25/04/22

História e Arqueologia - Uma equipa de arqueólogos descobriu os restos mortais de um possível mercenário romano enterrado com a sua espada e o esqueleto de outro homem do período romano, no País de Gales, no Reino Unido.



«Vestígios de mercenários romanos e vítimas decapitadas descobertas no Reino Unido

Arqueólogos descobriram o local da escavação primeiramente nos anos 60, ao encontrar os restos de casas da Idade do Ferro.

Uma equipa de arqueólogos descobriu os restos mortais de um possível mercenário romano enterrado com a sua espada e o esqueleto de outro homem do período romano, no País de Gales, no Reino Unido. Neste segundo caso, a cabeça decapitada estava posicionada junto aos pés.

Em curso estão investigações sobre estes dois funerais distintos, assim como a outros funerais no local, que têm sido ali feitos por humanos desde a Idade da Pedra. Uma das localizações, por exemplo, conta com centenas de enterros de dois períodos diferentes da história: o primeiro diz respeito a pessoas que viveram durante o início do período medieval (410 a 1169 d.C.) e escolheram enterrar os seus mortos dentro de um monte que tinha sido usado como cemitério durante a Idade do Bronze (2500 a.C. a 800 a.C.), o qual a equipa também encontrou.

“O povo primitivo medieval voltou ao local pré-histórico para fazer este cemitério, apesar de ser um período cristão, sendo de esperar que fossem enterrados à volta de uma capela ou de uma igreja”, explicou o diretor do projeto de escavação Mark Collard, arqueólogo, à Live Science.

Os arqueólogos descobriram o local da escavação primeiramente nos anos 60, ao encontrar os restos de casas da Idade do Ferro (800 a.C. a 43 d.C.), assim como a Villa Romana Whitton Lodge. No entanto, não foi até há pouco tempo que, durante um levantamento arqueológico relacionado com o projeto de construção de estrada, os arqueólogos se aperceberam de que o local conservava muito mais história.

De 2017 até 2018, o grupo Rubicon Heritage escavou o local e desde então tem vindo a trabalhar numa monografia, ou seja, uma descrição detalhada e revista por pares. Em Março, lançaram um livro eletrónico e um mapa interativo online da escavação, conhecido como 5 Mile Lane.

As primeiras provas encontradas na 5 Mile Lane consistem em ferramentas de pedra de um caçador-coletor que datam do período Mesolítico, apontou Collard. “Mostra que os mesolíticos estão a atravessar a área” e a caçar animais como o auroque (Bos primigenius), uma espécie de gado extinta, continuou.

As pessoas que viviam na área durante o Neolítico parecem ter construído uma estrutura ritual de uso comum, atendendo aos grandes fossos ou buracos que os arqueólogos encontraram. “De forma simplista, assemelha-se a um grande alinhamento de postes que atravessam o campo”, disse Collard. A equipa também desenterrou os restos de uma pessoa numa posição de cócoras enterrada nas proximidades, sugerindo que o enterro estava efetivamente ligado ao ritual, disse.

Os arqueólogos encontraram os restos de várias casas  e funerais que datam da Idade do Bronze. Mas só na Idade do Ferro é que a paisagem se tornou mais delineada com casas pequenas, construídas em madeira e de telhado redondo e terras cultivadas. Estas quintas estavam próximas – a menos de 1,6 quilómetros de distância – e tinham animais domesticados.

“Isto mostra o quão densa era a população”, sintetiza Collard. Eventualmente, as pessoas acabariam por mudar de casas redondas para edifícios romanos de pedra retangular. “Não sabemos se eram os mesmos proprietários ou a mesma família, mas gostamos de pensar que existiu. E eles apenas se renderam às novas modas e assimilaram-se ao Império Romano”, disse ele.

A equipa planeia testar se realmente havia continuidade, examinando o ADN preservado encontrado nos enterros humanos, especialmente os cerca de 450 enterros encontrados no monte utilizado tanto pela Idade do Bronze como pelos primeiros povos medievais.

É provável que a área tenha sido bem utilizada porque “são terras agrícolas muito ricas por lá”, explicou Collard. “É bom para cultivar, mas também para manter os animais” pasto e tinha “acesso ao mar, que fica a alguns quilómetros de distância”, especificou.» in https://zap.aeiou.pt/vestigios-de-mercenarios-romanos-e-vitimas-decapitadas-descobertas-no-reino-unido-474634


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