
"Todos os dias desaparecem cerca de 40 empresas do sector e, a partir de Janeiro, se não forem tomadas medidas, naturalmente que o número vai aumentar", frisou.
Ricardo Gomes aponta o Túnel do Marão, IP8 e lanços da A26 (entre Sines e Beja) como algumas das obras "mais emblemáticas do que está parado", mas existem "outras que, embora não tenham tanto impacto pela sua dimensão, também estão paradas - ou por falta de financiamento ou por indecisões de outra ordem - e que essas são também "obviamente situações que agravam este panorama generalizado".
No Alentejo, o cancelamento da construção de lanços da A26, que deveria ligar Sines e Beja, é "nefasto", porque "as empresas da região precisam de acessibilidades capazes", disse à Lusa o presidente da Associação Empresarial do Baixo Alentejo e Litoral (NERBE/AEBAL), Filipe Pombeiro, frisando que as estradas são "estratégicas" para ligar os investimentos da região, sobretudo o aeroporto de Beja, o Alqueva e o Porto de Sines.
Para Filipe Pombeiro, o porto de Sines "está com um desenvolvimento muito considerável" e o aeroporto de Beja vai afirmar-se "rapidamente" nas áreas da indústria aeronáutica e da carga e, por isso, "é importante haver acessibilidades capazes".
"Não sendo indiferentes ao estado em que o país está, não estamos a exigir uma auto-estrada a todo o custo", mas, "atendendo ao estado avançado das obras" dos lanços da A26, "é inconcebível, voltando ao critério economicista, deixar as obras como estão e desaproveitar o investimento realizado", disse Filipe Pombeiro.
Em Trás-os-Montes, a construção da Auto-estrada do Marão, que inclui um túnel rodoviário de 5.6 quilómetros e vai ligar Vila Real a Amarante, está parada há 17 meses., um processo que já ficou suspenso por três ocasiões, primeiro devido a providências cautelares e depois por problemas financeiros.
O presidente da Comunidade Intermunicipal do Douro (CIM Douro), Artur Cascarejo, afirmou à Lusa que a paragem das obras é, neste momento, incompreensível, uma irracionalidade e "extremamente" prejudicial para a região.
A suspensão, disse, vai trazer prejuízos acrescidos em 25% porque "obra parada é obra degradada" e serão necessários novos trabalhos para garantir a sua segurança.
O autarca caracterizou a situação como um problema "gravíssimo" para as populações, comércio e economia local e pequenas e médias empresas que se organizaram em função da obra.
"E é preciso relembrar o grande número de pessoas que ficou desempregada e sem perspectivas de futuro", terminou.» in http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx?contentID=33BC3B33-2914-4F3B-8F24-F77BC8288569&channelID=00000011-0000-0000-0000-000000000011
(Túnel do Marão parado há quase um ano)
O Mistério das Obras Públicas - O Túnel do Marão [Reportagem SIC]
(Túnel do Marão parado há 408 dias)
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