Leonardo Coimbra, médico.
(Leonardo Coimbra pai e Teixeira de Pascoaes)
«Neste mesmo ano de 1913, nasceu uma filha de Jaime Cortesão. Tal como eu afilhada de Pascoaes, que lhe pôs o nome de Maria da Saudade. Esta menina, que mais tarde emigrou com o seu pai para o Brasil, veio a ser uma notável poetisa. Um dia ganhou um prémio de Poesia. Fazia parte do júri o poeta brasileiro Murilo Mendes, que acabou por casar com ela.
Em 1952, Jaime Cortesão e a família vieram à Casa de Pascoaes visitar o seu grande Amigo. Foi nessa altura que Jaime Cortesão contou este episódio com muita graça: o Murilo era católico. Jaime Cortesão não. Um dia, numa conversa de fim de almoço sobre religião, Jaime Cortesão disse-lhe: «Eu não compreendo como sendo você um espírito superior, um homem tão inteligente, pode acreditar no inferno.» Murilo Mendes levanta-se, começa a passear de um lado para o outro e diz: «Eu acredito. Acredito porque é um dogma. O inferno existe, existe mesmo... mas não funciona.»
Além destes afilhados, Pascoaes teve mais um pela mesma altura, um homem da maior envergadura, filho de Leonardo Coimbra, que usou o mesmo nome. Era médico e teve uma vida de apóstolo. Criou uma obra extraordinária a favor das crianças diminuídas mentais e a ela se dedicou inteiramente. Escreveu também um livro muito interessante sobre a sua viagem à Terra Santa. Veio a morrer tragicamente na queda de um helicóptero, na Guiné Bissau, durante a guerra do Ultramar.» in Fotobiografia "Na sombra de Pascoaes" de Maria José Teixeira de Vasconcelos.
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