02/06/13

Monumentos Nacionais - O Meu colega e Amigo, Professor Guilherme Koehler, apresenta-nos o Memorial da Ermida - Lugar da Ermida - Freguesia de Irivo - Penafiel.


«ROTA DO ROMÂNICO DO TÂMEGA E SOUSA

Memorial da Ermida - Lugar da Ermida - Freguesia de Irivo - Penafiel

O Memorial da Ermida integra-se num insólito conjunto de construções românicas, aparentemente celebrativas, cuja explicação formal e simbólica tem sido alvo de numerosas tentativas, mas que, em boa verdade, motiva ainda múltiplas interrogações.
Depois de alguns autores o terem considerado obra da primeira metade do século XII, em associação com a figura de D. Souzinho Álvares, outros estudos (entre os quais os mais recentes) situaram-no nos meados do século XIII, com base quer em argumentos históricos, quer artísticos. A opinião actualmente mais consensual é a que relaciona este monumento com o cortejo fúnebre da rainha Santa Mafalda, falecida em 1256 e cujo féretro foi solenemente transportado do Porto para Arouca, onde recebeu sepultura. As analogias estilísticas da obra, em particular as semelhanças da sua decoração para com o Mosteiro de Paço de Sousa, confirmam esta datação tardia, ao mesmo tempo que integram o Memorial no amplo processo de implantação do Românico ao longo dos rios Sousa e Tâmega.

A estrutura do monumento é muito simples. De perfil rectangular, compõe-se de um arco único levemente apontado, assente sobre embasamento de quatro fiadas escalonadas, sendo a superior decorada por um friso de linhas sobrepostas horizontais. Na base do arco, dois blocos parcialmente embebidos na caixa murária e ornamentados com dois pares de capitéis (onde se esculpiram faces humanas e elementos vegetalistas de desenho pouco mais que sumário) suportam uma tampa sepulcral, cuja cavidade seria antropomórfica. Esta informação carece, contudo, de confirmação, uma vez que, o antropomorfismo da cavidade foi comunicado pelos pedreiros que, na década de 40, procederam ao restauro do monumento, sendo possível que tal contorno da sepultura pudesse, antes, localizar-se no solo e não à altura da base do arco.

O arco propriamente dito é decorado com pérolas ou meias esferas, tanto no intradorso, como na secção exterior das aduelas, solução que lhe confere um ritmo característico e que, por outro lado, se integra perfeitamente nas dominantes estéticas do Românico tardio do Norte do país. O conjunto é rematado por uma cornija pouco saliente, sobre a qual se erguem dois pináculos prismáticos nos ângulos, e cuja parte inferior é decorada por um friso vegetalista, de "folhas tratadas a bisel, segundo a técnica do atelier de pedreiros que em meados da centúria de duzentos trabalhava na fábrica de Paço de Sousa".

De acordo com estes dados, possuímos, hoje, uma base sólida de catalogação funcional e estilística do Memorial da Ermida, mas este é um ponto de chegada que está longe de esgotar todas as questões em seu redor. O topónimo "Ermida" não deixa de ser estranho, num local onde, aparentemente, nenhuma outra construção religiosa existiu. Monteiro de Aguiar referia, em 1933, que a memória popular associava o conceito de "Ermida" ao próprio Memorial, facto que lhe atribui um conteúdo devocional, diferente da função estrita de "memória", ou de "memória funerária". Outros autores, por exemplo, negam a relação funerária da obra, afirmando que nunca poderia ser local de enterramento, mas apenas uma alusão simbólica desse sepulcro, facto que, a seu tempo, ditaria ao esquecimento do objectivo para o qual havia sido erigido.» in https://www.facebook.com/photo.php?fbid=4273999827599&set=gm.512172285498872&type=1&theater

Foi declarado Monumento Nacional, pelo Dec. 16-06-1910, DG 136 de 23 de Junho de 1910

Fotos:

1 - Memorial da Ermida;

2 - Memorial da Ermida, pormenor do intradorso do arco.
 

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