«Depois de passar 39 anos na prisão por um crime que não cometeu, septuagenário vai receber 21 milhões
Rhonda Wicht e o seu filho Donald, de quatro anos, foram assassinados em 1978. Mas o homem que foi parar à cadeia e cumpriu uma pena de quase quatro décadas não foi o homicida. Agora, Craig Coley, decidiram os responsáveis de Simi Valley, na Califórnia, vai receber uma compensação de 21 milhões de dólares (18,4 milhões de euros)
"Apesar de nenhuma quantia poder compensar o que aconteceu ao Sr. Coley, resolver este caso é fazer o que está certo para ele e para a nossa comunidade", considera Eric Levitt, administrador da cidade, referindo-se à decisão de não levar o caso a tribunal para decidir o valor da indemnização, o que, muitas vezes, leva a longas batalhas judiciais (mesmo depois de provada a inocência dos condenados injustamente).
No caso de Coley, um veterano da Marinha agora com 71 anos, não foi preciso discutir - a polícia reabriu o caso, o procurador de Ventura County apoiou a decisão, depois o então governador Jerry Brown (em 2017) perdoou-o e o Conselho de Compensação à Vítima da Califórnia atribuiu-lhe, no ano passado, quase 2 milhões de dólares (perto de 1,8 milhões de euros) - 140 dolares por cada um dos 13.991 dias passados injustamente da prisão. Meses mais tarde, Coley entrou com uma acção federal de direitos civis. Resultado: a cidade vai pagar-lhe cerca de 5 milhões, e o que falta para prefazer os 21 milhões virá de seguros e "outras fontes", como se lê no comunicado.
A inocência do septuagenário começou a desenhar-se quando, a cerca de 65 quilómetros a noroeste de Los Angeles, foram encontradas, num laboratório privado, "amostras biológicas" cuja destruição tinha sido ordenada pelo tribunal depois da condenação de Coley, em janeiro de 1980.
"Descobriu-se que uma parte fundamental das provas usadas para condenar o réu não tinha o seu ADN", adianta o comunicado da cidade.
A nova investigação, que incluiu entrevistas com testemunhas e a recriação do caso, levou as autoridades a concluir que estavam reunidas as condições para provar a "inocência".
Mas se o caso, em relação a Coley, está resolvido, o mesmo não se pode dizer sobre as vítimas do homicídio, uma vez que as autoridades continuam sem saber quem estrangulou e violou a mãe e sufocou o filho, encenando depois um assalto.
Os vizinhos relataram, na altura, à polícia, ter ouvido sons de luta por volta das 5h30 da madrugada de 11 de novembro de 1978. Uma das testemunhas contou que tinha visto pela janela a carrinha de Coley, que era, então, namorado de Rhonda Wicht, em processo de separação.
Coley, com 31 anos, garantiu que tinha estado num restaurante até às 4h30, após o que deixou um amigo em casa e foi também para a sua, versão que foi sempre corroborada pelos colegas. Acusado de homicídio em primeiro grau, o suspeito passou as quatro décadas seguintes a negar ter cometido os crimes.» in http://visao.sapo.pt/actualidade/mundo/2019-02-25-Depois-de-passar-39-anos-na-prisao-por-um-crime-que-nao-cometeu-septuagenario-vai-receber-21-milhoes
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