01/04/12

História de Portugal - Rosália Araújo tinha 14 anos quando entrou em São Bento e só saiu quando Salazar morreu!




«A pequena que fazia rir Salazar


Foi a última criada contratada para servir o antigo chefe de Governo. Rosália Araújo tinha 14 anos quando entrou em São Bento e só saiu quando o patrão morreu. Estas são as suas memórias, nunca contadas, sobre os derradeiros anos da vida caseira de dois ditadores: Salazar e Maria, a governanta.


Fora dos seus afazeres, Salazar também apreciava o convívio das pequenas. De Rosália, sobretudo. "Anda, vai ali mostrar-te ao senhor doutor", incitava a governanta quando, em agosto, a mais nova das criadas ia ao cabeleireiro aperaltar-se, antes da viagem a Favaios, por altura das festas. "Tinha o cabelo comprido e ele gostava que eu fizesse dois carrapitos. Recordava-lhe a mãe." Maria detestava, isso sim, quando "o senhor doutor" mandava chamar Rosália e ria a bom rir com as histórias que ela contava da sua infância no Douro. "Ele doente, só me queria à beira dele."


O Presidente do Conselho sentava-se no cadeirão ao lado da mesa do escritório, onde havia sempre uma jarra com flores cuja água Rosália mudava todas as manhãs. Então, Salazar ouvia, deliciado, Rosália desfiar o episódio do burro branco com piolhos que o pai, certa ocasião, ia mandando desta para melhor ao chegar-lhe um talo com petróleo.


Nem no Forte de Santo António, o ditador perdia o convívio das raparigas de vista. Apreciava - e os seus desejos eram ordens - quando as moças, para lhe agradar, tomavam banho no mar. "Já viu o que era entrar na água às sete da manhã, fizesse sol ou chuva?". Entre mergulhos e toalhas, Salazar acordava. E logo queria saber quem se esquivara ao ritual. "Não tinha fato de banho? Fosse de bata!", respingava, quando alguma mascarava desculpas.


Ao serão, partilhava breves momentos televisivos junto das "pequenas", no único aparelho do palacete. No Entrudo, elas fantasiavam-se para ele com uns farrapos. Salazar "ria-se da fantochada". Por vezes, até distribuía convites para espetáculos que ele, invariavelmente, rejeitava. Mas havia sempre duas condições: "Tínhamos de sair bem arranjadas e contar-lhe as peripécias todas." Foi assim que a jovem Rosália viu touradas no Campo Pequeno, marchas populares por alturas do Santo António, teatro e ópera no São Carlos.» in http://visao.sapo.pt/video-a-pequena-que-fazia-rir-salazar=f656154#ixzz1qpP4HtU8

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