03/08/18

Mundo - Stonehenge, um dos monumentos mais visitados do mundo, está localizado no condado de Wiltshire, no sul da Inglaterra, onde as 80 pedras que o compõem podem pesar até duas toneladas.



«Stonehenge. Ossos que "passaram um século calados" permitem agora desvendar parte do mistério

Observatório astronómico, templo religioso, local de encontro de druidas, sanatório, cemitério ou monumento à paz. Estas são as hipóteses já referidas sobre Stonehenge, um dos monumentos pré-históricos mais conhecidos do mundo. As questões são várias e não existem muitas respostas. Contudo, cientistas vêm agora dar uma explicação sobre a proveniência dos corpos encontrados no local, durante as primeiras escavações arqueológicas.

Recuemos entre 5.000 e 4.000 anos. A roda ainda não tinha sido inventada e, por isso, não havia forma de facilitar o transporte de grandes cargas. Stonehenge, um dos monumentos mais visitados do mundo, está localizado no condado de Wiltshire, no sul da Inglaterra, onde as 80 pedras que o compõem podem pesar até duas toneladas. Acredita-se que foram transportadas de vários locais, mas continua a ter mistérios por desvendar. Por exemplo, as montanhas de Preseli, a 225 quilómetros do local, são um dos locais de onde vieram as pedras. Porquê, não se sabe. Mas este não é o único mistério associado ao local.

As primeiras escavações arqueológicas no local (1919-1926) puseram a descoberto ossadas de 58 pessoas, tanto homens como mulheres, que tinham sido queimados. Por isso, era difícil chegar a conclusões. “As altas temperaturas alcançadas durante a cremação, de até 1.000 graus, destroem toda a matéria orgânica, inclusive o ADN. Isso limita a quantidade de informação que se pode obter”, explica Christophe Snoeck, químico de formação da Universidade Livre de Bruxelas, mas líder da investigação enquanto doutorando em Arqueologia na Universidade de Oxford, ao El País.

Os cadáveres de Stonehenge, que “passaram um século calados”, tem agora algo a contar. E tudo devido a um elemento presente na tabela periódica, o estrôncio. Com esta investigação, foram possíveis "novos desenvolvimentos na análise isotópica [processo que estuda uma reação química] de estrôncio presente nos ossos cremados", lê-se no estudo. 

Este metal, macio e prateado, fica logo abaixo do cálcio na tabela: têm uma estrutura tão semelhante que os ossos absorvem o cálcio mas também o estrôncio no seu lugar. Em Stonehenge, esta substância está presente nos restos das ossadas, o que leva os investigadores a dizerem que muitas delas chegaram ao local após percorrerem centenas de quilómetros.

Esta conclusão deriva, também, da análise aos solos. Segundo o jornal espanhol, as terras calcárias do sul da Inglaterra, sobre as quais se ergue Stonehenge, apresentam perfis de estrôncio diferentes das formações geológicas do oeste do País de Gales, onde se encontram as pedreiras de onde saíram algumas pedras do monumento.

Dos 25 corpos analisados, chega-se à conclusão que dez deles se alimentaram com vegetais do oeste de Gales na última década da sua vida, pelos níveis de estrôncio. Por isso, os habitantes das montanhas de Preseli podem ter percorrido o mesmo caminho que as suas pedras e depois foram enterrados entre elas. Todavia, a investigação de Snoeck também aponta outra possibilidade: talvez só os restos já cremados chegassem a Stonehenge.

Segundo o The Guardian, embora a equipa não possa provar que os restos mortais são de pessoas que realmente construíram o monumento, as primeiras datas de cremação são descritas como "tentadoramente" próximas da data em que as pedras foram trazidas para o local onde hoje se ergue Stonehenge.

“Os nossos resultados salientam a importância das ligações entre diferentes regiões – que implicavam tanto movimentos de materiais como de pessoas – na construção e no uso de Stonehenge”, salienta Snoeck. Esta descoberta é, para o investigador, “uma amostra única de que os contatos e intercâmbios no Neolítico, há 5.000 anos, ocorriam em grande escala”.

A investigação, que vem desvendar parte de um dos mistérios do local, foi publicada esta semana na revista Nature Scientific Reports, com o título Strontium isotope analysis on cremated human remains from Stonehenge support links with west Wales [Análise isotópica de Estrôncio em resíduos humanos cremados de Stonehenge sustenta ligações com o este de Gales].

Há várias décadas que é tradição em Inglaterra acorrer a Stonehenge para celebrar a chegada do verão, uma vez que se permite o acesso ao anel formado pelas pedras do conjunto arqueológico.

Património da Humanidade da UNESCO desde 1986, é um monumento em semicírculo, e os arqueólogos nunca conseguiram confirmar se alguma vez formou um círculo perfeito.» in https://24.sapo.pt/vida/artigos/stonehenge-ossos-que-passaram-um-seculo-calados-permitem-agora-desvendar-parte-do-misterio


(Top 5 Facts About Stonehenge)


(Naked Science - Who Built Stonehenge?)


(Stonehenge: Mistério na Pré-história)


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