07/01/13

Arte Pintura - Le Jardin» («O Jardim»), pintura a óleo do francês Henri Matisse (1869-1954), roubado há 25 anos do Museu de Arte Moderna de Estocolmo, foi recuperado em Londres por um especialista em obras roubadas, informou esta segunda-feira a BBC!



«Matisse roubado há 25 anos na Suécia é recuperado em Londres

«Le Jardin» («O Jardim»), pintura a óleo do francês Henri Matisse (1869-1954), roubado há 25 anos do Museu de Arte Moderna de Estocolmo, foi recuperado em Londres por um especialista em obras roubadas, informou esta segunda-feira a BBC.

A obra impressionista, que representa um jardim com flores brancas em primeiro plano e uma ponte ao fundo entre árvores, desapareceu do museu de Estocolmo a 11 de Maio de 1987.

O valor da peça fazia com que fosse improvável, segundo o então director do museu sueco, que o quadro fosse vendido no mercado tradicional, por isso que a busca desde o primeiro momento foi centrada em torno dos traficantes de obras de arte.

No entanto, há poucas semanas o Registo de Perdas de Arte, onde figuram a nível internacional todas as obras roubadas, encontrou uma pista sólida sobre o seu paradeiro.

O registo detectou uma incursão nos seu catálogos online de um utilizador externo, Charles Roberts, que se interessou pela descrição da obra desaparecida de Matisse feita pela organização.

Roberts, traficante de arte visual, estava a ponto de fechar o negócio e queria comprovar se a obra era realmente a roubada da Suécia há mais de duas décadas.

Após comprovar que era o Matisse roubado, o director do Registo de Perdas de Arte, Christopher Marinello, negociou a recuperação da pintura, que será transferida para o Museu de Arte de Moderna de Estocolmo nas próximas semanas, segundo a BBC, que não deu detalhes sobre como foi negociada a devolução da pintura nem quem estava em poder da mesma.

«As obras de arte roubadas não têm valor real no mercado e acabam por reaparecer sempre... É só questão de tempo», explicou Marinello, que já recomendou ao museu não pagar nenhum resgate pelo quadro e esperar.» in http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=609283



«Vida e obra de Henri Matisse (1869 - 1954)

Aos 19 anos de idade, estudante de Direito em Paris, Henri Matisse dividia seu tempo entre o trabalho vespertino de escriturário em uma firma de advocacia e, pela manhã, as aulas em uma escola de desenho. Foi quando uma crise de apendicite o deixou um longo tempo preso à cama e assim, afastado do trabalho burocrático, começou a se dedicar com mais afinco à pintura. "Antes, o cotidiano me aborrecia. Ao pintar, passei a sentir-me gloriosamente livre e tranqüilo", ele dizia.

Henri Emile Bernoit Matisse nasceu no último dia do ano de 1869, em Le Cateau, no norte da França. Era filho de um farmacêutico e comerciante de grãos, que sonhava em fazer do filho um próspero advogado. Contudo, Matisse preferiu abandonar a carreira jurídica e dedicar-se integralmente à pintura. Enquanto freqüentava como ouvinte a Escola de Belas-Artes, em Paris, ia ao Louvre para copiar os quadros de grandes mestres ali expostos.

No começo, tudo parecia ir bem. Matisse teve quatro obras expostas no Salão da Sociedade Nacional de Belas Artes e foi convidado para ser membro associado da entidade. Contudo, seu flerte inicial com a estética impressionista contrariou as expectativas da parcela mais conservadora da crítica e ele passou a encontrar dificuldades em divulgar seu trabalho.

A situação se radicalizou quando participou do célebre Salão de Outono de 1905, em Paris, ao lado de Albert Marquet, Maurice Vlaminck e André Derain, que rejeitavam a paleta suave dos impressionistas e aderiram às cores fortes e aos traços expressivos, próximos aos de Vincent van Gogh e Paul Gauguin. A crítica detestou e reagiu com violência.

Matisse e seus colegas foram então chamados de "fauves", numa livre tradução, "bestas selvagens". Daí surgiu o termo "fauvismo", utilizado inicialmente de forma pejorativa, para definir o movimento, de duração efêmera.

Porém, o escândalo e a controvérsia ajudaram a divulgar o nome de Matisse e a aproximá-lo de marchands mais esclarecidos e das vanguardas estéticas de seu tempo. O artista passou a vender um quadro atrás do outro e a fazer viagens pela Europa, África e Ásia, onde manteve contato com novas influências que se refletiram em seu trabalho, desde a tapeçaria oriental aos arabescos da arte islâmica.

Mas foi na luminosa cidade de Nice, na Riviera Francesa, com suas construções brancas e o mar azul do Mediterrâneo ao fundo, que Henri Matisse encontrou seu principal refúgio. Distanciado cada vez mais dos arroubos fauvistas, o artista buscava a harmonia e a paz de espírito. "Sonho com uma arte do equilíbrio, pureza e serenidade, isenta de temas inquietantes e perturbadores", dizia. "Quero que minha arte seja como uma boa poltrona em que se descansa o corpo cansado".

Em 1941, combalido por um câncer no intestino, Matisse foi submetido a duas cirurgias, que lhe tolheram os movimentos e o deixaram em uma cadeira de rodas. Foi nesse período que passou a trabalhar mais intensamente com uma técnica que desenvolvera desde 1937: a aplicação de tinta em papel recortado, os famosos gouaches découpées, que serviriam para ilustrar seu livro Jazz, de 1947. As fotos desta época mostram Matisse em seu quarto de hotel, com tesoura na mão e pilhas de papel colorido no chão.

