por PEDRO SOUSA TAVARESHoje
Para disputar venda de 200 aparelhos a três escolas é preciso certificado, que nenhum fabricante português ainda tem.
Os últimos concursos de compra de computadores para as escolas secundárias, lançados pela Parque Escolar, exigem a apresentação de um certificado de eficiência energética e ambiental - o EPEAT - que apenas algumas multinacionais já obtiveram. Uma regra que gera estranheza a fabricantes nacionais, enquanto a empresa pública diz estar apenas a zelar pela qualidade do produto.
Em causa estão cerca de duas centenas de computadores, a adquirir para três escolas secundárias. Um lote relativamente pequeno face a concursos anteriores.
Mas para Gabriel Santos, representante da Inforlândia, fabricante do computador "português" Insys, trata-se de uma questão de princípio.
"A Parque Escolar tinha um mandato político claro de dar prioridade às empresas nacionais", diz o empresário, lembrando a associação que o Governo tem vindo a fazer entre o investimento na modernização das secundárias e a revitalização da economia.
Contactada pelo DN, a empresa Parque Escolar confirmou a exigência deste certificado, defendendo que "um dos objectivos do programa de modernização é garantir a eficiência energética das escolas". Os estabelecimentos de ensino recebem "cerca de 200 computadores".
A empresa pública, acrescenta ainda que "o que acontece com alguns fornecedores é que não possuem a certificação dos computadores, mas sim os certificados individuais dos vários componentes que os compõem, podendo não ser garantida a sua conformidade como um todo".
Gabriel Santos contrapõe, no entanto, que a empresa - tal como outros fabricantes nacionais - tem "um conjunto de certificações que garantem a eficácia dos seus computadores, nomeadamente energética".
A Inforlândia confessa, pela voz de Gabriel Santos, "estranhar" o porquê de a Parque Escolar introduzir uma norma que não constava de concursos anteriores.
"Se é assim, porque é que não exigiram este certificado nos 24 concursos que lançaram o ano passado [abrangendo perto de 4000 computadores]?", questionou. "No fundo, estamos a falar dos mesmos computadores, só que entretanto têm um novo certificado", disse numa alusão à HP, cujos representantes ganharam os concursos de 2009.
A Parque Escolar defende que todos os seus concursos foram ganhos por empresas nacionais. No entanto, a Inforlândia contrapõe haver uma diferença entre empresas nacionais que representam marcas estrangeiras e outras que efectivamente montam computadores.
"Com estas regras, não só se exclui os fabricantes nacionais como uma rede de empresas locais que poderiam assegurar a manutenção destes computadores, já que as multinacionais têm a sua própria assistência e não é local", diz Gabriel Santos.» in http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1560034
Sem comentários:
Enviar um comentário