Monumentos Nacionais - O Meu colega e Amigo, Professor Guilherme Koehler, apresenta-nos o Memorial da Ermida - Lugar da Ermida - Freguesia de Irivo - Penafiel.
«ROTA DO ROMÂNICO DO TÂMEGA E SOUSA
Memorial da Ermida - Lugar da Ermida - Freguesia de Irivo - Penafiel
O Memorial da Ermida integra-se num insólito conjunto de construções
românicas, aparentemente celebrativas, cuja explicação formal e
simbólica tem sido alvo de numerosas tentativas, mas que, em boa
verdade, motiva ainda múltiplas interrogações.
Depois de alguns
autores o terem considerado obra da primeira metade do século XII, em
associação com a figura de D. Souzinho Álvares, outros estudos (entre os
quais os mais recentes) situaram-no nos meados do século XIII, com base
quer em argumentos históricos, quer artísticos. A opinião actualmente
mais consensual é a que relaciona este monumento com o cortejo fúnebre
da rainha Santa Mafalda, falecida em 1256 e cujo féretro foi solenemente
transportado do Porto para Arouca, onde recebeu sepultura. As analogias
estilísticas da obra, em particular as semelhanças da sua decoração
para com o Mosteiro de Paço de Sousa, confirmam esta datação tardia, ao
mesmo tempo que integram o Memorial no amplo processo de implantação do
Românico ao longo dos rios Sousa e Tâmega.
A estrutura do monumento é
muito simples. De perfil rectangular, compõe-se de um arco único
levemente apontado, assente sobre embasamento de quatro fiadas
escalonadas, sendo a superior decorada por um friso de linhas
sobrepostas horizontais. Na base do arco, dois blocos parcialmente
embebidos na caixa murária e ornamentados com dois pares de capitéis
(onde se esculpiram faces humanas e elementos vegetalistas de desenho
pouco mais que sumário) suportam uma tampa sepulcral, cuja cavidade
seria antropomórfica. Esta informação carece, contudo, de confirmação,
uma vez que, o antropomorfismo da cavidade foi comunicado pelos
pedreiros que, na década de 40, procederam ao restauro do monumento,
sendo possível que tal contorno da sepultura pudesse, antes,
localizar-se no solo e não à altura da base do arco.
O arco
propriamente dito é decorado com pérolas ou meias esferas, tanto no
intradorso, como na secção exterior das aduelas, solução que lhe confere
um ritmo característico e que, por outro lado, se integra perfeitamente
nas dominantes estéticas do Românico tardio do Norte do país. O
conjunto é rematado por uma cornija pouco saliente, sobre a qual se
erguem dois pináculos prismáticos nos ângulos, e cuja parte inferior é
decorada por um friso vegetalista, de "folhas tratadas a bisel, segundo a
técnica do atelier de pedreiros que em meados da centúria de duzentos
trabalhava na fábrica de Paço de Sousa".
De acordo com estes dados,
possuímos, hoje, uma base sólida de catalogação funcional e estilística
do Memorial da Ermida, mas este é um ponto de chegada que está longe de
esgotar todas as questões em seu redor. O topónimo "Ermida" não deixa de
ser estranho, num local onde, aparentemente, nenhuma outra construção
religiosa existiu. Monteiro de Aguiar referia, em 1933, que a memória
popular associava o conceito de "Ermida" ao próprio Memorial, facto que
lhe atribui um conteúdo devocional, diferente da função estrita de
"memória", ou de "memória funerária". Outros autores, por exemplo, negam
a relação funerária da obra, afirmando que nunca poderia ser local de
enterramento, mas apenas uma alusão simbólica desse sepulcro, facto que,
a seu tempo, ditaria ao esquecimento do objectivo para o qual havia
sido erigido.» in https://www.facebook.com/photo.php?fbid=4273999827599&set=gm.512172285498872&type=1&theater
Foi declarado Monumento Nacional, pelo Dec. 16-06-1910, DG 136 de 23 de Junho de 1910
Fotos:
1 - Memorial da Ermida;
2 - Memorial da Ermida, pormenor do intradorso do arco.
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