«Vik Muniz no Museu Berardo: O sorriso de Gioconda nunca foi tão guloso
26 de setembro de 2011, 18:59
Ícones como Marilyn Monroe ou obras de Da Vinci, manteiga de amendoim, imaginação e ousadia são alguns ingredientes da retrospetiva da obra de Vik Muniz. A exposição do artista plástico brasileiro está no Museu Berardo, em Lisboa, até 31 de dezembro, é de entrada livre e promete a agradar a todos os paladares - até porque o sorriso de Gioconda nunca foi tão guloso.
"Tento ter sempre uma exposição retrospetiva circulando, sendo montada aqui e ali. Essa revisitação é constante no meu trabalho, até para você ter um melhor sentido de direção, para onde você quer ir, para manter o trabalho andando", contou Vik Muniz à Lusa durante a sua passagem por Lisboa.
O artista plástico brasileiro esteve presente na inauguração da mostra "VIK", no passado dia 21, e a mais recente exposição do Museu Berardo reúne cerca de uma centena de trabalhos desde os anos 1980 até à atualidade.
No Brasil, foi a exposição mais visitada de sempre de um artista brasileiro, com 100.000 visitantes no Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, e 200.000 visitantes no Museu de Arte de São Paulo. Mas até chegar à Europa - a estreia por cá só se deu mesmo agora, em Portugal -, passou por Nova Iorque (no MoMA), Miami (Miami Fine Arts Museum), México e Canadá.
Dar um novo sabor aos clássicos
Muniz quer convidar o público para "um encontro inteligente e dinâmico" e não lhe fornece um mapa para entender a obra, preferindo dar a quem vai visitar a exposição "o poder de escolher o que quer ver". E ao longo de mais de três décadas, há já muito - e muito diferente - para ver. Há, por exemplo, uma das suas obras mais emblemáticas, que reúne duas réplicas detalhadas da Mona Lisa de Leonardo da Vinci - até aqui nada de novo, não fosse o fato de uma ser feita com geleia e outra com manteiga de amendoim.
Defensor de uma obra que se pretende acessível a todos e capaz de aliar "o bonito e o inteligente" - recusando o hermetismo de muita arte contemporânea -, Vik Muniz tanto brinca com quadros clássicos de Picasso ou Monet como com imagens igualmente icónicas de Che Guevara ou Marilyn Monroe. O ecletismo reflete-se também nas matérias-primas que vão, literalmente, do lixo ao luxo e incluem material diretamente saído de uma lixeira (objeto do documentário "Lixo Extraordinário"), calda de chocolate ou diamantes.
O regador de ideias
Mais do que um artista plástico ou um observador, Vik Muniz acaba por ser um regador de ideias. "Uma das coisas mais difíceis do trabalho de um artista é o gerenciamento de criatividade. As ideias não escolhem o melhor momento para aparecer, então você tem sempre de ir cultivando, como numa horta, aqui e ali, e ao mesmo tempo vai executando as que já estão prontas, vai processando e produzindo. Tem de ter uma produção constante de novas ideias e de desenvolvê-las, porque uma ideia só não faz o trabalho", explica. Quem quiser espreitar o resultado dessas ideias - e provavelmente ver nascer mais algumas - só tem de passar pelo Museu Berardo, em Lisboa, até 31 de dezembro. A entrada é livre, a criatividade também.
@Gonçalo Sá com Lusa» in
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