A escassez de água no rio Tejo fez com que seja possível agora chegar a pé ao Castelo de Almourol, quando antes se tratava de uma ilha.
“Temos um riacho. O rio Tejo neste momento… Eu nunca o vi assim. A ilha deixou de o ser”, disse em entrevista à TSF Fernando Freire, presidente da Câmara de Vila Nova da Barquinha.
O autarca lamenta que o negócio da eletricidade esteja a penalizar o rio. “Quando a energia é mais cara é injetada. Funciona como uma bolsa de valores, completamente como o mercado”, defendeu em entrevista à TSF.
Os vários autarcas daquela região pedem que seja definido um caudal mínimo no rio e isso implica alterações ao acordo atual com Espanha. Fernando Freire pede que se substitua o “acordo em que era fixado um valor volumétrico anual”.
“Tem sido um inferno, não sabemos a quem recorrer mais”, disse também há dias à agência Lusa o presidente da Associação de Agricultores de Abrantes, Constância, Sardoal e Mação.
Luís Damas reafirmou que o problema está identificado há muito e prende-se com a irregularidade do volume de água libertado a partir da barragem de Alcântara, explorada pela empresa elétrica espanhola Iberdrola, que, na sua opinião, “gere os caudais economicamente e não olha para a parte ecológica e tudo o que envolve o rio, nomeadamente a necessidade de ter um caudal com estabilidade, não só por causa da rega, mas também por toda a fauna e flora envolvente”.
“Há um protocolo que define um caudal semanal, mas eles retêm a água e, num dia ou dois, libertam tudo. Queríamos um caudal mínimo diário, mas a solução de fundo era fazer uma barragem no rio Ocreza [afluente do Tejo], que seria um reservatório para não estarmos dependentes de Espanha”, reclamou.
Numa reunião realizada a 2 de agosto, que juntou responsáveis da APA e da Direção-Geral de Água de Espanha (DGA), as duas delegações reconheceram que no presente ano hidrológico ambos os países não só cumpriram os regimes de caudais da Convenção de Albufeira, como excederam os volumes estabelecidos na Convenção, que regula as relações luso-espanholas no domínio dos recursos hídricos desde 2000.» in https://multinews.sapo.pt/atualidade/escassez-de-agua-no-tejo-ilha-do-castelo-de-almourol-desapareceu/