14/05/15

Criminalidade - O professor da Escola de Psicologia da Universidade do Minho diz que a maior visibilidade desta realidade (bullying), através de mecanismos como as redes sociais, criando a percepção de que o fenómeno aumentou.



«Violência entre jovens é motivada pelo poder e "sempre existiu”

Redes sociais dão visibilidade a uma violência "inerente à espécie humana". Problema deriva da mesma mentalidade que permite as praxes violentas, diz especialista em Psicologia da Educação.

Em dois dias, os temas do "bullying" e da violência entre jovens saltaram para o primeiro plano das discussões em Portugal. A pergunta que muitos fazem: há mais violência? João Lopes, doutorado em Psicologia da Educação, diz que o que aumentou é a visibilidade do fenómeno. 

O professor da Escola de Psicologia da Universidade do Minho diz que a maior visibilidade desta realidade, através de mecanismos como as redes sociais, criando a percepção de que o fenómeno aumentou. 

Estes casos de agressão são motivados pelo desejo do poder, diz João Lopes. "Isso é uma coisa inerente à espécie humana, que faz isso com imensa frequência. Claro que na maior parte dos casos não sabemos, não vemos. Mas estes são colocados nas redes sociais e nós vemo-los." 

Para este especialista, os casos que têm sido notícia nos últimos dias – um jovem agredido na Figueira da Foz, um episódio registado em vídeo e amplamente partilhado nas redes sociais, e um rapaz de 16 anos que terá sido morto por um grupo de adolescentes em Salvaterra de Magos – derivam da mesma mentalidade que permite as praxes violentas. 

"Trata-se de um exercício gratuito como acontece em muitas outras circunstâncias, como nas praxes académicas, em que a exibição é absolutamente descarada, até com a conivência de algumas das pessoas em quem é exercida a violência, e já nem é visto como violência." 

Como parar agressores 

João Lopes defende uma abordagem de "tolerância zero" para travar este tipo de agressores. Considera que as disciplinas de Formação Cívica e de Educação para a Cidadania, leccionadas nas escolas, de pouco ou nada servem para este efeito: "Devem ter um efeito próximo do zero relativamente a este tipo de situações. Não é por uma pessoa dar uma disciplina que consegue parar isto." 

"Aliás, este tipo de agressores, em geral, só pára quando percepciona uma ameaça sobre os seus actos que é manifestamente superior à violência que eles próprios podem exercer. Se o ambiente for extremamente controlado e houver absolutamente tolerância zero para com a agressão, é muito provável que estes sujeitos se sintam intimidados e tenham menos tendência para agredir", conclui João Lopes.» in http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=25&did=187387


(Pais e jovem agredido na Figueira da Foz apresentaram queixa na PSP)

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