«(..) O Coronel Francisco Monteiro de Carvalho Lima nasceu em Amarante em 1883, Entrou para a Escola do Exército em 1907; prestou serviço no 3 de Viana do Castelo. Em 1909 foi promovido a alferes e colocado em Vila Real, até que partiu em 1912, como tenente, para Moçambique, onde permaneceu dois anos. Em 1914 foi incorporado em Infantaria 15 e em 1917 partiu para França tendo sido ferido em campanha. Era então Capitão. Regressou a Portugal, em Junho de 1918, com licença de convalescença, e veio a fazer parte de Infantaria 6, do Porto. Foi promovido a major em 1932, a tenente-Coronel em 1936 e mais tarde a Coronel. Passou a comandar o Regimento de Infantaria 9 de Lamego onde se conservou até 1943, data em que passou à reserva.
Se a sua vida como militar se pode considerar exemplar, devemos referir, outrossim, a sua passagem pela administração do concelho de Amarante, que serviu desde 1950 até aos últimos dias da sua vida. Seria egoísmo e ingratidão num dia de júbilo como este que agora se vive, em que realidades e novas perspectivas se abrem, enfim, a uma terra ávida delas, esquecer-se o homem que ajudou a corporizar a maior parte dessas realizações que muito enriquecem Amarante, pois que, para além de discutíveis critérios de beleza, elas proporcionarão um melhor rendimento dos serviços oficiais, uma maior dignidade nas funções e instalações e ainda aquela apregoada higiene indispensável em todos os lugares, mas muito especialmente num mercado abastecedor da população da vila.(..)
(..) Mas um dia, é chamado à presidência da Câmara, um homem que todos conheciam pelo seu grande prestígio militar, herói da 1.ª Grande Guerra, com uma brilhante folha de serviços. Que todos conheciam e respeitavam pelo seu trato afável e pela sua simpatia, pela sua linha de conduta, mas que poucos consideravam o presidente que os novos queriam e de que Amarante precisava.
Instalado na Câmara, o Sr. Coronel Carvalho Lima, começou por sanear as finanças, cujo estado era precário e fê-lo com mão de ferro, com mão militar, não se importando de criar mau ambiente ou inimizades.
Soube ao mesmo tempo escolher os colaboradores e os técnicos e soube também chamar depois a atenção do Governo da Nação para esta Terra pequena durante tanto tempo esquecida.
E o milagre, em que já ninguém acreditava deu-se. O Governo da Nação, verificando que este homem era bem intencionado, leal, justo e cumpridor do seu dever, não pedindo nada que não se justificasse, que não gastava um centavo mal gasto, não lhe regateou o apoio e a ajuda.
E assim se atravessou um período de paz, de trabalho e de progresso para a nossa Terra.
As inaugurações começaram a fazer-se. – Primeiro foi o grande e moderno Hospital Sub-Regional, para o qual a Câmara deu boa ajuda e chamou a atenção do Governo. Na antiga quinta da Cerca, que a Câmara finalmente conseguiu comprar, abriram-se os arruamentos necessários à urbanização da nova zona e iniciaram-se as obras de construção do Palácio da Justiça e do Mercado.
E toda a gente dizia – mas como e onde é que a Câmara tem dinheiro para tanta coisa? Tinha, porque o Presidente Coronel Carvalho Lima, soube poupar, soube fazer o trabalho sério e o Governo da nação compreendeu-o e não lhe regateou o seu auxílio.
Mas ao mesmo tempo que se fazia esta grande transportação na sede do Concelho, a Câmara não abandonou as suas 40 freguesias, pois foram quase todas electrificadas e dotadas de estradas e de escolas. Não quiz Deus que o Sr. Coronel Carvalho Lima assistisse à culminância da sua obra, da sua realização, que com tanto carinho com mão tão firme e tão hábil, soube preparar. A morte arrebatou-o dois anos antes, quando ainda havia muito a esperar dele. Não teve a merecida alegria de assistir às grandes inaugurações de hoje, mas ficará, não temos dúvidas, na história de Amarante, como o seu maior e melhor Presidente de todos os tempos. (..)» in livro "Pequena História de Amarante", compilada por Luís Van Zeller Macedo, em 1989, Amarante.
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Porque será que Amarante não honra esta figura importante do século passado amarantino?
Complexos de esquerda de "veludo", ou pelo mesmo motivo que se retirou o nome do Poeta Teixeira de Pascoaes a um estabelecimento de ensino local?
Uma terra que não honre o seu passado, é uma terra mais pobre...
No espaço aproximado de uma década lançar ou promover obras como: "O Tribunal de Amarante"; "O Mercado de Amarante"; "A Nova Ponte", "O primeiro bairro social", "O Hospital de São Gonçalo de Amarante"; a eletrificação do concelho; a disseminação de escolas pelo Concelho", entre outras, pede meças a muita gente... a muitos intelectuais da esquerda de "veludo"...
Será que o testemunho escrito prestado pelo Exmo. Sr. Dr. Luís Van Zeller Macedo, consubstanciado neste interessante livro que dedicou à sua Amarante, um Médico Altruísta e Humanista conhecido localmente como "Médico do Povo", não é fidedigno para os modernos... talvez não, afinal a sua própria figura de "Grande Amarantino", com muitos serviços prestados ao Povo da então Vila de Amarante, não tiveram ainda uma merecida homenagem...
Em política é bom atender aos constrangimentos conjunturais dos momentos históricos e saber separar o trigo do joio...
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