25/02/19

Justiça - Agora, Craig Coley, decidiram os responsáveis de Simi Valley, na Califórnia, vai receber uma compensação de 21 milhões de dólares (18,4 milhões de euros).



«Depois de passar 39 anos na prisão por um crime que não cometeu, septuagenário vai receber 21 milhões

Rhonda Wicht e o seu filho Donald, de quatro anos, foram assassinados em 1978. Mas o homem que foi parar à cadeia e cumpriu uma pena de quase quatro décadas não foi o homicida. Agora, Craig Coley, decidiram os responsáveis de Simi Valley, na Califórnia, vai receber uma compensação de 21 milhões de dólares (18,4 milhões de euros)

"Apesar de nenhuma quantia poder compensar o que aconteceu ao Sr. Coley, resolver este caso é fazer o que está certo para ele e para a nossa comunidade", considera Eric Levitt, administrador da cidade, referindo-se à decisão de não levar o caso a tribunal para decidir o valor da indemnização, o que, muitas vezes, leva a longas batalhas judiciais (mesmo depois de provada a inocência dos condenados injustamente).

No caso de Coley, um veterano da Marinha agora com 71 anos, não foi preciso discutir - a polícia reabriu o caso, o procurador de Ventura County apoiou a decisão, depois o então governador Jerry Brown (em 2017) perdoou-o e o Conselho de Compensação à Vítima da Califórnia atribuiu-lhe, no ano passado, quase 2 milhões de dólares (perto de 1,8 milhões de euros) - 140 dolares por cada um dos 13.991 dias passados injustamente da prisão. Meses mais tarde, Coley entrou com uma acção federal de direitos civis. Resultado: a cidade vai pagar-lhe cerca de 5 milhões, e o que falta para prefazer os 21 milhões virá de seguros e "outras fontes", como se lê no comunicado.

A inocência do septuagenário começou a desenhar-se quando, a cerca de 65 quilómetros a noroeste de Los Angeles, foram encontradas, num laboratório privado, "amostras biológicas" cuja destruição tinha sido ordenada pelo tribunal depois da condenação de Coley, em janeiro de 1980.

"Descobriu-se que uma parte fundamental das provas usadas para condenar o réu não tinha o seu ADN", adianta o comunicado da cidade.

A nova investigação, que incluiu entrevistas com testemunhas e a recriação do caso, levou as autoridades a concluir que estavam reunidas as condições para provar a "inocência".

Mas se o caso, em relação a Coley, está resolvido, o mesmo não se pode dizer sobre as vítimas do homicídio, uma vez que as autoridades continuam sem saber quem estrangulou e violou a mãe e sufocou o filho, encenando depois um assalto.

Os vizinhos relataram, na altura, à polícia, ter ouvido sons de luta por volta das 5h30 da madrugada de 11 de novembro de 1978. Uma das testemunhas contou que tinha visto pela janela a carrinha de Coley, que era, então, namorado de Rhonda Wicht, em processo de separação.

Coley, com 31 anos, garantiu que tinha estado num restaurante até às 4h30, após o que deixou um amigo em casa e foi também para a sua, versão que foi sempre corroborada pelos colegas. Acusado de homicídio em primeiro grau, o suspeito passou as quatro décadas seguintes a negar ter cometido os crimes.» in http://visao.sapo.pt/actualidade/mundo/2019-02-25-Depois-de-passar-39-anos-na-prisao-por-um-crime-que-nao-cometeu-septuagenario-vai-receber-21-milhoes

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