30/12/15

Arte Literatura - O Meu Colega e Amigo, Guilherme Koehler, interpela-nos com o tema da fatalidade nacional, em "As Farpas", do grande escritor Português, Eça de Queiroz.



«Fatalidade.

“Fomos outrora o povo do caldo da portaria, das procissões, da navalha e da taverna. Compreendeu-se que esta situação era um aviltamento da dignidade humana: fizemos muitas revoluções para sair dela. Ficamos exactamente em condições idênticas. 

O caldo da portaria não acabou. Não é já como outrora uma multidão pitoresca de mendigos, beatos, ciganos, ladrões, caceteiros, carrascos, que o vai buscar alegremente, ao meio-dia, cantando o Bendito; é uma classe média inteira que vive dele, de chapéu alto e paletó.

Este caldo é o Estado. A classe média vive do Estado. A velhice conta com ele como condição da sua vida. Logo desde os primeiros exames do liceu, a mocidade vê nele o seu repouso e a garantia da sua tranquilidade. (…)

A própria indústria faz-se proteccionar pelo Estado e trabalha sobretudo em vista do Estado. 

A imprensa até certo ponto vive também do Estado. A ciência depende do Estado. O Estado é a esperança das famílias pobres e das casas arruinadas; é a ocupação natural das mediocridades; é o usufruto da burguesia. 

Ora como o Estado, pobre, paga tão pobremente que ninguém se pode libertar da sua tutela para ir para a indústria ou para o comércio, esta situação perpetua-se de pais a filhos como uma fatalidade.”

Eça de Queiroz em "As Farpas".» in https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10203895264261374&set=gm.978021712251630&type=3&theater


(Eça de Queiroz)


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