04/12/19

Neurociência - Um estudo publicado esta semana acredita ter identificado no cérebro duas redes de circuitos que podem gerar pensamentos negativos responsáveis por aumentar o risco de suicídio.



«Investigadores acreditam ter identificado as regiões do cérebro responsáveis por aumentar o risco de suicídio

Um estudo publicado esta semana acredita ter identificado no cérebro duas redes de circuitos que podem gerar pensamentos negativos responsáveis por aumentar o risco de suicídio.

Cerca de 800 mil pessoas suicidam-se todos os anos no mundo, sendo esta a segunda principal causa de morte nos jovens entre os 15 e os 29 anos. O mesmo é dizer que ocorre um suicídio no mundo por cada 40 segundos, apontam os dados disponibilizados pela Organização Mundial de Saúde. Agora, um estudo publicado na revista científica Molecular Psychiatry, e baseado em 20 anos de investigações, identificou duas redes neurais que podem fazer aumentar o risco de suicídio.

“O maior preditor de morte por suicídio é a tentativa anterior de suicídio, por isso é essencial que possamos intervir o mais cedo possível para reduzir o risco”, avançou a investigadora da Universidade de Melbourne, Lianne Schmaal, e co-autora do estudo. “Para muitos indivíduos, isso será durante a adolescência. Se pudermos descobrir uma maneira de indentificar os jovens em maior risco, temos oportunidade de intervir e ajudá-los nesse estádio importante das suas vidas”, acrescentou.

O estudo partiu de uma análise extensa das pesquisas realizados nos últimos vinte anos no âmbito das alterações que ocorrem na estrutura e função das regiões do cérebro e a relação que estabelecem com o aumento do risco de suicídio nos indivíduos. A análise incluiu 131 estudos de neuroimagem envolvendo 12.000 pessoas.

“Sabemos muito pouco sobre o que está a acontecer no cérebro, porque existem diferenças entre sexos, e sobre o que torna os jovens especialmente vulneráveis ao suicídio”, justificou Anne-Laura van Harmelen, co-autora do estudo e investigadora na Universidade de Cambridge.

Os investigadores do estudo apontaram duas regiões-chave no córtex pré-frontal que parecem desempenhar um papel determinante no aumento do risco de suicídio. As alterações registadas ao nível da estrutura, função ou neuroquímica dessas redes conduzem a descontrolos emocionais que afetam negativamente a forma de pensar dos indivíduos.

Umas das regiões identificadas pela investigação está localizada na parte da frente do cérebro, conhecida como córtex pré-frontal ventral, medial e lateral, e tem ligações com as áreas que regulam as emoções. As alterações assinaladas nesta rede de circuitos neurais podem gerar pensamentos negativos e grandes dificuldades em controlar as emoções.

A segunda região envolve o córtex pré-frontal dorsolateral e o sistema do giro frontal inferior. Neste caso, as alterações registadas podem influenciar a tentativa de suicídio, uma vez que esta rede afeta diretamente a área responsável pela tomada de decisões.

Os cientistas alertaram para a necessidade urgente de alargar estas pesquisas de forma a verificar se o modelo agora proposto pode ajudar a evitar tentativas futuras de suicídio e identificar novas terapias que permitam alterar a estrutura ou a função dessas redes de circuitos neurais, reduzindo, assim, o risco de suicídio.» in https://visao.sapo.pt/sociedade/2019-12-04-investigadores-acreditam-ter-identificado-as-regioes-do-cerebro-responsaveis-por-aumentar-o-risco-de-suicidio/

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