
RUDOLFO REBÊLO
Rendimentos. Mais de 700 mil funcionários vêem os seus salários reais baixar desde há dez anos e não terão compensações no próximo ano. Em 2009, todas as pensões acima dos 644,56 euros vão perder poder de compra. Uma pensão de mil euros vai perder cinco euros por mês face à inflação
Desgaste salarial já soma 6,9% em dez anos
A guerra pelos salários na função pública já começou. Cinco sindicatos, encabeçados pelo STE, pretendem aumentos de 4% para 2009. A Frente Comum, afecta à CGTP, "exige" acréscimos mínimos de 5%. Mas, na sexta-feira, Teixeira dos Santos, ministro das Finanças, esvaziou o "balão" e foi taxativo: os aumentos para 2009 "não terão em consideração perdas de poder de compra do passado". Ou seja, em 2008, os funcionários públicos podem perder 0,9% de poder de compra, ao contrário das promessas do Governo.
Em dez anos, desde 1998 , a maioria dos 700 mil funcionários públicos - a que corresponde um agregado familiar de pelo menos 2,2 milhões de pessoas - já perdeu pelo menos 6,9% no poder de compra. São os parentes pobres dos assalariados portugueses - é que, no sector privado, desde 1998 até 2007, os salários foram valorizados em 10,4%, de acordo com os dados divulgados pelo Banco de Portugal.

Esta estimativa de desgaste no poder de compra dos funcionários públicos não inclui a erosão provocada pelos aumentos de impostos (em sede de IRS), durante a última década, ou de contribuições sociais. Por exemplo, em 2007 os funcionários públicos foram aumentados 1,5%, mas, de imediato, um terço deste aumento , 0,5 pontos, foi subtraído aos ordenados a título de descontos sociais. Em dez anos, os Governos erraram sistematicamente nas estimativas face ao andamento da inflação. Apenas no distante ano de 1999 os funcionários públicos ganharam pontos à inflação. Foi quando a expansão salarial se cifrou em 3% e os preços subiram 2,3%.

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