Cada vez mais recluso, cercado de plantas e de pássaros que criava livremente no quarto, Henri Matisse viveu até 1954. Seu último trabalho foi o projeto de decoração de uma pequena capela na cidade montanhesa de Vence. Para a construção, despojada e banhada de sol, desenhou vitrais azulados e murais com finos traços negros sobre azulejos brancos. Considerava ter atingido ali a plenitude da simplicidade, sua obra-prima.


Curiosidades
  • Tempos bicudos
    Henri Matisse casou em 1898, com Amélie Parayre, que ajudou o marido servindo-lhe de modelo e confeccionando chapéus para complementar a renda familiar. A situação financeira do casal nos primeiros anos após o casamento era crítica, ao ponto de Matisse ter que recorrer ao emprego de assistente de cenógrafo, encarregado de pintar folhas de louro para a decoração do pavilhão onde seria realizada Exposição Universal de 1900.
  • Uma ajuda providencial
    Uma das primeiras pessoas a acreditar no talento de Henri Matisse foi a escritora Gertrude Stein. Colecionadora de arte, ela comprou vários quadros do início de carreira de Matisse. Foi ela também quem o apresentou a muitos marchands parisienses, o que ajudou a divulgar o nome de Matisse entre as principais galerias da capital francesa.
  • Ilustrador de James Joyce
    Matisse foi também um exímio ilustrador. Entre seus trabalhos no gênero, destacam-se as gravuras que fez para uma edição de Flores do Mal, do poeta Baudelaire, e para o romance Ulysses, de James Joyce. Em 1937, também desenhou os cenários e os figurinos para uma montagem teatral de O Vermelho e o Negro, de Stendhal.
  • Pintando na cama
    Quando caiu enfermo, vitimado pelo câncer, Matisse continuou a pintar, embora passasse bom tempo na cama. Ele fixava pontas de carvão na extremidade de longas varas e, com elas, rabiscava as paredes e o teto de sua suíte no hotel Régina, em Nice.
  • Duelo de gigantes
    Picasso e Matisse nutriram uma convivência baseada na competição e, ao mesmo tempo, na admiração mútua. Ambos conquistaram fãs arrebatados e radicais no mundo das artes. "Picassistas" e "matissistas" chegavam a trocar ofensas e defendiam de forma ardorosa a suposta supremacia de seu respectivo ídolo. "Ninguém nunca olhou tão atentamente para meu trabalho quanto Picasso, nem tão atentamente ao trabalho dele como eu", ponderava o próprio Matisse.

Contexto histórico

Ombro a ombro com picasso
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Matisse é considerado por muitos críticos e historiadores da arte, junto com Pablo Picasso, o pintor mais importante e revolucionário do século 20. Uma de suas maiores inovações foi libertar a cor do caráter naturalista. Em 1905, por exemplo, ao pintar o retrato de sua esposa, pôs uma sombra verde no meio do rosto dela. "Quando pinto um verde, não significa dizer grama; quando pinto um azul, não quer dizer céu", observava.

É curioso notar que a obra de Matisse, ao contrário da de Picasso, não absorveu nenhum dos grandes momentos de tensão da história européia na primeira metade do século passado. Durante a Primeira Guerra Mundial, após não conseguir se alistar por que já havia passado da idade máxima permitida para o recrutamento, praticamente deixou de pintar, preferindo dedicar-se ao estudo do violino. Quando estourou a Segunda Guerra, já estava muito mais atormentado com a própria saúde, lamentando ter que deixar Nice por causa do avanço das tropas inimigas.

As obras iniciais de Matisse, sobretudo "Luxo, Calma e Volúpia", de 1904, com suas pinceladas isoladas, ainda são tributárias do neo-impressionismo, embora já anunciasse uma simplificação dos traços e dos volumes. Com o tempo, sua pintura evoluirá para uma crescente busca pela pureza da forma, da linha e das cores, o que atingirá seu ponto máximo nos gouaches découpées, os trabalhos de colagem com papel recortado.

O crítico italiano Giulio Carlo Argan afirmava que a obra de Henri Matisse era, de certo modo, uma resposta negativa ao cubismo. "Ao cubismo, que analisa racionalmente o objeto, ele contrapõe a intuição sintética do todo". Em uma das obras mais famosas do artista, "A Dança", no qual cinco figuras humanas se alongam e dançam de mãos dadas, Argan vê a suprema realização do objetivo central da trajetória artística de Matisse: expressar a máxima complexidade por meio de uma enorme simplicidade.

Sites relacionados
  • Museu Matisse - Site com reprodução de inúmeros desenhos e telas do artista. Em inglês e francês.
  • Masp - Conheça a obra "O Torso de Gesso", que pertence ao acervo do Museu de Arte de São Paulo.
  • Henri Matisse Art Gallery - Galeria virtual, com muitas obras de Matisse, organizadas por ordem alfabética. Em inglês.

 

Principais obras

1. Luxo, Calma e Volúpia (1904) - O quadro pertence à uma das primeiras fases de Matisse, ainda fortemente influenciado pelo neo-impressionismo. 

2. A Janela Aberta (1905) - Exposto no Salão de Outono, que deu origem ao nome "fauvismo"

3. Madame Matisse (1905) - O abandono do uso naturalista da cor. O quadro também é conhecido como "Retrato com Listra Verde".

4. A Dança (1909-1910) - Uma das realizações mais notáveis de Matisse, que expressa vigor e leveza ao mesmo tempo.

5. Interior vermelho (1947) - Um dos mais expressivos dos inúmeros quadros com cenas de interiores de casas pintadas por Matisse.

6. Jazz (1947) - Série de 20 gravuras feitas em papel recortado, técnica que marcaria os últimos trabalhos do artista.»


Fonte:


(Gjendet piktura e vjedhur "Le Jardin" e piktorit Henri Matisse)


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