07/09/11

Museu de Arte Antiga - Peça conhecida por “pote dos Agostinhos” devido à presença da insígnia da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho!

UMA PEÇA DO MNAA POR SEMANA

«Uma Peça do Museu Nacional de Arte Antiga


Pote dos Agostinhos


China, dinastia Ming, período de Wanli
(1573-1619), c. 1575-1600
Porcelana branca decorada a azul sob o vidrado
Fornos de Jingdezhen, província de Jiangxi
Prov. Compra (Grupo de Amigos do Museu e Legado Valmor), Amesterdão, 1959
Inv. 6917 Cer


Conhecida por “pote dos Agostinhos” devido à presença da insígnia da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho — águia bicéfala sobrepujada por coroa de cinco florões sobre coração trespassado por duas setas — na decoração, esta peça e outros vasos semelhantes têm suscitado inúmeros estudos nacionais e estrangeiros, por ora inconclusivos quanto ao mercado a que se destinavam bem como à data da sua execução.


Embora a decoração deste pote tenha sido relacionada com o brasão dos Habsburgos, Diez de Rivera esclarece que a inclusão da águia bicéfala na insígnia dos Agostinhos ocorreu após a descoberta da imagem milagrosa do Menino Jesus de Cebu, em 1564, tendo Filipe II de Espanha concedido o privilégio do seu uso aos agostinhos do Arquipélago das Filipinas. Assim sendo, tais objectos teriam sido encomendados por agostinhos espanhóis.


No entanto, a presença da Ordem Agostiniana em Portugal e no vasto império português no Oriente, bem como a inclusão da águia bicéfala coroada na produção bordada indo e sino-portuguesa dos séculos XVII e XVIII, parecem inviabilizar a certeza de uma atribuição aos agostinhos espanhóis. Acresce o facto de Filipe II, seu filho e seu neto terem detido a coroa de Espanha e de Portugal desde 1580 até 1640. Por outro lado, a inclusão de edifícios que evocam as igrejas coloniais do México abre ainda a hipótese de tais potes terem sido destinados ao mercado mexicano. Fossem para agostinhos espanhóis ou portugueses, não é de excluir que a encomenda tenha sido feita por via portuguesa dada a vasta experiência demonstrada nesta matéria desde o primeiro quartel do século XVI.


A data da encomenda continua a ser uma incógnita. Ainda que as características materiais, formais e decorativas situem a peça no final do século XVI, a ausência de documentação concreta relativa à encomenda dificulta precisar a data da execução. Mesmo assim, Rivera sugere como data possível c. 1575, ano da primeira viagem feita pelos espanhóis à China.


A iconografia da decoração, o mistério que envolve a data de execução, o mercado de destino e o facto de integrar um grupo restrito de objectos de encomenda europeia à China, na centúria de Quinhentos, são, em conclusão, os dados que fazem deste pote uma peça incontornável do acervo cerâmico do Museu Nacional de Arte Antiga.» in http://e-cultura.sapo.pt/DestaquesDisplay.aspx?ID=1002

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